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André Barcinski

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Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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A volta do pai do Exorcista

Por Andre Barcinski
23/11/12 07:05


 

Vários leitores já haviam chamado a atenção para o filme “Killer Joe”, de William Friedkin, mas eu não tinha levado muito a sério. Afinal, Friedkin estava mais por baixo que show da Lady Gaga, e acabei ignorando o conselho.

Mas o pessoal insistiu tanto que resolvi conferir. E só digo uma coisa: muito obrigado! É um dos filmes mais surpreendentes que vi em muito tempo. Estava programado para sair em DVD no Brasil como “Killer Joe – Matador de Aluguel”, mas, segundo meu amigo Rodrigo Salem, ainda não saiu. Talvez saia nos cinemas em janeiro.

Houve uma época em que William Friedkin era deus. O cara fez “Operação França” (1971), “O Exorcista” (1973), “Parceiros da Noite” (1980) e “Viver e Morrer em Los Angeles” (1985). Só isso.

Depois, entrou numa maré de azar danada. “Rampage”, que dirigiu em 1987, ficou cinco anos na gaveta, quando a produtora faliu. E Friedkin, um dos maiores egos da história de Hollywood, não agüentou o fracasso.

“Killer Joe” foi um fiasco de bilheteria, lançado mal e porcamente nos cinemas americanos. Baita injustiça. Daqui a alguns anos, é capaz de ser redescoberto como um dos grandes “filmes perdidos” de nosso tempo.

A história é simples e gira em torno da família mais abjeta e desequilibrada que já vi num filme: Chris (Emile Hirsch), um traficante chulé, decide dar um golpe no seguro e matar a própria mãe, uma trambiqueira que não vale o ar que respira.

Chris conta o plano para o pai, um burraldo chamado Ansel (Thomas Haden Church, de “Sideways”) e para a mulher dele,  Sharla, uma periguete safada, vivida pela incomparável Gina Gershon. Os dois dão a maior força.

Chris contrata os serviços de um policial, Killer Joe (Matthew McConaughey), um assassino de aluguel, que logo fica babando pela ninfeta Dottie (Juno Temple), irmã de Chris.

Não vou contar mais, até porque a história é simples e o mais importante, no filme, é a ambientação. Friedkin criou uma galeria de personagens tão repulsivos que chegam a ser engraçados.  O filme começa como um drama, mas logo se torna uma comédia de humor negro, com cenas inesquecíveis.

Há uma sequência envolvendo uma coxa de galinha que é das coisas mais intensas, macabras e, por fim, hilariantes, que o cinema proporciona em muito tempo.

Outro mérito do filme é revelar o talento de Matthew McConaughey, perfeito no papel do matador psicopata. Até esse filme, achava McConaughey um engano ambulante, sempre tentando agradar em comédias sem graça e fazendo o papel de si mesmo. Mas Friedkin consegue tirar dele uma atuação surpreendente.

“Killer Joe” é um filme simples e barato. Tem um elenco pequeno e não conta com a megaprodução dos antigos polciais de Friedkin, repletos de perseguições de carro e tiroteios espetaculares. Mas tem um roteiro tão bem amarrado e personagens tão fortes, que não precisa de muitas estripulias visuais.

Numa época em que Hollywood parece incapaz de fazer filmes para adultos, é um desperdício enorme ter gente como William Friedkin e Paul Schrader jogados para escanteio.

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Comentários

  1. Renato Sousa comentou em 23/11/12 at 14:09

    Filmaço mesmo, Barça! ‘Bug’ também é bem legal, e tem o Michael Shannon, que não precisa provar mais nada. Friedkin tem feito filmes menores e mal lançados, mas está em ótima forma. Não vi ‘Viver e Morrer em Los Angeles’ até hoje, vou correr atrás. Abs

  2. Manolo comentou em 23/11/12 at 12:24

    O McConaughey esteve bem em um filme B por incrível que pareça, o Reino de Fogo, com o Christian Bale.

    Também atuou bem no A Mão do Diabo.

    • adriano comentou em 23/11/12 at 15:29

      e em “Dazed and Confused”, onde ele fazia o Wooderson. melhor filme sobre adolescentes já feito.

  3. pabloREM comentou em 23/11/12 at 12:18

    Só completando como curiosidade, segundo o IMDB o filme anterior dele, Bug conta com a mesma escritora/roteirista.

  4. pabloREM comentou em 23/11/12 at 12:17

    Gosto do trabalho do Friedkin. Vou atrás desse filme.

  5. Roberto comentou em 23/11/12 at 12:06

    Pô André, provavelmente você não assistiu Bug é sensacional !

  6. dunha comentou em 23/11/12 at 11:54

    download em:

    http://cinefilosconvergentes.blogspot.com.br/2012/10/killer-joe-2011.html

  7. neder comentou em 23/11/12 at 11:53

    O filme é baseado na peça do dramaturgo Tracy Letts (Pulitzer e Tony no currículo). É a segunda vez que Friedkin filma um texto de Letts. Em 2006 filmou “Bug” (“Possuídos”, no Brasil), que um crítico do jornal The Guardian definiu como “a minor masterpiece of tension and insanity”. Consegui resgatar as resenhas da época (o jornal fez duas) e o comentário do outro crítico é bem engraçado: “It starts off like a horror film, or like a modern-day Tennessee Williams piece and then transmutes into … something very different indeed.”

  8. Axel Terceiro comentou em 23/11/12 at 11:47

    O que é que você achou do filme ”Bug”, André?

    • Andre Barcinski comentou em 23/11/12 at 12:31

      Não vi ainda, preciso assistir.

      • Fernando Halal comentou em 23/11/12 at 14:45

        ‘Bug’ fez por Ashley Judd o que ‘Killer Joe’ fez por McConaughey. E Michael Shannon nunca esteve tão doentio. Recomendo fortemente.

  9. Giovani comentou em 23/11/12 at 11:10

    esse cara é um mestre. E descobri por causa do Garagem, numa discussão sobre Operação França, se não me engano envolvendo a cena de perseguição, que é sensacional

  10. Paulo Eduardo comentou em 23/11/12 at 11:02

    No maluco mês de novembro, o Matthew McConaughey sai da categoria “Sub Murilo Benício” para a de “aprendiz de Daniel Day Lewis”. Incrível.

  11. Rodrigo Oliveira comentou em 23/11/12 at 10:59

    Gina Gershon tava sumidona. Ela tá demais no filme….parece que a idade não chega pra ela. Eu gosto da tensão que existe do começo ao fim. A sensação de que vai dar alguma merda a qualquer momento.

  12. Leo PP comentou em 23/11/12 at 10:58

    A verdade é que o Friedkin virou uma destas relíquias da Hollywood dos anos 70. Afinal quem daquela geração retratada no livro do Peter Biskind ainda está em alta? Spielberg talvez…

    Perderam espaço para esta geração que não consegue ficar mais do 5 minutos olhando para uma tela sem checar o celular..logo filmes deste tipo onde a atuação e bons diálogos fazem a diferença não surpreende o filme sair direto em dvd por aqui.

    O mais triste é saber a quantidade de “remakes” que estão sendo produzidos com uma roupagem “moderna” para essa geração (e olha que tenho 30 anos)…vai de Carrie a Evil Dead…mas o que mais me surpreendeu é que vão refilmar Tropas Estrelares e que nas palavras do produtor: “O que um enxerga como fascismo outro vê como patriotismo”, ou seja, toda sátira e crítica do Verhoeven ao fascismo e nazismo os caras agora vão leve para um lado do patriotismo US. Deprimente…

  13. Júnior comentou em 23/11/12 at 10:42

    Aqui em Ctba nos anos 80 tinha um cinema que fazia sessões na sexta a meia noite, e passava filmes de terror e musicais – Woodstock, A Profecia, etc. Tinha um documentário/show do AC/DC que passava de tempos em tempos. Era muito bom. Um dos mais concorridos era “O Exorcista”.

  14. Jaime comentou em 23/11/12 at 10:41

    André, vc pode ser acusado de um monte de coisas mas a sua adoração (é isso mesmo?) pelo cinema norte-americano dos anos 70 é plenamente justificável. Infelizmente acho que nunca mais existirá (dentro de Hollywood, ao menos) um contexto tão rico quanto o q produziu a geração que mandou no cinema na década de 1970. Sim, Friedkin e Schrader são baixas consideráveis, mas ainda não me conformo com a ladeira que Coppola pegou.Posso tá falando M… Mas em meio a tanta gente boa e/ou superestimada, o diretor dos Chefões foi o único (tá bom,talve só Scorsese também) mereça a alcunha de genial. Quem assiste a filmografia do sujeito pós-surto de Apocalypse Now fica confuso.

  15. Vinícius comentou em 23/11/12 at 10:35

    Já ‘O Poder e a Lei’, nem a Marisa Tomei salva.

  16. Vinícius comentou em 23/11/12 at 10:34

    Esqueço nunca da sessão de Bug. A maior debandada de público que presenciei. Acho incrível como se compra (caro) um filme aleatoriamente (é pelo cartaz?). Baixando esse daí. Espero que seja tão demente quanto.

  17. luiz comentou em 23/11/12 at 10:18

    Acho que “O Exorcista” é uma grande enganação, um dos filmes mais “overrated” do circuito “cult”. Roteiro previsível, moralista, preconceituoso e bobo, feito pra assustar crianças republicanas na noite de “halloween”. É tão americanóide em tudo que existe de clichê para este termo, que tenho até que usar termos americanóides para descrevê-lo…

    • Andre Barcinski comentou em 23/11/12 at 12:33

      Exorcista, “circuito cult”? Tem certeza? Foi um dos maiores sucessos de bilheteria da época.

      • luiz comentou em 23/11/12 at 14:29

        Virou cult sim. Pra mim filme cult não significa que tenha que ter sido necessariamente um fracasso de bilheteria.
        Mas podemos usar um termo melhor: cultuado pelo público antenado.

        • Andre Barcinski comentou em 23/11/12 at 18:32

          Chega.

    • Júnior comentou em 23/11/12 at 12:48

      Bom, não assustou só crianças. O que tinha de marmanjo que saía no meio da sessão na época era uma enormidade. Agora, assistir hoje pode soar meio datado né? Não dá pra tirar do contexto (de ter sido feito no inicio dos 70). Acredito que foi um dos filmes mais assustadores lançados até aquele momento.

    • Manolo comentou em 23/11/12 at 12:56

      Até aqui tem trolls?

      E olha que odeio esse termo.

    • Cesar comentou em 23/11/12 at 14:19

      Meu querido, o filme não tem NENHUM CLICHÊ. Na verdade O Exorcista criou todos. Tudo o que foi feito nesse filme acabou virando clichê. Em outras palavras, tornou-se a maior referência do gênero. Pare com essa bobagem de antiamericanismo porque já está fora de moda até entre os “bacanas” da sua laia…

      • luiz comentou em 24/11/12 at 10:04

        Quer dizer então que criou boa parte das porcarias que infestam o cinema hoje? Obrigado Friedkin, cineasta de clichês!

        • Roberto comentou em 26/11/12 at 14:32

          Antiamericanismo, o maior clichê que existe!

  18. Paulo comentou em 23/11/12 at 10:17

    bah!!!, atiçou minha curiosidade.

  19. Kin Cordeiro comentou em 23/11/12 at 10:16

    Às vezes o filme não precisa ter uma história genial, o que vale mesmo é a ambientação. Dia desses vi aquele com Nicholas Cage e John Goodman, onde eles são motoristas de uma ambulância (não me lembro o nome). Não tem trama nem desfecho nem nada mas não sei porque gostei muito desse filme.

    • Rodrigo Lopes comentou em 23/11/12 at 16:44

      Pô, cara. Você deve estar falando de Vivendo no Limite, que foi o pior filme do Scorsese que eu já vi.

      • Andre Barcinski comentou em 23/11/12 at 18:30

        Tamém achei.

  20. Pdr Rms comentou em 23/11/12 at 10:05

    Barça, não conheço tão a fundo a carreira do Friedkin mas, pelo que o Easy Riders, Raging Bulls dá a entender, quando ele fez Parceiros da Noite e Viver e Morrer em LA, ele já estava por baixo, por causa do fracasso em O Comboio do Medo.

    Sobre o filme, pelo seu resumo, me lembrou o Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto. É por ai mesmo?

  21. Bidola comentou em 23/11/12 at 9:48

    Gosto muito do Friedkin. Não vi ainda Killler Joe, mas pela premissa da família parece ser bom mesmo.
    O meu favorito do Friedkin é Viver e Morrer em L.A. Acho uma das coisas mais bacanas que o cinema americano produziu na década de 80. Muito subestimado.

  22. Ricardo comentou em 23/11/12 at 9:40

    Mais uma vez: você PRECISA ver Possuídos (Bug)!

  23. Fábio comentou em 23/11/12 at 9:29

    Valeu a dica Barça!

  24. Paulo comentou em 23/11/12 at 9:20

    O problema é quem ninguém quer mais assistir filmes para adulto, só filmes teletubies.

  25. Diego comentou em 23/11/12 at 9:16

    Friedkin dirigiu um episódio da série Além da Imaginação dos anos 80 (vi a série toda), o título era “Nightcrawlers” na globo saiu porcamente como “Rastrejadores Noturnos”, foi o mais legal todos. Mais detalhes aqui: http://postcardsfromthezone.blogspot.com.br/2005/12/111-nightcrawlers.html

  26. André ZP comentou em 23/11/12 at 9:09

    Bug é um filmaço. Baixa foi Jade, hoje o cara é dos velhinhos mais foda em atividade.

  27. caio santos comentou em 23/11/12 at 8:47

    “Numa época em que Hollywood parece incapaz de fazer filmes para adultos, é um desperdício enorme ter gente como William Friedkin e Paul Schrader jogados para escanteio”

    Adiciono aí Ferrara, Carpenter e Cronenberg.

    Enquanto isso qualquer Nolan é tratado como rei.

    Foda-se Hollywood né

  28. André Kleinert comentou em 23/11/12 at 8:33

    O Friedkin não está nessa decadência toda não, pelo menos em termos artísticos. Antes deste filme que comentaste, recentemente ele já havia realizado pelo menos dois filmes sensacionais: “Caçado” e “Bug”.

    • Manolo comentou em 23/11/12 at 12:23

      Com todo respeito a sua opinião, mas Caçado chega a ser constrangedor de tão inverossímil que é. Tente assistir novamente pra ver se mantém seu julgamento favorável.

      • André Kleinert comentou em 23/11/12 at 14:06

        O fato de um filme ser “inverossímil” não significa necessariamente que ele seja ruim e constrangedor. “Caçado” é um filme bem dirigido pra caralho, com cenas de ação maravilhosas. Aquelas brigas de faca entre o Benicio Del Toro e o Tommy Lee Jones são antológicas. E dentro da minha concepção de cinema, quesitos como montagem e direção de fotografia são bem mais importantes que um roteiro bem amarrado.

  29. Silmara Rodrigues comentou em 23/11/12 at 8:27

    Você já assistiu a “O poder e a lei” (“Lincoln lawyer”), dirigido por Brad Furman e também com Matthew McConaughey? Gostou?

  30. Pedro Batiston comentou em 23/11/12 at 8:18

    “Operação França” e “O Exorcista” estão entre os melhores filmes que já vi. Acho que estão entre os grandes clássicos dos anos 70. Ainda não vi “Killer Joe”, mas já faz algum tempo que ouço (leio) muita gente falar dele, o que despertou minha curiosidade. Quanto ao McConaughey, parece que agora ele começa a trilhar um caminho diferente em sua carreira, haja vista os filmes com ele que vem por aí.

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