O hipster e a tartaruga
04/12/12 07:05
Explorar Nova York é sempre uma surpresa. Impressionante como a especulação imobiliária tem mudado a cara de muitos bairros da cidade. Você pode visitar um lugar e, ao retornar depois de alguns anos, não reconhecê-lo.
Foi o que aconteceu comigo há poucos dias, ao voltar a Williamsburg, no Brooklyn, depois de quase 15 anos sem pisar no bairro.
O dia de passeio havia começado cedo, com uma visita a Chinatown. Não o bairro chinês de Manhattan, que os turistas estão cansados de explorar, mas a Chinatown no sul do Brooklyn, em Sunset Park. Foi um dos bairros étnicos mais incríveis que já conheci. Um passeio imperdível.
Há 20 anos, aquela parte do Brooklyn estava arrasada pelo crack. Mais de 90% das lojas estavam fechadas. Multidões de mendigos e junkies vagavam pelo bairro. Parecia uma cidade-fantasma.
Foi aí que, empurrados para fora de Manhattan pelos aluguéis cada vez mais caros, famílias chinesas começaram a chegar a Sunset Park.
Hoje, a Chinatown do Brooklyn já superou, em tamanho e população, sua irmã mais famosa de Manhattan. Com a vantagem de não atrair turistas e de reunir restaurantes e comércios bem mais autênticos e baratos. Não vi ninguém vendendo Rolex falso ou bolsa da Louis Vuitton.
Andando por Sunset Park, a impressão é de estar na China. Achar um ocidental por lá, especialmente em dias de semana, é quase impossível. Passamos quatro horas no lugar e não vimos mais de quatro ou cinco não-orientais. Teríamos visto mais em Pequim, com certeza.
As ruas estão cheias de restaurantes – chineses, vietnamitas, malaios, tailandeses – e de lojas de produtos chineses. Mercearias vendem temperos, molhos e especiarias asiáticas.
As peixarias são uma atração à parte, com suas ofertas de criaturas vivas – peixes, moluscos, crustáceos, rãs, e até tartarugas. Poucos atendentes falam inglês, o que torna a experiência ainda mais surreal.
A Chinatown do Brooklyn é um caso exemplar de comunidade étnica que salvou um lugar falido e deu nova vida ao bairro. É o lugar mais surpreendente e divertido que já conheci em Nova York.
De lá, pegamos o metrô e, 20 minutos depois, chegamos a Williamsburg, também no Brooklyn. Nossa animação acabou em poucos minutos.
A última vez que estive em Williamsburg foi por volta de 1997. Na época, o bairro era dominado por fábricas e imensos depósitos. Era lá que alguns núcleos de música eletrônica alugavam espaços abandonados para promover festas.
Em 2005, a cidade de Nova York mudou o zoneamento de Williamsburg para permitir a construção de prédios residenciais. E o lugar rapidamente virou a capital hipster da cidade.
Antigas fábricas foram transformadas em prédios ao estilo Berrine. Ruas por onde passeavam famílias latinas e polonesas foram dominadas por grupos de riquinhos posando de alternativos.
Em um dos metros quadrados mais caros da cidade, yuppies tomam cafés de seis dólares e compram roupas em brechós de luxo. Um deles vendia uma camiseta “vintage” do Dead Kennedys. Preço: 60 dólares.
O lugar parece um comercial de TV. A impressão é de que todos ali estavam fazendo teste de elenco para um clipe do The XX, com aquele visual de gótico de boutique.
Nos cafés, nos bares e nas lojas, o clima blasé predomina. O vocabulário parece se resumir a poucas palavras: “orgânico”, “sustentável” e “descafeinado”. É uma turma que não ri, não trepa e não se diverte. A apoteose da assepsia politicamente correta.
Tudo é limpinho e falsamente alternativo. No banheiro de um café, os escritos nas paredes eram tão bonitos que pareciam ter sido feitos por um artista.
O hipsterismo é uma praga. Não sei o que é pior, um hipster que veste uma camiseta rasgada por um estilista hype ou os turistas que andam por Times Square com camisetas do Hard Rock Café. Acho que a turistada, pelo menos, é mais divertida e autêntica.
Hipsters conseguem se apoderar de tudo que é legal e transformá-lo em estrume. Eles até descobriram que o vinil – é, aquela velharia que o MP3 matou, lembra? – é cool. E os brechós agora vendem modernos toca-discos de visual retrô e discos de 180 gramas, que custam 25 dólares e servem para decorar as estantes de algum loft de 2 milhões de dólares.
Tchau, Williamsburg, foi bom ter te conhecido. Sunset Park, pode me esperar que tô voltando…
Concordo com os comentários sobre a necessidade de respeitar as diferenças. Eu fico profundamente consternado, surpreso e honestamente não consigo entender, ainda que me esforce bastante, como a Folha de São Paulo comissiona a divulgação de textos como esse. É evidente que essas posições – pelo menos pelo modo como foram colocadas – sinalizam um tipo de intransigência só menos absurda e surpreendente que a desenvoltura com que ela foi defendida. “O hipsterismo é uma praga”, “Uma confraria de tolos” Por favor, poupe-nos! Não há como negar o teor discriminatório dessas observaçoes. Está muito claro! Quem tem hoje uma mentalidade tão limitada a ponto de afirmar uma coisa dessas!? Isso, no fundo, não difere muito de qualquer outro gesto ou atitude discriminatória. Se consideramos que o hipsterismo é uma espécie de estilo de vida, ou pelo menos algo semelhante, então deve-se admitir que o autor do texto considera alguns deles mais legítimos e recomendáveis que outros. Como se sabe, isso indica uma robusta e consistente ignorância – o que é ainda mais grave quando se pensa no grau mínimo de respeito que um jornalista ou quem quer trabalhe com comunicação, espera-se, deve ter com os outros. A crítica a essa suposta comercialização de que o texto trata não precisa passar por generalizações tão triviais sobre este ou aquele grupo. Até onde o discernimento básico pode nos levar a pensar, e mesmo que seja válida a sua interpretação sobre o que se passa naquela área, é muita pretensão defender que invariavelmente todos os hipsters promovem essa “distorção” comercializante.
Veja bem, autor, não me leve a mal. Se a sua intenção foi a de comentar e analisar os desdobramentos ou transformações culturais que a crescente presença hipster produziu em tal ou qual região, então tudo bem. Seria até possível identificar o que não existe mais nesses lugares, exaltar saudosamente as experiências que o bairro lá em 1997 proporcionava, falar qualquer coisa ou crítica que lhe desse na telha, mas escrever “O hipsterismo é uma praga”, pelo amor de deus! Isso foi o máximo e mais criativo que você conseguiu pensar? É possível desenvolver o mesmo argumento de seu texto – que se atém às transformações no bairro – sem desrespeitar os hipsters ou quaisquer outros que moram lá.
Se você é daqueles que sentem algum orgulho em não ter “papas na língua”, de ser “honesto a qualquer preço” e costuma misturar essas denominações vagas e imprecisas com noções igualmente vagas imprecisas de liberdade de expressão e coisas do tipo, eu antecipo que sou irrestritamente favorável a livre expressão, contanto que ela se harmonize com o respeito às diferenças e às liberdades individuais – o que não parece ter sido contemplado em seu texto.
Se o autor é daqueles que se impuseram o “elevado” dever de combater o “relativismo cultural”, de ser um “crítico contumaz da hipocrisia e do politicamente correto” ou coisas do tipo, enfatizo que a minha crítica está concentrada em uma questão muito prática, muito clara e muito elementar, que é a do respeito alheio.
Eu sinceramente acho lamentável que essas ideias circulem com tanta facilidade nas redes, inclusive por canais de prestígio como a Folha! O texto não traz absolutamente nenhuma informação interessante, não acresenta nada, passa longe de ser criativo, é inútil, e acaba sendo tão desnecessário que só deve ter sido o choque e a surpresa o que me fez lê-lo até o final. Se ele tem alguma consequencia, com certeza é negativa, porque nem de entretenimento eu o chamaria. Só para constar, não que isso importe em qualquer sentido, eu não sou nem me considero hipster. Sou apenas alguém que leu a notícia e se assustou como essas noções e atitude se espalham como se fossem a coisa mais inteligente do mundo. Inteligente! Essa é boa! Adianto que estou na expectativa para saber a posição da Folha a respeito disso, já que acabei de enviar uma mensagem à ouvidoria também. Vejamos o que me dizem sobre as posições problemáticas e de péssima qualidade desse texto.
Sou seu fá. Consegui dizer tudo o que eu queria ter dito, mas com mais paciência e capacidade do que eu tive antes. Irrita gente que passa por inteligente ao condenar situações e atitudes que ele mesmo ajuda a reforçar.
A prolixidade é uma praga.
A prolixidade é uma praga. 2
A prolixidade é uma praga. 3
A repetição é uma praga.
“A repetição é uma praga.” Isso parece estranho vindo de um hipster…
Andre Barcinski = Versão Masculina Danuza Hispter Leão
Respeita tanto as diferenças que fica “consternado” quando alguém escreve algo com o que vc discorda.
adorei…hehehe….Isso aí Andre…por que será que sempre tem um pseudo-intelectual achando que pode tentar desqualificar uma opinião ou um ponto de vista, utilizando como argumento justamente a “liberdade” de expressão?
O gozado é que a opinião dele não me ofende em nada. Ofende a vc? Ofende a alguém? Então por que ele fica ofendido com a opinião dos outros?
Minha intenção não é lhe ofender, é a de criticar o que você está defendendo a partir de suas colocações nesse texto infeliz sobre os hipsters. Você não é importante a esse ponto, sobretudo para mim. Eu fico ofendido com essas generalizações problemáticas dirigidas a qualquer grupo ou minoria.
Não fico ofendido com opiniões divergentes da minha. Fico ofendido com opiniões preconceituosas. Isso está tão claro no que eu falei que eu me pergunto qual o objetivo dessa sua observação. Totalmente sem sentido e sem qualquer tipo de vínculo com o que importa.
Eu não disse que você me ofendeu. Tampouco fico “consternado”.
Olhe, quanto a você, por favor. O seu comentário é o mais ridículo e esquizoide que eu já vi. Você deve ter feito isso porque gosta do Barcisnski, só pode ter sido.
Sua colocação é pior e mais ilógica que o motivo que o levou a escreve-la. Suas palavras valem menos que um amontoado de “estrume”, para utilizar a elevada expressão de seu querido “crítico” e a amigo.
É possível que eu tenha perdido um pouco da razão ao me nivelar a você, escrevendo coisas como a do trecho acima, mas que importa!
Só para lhe explicar, minha intenção não é a de desqualificando um “ponto de vista” inocente e como qualquer outro. É a de apontar o que há de discriminação no texto brilhante de seu amigo. Não me valho da liberdade de expressão para isso, mas do mínimo bom senso e do conhecimento básico do que torna coerente e desejável o jogo democrático. Você, por favor… Olha, deixa pra lá! com você só posso estar perdendo tempo!
Fábio, de verdade, você escreve de maneira muito prolixa. Se cortasse pelo menos metade do texto, seria mais agradável ler e sua mensagem seria transmitida de maneira mais eficiente.
Aprender a usar “lhe” também tornaria as coisas mais agradáveis
Considero excelentes as divergências de opinião, como disse. Entretanto, “opiniões” discriminatórias, generalizantes e preconceituosas não merecem respeito. Ou você foi incapaz até de entender isso no que eu escrevi? E mesmo que sua “opinião” preconceituosa fosse de algum modo absurdo legítima e sustentável, eu não discordaria COM ela, eu discordaria DELA. Mas é sério! Para além desse jeito grosseiro de escrever e de responder, não veja isso como somente como mais um debatezinho polêmico como os tantos que você está acostumado a instilar, provavelmente se achando um grande crítico mordaz, inteligente e irônico da contemporaneidade; não, solicito que reveja suas posições como REALMENTE problemáticas, e com alguma digna humildade. Você até poderia encontrar uma frase ou outra de efeito mais interessante e acabar aparentemente “por cima” no conjunto dos comentários, e até nesse. Mas como vi que você não tocou em nenhum ponto do que eu comentei antes, e como considerou, veja só, o preconceito simplesmente uma questão de opinião, então não visitarei nunca mais esse blog, e a partir de agora farei uma enorme contrapropaganda de tudo que se ligue a seu nome, principalmente na universidade, relatando mais ou menos as idéias discutidas aqui. Em todas as chances que me ocorrerem – que com certeza serão aquelas em que o nome de algum jornalista limitado e ridiculamente autossuficiente vier à tona-, lembrarei seu nome, e indicarei a meus alunos e colegas professores que nunca se aproximem de nada que você já pensou eu fez. É óbvio que isso pouco pesará na sua vida, mas será um bom alerta para os que me ouvirem – e só neles, não em você, o que penso. Pergunto-me se foi mesmo uma pena o fato de ter sido esse o primeiro texto seu que eu li. Quem sabe não foi uma tremenda sorte! Porque deu para ver logo de cara de quem se trata. Como já foi dito, diante do preconceito e da estupidez, eu opto pelo silêncio, porque não há a mínima base para o diálogo e a negociação. E considere que essa minha insistência se deve ao fato de eu não suportar qualquer tipo de discriminação, não importa de que forma, seja por ironia, por gracejos ou por mais sutil que soe. Pessoas desse tipo – e pior, pessoas que não tem o mínimo de autocrítica suficiente para enxergá-lo – não merecem ser respeitadas e não merecem cortesia. Nem precisa responder, a não ser que algum lampejo de consciência e de dignidade por acaso lhe assalte.
Ah, entendi: é VOCÊ que decide o que “merece respeito”? Paro por aqui.
Confesso que posso ter me exaltado um pouco, peço desculpas por isso, mas mantenho o principal de minhas palavras.
Não sou eu quem decide, Andre, sério. Um mínimo de bom senso e você há de convir que essas práticas não são lá muito representativas de um visão democrática.
Quem decide é o povo. Foi isso o que eu quis dizer. A decisão sobre essas questões em particular, inclusive, está muito bem expressa na Constituição.
Gozado, foram 233 comentários aqui e vc foi um dos poucos que reclamou de preconceito. Acho que “o povo” não concordou muito com vc.
O mais incrível é que o infeliz passou meia hora em Williamsburg, não entendeu nada, e só porque não entendeu, julgou.
Eu moro aqui e sinceramente não faço ideia de onde ele achou um café por 6 dólares. E algo que deve ser novidade pra ele: todos os pseudo-alternativos paulistanos fazem a mesma coisa com a onda do vinil.
Seria bom se ele tirasse a cabeça do umbigo antes de escrever um texto horrivel desse.
Ah, e algo chocante: moro em Williamsburg e não sou hipster!
O café fica próximo à loja de discos Sound Fix, não lembro o nome, mas vc reconhece fácil, tem vários hipsters sentados com laptops, tomando mochas de seias dólares.
O café fica próximo à loja de discos Sound Fix, não lembro o nome, mas vc reconhece fácil, tem vários hipsters sentados com laptops, tomando mochas de seis dólares.
um hipster fã da Folha que adora usar aspas.. sim, o hipsterismo é uma praga!!
Fábio, o texto condena quem se apropria das coisas para ostentar um comportamento descolado, moderno e/ou alternativo, não quem gosta autenticamente dessas coisas. Qualquer tipo de poser é chato. Se a pessoa gosta de cafés especiais ou hortaliças orgânicas, tudo bem, mas se gosta dessas coisas por pose, ai sim é uma tremenda besteira!
Obrigado.
“Qualquer tipo de poser é chato”.
Eder sintetizou a coisa toda.
Este comentário do Fábio Oliveira é o único fruto positivo do texto original.
Olha só, mais preconceito: o Rodrigo só gosta do que concorda, é incapaz de ver “positividade” e valor em textos com os quais não concorda. Já eu, por minha vez, não só publico os comentários dele, com os quais não concordo, mas ainda os respondo. Ou seja: eu valorizo a opinião dele, apesar de achá-la completamente equivocada. Já o preconceito dele, disfarçado de indignidade moral, não o permite fazer o mesmo.
Fábio…você jura?? Consternado??? hahahah
Basta ler os comentários para ver quem está reclamando dos hipsters. Os hipsters, obviamente. Por isso todos detestam hipsters. Porque conseguem escrever textos e comentários nos quais falam mal de si mesmos. Uns falam mal do Starbucks, porque agora é coisa de gente pobre, turistaiada que copia moda dos EUA, etc. Então, naturalmente, os hipsters que iam ao Starbucks antes já não podem gostar de ir, porque está muito mainstream agora. E lógico, tem que haver também a reclamação porque gostam das coisas roots e agora tudo sofre pela especulação mobiliária, mas não coloquem gente muito feia e pobre a sua volta também, porque aí já é demais. Gostam do roots só até certo ponto.
Qual é o termo hipster pra chilique online? Eu tenho mais é que concordar com o Renato Lustosa: não existe nada mais hipster do que odiar hipsters.
Agora quem precisa de um chá orgânico sou eu… De preferência um que cure intoxicação “intelectual”…
Gostei do texto. Hoje existe muita gente superficial sem atitude! Por exemplo: nunca me interessei ouvir Chico Buarque porque um monte de gente vazia começou escutar “MPB” pra dá uma de intelectual!
Quer uma coisa coisa ultra hipster? Ter um blog e escrever com saudosismo da Nova York “vintage” de 15 anos atrás, dizer que a melhor parte de NY é uma bairro que os turistas não vão e e ficar falando como fulano ou beltrano é “hipster” por causa disto ou daquilo.
Ui!
Ja foi para Diadema? Mais dificil e alternativo de sobreviver que qualquer bairro de NY
Nossa, agora pintou a consciência social.
O texto é super hipster, os comentários são hipster também, existe coisa mais hipster do que ir a Nova York procurando bairro chinês, criticar turistas, e criticar outros hipster tentando se diferenciar da nova modinha. CARA VOCE É HIPSTER
Tá bom, Pedripster, fica tranquilo, toma um chazinho orgânico de mandioca, põe um vinilzinho do Grizzly Bear na vitrola retrõ e relaxa.
Legal Andripster hahaha Vc parece ser um hipster legal hahahaha
Não entendi a resposta. O cara falou exatamente o que o texto é. Uma contradição em si mesmo.
Vamos lá, bem devagar: o texto reclama exatamente das pessoas que chegam num lugar, se apropriam delee tentam mudá-lo. Portanto, o texto NÃO defende o “novo” ou o “moderno”. Deu pra entender agora?
“Vamos lá, bem devagar” = você é um imbecil; titio vai explicar melhor.
Caramba, Pedro, então se a gente pode (leia-se “tem a oportunidade e/ou a grana para”) viajar e conhecer lugares diferentes, então passa a ser hipster e blasé por conta disso? Ora, se ele vai em Nova York e procura um bairro chinês, ao menos ele procura algo diferente. Melhor do que ir para lá fazer compras na Quinta Avenida e sair pelas ruas rebolando e carregando sacolinhas, de braços abertos, ao estilo Sex And The City.
Infelizmente eu não tenho (ainda) como fazer uma viagem internacional, mas eu também gostaria de conhecer lugares diferentes como esse que ele fala no texto. Serei eu então considerado um hipster por causa disso?
Eu hein, que povo pra dar chilique por bobagem…
Ué, mas o post é um chilique..
Corretissimo o comentário do Pedro.
Politicamente corretíssimo!
André, já foi a Portland?
Já sim, mas só por um fim de semana e faz muito tempo. Achei a cidade demais: bem organizada, limpa, liberal. Gostei muito.
Legal. Mas guardadas as devidas proporções, tudo indica que a cidade virou uma espécie de Williamsburg da costa oeste.
Parece que sim. Mas tenho um amigo que mora lá – o Steve Turner, do Mudhoney – e ele parece gostar bastante.
1a vez que leio uma matéria sua e adorei.
Barcinski, originalmente o termo hipster não era utilizada para denominar os jovens brancos de classe média que procuravam imitar o estilo de vida dos músicos de jazz negros? Segundo a wikipédia (fonte não confiável), Jack Kerouac teria descrito os hipsters de 1940 como pessoas “subindo e vagabundeando pela América, vadiando e pegando carona em toda a parte”. Portanto, esses “hipsters” que fosse fala no post se refere a uma geração que se apropriou do termo “hipster”, mas com um estilo de vida totalmente diferente dos “velhos hipsters”?
Olha Barcinski, se o seu conceito de hipster é gostar de coisas diferentes você é o maior expoente hipster do Brasil… Até nesse mesmo texto você está deixando hype o Sunset Park. “Ai nao, meus vinis custavam 8 e agora que mais pessoas estao querendo valem 10”. Eu fico feliz que hoje existe mais procura, adoro vinis e vejo que a industria que vinha morrendo está dando uma animada. Nao sou hipster e nem to defendendo os caras. Mas o movimento foi crescendo calado, agora que tá chamando a atencao (a ponto de merecer um texto seu) eles sao sem graca? Deixa os caras tomarem seu cafezinho organico e você fica com seu blog “cool”, de temas tao hipsters como a camiseta dos Ramones…
Rafael, numa boa, faça um curso de interpretação de texto, é minha sugestão. O texto inteiro fala sobre como é chato uma turma chegar e mudar toda a cara de um bairro e torná-lo comercial. O que defendo é exatamente o oposto de “gostar de coisas diferentes”.
Adorei o texto. Odeio essa nova onda irritante dos hipsters.
Quando você analisa as transformações de uma cidade só falando de estética, pode cair em um certo facilismo, ser meio superficial (ainda mais se tratando de um turista que não vive o lugar, só passeia)… Superficialismo, falta de profundidade… uma das coisas mais chatas do hipsterismo, né.
Desde quando comércio e moradia são fatores puramente estéticos?
Perambular por Nova York e se surpreender com a cidade é sempre uma bela surpresa mesmo (apesar dos pesares). Agora, dê uma olhada nessa reportagem do The Guardian e veja se é ou não é uma péssima surpresa explorar Dakota do Norte. http://www.guardian.co.uk/environment/2012/dec/04/north-dakota-fracking-boom-family
Artigo hipster pra caramba pq odiar hipster tb é hipster.
Sobre a crítica dos “hipsters” em Williamsburg – NY, me lembro ter passado uma semana neste bairro no apto de um amigo em mais ou menos 1997, e realmente era diferente de Manhattan, mais barato e alternativo, porém de fácil acesso, somente atravessa-se a ponte do Brooklin e já está lá, de metrô nem se fala, era uma época em que os armazens estavam começando à se transformarem em Lofts. Claro que a exploração imobiliária chegou por lá e com isto outro público começou a frequentar, mas ainda deve ter o seu charme como toda NYC, neste domingo passado mesmo Pedro Andrade falou sobre Williamsburg e um Hotel Design nesta região, no Manhattan Conection, acho que logo mais este Chinatown do sul do Brooklin será descoberto pelos turistas e aí a história vai se repetir, com certeza.
Hipster que ‘FINGE’ que não trepa! Pq adoram se exibir nus em redes sociais e apelidarem de ‘arte’
A sensação que eu tenho é que o hispter é tipo um emp, só que de blazer….
Eu sou brasileira e moro em Williamsburg, Brooklyn. O lema deste bairro hoje em dia eh “you pay expensive to look cheap.” Estou me mudando ASAP daqui!!
Olha o máximo que chego perto do Way of Life American é a NFL cerveja e churrasco, agora tu tocou em algo sério a demonstração e expressão de um certo público…
Brasileiristicamente comparando aqui no interior do mundo a cidadezinha que moro, tem esse mesmo aspecto e estereótipo.
Só que a linguagem e roupagem é imitação do estilo a Rua é Nóiz de São Paulo…. Sei que SP tem esse mesmo teor tênue da moda ou modelo de vida de NY, trato isso como a evolução da humanidade e no seu modo mais superficial e clichê!
Modinha é como o ar, está em qualquer ambiente social que acredita-se sofisticado é frívolo.
Bom, eu moro em Williamsburg e entendo o que voce diz. Morar aqui nao esta barato, pelo contrario: a cada dia mais caro. Apartamentos de um dormitorio ja esta nas casa dos 2 mil dollars.
Porem, discordo com um ponto. Os hipsters se divertem sim. Eu nunca fui de sair, mas o bairro borbulha de quinta a sabado a noite, com muitas festas que vao ate o bar fechar. Bushwick, nosso bairro vizinho e quase mais hipster ainda, tem sempre festas de rua no verao (muitas vezes na propriedade do Roberta’s, a pizzaria natural que tem seu proprio jardim aonde cultiva as proprias verduras).
De resto, concordo com tudo. O pessoal posa de “I don’t care”, mas a maioria eh filhinho de papai.
O interessante é que tudo uma hora vira suco, o hipster é um poser alternativo, justamente um efeito do alternativo virar mainstream. Todo mundo querendo ser alguma coisa que alguém já é, não importa a onde. Em cima disso se cria mercados que vão sugar até a última gota. Não é ruim e não é novidade.
Críticas são sempre bem-vindas e essenciais, como a que foi feita ao consumismo ‘non-sense’ que move a economia atual, ao tentar, de longe, levantar um debate acerca do preço do café. Mas daí, rotular um grupo, e descrever seu comportamento de maneira generalizada e negativa, é preconceituoso e barato. Não cola mais. Críticas desconstrutivas e agressivas às pessoas, feitas com argumentos vazios baseados somente na própria opinião, ajuda a perpetuar a eterna discriminação interpessoal das diferenças raciais e comportamentais. A tolerância deveria ser estimulada. Se o bairro em questão não te agrada, procure outro, se adapte, viva a sua vida, deixe as diferenças aflorarem e as pessoas se expressarem como querem. Todos os “hipsters” respeitaram sua individualidade e te deixaram andar como quis, sem objeção, por que você se revolta assim? Sua nostalgia não cabe no contexto populacional, somente no pessoal. Não misture as coisas. Se quer criticar, seja menos superficial e acrescente algo ao leitor.
Discriminação contra hipster? Pare de falar besteira. E que negócio é esse de “te deixaram andar como quis”? Só faltava os hipsters enxotarem os não-hipsters de lá.
Leia de novo: “discriminação interpessoal das diferenças raciais e COMPORTAMENTAIS”. O que interessa na questão é a sua postura preconceituosa, não o grupo-alvo em si.
Quanto ao “e deixaram andar como quis”, ok, eu não estava lá e não vi, mas essa justificativa olho-por-olho e dente-por-dente também não vale nada.
E se o seu melhor contra-argumento é “pare de falar besteira”, eu só lamento. Imaginava que colunistas que são denominados “críticos da Folha” fossem capazes de conduzir debates interessantes e enriquecedores em espaços abertos para essa finalidade.
Mais uma vez sua pobreza argumentativa e superficialidade de pensamento fica evidente. Triste. Respeitáveis “formadores de opinião”, donos da verdade e da palavra, intocáveis pseudo-intelectuais, parabéns pela mediocridade.
Se toda frase de um texto tiver de vir acompanhada por outra frase ressaltando que pode haver exceções à primeira frase, daí pessoas como você terão ganhado a parada, e poderemos oficialmente declarar a opinião morta e enterrada, vítima de correção política e do sentimento geral de magnanimidade e superioridade ética, de paladinos da moral como você. Parabéns.
Hum, agora a coisa começou a ficar legal. Continuo a escrever porque me interesso em aprofundar nessa questão, sou fã de debates. Vou deixar claro, antes de tudo, que não quero ganhar nenhuma parada, mas talvez aprender com você, e vice-versa, por que não?
Não me taxe de paladino da moral ou juiz da superioridade ética, muito embora considero a ética um pilar fundamental da relação humana. Detesto seres acríticos e passivos ao que acontece ao seu redor. Compartilho de uma ideia sua que pude notar nas entrelinhas, mas de maneira nebulosa e mal exposta, por isso comecei a te criticar. Pessoalmente falando, repudio completamente o comportamento hipócrita, desprovido de valores sinceros e manifestações verdadeiras de personalidade – principalmente quando casado ao consumismo doentio e compulsivo. Observe, aqui mesmo, que a maioria dos comentários favoráveis ao seu texto caminham em paralelo ao comportamento que você critica, mas em outra esfera. Abominam os hipsters, mas nem sabem o porquê. Simplesmente amam odiar o diferente. Assim como fizeram na década de 60 com os hippies, citando um exemplo, dentro dos quais existiam os mesmos hipócritas non-sense, mas, também, de onde saíram ideias mágicas e revolucionárias que mudaram nosso jeito de nos relacionar com a vida – inclusive, desse movimento vieram os melhores vinis que já ouvi na vida. “Transformam tudo em estrume”, “não ri, não trepa e não se diverte”; não são só os hipsters que fazem isso, assim como alguns deles não devem ser assim.
Nelson Rodrigues vivia dizendo há muito sobre os cretinos fundamentais. Os hipsters, os darks, os emos, os indies, os cults, os hippies, os rastas, os rappers, em todo grupo está cheio deles. É sempre a mesma história, isso é o comportamento humano.
Enfim, o que quis trazer com meu comentário foi: a sua crítica ao hipster pode, e deve, ser estendida ao ser humano em geral. Sua narrativa é válida mas é necessário pensar para entendê-la – se eu tiver entendido direito – e somente te conhecendo pessoalmente para desconsiderar algum sentimento preconceituoso desse texto. Se fosse mais claro e menos polarizado ao crucificar os hipsters, acho que seria mais honesto com o leitor e com a sua própria ideia. O que é só uma opinião, talvez irrelevante para você.
De qualquer maneira, chegamos a um ponto interessante: “a opinião morta e enterrada, vítima de correção política e do sentimento geral de magnanimidade e superioridade ética, de paladinos da moral”; não se trata disso, mas sim de opinar e criticar o humano como humano e não um grupo específico. As diferenças existem, sempre existiram, existirão e devem ser toleradas. São ideias preconceituosas de intolerância ao diferente que fomentam o ódio interpessoal calcado somente em aparência, ideias superficias e concebidas num ambiente estéril de conhecimento de causa. No meu ponto-de-vista, você tangenciou uma questão importantíssima, mas foi infeliz na maneira como a abordou, deixando muito mais uma conotação negativa contra um determinado grupo do que levantando o real motor que impulsiona o surgimento desses comportamentos hipócritas – em todos os grupos.
É isso aí. Aproveito para abrandar as farpas. Acho que a troca de ofensas agrega menos ainda.
À propósito, eu não entendi o que quis dizer com a necessidade de ressaltar exceções após cada frase. Em nenhuma hora defendi isso. Poderia ser mais claro?
Até.
Hummm…outro hipster doído e prolixo metido a intelectual…
A turistada? Acho que os hipsters não são os únicos arrogantes e blasé…
Hummm… Qual seria o termo politicamente correto para se referir a grupo de turistas? “Cidadãos em trânsito turístico”?
kkkkkkkkkk também estou tentando advinhar o termo politicamente correto para tanto. Como chilicam…
Entro em um blog para ler sobre ideias, e leio sobre PESSOAS.
Encontro esse mesmo tipo de tema em uma roda de velhas fofoqueiras. E, ao menos, lá é engraçado.
Então tchau, fica com as coroas.
Ele tá falando de ideias, também..
CARALHO, Barcinski!! “Hipsters conseguem se apoderar de tudo que é legal e transformá-lo em estrume”. Nada mais certo. Há anos vejo adolescentes idiotas e sem personalidade fazerem isso (e hoje, adultos), mas não sabia que havia uma denominação para eles (que não fosse de baixo calão, claro). Graças a eles, quem curte um Smiths ou The Cure, é gótico ou emo… Se gosta de ouvir Erasure num volume alto, é descolado… E o que fizeram com os vinis, então? Há pouco, eu comprava bolachões de excelente qualidade por no máximo R$ 15 em qualquer sebo. Hoje, os preços quadruplicaram… Malditas crias do mercado!
Pedro Andrade, do Manhattan Connection, deve morar em Williamsburg.
Apoiado
Você já leu Snset Park do Paul Auster? Altamente recomendado (por mim).
Não li, Juliana, já indicaram aqui. Vou atrás.
André, se ao invés de Williamsburg, vc colocasse Santa Teresa, Vila Madalena, Vila Olímpia ou a “Nova Higienópolis”, acho que a dimensão dos problemas relatados seria o mesmo, mas o mais interessante ver que os efeitos nocivos da especulação imobiliária não ocorrem apenas na Kassablândia…
Lendo os comentários me lembrei aquela distinção entre viajante e turista que o Paul Bowles fez em “Céu que nos protege” (o livro).
Viajante é o sujeito com a mente e o coração aberto para o novo, o desconhecido, que se permite ao conhecimento do outro, das relações humanas de um lugar, é o sujeito realmente livre em busca do novo. O turista é um sujeito burocrático, consumista, previsível, teleguiado e dependente de programações elaboradas pela indústria do turismo que, via de regra, explora os lugares até o ponto de destrui-los.
Em resumo, turista é um porre, bem como as atividades ligadas ao turismo.