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André Barcinski

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“Ensina-me a Viver” celebra o gênio de Ashby

Por Andre Barcinski
06/12/12 07:05

Anote na agenda: sábado, dia 8, às 22h, o Telecine Cult exibe “Ensina-me a Viver” (“Harold and Maude”), que Hal Ashby dirigiu em 1971.

É um dos grandes filmes dos anos 70, obra de um sujeito estranho demais até para os padrões da época.


“Ensina-me a Viver” é uma comédia de humor negro sobre um jovem de tendências suicidas, Harold (Bud Cort) e uma idosa bem humorada, Maude (Ruth Gordon). Os dois têm o hábito de visitar funerais de desconhecidos, e é num enterro que se conhecem e começam uma bizarra amizade. Contar mais da história seria estragar as surpresas, que são muitas.

O filme foi um fracasso absoluto na época. O cinema americano vivia um período de obsessão pelo realismo, com histórias inspiradas pela experiência do país no Vietnã e pelos conflitos sociais e raciais que afetavam o país.

O público não parecia preparado para os tons surrealistas do filme de Ashby e não captou a ironia de seu comentário sobre os abismos geracionais do período.

Filho de uma família de mórmons de Utah, Ashby teve uma infância traumática, marcada pelo suicídio do pai. Sofrendo de depressão e psicoses, conseguiu fugir de casa e foi para a Califórnia, onde se tornou um dos melhores montadores do cinema americano (ganhou até um Oscar em 1967, pelo drama racial “No Calor da Noite”).

Em 1970, Ashby dirigiu seu primeiro filme, o surpreendente “The Landlord” (passa de vez em quando na TV, sempre no meio da madrugada, fique de olho): Beau Bridges interpreta o dono de um prédio que pretende expulsar todos os moradores, na maioria negros, mas que acaba de afeiçoando às pessoas e choca a própria família ao iniciar um romance com duas inquilinas negras.

O filme já trazia a marca do cinema de Ashby: dramas urbanos sobre a dificuldade de relacionamento e o preconceito, mas sempre com um viés de humor negro e um tom ácido. Um cinema político sem chatice professoral e panfletária.

Ashby fez grandes filmes: “The Last Detail” (1973) é uma comédia negra e antimilitarista sobre dois marinheiros (um deles, Jack Nicholson) que precisam levar um prisioneiro, um jovem marinheiro interpretado por Randy Quaid, para a cadeia. O final é arrasador.

Depois, teve grande sucesso com ”Shampoo” (1975), comédia sobre as extravagâncias ególatras de Hollywood, “Amargo Regresso” (1978), um pesado drama sobre o Vietnã, e “Muito Além do Jardim” (1979), a melancólica comédia surrealista com Peter Sellers..

O gosto de Ashby por cocaína e heroína e sua incapacidade de jogar pelas regras de Hollywood, vivendo sempre às turras com produtores e estúdios, acabaram com sua carreira. Ainda fez vários filmes antes de morrer, em 1988, de câncer no pâncreas. Mas “Ensina-me a Viver” permanece como seu filme mais pessoal.

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Comentários

  1. Wellington Das Neves comentou em 13/12/12 at 0:17

    Muitos lamentam que Ashby não seja tão lembrado mas o cara como diretor não era lá essas coisas, mesmo que Hollywood não tivesse sabotado tanto sua obra.

    Porém o filme citado e o “Muito Além do Jardim” sempre pipocam em listas de melhores dos anos 70 merecidamente.

  2. marcelo b. comentou em 12/12/12 at 0:01

    ja havia assistido qdo cça, e no sabado passado, assisti novamente c/ minha esposa, q gostou tb!

  3. Vladimir Cunha comentou em 10/12/12 at 13:38

    Assisti esse filme em diversas fases da minha vida. Primeiro aos sete anos, numa daquelas reprises da Globo, depois na adolescencia e algumas vezes na vida adulta. Em todas as vezes o filme me tocou de uma maneira diferente.

    Quando crianca era o humor bizarro, na adolescencia a sensacao de deslocamento que o Harold representa tao bem. E na vida adulta todas as implicacoes filosoficas e existenciais envolvendo a posicao dos dois personagens em relacao ao amor, a felicidade e a finitude humana.

    Esse e o tipo de obra que so sai da cabeca de verdadeiros genios. Como Asterix, Calvin e Mafalda nos quadrinhos, Harold & Maude e tao bem construido que entrega para gente diversos niveis de leitura e questionamento de acordo com a percepcao que temos naquele determinado momento.

    Ou seja: e algo para se levar para a vida inteira.

    V

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