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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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Onde está a filmoteca do Sr. Kim?

Por Andre Barcinski
10/12/12 07:05

Uma das maiores e mais desejadas coleções de filmes do mundo desapareceu  

 

 

 

 

 

 

 

 

Em 1987, um coreano chamado Yongman Kim fechou a lavanderia da família, localizado numa área barra pesada de Nova York, e abriu uma locadora de filmes.

Dez anos, depois, a Kim’s, como ficou conhecida, era um império, com cinco lojas que vendiam filmes e discos, e a melhor coleção de filmes para locação dos Estados Unidos.

A locadora, Mondo Kim’s, ficava num prédio de cinco andares em Saint Mark’s Place, tinha mais de 55 mil títulos e era especializada em cinema de arte, filmes raros e filmes B, que não eram encontrados em locadoras comuns.

Em qualquer dia, você podia dar de cara com Jim Jarmusch, Todd Solondz ou até mesmo Quentin Tarantino alugando um filminho na Kim’s.

Os atendentes da Kim’s Video eram famosos por seu conhecimento enciclopédico de cinema e sua arrogância. Era o único lugar da cidade – possivelmente do mundo – onde você pedia o filme “Blue” e alguém perguntava se era o do Kieslowski ou o do Derek Jarman.

Uma história famosa sobre a Kim’s Video envolve Tarantino, que foi à loja atrás do raríssimo documentário “From the Journals of Jean Seberg”, de Mark Rappaport, mas não pôde levar a fita porque havia esquecido seu cartão de sócio.

Com a queda no mercado de locações, no início dos anos 2000, a Kim’s fechou quatro de suas cinco lojas. Hoje, só existe uma unidade, na First Avenue, que vende DVDs e CDs.

Em 2009, a Mondo Kim’s fechou. No lugar, abriu um restaurante de tofu.

E os 55 mil filmes, onde foram parar?

Uma reportagem recente do jornal “The Village Voice’ (leia aqui) conta a saga da coleção.

Segundo o jornal, a maior e mais desejada coleção de fitas e DVDs dos Estados Unidos está em Salemi, uma cidade de 11 mil habitantes na Sicília.

Kim teria doado a coleção à cidade depois que o publicitário e fotógrafo italiano Oliviero Toscani, famoso por seus polêmicos anúncios para a Benetton, convenceu o prefeito local a abrigar o acervo.

A idéia era que a prefeitura de Salemi cuidasse da manutenção e organização da coleção e liberasse seu uso gratuitamente a qualquer cinéfilo do mundo.

Mas não foi o que aconteceu: dominada pela Máfia local e por uma burocracia kafkiana muito semelhante à brasileira, a cidade simplesmente escondeu os 55 mil filmes num depósito, onde estão até hoje.

O prefeito e Toscani brigaram, e ninguém sabe qual será o destino desse verdadeiro tesouro.

Leiam a matéria do “Voice”, é sensacional. E mostra bem as armadilhas que podem surgir quando arte e burocracia se misturam.

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Comentários

  1. Pedro Batiston comentou em 14/12/12 at 14:29

    Minha famíli teve uma videolocadora por mais de 15 anos. Cresci praticamente dentro dela, e durante toda minha adolescencia até a faculdade. Por isso, quando li este post, me identifiquei me deu um baque. Eu sei o que é se desafazer de um negócio desses. Da videolocadora, só ficou saudade mesmo, e alguns vídeos antigos. Fora uma pilha de revistas de cinema e vídeo. Por isso sempre me identifiquei, tb, com Tarantino, que sempre foi rato de locadora. Ele sabe o que é passar horas explorando as prateleiras até ficar com dor nas costas, sem ver o tempo passar. E se sou apaixonado por cinema hoje, deve-se, certamente, a minha antiga videolocadora.

    • Andre Barcinski comentou em 14/12/12 at 14:43

      Valeu pelo depoimento, bem legal.

  2. PAULO comentou em 11/12/12 at 15:19

    BArcinski, vc ja deve ter visto, mas acabei de ver no Dangeorus minds e pensei em voce na hora:
    http://dangerousminds.net/comments/coffin_joes_awakening_of_the_beast_vs._lou_reeds_guitar_amp

    • Andre Barcinski comentou em 11/12/12 at 15:20

      Vi sim, achei sensacional demais.

  3. GUIJA comentou em 11/12/12 at 13:21

    Quase esquecendo-me-ia: duvido alguém ter lido essa matéria do Kim e não ter lembrado do Carlão…

  4. GUIJA comentou em 11/12/12 at 13:04

    André, li a matéria e é realmente curiosíssima a história toda, muito obrigado por compartilhar e parabéns pelo ótimo trabalho. Grande abraço.

    Além disso, viu a última do Cronenberg, “Cosmópolis”? Muitos gostaram, mas depois de 45 minutos tentando entender onde o cara estava com a cabeça pra fazer um embuste pseudofilosófico daqueles, desisti. Decepção total.

    • Andre Barcinski comentou em 11/12/12 at 14:04

      Gostei demais do livro, e não achei o filme tão ruim assim. Sério que vc não gostou?

      • GUIJA comentou em 11/12/12 at 18:26

        Nem um pouco, André. “MARGIN CALL” falou muito, muito mais usando diálogos compreensíveis e sem precisar de símbolos tão óbvios como ratos gigantes.

        Sei lá, fiquei com a sensação que era uma fita do Lars Von Trier com diálogos escritos por Christopher Nolan depois de assistir “8 1/2” e produção do Uwe Boll.

        De qualquer forma, seria ótimo um post seu a respeito (se é que ainda está em cartaz; e se é que há esse critério), gostaria de saber o que viu de bom ali.

        Grande abraço.

        • Andre Barcinski comentou em 11/12/12 at 18:34

          Gostei, primeiramente, porque parece um filme do Cronenberg. Eu gosto dos 3 últimos filmes dele, mas eram de estrutura mais formal. Gostei da forma como ele transpôs o livro, que é inteiramente passado em ambientes fechados, para a tela, não achei que ficou tedioso. E até que curti o Pattinson no papel, ele caiu bem como o yuppie de plástico.

          • GUIJA comentou em 11/12/12 at 19:13

            Nisso concordamos, casting apropriado, sem dúvida!

            Lembrei do grego “Dente Canino” agora, recomendo, se ainda não tiver conferido.

  5. Marcel Augusto Molinari comentou em 10/12/12 at 17:42

    Olha Barça, não podemos garantir 100%, mas com certeza você achará 90% dos filmes no PirateBay!

    • Andre Barcinski comentou em 10/12/12 at 19:58

      Ah, não acha MESMO.

      • GUIJA comentou em 11/12/12 at 19:14

        Concordo plenamente. Caio na gargalhada toda vez que escuto alguém (jovem, geralmente) dizendo que “tem de tudo na internet…”.

  6. Marcos Pellegrini comentou em 10/12/12 at 17:10

    A Italia, é um Brasil q deu certo?

    Pra mim, nem lá nem cá deram certo

  7. Tadeu comentou em 10/12/12 at 13:39

    Como dizia um professor do Objetivo, “a Itália é um Brasil que deu certo.”

    • neder comentou em 10/12/12 at 17:29

      E o pior é que também não deu certo….

      • Tadeu comentou em 11/12/12 at 13:11

        Em termos de renda per capita e de infraestrutura, não dá p/ comparar

    • Bia comentou em 10/12/12 at 20:07

      Temos Berlusconis e Dirceus nos 2 lugares…

  8. Afonso comentou em 10/12/12 at 12:01

    Eu sou fã incondicional de lojas de cds. Lamento cada uma que fecha. Aqui no RJ, frequento há 20 anos a Satisfaction Discos em Copacabana. Todo sábado, de manhã, um grupo de amigos se reúne lá para beber cerveja, ouvir rock, trocar dicas e falar mal do flamengo. Este ano, fui a Paris e fiquei em um hotel em frente a uma Gibert Joseph no Quartier Latin. Que delícia, encontrar uma loja toda segmentada por estilos e em cada um destes espaços, estavam fãs e vendedores trocando informações e ouvindo cds. Eu odeio o mundo virtual.

    • Guilherme Braga comentou em 10/12/12 at 13:34

      Sou fã da Satisfaction Discos, fera demais. E sou fã do mengão, que com a nova presidência escolhida pelo povo, ainda trará muitas alegrias nos anos vindouros. Vamos torcer!

      • Andre Barcinski comentou em 10/12/12 at 13:57

        Como as lojas de vinis, seu time corre risco de extinção…

        • andre guerra comentou em 10/12/12 at 15:57

          Seu time tb corre risco de extinção, vamos esperar no final do ano que vem qdo a unimed for embora e ver oq vai acontecer.

          • Andre Barcinski comentou em 10/12/12 at 15:59

            Vou chorar….

    • Diego comentou em 10/12/12 at 14:23

      Moro em Copacabana, mas não conheço essa Satisfaction Discos. Aode fica?

      • Guilherme Braga comentou em 10/12/12 at 15:32

        R Francisco Sá, 95

      • Afonso comentou em 10/12/12 at 15:44

        R Francisco Sá, 95 no fundo da galeria.

    • Jeferson comentou em 10/12/12 at 19:48

      Ai.. ai.. ai… Quando fui a Paris….
      Num hotelzinho na rua tal, esquina com a tal…

      Só faltou citar os vinis que comprou para ser um perfeito hipster…

      • jAH comentou em 10/12/12 at 20:36

        This is hip, pretty baby…
        Meu Deus, vou ter que jogar fora meus vinis antigos para não correr o risco de ser confundido com um hipster e ser apedrejado em praças virtuais…será que devo jogar fora também meu Thorens MKII ? E a minha Shure V-15 moving coil, também será um distintivo dessa raça execrável ? Mamãe, ele me chamou de ripister!

        • jAH comentou em 10/12/12 at 20:37

          Desculpe, moving magnet.

          • Agilberto Marcílio comentou em 10/12/12 at 23:06

            Usa algum valvulado com o Thorens (só por curiosidade, é que eu tenho o TD 124 aqui em casa)?

          • jAH comentou em 11/12/12 at 9:26

            Não, na época não sobrou cacau para entrar na onda dos valvulados, apesar de já ter construído alguns amps modestos quando comecei a aprender eletrônica e válvulas eram figurinhas fáceis.
            Mas essas válvulas chinesas e russas que sobraram depois não inspiravam muita confiança.

  9. Max comentou em 10/12/12 at 10:47

    A história é triste e fascinante ao mesmo tempo. Incrível como a revolução digital acabou com lojas de discos, locadoras e, agora, vai detonar também as livrarias. Acho legal termos acesso a um monte de coisas via Torrent e conexão banda larga, mas lamento que as pessoas, ao invés de se encontrarem em locais como esses, trocarem informações e fazerem amigos, ficam agora sozinhas atrás de telas de computador. Trabalhei por 8 anos no ramo de vídeo, licenciando direitos autorais, promovendo lançamentos, etc. Vi o apogeu e a derrocada do segmento de ‘rental’ no Brasil. Os acervos de lojas incríveis, como a extinta Video Factory, da Eusébio Mattoso, também viraram pó. E ainda me surpreendo que, com os downloads de filmes, camelôs com DVD a 2 reais, sell-through e NetFlix, uma parcela razoável das locadoras ainda esteja sobrevivendo. Me parece que é um fenômeno brasileiro. Em tempo: acho que a melhor leitura sobre o fim da cultura de locadoras e suas implicações é do filme do Michel Gondry, “Rebobine, por favor”. O cara te tapeia por mais de meia hora com um suposto besteirol, pra depois revelar uma homenagem à cinefilia, às ‘mom & pop stores’ e o próprio senso de vida em comunidade.

  10. Inácio comentou em 10/12/12 at 10:46

    O diretor do documentário “From the Journals of Jean Seberg” não seria o “Mark” Rappaport. O Michael Rappaport aquele atorzinho não tem pinta de diretor de filme de documentário.

    • Andre Barcinski comentou em 10/12/12 at 11:13

      Boa, erro meu, já corrigido, obrigado.

  11. Axel Terceiro comentou em 10/12/12 at 10:44

    Acho o ambiente das vídeo locadoras fantástico. Só lá encontro pessoas com disposição e conhecimento pra debater pessoalmente sobre cinema. Pena que a pirataria e os downloads estão tornando-as cada vez mais desertas… Nas que eu frequento, fico mais tempo conversando com os balconistas do que procurando filmes…

    • Bullitt Kowalski comentou em 10/12/12 at 23:36

      A 2001 Vídeo da AV. Paulista eealmente é um ambiente bacana, mas os atendentes são iguais a da locadora do Sr. Kim: Foram um pouco blazé, quase arrogante, provavelmente por eu não ter pose de cinéfilo ou estudante do ECA. Queria me associar e já vieram cobrando 15 paus só pra ter a carteirinha. Desisti, o uTorrent me associo de graça…

  12. Bia comentou em 10/12/12 at 10:33

    Um amigo meu (brasileiro) está morando há quase uma década na Europa, e costuma dizer: sempre que dou um pulo na Itália, lembro do Brasil. Em nenhum outro lugar me sinto tão “em casa”…

  13. Claudio Adas comentou em 10/12/12 at 10:00

    Frequentava a Kim quando ia a NY a passeio e foi onde comprei algumas raridades. Nunca tinha visto e nunca voltei a ver uma locadora/loja que tivesse prateleiras de filmes separados por diretor de fotografia!

  14. Diego comentou em 10/12/12 at 9:37

    Mas não entendi uma coisa: Ainda tem uma loja sobrevivente hoje em dia ou fechou em 2009?

    • Andre Barcinski comentou em 10/12/12 at 10:00

      Uma loja existe. A Mondo Kim’s, que era a locadora, fechou.

  15. Daniel Motta comentou em 10/12/12 at 8:55

    Em São Paulo havia um colecionador de discos, videos e partituras de violão, o Sr. Ronoel Simões. Aparentemente sua coleção era a maior do mundo. Durante a vida, várias entidades de todo o mundo fizeram inúmeras propostas para adquirir esse acervo, ao que o Ronoel respondia “no momento estou comprando, não vendendo”. Faz uns 3 anos, seu Ronoel morreu e a viúva vendeu a coleção para a prefeitura de SP com a promessa de catalogar o acervo, digitalizar e disponibilizar para consulta ao público no novo Espaço das Artes lá na Av. São João….

    • Andre Barcinski comentou em 10/12/12 at 8:58

      Não conheço essa história. Vc sabe onde está a coleção?

      • Daniel Motta comentou em 10/12/12 at 13:16

        Ao que parece com a Prefeitura. Talvez no CCSP, que tambem terá o acervo movido para o Espaço das Artes.

  16. Marcel de Souza comentou em 10/12/12 at 8:53

    Vou ler a matéria da Voice quando sobrar um tempinho, mas essa história me lembrou outra. Há uns anos atrás me lembro de ler uma notícia de um cara que era dono de uma dessas lojas de discos imensas dos Estados Unidos (não sei se era uma filial da Tower Records) e o cara queria vender o acervo. Segundo ele tinha muitas raridades ali. Agora imagino o que está acontecendo com as fitas no depósito. Quando abrirem vai ter só cópia mofada.

    • jAH comentou em 10/12/12 at 10:43

      E umidade acaba com as fitas; ao reproduzir, agarra nos cabeçotes e costuma até rebentar. Já tive que lidar com um lote de fitas de rolo antigas, e a solução foi encontrada na internet: um “forno” improvisado com algumas lâmpadas acesas, da noite para o dia. Resolve o problema temporariamente, dando a chance de copiar ou capturar digitalmente.
      O armazenamento apropriado de fitas é caro; temperatura e umidade controladas e rebobinamento periódico para evitar que a camada adjacente “imprima” magneticamente na outra camada, gerando um eco desagradável e permanente, no caso de áudio.
      Fita é uma encrenca, mas ainda é o meio mais utilizado para armazenamento de grandes quantidades de dados.

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