Phil Spector: como fazer um clássico do pop
15/01/13 07:05Dia desses, meu blog favorito, o “Dangerou Minds”, desenterrou uma versão arrepiante do clássico pop “Baby, I Love You”, gravado em 1963 pelo grupo vocal The Ronettes e produzido por Phil Spector. Ouça. Se você não se emocionar, é porque está morto e não sabe.
Dei uma fuçada na Internet e achei outra versão sensacional de “Baby, I Love You”: uma raríssima gravação só da parte instrumental, tirada das fitas brutas de Phil Spector. A gravação está na caixa de 4CDs chamada “Phil Spector Sessions”. Dá para ouvir Spector orientando os músicos. De arrepiar.
E aqui está a versão final: uma obra-prima do pop, composta por Jeff Barry, Ellie Greenwich e Phil Spector. Uma das gravações mais famosas de Spector.
As Ronettes eram as irmãs Veronica Bennett (depois Ronnie Spector) e Estelle, e a prima delas, Nedra Talley. Das três, apenas Ronnie gravou “Baby, I Love You”. Estelle e Nedra estavam em turnê e, para o lugar delas, Phil Spector chamou Cher e Darlene Love.
Spector é um dos mais cultuados e revolucionários produtores da música pop. Foi o inventor da “Parede de Som” (“Wall of Sound”), uma técnica de superposição de instrumentos que usava uma câmera de eco para obter um som mais “denso”.
Uma típica sessão de Spector tinha um baterista, dois baixistas, quatro tecladistas, quatro guitarristas, quatro flautas, dois trompetes, dois trombones e inúmeros músicos fazendo percussão.
Para obter a “Parede de Som”, Spector captava o som da banda no estúdio com microfones e o transmitia para caixas de som dentro de uma câmara de eco, um quarto que ficava no porão do estúdio. Na câmara, o som ecoava nas paredes, era captado por outros microfones e mandado de volta ao estúdio, onde finalmente era gravado.
O resultado final era um som rico, denso e cheio de mistério, que soava bem tanto em rádios AM quanto em “jukeboxes”, aqueles aparelhos populares nos anos 60 em que você botava uma moeda e ouvia um disco.
Spector era obsessivo: usava quase sempre o mesmo estúdio – o Gold Star, em Los Angeles – e os mesmos instrumentistas, um grupo de músicos de estúdio chamado “The Wrecking Crew”, que incluía, entre outros, a baixista Carol Kaye, os pianistas Leon Russell e Mac Rebenack (que depois se consagraria com o nome de Dr. John) e o baterista Hal Blaine.
Blaine é considerado o músico que tocou no maior número de discos de sucesso em todos os tempos. Numa carreira de mais de 50 anos, gravou mais de 35 mil músicas, incluindo clássicos de Elvis, Beach Boys, Simon & Garfunkel, The Carpenters, The Byrds, Franks Sinatra e muitos outros.
E Spector?
O “Wagner” da música pop, como ele gostava de ser chamado, cumpre prisão perpétua numa prisão na Califórnia, depois de ser condenado pelo assassinato, a tiros, da atriz Lana Clarkson, em 2003
P.S.: Aumente o volume e ouça com muita atenção a faixa só com os vocais de “Baby, I Love You”, a primeira que incluí nesse texto. Você ouvirá, bem baixinho, a parte instrumental da música. Será que algum produtor ou técnico de som pode responder como isso acabou gravado na faixa? Será o som que vazou para os microfones das cantoras? Não achei a resposta…
Que post fantástico, pouco se fala dos produtores musicais, o que seria dos Beatles sem o Sir Martin? Muito legal.
Oi Barça, certeza de que são os fones vazando. Eles tem que ser colocados em um volume maior por causa da altura do vocal que está gravando. Existem outras gravações da época que tem o mesmo tipo de “defeito” devido às limitações de isolamento desse tipo de aparelho na época. Quanto mais alto era o vocal ou o número de pessoas cantando, mais esse vazamento aparecia. Abraço!
As Ronettes também influenciaram Beatles e Stones, chegando a abrir show dos Beatles. Na parte dos gossips, ambém namoraram Lennon, Harrison e Keith Richards, sendo que Ronnie foi casada com Phil Spector. Quanto a essa figuraça da música pop, quando revi “O fantasma do paraíso”, de Brian De Palma, pensei nele em relação ao diabólico produtor musical Swan.
Tomei uma implicância infinita com esse cara pelo que ele fez com The Long and Winding Road, assassinando a canção com aquela orquestra piegas. Sem ela a música é bem melhor.
Todo mundo adorava o arranjo do Spector, nunca ouvi ninguém chiar, antes do Paul McCartney…