Wilko Johnson vai morrer e convida para a festa
20/01/13 19:51Se eu tiver chance de ir, não perco: dia 4 de março, em Londres, Wilko Johnson, líder do grupo Dr. Feelgood, fará o primeiro de quatro shows de despedida.
E “despedida”, aqui, não é figura de linguagem: Johnson, 65, foi diagnosticado com câncer terminal.
O guitarrista, que em 2004 perdeu para o câncer a esposa, Irene, com quem estava junto desde a adolescência, decidiu que não fará tratamento e que se despedirá dos fãs com quatro shows no Reino Unido. Difícil imaginar a emoção que será.
Em 2011, fiz um texto sobre “Oil City Confidential”, excelente documentário de Julian Temple sobre o Dr. Feelgood (leia aqui).
Wilko Johnson não poderia escolher um lugar melhor para se despedir do que o palco. É o lugar onde ele se sente mais à vontade.
Nunca vi o Dr. Feelgood ao vivo, mas já vi Wilko com sua banda solo, e é impressionante. Impossível vê-lo tocando e não pensar na influência que teve em Andy Gill (Gang of Four), The Edge (U2) e em tantos outros guitarristas.
Recentemente, Wilko fez um papel na série “Game of Thrones”, da HBO, que nunca vi.
O Dr. Feelgood é uma banda que merece ser reavaliada. Depois da explosão do punk, foi meio que jogada de escanteio na vala do “pub rock”, como uma velharia qualquer, mas seu blues acelerado influenciou o punk e ainda é uma pedrada.
Isso periga acontecer depois da despedida de Wilko Johnson, que certamente atrairá a atenção de toda a mídia.
Não lembro outro artista que tenha agendado a despedida do palco por causa de sua morte iminente. David Bowie fez isso com “Ziggy Stardust”, mas era um personagem. Wilko Johnson, não: esse vai morrer de verdade pelo rock’n’roll.
Matador. Tenho 2 vinyls deles e quando eu era adolescente lá nos 80’s achava que era uma banda texana formada por cowboys bêbados, tal a crueza do som e a estrutura de blues rock.
Capa do segundo caderno do Times de hoje: https://fbcdn-sphotos-d-a.akamaihd.net/hphotos-ak-prn1/23363_10151236701371748_1864372003_n.jpg
Não só o grande Lee Brilleaux também morreu de câncer, mas também fez seu canto do cisne ao vivo, dois meses antes de sua morte, em 1994. Foi no Dr. Feelgood Music Bar, em Southend. Na foto do capa desse disco raro, ele aparece em primeiro plano “fumando escondido” do restante da banda que está atrás, na frente do bar…
Barcinski, acho que o som não é tua praia, mas o Kirk Rundstrom também fez uma turnê de despedida após o diagnóstico de um câncer terminal: http://www.youtube.com/watch?v=uuGCaKcxw2Q
http://gameofthrones.wikia.com/wiki/Ilyn_Payne
Perdí Sterling Morrison, perdí Lux Interior e agora, perderei Wilco ! Todos os meus heróis estão indo embora !
A notícia me chateou um bocado semanas atrás. Ícone do bom blues, do proto-punk. Não sei se gostaria de partipar da experiência de ver um cara tocar suas canções, um bis, outro e, thak’s all folks, see you all in the other side.
Bela homenagem Barcinski ! Vou fazer a minha, ouvindo a caixa lançada meses atrás – toda discografia, extras e um DVD recheado de coisas legais do Dr. Feelgood.
André, o Warren Zevon fez algo parecido com o Wilko quando foi diagnosticado com câncer terminal. Só que o objetivo maior dele era gravar o último disco. Uma de suas últimas aparições públicas foi no Late Show do Dave Letterman, onde praticamente se despediu do público. Existe um pequeno documentário a respeito dos últimos meses de vida do Zevon que é de chorar. Em tempo: vi algumas pessoas usando o termo “mórbido” para descrever os shows de despedida do Wilko, mas acho justamente o contrário. A ideia é muito humana e os shows serão comoventes. Salvo engano, a Poly Styrene, do X-Ray Spex, também fez uma tour de despedida quando descobriu que tinha câncer.
Não lembrava do Zevon, valeu pela informação.
Beleza!!! Tema underground, sem chamada na capa do UOL, poucos comentários.
Me sinto como um romano que de repente se vê livre dos bárbaros que invadiram suas fronteiras.
Que bom que o blog voltou ao normal.
E qual o problema?
Prazer, Conan…
Grande banda, uma das minhas preferidas do pré-punk, grande guitarrista, toca do jeito que eu gosto, sem firulas. Quanto à morte – nada de mórbido – é apenas a do corpo físico, continuamos a existir normalmente depois dela.
isso aí barça, pra espantar as “tarantinetes” nada melhor que Dr. feelgood!! ouvi pela primeira vez através do pai de um amigo meu que tinha o “malpractice” em cd. muito bom! lembro do seu post anterior e ainda sou doido pra ver o tal documentário.
abraço.
Nada a ver com o tópico: Barça, agora quando eu acordo de manhã, eu leio os comentários do post do Tarantino. É terapia de tão divertido.
mais um post bacana, André… me lembrei na hora do grande bluesman Luther Allison. no meio de uma turnê americana, em 1997, nele foi diagnosticado um avançado câncer de pulmão, já com metástase cerebral. ainda assim, no dia seguinte fez seu último show, em que anunciava estar muito doente e se despedia de todos. foi muito tocante, ainda mais porque ele “deu o sangue” no palco e tocou por quase tres horas, com destaque pra uma versão matadora e emblemática de “you can’t always get what you want”, dos stones. ele morreria um mês depois, aos 58 anos…. abraços e boa semana.
André, se o estado dele é tão terminal assim, os fãs tem que torcer para que no dia 4 de março, o cara ainda tenha condições de fazer um show, pois até lá, ainda tem um tempinho, nunca se sabe…
Todo mundo merece uma morte digna. Acho mórbido, mas ele escolheu a sua.
Acho que o Cazuza também fez algo parecido, ou não?
Acho que não. Ele continuou a tocar mesmo debilitado, mas não fez uma “despedida” como o Wilko. Além disto o Cazuza buscou tratamento, ao contrário do Wilko.
Exato.
Como não fez uma despedida? E aquele show que ele chamou todos os amigos… conhecemos boa parte dele pelo clipe de “Otempo não para”. Para mim isto foi/vale mais que uma despedida…
PQP.Que cara F…!! mais um post matador.
O terno do cara diz tudo sobre ele,lindo heim.Valeu de novo André!!
Vai fazer como o punk Bosco, personagem de “A visita cruel do tempo” da Jennifer Egan.
Quem se interessar pelo assunto (pub rock inspirando o punk) não pode perder este documentário:
http://www.bbc.co.uk/programmes/p00s81jz
A importância do pub rock para o punk é muito maior do que se imagina. Aquela história de reação aos excessos do prog, por exemplo, na verdade veio das bandas dos pubs.
Mórbido, visceral e… rock n roll!!!
Sei que a atitude é notável, mas preferiria que ao menos uns cem “artistas” de cara fizessem o mesmo.
Na minha lista o que haveria de bandinha nacional, “revelação” e medalhões da MPB seria uma grandeza.
Minha cabeça explodiu ao descobrir que Wilko Jonhson faz uma ponta na série Game Of Thrones, da HBO!
Kurt Cobain, é você?
Todos sabemos que a morte vai chegar um dia, mas quando ela ja’ dobra a esquina, e’ outra historia. Recentemente, um conhecido meu tambem foi diagnosticado com cancer e se recusa a fazer o tratamento. Moro num pais onde a eutanasia e’ legal. Acho que depois do caso do Walmor Chagas, certamente esta discussao vai voltar a tona.
Ótimo guitarrista, grande “pegada” de guitarra. Até pouco tempo atrás, quando eu tinha banda, tocávamos “Back In The Night”, “Don’t Just Know it” e “Going Back Home” do Dr. Feelgood. Se não me engano, o vocalista deles morreu de câncer.
Morreu sim. Lee Brilleaux, grande figura. veja o vídeo, o estado do terno do cara, parece que rolou na lama depois de uma briga.
Se o documentário a que voce se refere é um que passa de vez em quando na HBO, eu já vi. Foi lá que vi que o lance do terno branco do Lee era a roupa que ele usava no trabalho, quando eles iam direto do trabalho para as apresentações. Acabou virando “uniforme de palco”. E realmente é um terno branco horrível, rsrsr
É esse mesmo. Adoro esse filme.
Por acaso ele está no seriado Games of Thrones? Vi alguns episódios com ele e juro que não reconheci.
Tá sim. Mas nunca vi o seriado e não sei dizer o que ele faz lá.
Ele faz um tal de Sir Ilyn Payne, um matador mudo que teve a lingua cortada qdo jovem por falar demais…
Vi o post anterior, e achei que “…fitando a platéia com o semblante de um assassino serial”, descreve perfeitamente a presença de palco dele. Nunca vi uma perfomance assim (talvez só o Bez, dançarino dos Happy Mondays). Gostaria também de ver ao vivo um show dele.
fala, André,
o Glenn Campbell, o popular “Wichita Lineman”, também fez um disco e uma pequena turnê de despedida quando descobriu que estava com Alzheimer. O disco, “Ghost on the canvas”, saiu em 2011 e é incrível. O último show da turnê foi em junho do ano passado, no Hollyood Bowl. O Glenn Campbell ainda está vivo. Abs.
Não sabia, valeu pela info.
Não sabia, valeu pela info. Mas câncer terminal é bem mais fulminante que Alzheimer, não?
Geralmente quando diagnosticam como terminal é de 3 a 6 meses de vida. Não costuma passar disso. Porém meu falecido papai durou um ano… era bem forte!
Falando em Alzheimer, viu que o Maguila foi preso por agressão… mesmo depois de diagnosticado com a doença?
O correto neste caso não seria dar um tratamento adequado?
Acho que ele já começou a ter Alzheimer depois de lutar com Holyfield…
Fato. Uma das quedas mais feias de KO que já vi…
Foi ali que o Adilson Maguila perdeu o seu cinturão de campeão mundial pela Bandeirantes.
Mais dígno.
http://www1.folha.uol.com.br/esporte/1218044-maguila-passa-por-exames-e-permanecera-internado-no-hospital-das-clinicas.shtml
André, o Glenn Campbell também fez um disco e uma turnê de despedida, quando foi diagnosticado com Alzheimer. Abs.
Foda isso. Uma das minhas bandas preferidas dos setenta. Que lembre, o disco saiu aqui na época. Era mono, no tempo do quadra(i)fônico. Tosco e punk. Lindo. Legal tua lembrança.
Página do Wilco Johnson com as datas dos shows: http://www.wilkojohnson.org/#!__tour-dates
Dr. Feelgood é uma das minhas bandas de cabeceira há muitos anos. Já tinha lido a notícia sobre a doença na página do Dr Feelgood no facebook. Você sabe onde vai ser o show ? Tenho uma viagem de trabalho este ano que inclui Londres. Vou tentar que seja nesta data.
4 de março em Londres, Koko.
Fica em Camden Town. Melhor, impossível.
Muito feliz que você tenha falado da carreira dele quando possível e tenha feito esse post comentando a despedida. Vai ser emocionante mesmo, se eu tivesse o mínimo de chances de ir, não pensaria duas vezes!