Leitores falam de alvarás, burocracia e corrupção
30/01/13 07:05
Desde que publiquei um texto aqui no blog sobre a necessidade de tornar transparente o processo de emissão de alvarás para casas comerciais, para evitar burocracia e corrupção e permitir uma regulamentação eficaz de normas de segurança, recebi várias mensagens de leitores.
Alguns falavam em casas noturnas com saídas de emergência pequenas e mal sinalizadas; outros citavam estádios de futebol com rotas de fuga apertadas e restaurantes com bujões de gás expostos e perigosos.
Muitos botaram a culpa pela tragédia de Santa Maria nos artistas que usaram pirotecnia no palco e provocaram o acidente. Outros culparam os donos do clube. Alguns acusaram as autoridades de omissão.
Acho que, em casos assim, não há um único responsável, mas uma longa cadeia de culpados.
Claro que é uma irresponsabilidade usar fogos de artifício dentro de um local fechado, e é óbvio que uma casa noturna precisa atender a todas as normas de segurança. As responsabilidades, no caso de Santa Maria, precisam ser investigadas e os culpados devem ser punidos.
Mas se existisse uma fiscalização eficiente, uma casa noturna não poderia funcionar com um revestimento acústico que não fosse à prova de chamas, certo? Não se pode eximir o poder público de responsabilidade.
Selecionei trechos de duas mensagens reveladoras. Omiti o nome das pessoas e das cidades, até porque seria uma injustiça publicar acusações sem que os acusados tivessem a chance de responder.
A primeira mensagem é de uma leitora cujo marido é dono de uma casa noturna que toca rock:
“Digo que meu marido tenta há vários anos fazer a coisa certa e nunca pagou propina. Por isso mesmo, é penalizado e paga muito mais do que deveria em multas, taxas e tentativas de obter todas as documentações. Faz mais de sete anos que isso está rolando. A prefeitura de _______ por duas vezes simplesmente perdeu a documentação que ele forneceu, sendo que ele precisou pagar engenheiros, arquitetos e bombeiros para emitir qualquer tipo de certificado, e o alvará nunca sai. Arquitetos somem ao segundo contato, telefones desligados e desculpas sem fim (…) fiscais aparecem e ele prefere ser multado a pagar propina. (…) É o sonho dele e ele sabia quais as responsabilidades e deveres (…) mas, sinceramente, algumas horas já pedi pra ele abandonar o barco.”
A outra mensagem foi enviada por um leitor que construiu um “pequeno prédio de três estágios”. Ele conta que foi à sede do Corpo de Bombeiros da cidade para tentar a emissão do laudo. Na conversa, o leitor informou ao bombeiro que um dos andares de seu projeto não tinha corrimão, e o bombeiro respondeu que, dessa forma, o laudo não poderia ser emitido.
“Acontece que, quando cheguei ao prédio da corporação, tive que me dirigir até um piso superior. Veja você: neste intervalo não havia nenhum tipo de corrimão. (…) Eu perguntei para ele: “Essa exigência é dirigida a todos?”Ele me respondeu que sim. “Lamento te perguntar: a escada aí do lado já foi inspecionada?” Ele me disse: “Por quê?” E eu disse a ele, com todo o respeito, que ali não havia nenhum tipo de corrimão. Ele se desculpou de forma esfarrapada, mas não me puniu. Me deu um laudo assim que tomei as providências necessárias. Soube, depois de algum tempo, que eles também tinham se adequado às normas pelas quais zelam, mas algumas vezes não praticam.”
No Brasil o fazer cumprir a lei (para os outros) não esta devidamente acompanhado do cumprir a lei (para si), sou servidor público federal concursado, e por mais de uma vez já chegou as minhas mãos viaturas para dirigir com equipamentos obrigatórios quebrados ou vencidos, e se não tiver um servidor “chato” pra observar e reclamar fica por isso mesmo, rodando pra cobrar dos outros o que o próprio órgão estatal não faz… em outro órgão público que trabalhei antes de estar no cargo atual, era triste e feio de se ver, um órgão que tem excelente imagem perante o público, mas que tem em seus quadros centenas de servidores comissionados ocupando indevidamente cargos ditos de “chefia”, “direção” ou “assessoramento”, mas que na verdade são os apadrinhados de outrora realizando hoje as mesmas tarefas dos concursados (ou em alguns casos até muito menos) e de quebra recebendo uma remuneração bem maior do que os que entraram após muita dedicação a um concurso público… Resumindo, no serviço público brasileiro ainda tem muito do: Faça o que eu falo, não fale o que eu faço…
Barça, lembrei de um texto seu já de algum tempo, sobre a época em que possuiu uma casa noturna e o transtorno que era conseguir o alvará. Também havia um colega seu que nunca foi atrás de nada e quando dava algum problema fechava a casa e abria outra até fechar de novo…
Caro André,
(desculpe pela falta de acentos)
Em meio a essa avalanche de notícias e trocas de acusacoes, vi pouca gente falando sobre o lado dos frequentadores de baladas, de clubes e etc.
Concordo que houve falta de nocao da banda, negligência dos proprietários e vistas grossas do poder público. As denúncias sao fartas e as evidências de tudo isso sao amplas. A imprensa tem feito o seu papel nesse sentido.
Por outro lado senti falta da discussao sobre as nossas atitudes. Nao deveríamos ser mais “cri cri”, chatos e exigentes?*
Pensando sobre shows e baladas. Nao faz o menor sentido que a gente pague centenas de reais para ir para um porao lotado com empurra empurra (nao me surpreende que muitos digam que havia muitas brigas na Kiss).
Durante muito tempo paguei uma nota para ir para baladas caras, para ficar espremido, pegar filas enormes para pagar comandas e ficar em poroes mal ventilados.
Shows, bem. Precos absurdos, bares atulhados de gente e precos exorbitantes, para no final ver apresentacoes em que a qualidade do som é precária e a iluminacao é meia boca.
Vivendo na Alemanha vira e mexe me vejo sendo crítico a inflexibilidade e como ele sao “malas” com regrinhas. Quando uma coisa dessas acontece tudo comeca a fazer mais sentido. Os caras seguem as regras!
Do lado dos clientes, vejo que esses botam pressao. Reclamam.
E além disso o básico. Por que pagar tanto. O preco dos shows tem sido menor do que em Sao Paulo e as opcoes de bares honestos: bebida boa, preco justo e servico decente é mais farta.
Nao. Nao é minha intencao babar ovo para ninguém, nem dizer que a vida na Europa é melhor. Na verdade gosto muito de Sao Paulo.**
Os pontos sao. Primeiro, cada um tem que fazer a sua parte. As vistorias sao feitas, os proprietários tem a documentacao em dia, a clientela nao tenta engambelar o pessoal que trabalha.
Segundo, tem alguma coisa errada na cabeca de quem torra centenas de reais em uma noite e acaba indo para lugares, mal ventilados, lotados e que em muitas vezes nem sequer oferecem o básico da seguranca. Dá para pagar menos e ter o básico. E quem quer pagar muito, que exija algo compatível com esses precos.
*Achei bem pertinente o artigo do Antonio Prata nesse sentido.
** A vida aqui nao é tao fácil e bonita como pensam alguns
(http://bit.ly/kRuTj)
É preciso desbanditizar as prefeituras de todo o Brasil. Se a imprensa quiser fazer reportagens investigativas, nas prefeituras encontrará farto material. Corrupção, nepotismo, perseguição, cabide de emprego para apaniguados, concorrências públicas dirigidas, imóveis alugados pela prefeitura de amigos do prefeito a preços inimagináveis e etc… Tenho certeza de que na democracia, como está posta, não há a menor chance de consertarmos isso.
Não entendi. Vc sugere acabar com a democracia para resolver isso?
Miguel, concordo de certa maneira contigo. A DEMOCRACIA é natimorta por excelência pelo voto obrigatório. Mas acredito que vc queria usar a palavra “sistema de governo ou leis ou etc”… para expressar a última parte de vosso comentário.
só espero que além das casas noturnas, também façam fiscalização em outros estabelecimentos. principalmente nos buffets infantis.
A fiscalização das condições de higiene e segurança em estabelecimentos comerciais é realmente um nicho forte de corrupção. O dono da quadra em que eu jogo bola contou essa semana que passou mais de um ano tentando o alvará e nada. Agora no começo do ano, como um amigo dele conhecia o novo prefeito, o alvará saiu em uma tarde. Engraçado que em todo esse período a quadra funcionou sem nenhum problema.
Mas nesse caso da boate de Santa Maria, acho que o foco tem que ficar em cima dos proprietários. O cara que, em nome do lucro máximo, coloca em risco a vida de tanta gente tem uma mente criminosa. Todas essas mortes têm que ser colocadas inteiramente nas costas deles, independente de falha na atuação do poder público. Às vezes, não é preciso que um fiscal venha dizer que determinada situação é perigosa. O mínimo de boa índole faz a pessoa recuar quando a coisa é realmente séria.
Como escreveu o Clóvis Rossi ontem na Folha, esse tipo de tragédia não é exclusividade do terceiro-mundo. É que a partir de um certo grau de irresponsabilidade, nem o estado mais eficiente consegue evitá-las. Não tô falando que esse foi o caso em Santa Maria, mas o que tem que ficar claro é que, com ou sem fiscalização, os donos foram os grandes fdp.
Sou fotógrafo publicitário. Uma vez, precisei de uma ajuda dos bombeiros para fazer uma foto beneficente. Ou seja, não tinha cachê pra ninguém. Era o uso de uma parte dos carros como fundo da foto. O “capitão” me atendeu prontamente, foi solícito. Porém, pediu uma ajudinha. Já que não poderia aceitar $$$, ele pediu 3 galões de tinta pra pintar uma das paredes do quartel. Na hora, achei normal. Até me senti bem ajudando o Corpo de Bombeiros. Hoje, já não sinto a mesma coisa.
O Brasil é o país onde se criam dificuldades para se vender facilidades. Todas as normas são extremamente complexas, burocráticas, de interpretação dúbia, etc. O empresário só tem duas alternativas se quiser continuar com seu negócio: ou “paga” os facilitadores ou se esforça por cumprir as normas correndo um grande risco de ter sua documentação atrasada, fiscalização intimidadora e gastos desnecessários.
Fugindo um pouco assunto, quero apenas compartilhar a história mais comovente que ouvi nessa tragédia. O protagonista se chama VINÍCIUS, jogador de rugby e aluno do último ano de Ed. Física. Durante o incêndio, o estudante conseguiu sair ileso do local, mas acabou voltando para aquele inferno 14 vezes (isso mesmo, 14!) para buscar os amigos. E conseguiu! Salvou 14 pessoas mas acabou intoxicado e morreu na ambulância. Pode soar meio sombrio, mas não consigo pensar num modo mais digno de se morrer. Agora sempre que eu ouvir por aí a palavra “herói”, será Vinícius o nome que irei me lembrar.
Muito bem!
A matéria é excelente pq desperta a questão da segurança de forma mais ampla, como “responsabilidade de todos”, inclusive dos frequentadores que ao buscarem diversões não consideram os riscos do ambiente; dos empresários da noite que só querem é faturar não interessa a proteção da vida os frequentadore;dos funcionários mal capacitados; dos sindicatos dessa catagoria de trabalhadores que só pensam em cobrar as mensalidade; das instituições públicas (governos federal, estadual e municipal) que burocratizam procedimentos na teia da corrupção, dos bombeiros que por carência de pessoal, material e outras não fiscalizam como deveriram; dos legisladores que só legislam em causa própria ou de grupos econômicos que financiaram suas campanhas eleitorais; das promotorias públicas submetidas a intereses politiqueiros, enfim é longa a cadeia de transmissão dessa tragédia anunciada. Como também aponta na direção da corrupção em todos os níveis na liberação dos famosos alvarás. Tá na hora dos brasileiros serem mais responsáveis eliminando a impunidade, serem mais cobradores das ações dos diversos poderes. Nessa terrível tragédia ninguém se espante que no final do inquérito sobre somente para os seguranças que impediram a saída dos jovens, por ordem dos donos da KISS, no momento da tentativa de fuga desesperada.
Td é deste jeito, por culpa da inércia do povo, aliado a corrupção,resumo:tragédias! Eu moro no interior de GO, ontem fui ate uma creche municipal, afim de verificar se tinha vagas para uma amiga__ gente, que absurdo…, as crianças vivem amontoadas, com turma de ate 30 alunos, e somente uma professora…, e ninguem faz nada! para vcs verem, eu fugi do assunto, mas não do problema! Eu sugeri que a diretora faça um abaixo assinado, e exija uma resposta do prefeito! Se o povo nao começar a fiscalizar, e exigir que se tome medidas, afim de corrigir o problena, nada será feito! O povo brasileiro tambem é cúmplice, pois são demasiadamente parados!
Debaixo do meu escritório ficava um depósito de uma fábrica de aparelhos médicos.
Para emitir o nosso alvará, os Bombeiros exigiram que o depósito fosse inspecionado e aprovado (o prédio era um só, mas o dono particionou e alugava para nós dois).
O depósito era uma zona só, mas a empresa não queria arrumar. Fizemos pressão e eles ajeitaram: botaram extintores, luzes, faixas no chão. Uma semana depois que o bombeiro aprovou, voltou a zona: madeiras soltas, estopas, sumiram com os extintores…
Todo lado tem trambiqueiro.
Detalhe: se você foi a um oftamologista ultimamente, provavelmente usou um produto deles.
NÓS somos assim, corruptos, corruptores, utilitaristas, desde que caravelas aqui chegaram “por acaso”, levando pau brasil e deixando esquis e espelhinhos. A propósito, Barcinski, já deixou de dar a caixinha dos lixeiros, para que eles não se esqueçam da sua rua?
Eu expus o problema dos lixeiros aqui da minha cidade num texto, que vc está distorcendo de forma intelectualmente desonesta e demagógica. Nunca pedi privilégio algum para ‘minha rua”, apenas relatei que o lixo simplesmente não estava sendo recolhido e que os lixeiros pediam “caixinha” para fazer seu trabalho. Chegamos a ficar dez dias sem recolhimento de lixo, com sacos imundos empilhados na frente de casa. Reclamei diversas vezes na Secretaria de Obras sobre o ocorrido, sem nenhum resultado prático. Com a nova prefeitura, o serviço parece ter melhorado muito.
Concordo com o que esta escrito na coluna em genero numero e grau. So quero acrescentar mais um detalhe:empresarios honestos tem um gau infinitamente maior de dificuldades de trabalhar nesse pais.Nao estou defendendo empresarios de nehum ramo.Temos responsabilidades como qualquer um nesse pais.So estou tentando alertar para o grau de corrupcao desse pais e sao todos os orgaos publicos, pelo menos os quais ja recorri por necessidade profiss .ional:prefeitura, corpo de bombeiros,idema e ate ministerio publico.Onde atuo Natal RN,é provavel que vc seja ate“perseguido“ se nao entrar no esquema de corrupcao .Estou falando como desabafo ,porque da um grande desalento ve um pais com tanta riqeza deixa-la escorrer assim… acho que sem educacao e sem corrupcao esse pais NUNCA vai sair desse estagio.
Caros amigos,
Em país de gente que não sabe o que é cidadania, esse tipo de coisa sempre vai acontecer. Não se pode esperar que outros resolvam os problemas por nós (políticos, agentes do governo, fiscais e etc…). Nos países com população mais esclarecida, não são os fiscais que são os melhores do mundo e sim a população que sabe cobrar seus direitos e fazer cumprir a Lei. Existem muitos culpados na tragédia de Santa Maria/RS, mas as pessoas que frequentam lugares assim, com superlotação e pouca ou nenhuma segurança, também estão contribuindo para que novas tragédias aconteçam.
Com a tragédia o que tem de gente dando ideias é um absurdo, um “humorista” sugeriu privatizar a fiscalização e pelo Brasil políticos de todas as esferas estão adotando medidas pra inglês ver.
Quando o que falta é simplificar o processo, por exemplo, se houvesse uma norma federal, tipo casa de eventos para determinado número de pessoas deve ter certo número de saídas, iluminação de emergência, sinalização, extintores, matérias anti-fogo, tudo bem claro e bem redigido, o trabalho de um empreendedor se tornaria mais fácil.
A fiscalização teria apenas que verificar se os itens são atendidos, os bombeiros deveriam fiscalizar periodicamente os lugares. Além disso, uma reforma nas leis também seria bem vinda, por exemplo, se a casa não respeitar a lotação, multa pesada, se houver algum incidente, incluir dolo.
Mas no Brasil não há união politica para tanto, os interesses particulares ou partidários estão acima de tudo. Aí cada mudança de administração tudo muda, tudo fica mais complicado.
Seu texto retrata bem a realidade das repartições públicas. Agora, o oportunismo de autoridades diante desta tragédia também deve ser ressaltado. As mesmas autoridades que criticam o excesso de burocracia ao permitir o alvará de liberação de uma casa de shows, boate, etc …botam a cara de pau na mídia para cobrar rigor nas avaliações dos locais. É muita hipocrisia. Vou te contar uma historinha ” a Paulo Coelho” : “Um leão fugiu de um circo e ficou por vários dias desaparecido. Ao ser recapturado, para espanto de todos, o felino reapareceu gordo e saudável, ao contrário da expectativa dos tratadores que esperavam um animal magro e esquálido. Quando chegou na jaula, um outro leão perguntou ao fujão como havia sobrevivido tantos dias em meio a sociedade. O leão fugitivo disse que havia encontrado uma repartição pública e havia se alimentado diariamente de funcionários públicos sem que ninguém se desse conta. Espantado, o leão que havia ficado preso perguntou então porque havia sido recapturado. O felino fujão respirou fundo e disse: O problema foi quando comi o maldito cara do cafezinho !”
Abraço
Enquanto não acabar a propina aos órgãos responsáveis, sempre teremos notícias de terror como esta de Stª Maria/RS. São Bombeiros, Fiscais das Prefeituras e o próprio prefeito que não cobra, não se interessa e não vê.
Exatamente andré, comentei com um amigo domingo ao meio dia, que um dos principais vilões de todas as tragédias no pais é maldita corrupção.
Infelizmente, a corrupção faz parte da cultura do brasileiro reforçada cada vez mais por politicos inescrepulosos.
Isso não é reforçado, pois os políticos são apenas um reflexo da sociedade. Além disso, se existem os políticos corruptos, há a outra contraparte, os corruptores.
É triste ver pessoas cobrando honestidade desses sujeitos, sendo tão corruptos quanto estes (obviamente não me refiro a ninguém especificamente, mas é algo que se enxerga em nossa sociedade).
Não querendo generalizar, mas o Brasil está virando um país de hipócritas, infelizmente. Existe tanta pressa em apontar o erros alheios que nem enxergamos os nossos.
Rafael, discordo, nem tds são corrompidos, eu mesma nunca recebi, nada de ninguém de forma ilegal! Eu não aceito presente, emprego.., nada em troca de voto! Eu falo por mim, se vc faz, reveja seus conceitos!
Eu pago até meio caro pela minha tv por assinatura mas convivo com pessoas com condição de vida muito melhor do que a minha, com renda maior e que usam “gato”!!!! Aposto que tem um monte de gente fazendo esse tipo de coisa (e até pior) indignada com a tragédia e querendo punição para os culpados.
Raphael tocou em um ponto muito pertinente. Todo mundo saca as armas rapidinho pra falar dos políticos e das instituições públicas. Agora pra fazer uma auto crítica e ver como nós mesmos, como sociedade, nos comportamos, já são outros quinhentos né.
Existe uma atitude, de estado e do povo, que obriga à corrupção. A ideia que se pretende é que a corrupção é normal e por isso se torna institucional. Ou você está dentro e participa, ou fica de fora. Simples.
Não é tão simples assim. Num sistema corrompido, é difícil não ser afetado por ele, mesmo que involuntariamente.
Desculpe, se erro (as vezes a gente erra mesmo quando quer estar certo) Não entendi a resposta Barcinsli. Num sistema corrompido, todos somos afetados, inocentes ou não, mesmo que queiramos ou não. Não depende da vontade de acertar do inocente ou de se redimir do culpado.
Gostamos de fazer a coisa certas (Até o Spike Lee acha que sim). Quem não que fazer tudo direitinho? Todo mundo quer e todo mundo erra, é assim o mundo. Cabe ao fiscal (e o fiscal somos nós, os fiscais dos fiscais) compreender e deixar as coisas claras. Mas tem aqueles como o leitor que foi autuado pela altura errada do corrimão e foi lá pagara a multa, num prédio que não tinha corrimão. O leitor censurou o fiscal e o fiscal botou o corrimão onde não tinha.
Barcinski! desculpa o erro! Freud explica. Mil perdões.
Agora entendi a tua resposta. Num sistema corrompido é difícil NÃO ser afetado por ele. Agora só falta você entender que foi isso que também escrevi. A atitude do estado e do povo é que o estado é culpado e que o povo é culpado, enquanto que atitude inicial deveria ser que embora errados, tanto o estado como o povo, todos somos inocentes e queremos continuar sendo.
Mas vc escreveu: “Ou você está dentro e participa, ou fica de fora. Simples.” Eu tentei argumentar que não achava tão simples assim.
Barcinski, concordo que os órgãos públicos de fiscalização falharam miseravelmente nesta situaçao em Santa Maria e estamos todos fartos de ter que lidar com funcionários públicos corruptos, ineptos e desinteressados de cumprir seus deveres.
Posso estar enganada, mas sinto que você tem uma tendência a querer minorar a culpa dos proprietários e da banda, sendo que eles também tem grande responsabilidade sobre essa tragédia, por que foram irresponsáveis e gananciosos.
Optar por artefatos pirotécnicos mais baratos, quando o correto seria adquirir produto adequado para ambientes fechados, ou colocar um material de revestimento tóxico e inflamável em seu estabelecimento demostram bem essa mentalidade em que o $$$ vale muito mais que a segurança das pessoas.
Isabela, numa boa, leia meu texto. Eu começo dizendo justamente que responsabilidades dos artistas e donos precisam ser apuradas e punidas.
André, numa boa, leia o que a Isabela escreveu: “Posso estar enganada, mas sinto que você tem uma tendência a querer minorar …”.
Ela não disse que você não citou a responsabilidade deles. Ela disse que você põe mais ênfase na responsabilidade dos órgão públicos.
Porém, a realidade insofismável é que se os “empresários” não fossem criminosamente irresponsáveis não teria ocorrido a tragédia, com alvará ou sem alvará.
Como alguém pode ter “tendência” a alguma coisa se escreve justamente o contrário? E eu não coloquei mais “ênfase” em ninguém. Eu disse justamente que são todos culpados.
Mas talvez a ocasião seja inoportuna para esclarecer fatos que são realmente importantes (burocracia, corrupção, etc…), mas secundáros diante da tragédia (sei que sua intenção é a melhor possível).
Não concordo, porque uma coisa leva à outra. Tragédias assim só serão evitadas com um processo mais claro e transparente.
Andre vc está em abordar todas as causas do problema. Mudar a cultura da nossa sociedade é que é dificil. O sujeito que liga um sinalizador desses não tem o menor preparo educacional de causa e efeito. Os donos foram criados em uma sociedade do “jeitinho”. Os órgõas publicos não focam as exigencias naquilo que realmente faz a diferença, tornando todo o processo de liberação de alvará impossível de ser concluído, daí vem a corrupção e jogo de influências.
Está na hora sim, de cobrar atitudes corretas e rever toda a logística deste processo, porque ali morreu gente como a gente, todos vítimas da nossa sociedade errada.
Miriam, prefiro esperar pela perícia para tirar conclusões. Existem fogos de artifício que são feitos para uso interno. Não sei se era o caso – suponho que não – mas, enquanto não tiver certeza, não vou afirmar nada.
E simplesmente não existe produto pirotécnico adequado para ambientes externos. A utilização em ambientes externos já é considerada arriscada, que dirá dentro de alguma casa noturna lotada. Abs
A culpa é dos frequentadores também. Bando de gente consumindo álcool e todos sabemos que a substância é ALTAMENTE inflamável.
Sério que vc achou essa sua colocação necessária? Sim, sei, sarcasmo, mas agora? É tanta assim a necessidade de aparecer?
Pendurei a melancia no pescoço. Melhorou?
não
Uma mãe acaba de enterrar 2º filho, mortos na mesma tragédia. Coloque-se no lugar dela, pense um pouco no que você escreveu.
Cara, agora falando sério. Eu vi a história do segundo filho… realmente muito triste. Mas eu realmente não faria o mesmo que o cara fez. Na boa!
O ser humano é uma raça do….
E não dizem que mais vale um covarde vivo do que um herói morto?
Creio que a mãe dele concordaria com isto.
Pô fazer chacota com a desgraça alheia é foda…mais respeito fera!
Talvez seja lembrado em 30 segundos nas restropectivas de fins de ano, como aconteceu com os 918 mortos das tragédias da região serrana do Rio e não teve a mesma comoção que esta aqui. Mais rápido que o pensamento logo tudo será esquecido, ninguém punido. Tudo dará em nada. A dor irá embora e somente lembranças permanecerão nos entes que ficaram. Eu quero a Copa, eu quero o Caos…só assim poderá vir a ordem social. Está na hora da desobediência civil ou de jogar a toalha mesmo?
Braza! Buenas?
Finalmente liberaram o alvará do Garagem hein?
Não deu certo a negociação com as outras rádios? Porquê ninguém kiss???
Olha essa polêmica dos alvarás é muito complicado, pois muitas empresas sérias trabalham sem alvará, não por vontade de seus proprietários e sim pela corrupção instalada nas sub prefeituras, que não dão andamento aos processos, só fazendo os mesmos através de propina, eu mesmo passei por isso, é uma vergonha e até os sub prefeitos estão cientes deste tipo de pratica.
Se fosse só nas prefeituras (executivo) dariamos um jeito mas e os outros poderes. Todos tem medo?
Desde 2010 tenho enviado cartas e E-mails para o Comandante do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro sobre cursos e cursinhos, apinhados de alunos principalmente nos fins de semana, em prédios velhos e com escadas estreitas, sem nenhum padrão de segurança e sem equipamentos de combate a incêndio. Verdadeiras arapucas. A industria dos cursinhos e faculdades tem de ser fiscalizadas. Não são sómente boates e casas noturnas.
Na verdade a maior parte dos estabelecimentos/prédios de uso/habitação coletiva deveriam passar por uma nova fiscalização.
Eu por exemplo moro em um condomínio com 5 torres, portaria e segurança, e a adm do mesmo insiste e manter as porta do hall, única saída dos prédios, trancadas durante a noite. Detalhe não há como abri-las internamente sem o uso de chaves. Estou a 10 meses, desde a entrega das torres, solicitando que ao mesmos as fechaduras sejam trocadas pelo tipo que abre internamente sem chave e sou pela adm de meu prédio como uma lunática que acredita em tragédias.
Minha última tentativa foi fazer uma denúncia ao corpo de bombeiros da minha cidade, que até agora não se dignou a verifica-la.
Se acontecer um incêndio, ou qq tipo de “imprevisto”, e morrerem alguns moradores imagino que será considerada uma fatalidade.
Realmente é uma cadeia de falhas que levam à tragédias como essa. O que não entendo é por que os donos da casa noturna e dois membros da banda foram presos. O alvará estava em vias de renovação, o qual vigorou até o ano passado, mesmo o local apresentando as mesmas condições que levaram ao incêndio. E os músicos? Foram presos por que são uma ameaça às investigações ou podem fugir do país? Parece que a justiça quer alguns bodes expiatórios pois se estivesse atrás de todos os culpados ia sobrar para o corpo de bombeiros, prefeitura e até para o congresso nacional.
Os proprietários foram presos pois havia suspeita de ocultação de provas gerada por aquela estória dos aparelhos de armazenamento de imagem do sistema de segurança terem sumido.
Os musicos provavelmente foram presos para evitar fugas e sinceramente acho que não tem nada demais nessas prisões preventivas.
O problema é que estamos tão acostumados a ver gente matando, roubando e etc sem passar um dia na cadeia, que quando acontece o contrário e a policia cumpre o seu papel achamos estranho.
creio que o ocorrido serve para trazer à tona um fato importantíssimo: enquanto a corrupção existir neste país, nunca evoluiremos. Devemos exigir tolerancia zero à corrupção. Temos que acabar com todas as formas de corrupção, sejam elas ativa, passiva, subornos, “jeitinhos”, desvios de verbas, superfaturamentos, furar filas, enfim, tudo que faz o direito de um prevalecer sobre o direito dos demais.
Barcinski, acredito que todas as cidades cobram uma taxa chamada TFLF (taxa de Fiscalização, Localização e Funcionamento) dos empreendimentos comerciais. O nome já diz que é devida em função da fiscalização dos estabelecimentos. O cálculo dela é feito em função da área do estabelecimento. Ocorre que nunca há a efetiva fiscalização desses empreendimentos mas mesmo assim a taxa é cobrada. Comecei a contestar essa cobrança na Justiça em função da inexistência da prestação do serviço público (fiscalização), mas os tribunais bateram o martelo: somente o fato da Prefeitura ter o órgão de fiscalização dá a ela o direito de cobrar a taxa. Ou seja, a fiscalização efetiva não é necessária para a cobrança da taxa. Apenas a possibilidade de exercerem o chamado “poder de polícia” enseja a cobrança da TFLF, o que é absurdo e acredito que contribui para essas catástrofes. Então perceba que a questão está muito mais enraizada do que se imagina. Para que fiscalizar se o pagamento da taxa é feito de qualquer forma? (com aval dos tribunais, diga-se)
Se estivéssemos nos EUA, seria oferecido aos donos a possibilidade de uma pena menor, caso eles denunciassem os fiscais que lá estiveram e morderam o seu levadinho.
Os músicos tem culpa, pois fizeram uma sandice ao acender fogos em local fechado. Os donos tiveram culpa, ao fazer uma arapuca sem portas de emergência. Mas nessa cadeia de culpas, de quem eu sinto verdadeiro ÓDIO é dos fiscais.
Se estivéssemos nos EUA… estaríamos escrevendo – provavelmente – em inglês.
Sério? Nossa, que perspicaz!
Nossa, quanta astúcia! Achei que nos EUA se falasse francês.
E achou certo cara!
“Além disso, também há falantes de francês no Egipto, Índia (Pondicherry), Itália (Vale de Aosta), Laos, Reino Unido (Ilhas do Canal), Estados Unidos (especialmente Luisiana e Nova Inglaterra) e Vietname.”
Fonte: Wiki
Só uma dúvida em relação à tragédia de Santa Maria: se o palco com os músicos fica do outro lado da portaria, como apenas um deles não conseguiu sair? E os VIPs, que ficavam também distantes da única porta, conseguiram sair por onde?
Pois eh, estavam longe, no palco e saíram TODOS, ocorre que o sanfoneiro voltou para tentar pegar sua sanfona segundo depoimento de um dos músicos.. mas os clientes que estavam perto do palco não tiveram a mesma sorte.. precisa ver o que aconteceu.. Outra coisa, um dos donos estava lah e diz ter respirado fumaça toxica. a esposa dele estava junto e nao teve o mesmo azar.. o que ele fez que deixou exposto a fumaça? porque os cabos do micro estão arrancados? cade o computador? estava no conserto? cade ele? Ah os funcionários sofrem influencia do outro dono?! e porque não se ouve todos os funcionários antes de solta-lo?
E ainda tem gente que acha que a prisão preventiva destes senhores foi desnecessária…
Confesso que não sabia do sumiço dos equipamentos de imagens e que talvez os donos estejam envolvidos. Nesse caso, concordo que a prisão preventiva faz sentido, até para que outras provas sejam preservadas. Eu estava enganado.
Barça, foi dado o incio a caça às bruxas. No Brasil ou pode-se tudo ou não pode-se nada.
Os dois casos acima são o retrato de um país estatutário onde há mais leis, regras e normas do que são necessárias e capazes de serem cumpridas. Assim para tudo que precisa do aval ou decisão poder público nesse país, existe atrás de um balcão um burocrata com uma caneta na mão, nem sempre bem intencionado, e uma interpretação duvidosa e pessoal da lei.
E aquele ditado engasga com a formiga e engole o elefante…
Brasil, país que sobra esperteza e falta competência.
Já tinha compartilhado no último post seu sobre o assunto, mas acho que vale postar mais uma vez:
http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2013/01/28/um-alvara-nao-torna-uma-casa-noturna-segura-em-sao-paulo/
O artigo corrobora tudo o que você disse, também com exemplos. Muito importante que essa realidade seja exposta e debatida.
Impressiona como essa questão da emissão (e corrupção) dos alvarás vem sendo ignorada por todos que falam do caso. E, pra variar, no lugar de idéias sobre a simplificação do processo, para evitar a corrupção inclusive (aquilo que o Barça falou já no primeiro post e o Sakamoto também aborda), aparecem as idéias estapafúrdias de sempre sobre lei mais rigorosa e bla bla bla, como se o problema, na verdade, não fosse a fiscalização e corrupção envolvidas. Aí vem o Estadão e pede pros leitores “denunciarem” boates sem condições de segurança… Desculpem o trocadilho infame, mas aí é fogo…