"Les Misérables" é a comédia do ano
07/02/13 07:05No meu ranking pessoal de atividades mais desagradáveis, assistir a um musical da Broadway lidera com folga, seguido de extrações dentárias e exames de próstata.
Lembro com terror da noite em que, morando em Nova York, tive de levar um casal de amigos para assistir a “Cats”, e da frustração de não poder gargalhar no meio, já que eles estavam adorando a experiência.
Também não sou grande fã de musicais em cinema, mas só um rinoceronte não se emociona com Gene Kelly sapateando sob a tempestade em “Cantando na Chuva”, ou com as geniais composições de câmera que Bob Fosse usou para enquadrar Liza Minelli em “Cabaret”.
Quando soube da estréia da adaptação para o cinema de “Les Misérables”, meu plano era ignorar completamente o filme. Mas o “Guia da Folha” pediu uma cotação, e a obrigação profissional falou mais alto.
Sem exagero: foram as duas horas e meia mais punitivas que passei em frente a uma tela. Veja o trailer e sinta o drama:
O problema de “Les Misérables” não é Russell Crowe cantando, embora isso seja medonho. O maior problema é que o filme usa uma ambientação realista, com cenários e figurinos de filmes de época, enquanto os atores cantam o tempo todo, mesmo nos diálogos mais insípidos (“Me passa o saaaaaaaaaaal…”, “Boa noooooooooiteeeeeeee…”).
Se o filme tivesse optado por cenários mais estilizados e lúdicos, a cantoria não pareceria tão forçada e fora de lugar. Do jeito que ficou, mais parece um quadro cômico do Monty Python ou do “Saturday Night Live”.
A produção do filme fez questão de ressaltar que o diretor, Tom Hooper (“O Discurso do Rei”), optou por gravar a cantoria dos atores ao vivo, sem usar o recurso de dublagem.
Pode ter sido corajoso da parte dele e dos atores, mas só tornou a coisa toda ainda mais ridícula, uma baboseira melodramática interpretada com histrionismo, em que caras e bocas tentam substituir, a fórceps, qualquer traço de emoção genuína.
Se você assumir, de cara, que “Les Misérables” é uma comédia, vai se divertir pacas, especialmente nos “duetos” de Russel Crowe e Hugh Jackman.
Talvez uma boa dica seja esperar pelo lançamento em DVD e reunir os amigos para ver em casa. Desconfio que, daqui a algum tempo, “Les Misérables” será apreciado como uma obra-prima “kitsch”, a exemplo de “Barbarella” ou dos filmes de Ed Wood.
Enquanto “Les Misérables” não sai em DVD, fique com esse musical, quase tão pomposo e divertido…
Desnecessário. Gente pra quê? É a mesma coisa que chamar alguém que não curte cinema para comentar o Oscar. Cara, se você não curte o gênero, para que comentar? Só porque a Folha de S.P. convidou? Me polpe. Uma coisa é fazer um crítica que ressalte os lados positivos e apresente os vacilos. Outra é partir de um pressuposto como vimos aqui. O filme tem defeitos sim, aliás nenhum filme é perfeito…mas o que você escreveu não seu sustenta…muito mal escrito e ideia mal apresentada. Muito “Eu” e pouco diálogo.
Realmente, tem pouco diálogo no texto do André! É cada uma…
Analfabetismo funcional detected…
ainda bem que não verei. o ÚNICO musical que eu já gostei (e deste gostei muito) foi SWEENEY TODD. Todos os outros eu odeio. Até os que eu não vi.
André,
Perdeu uma boa hora de ficar calado, que mente pobre a sua… dá dó… e o pior pagam você para destilar tanta tolice!
Essa é a melhor de todos os tempos… “perdeu a oportunidade”, como assim? O cara tem um blog pra quê? Expressar o silêncio?
Florbela, com o nome de uma poeta tão fantástica, esperava que você escrevesse menos merda. No teu caso, perdeu uma excelente oportunidade de economizar o teclado. Essa inclusão digital, por vezes, me dá vontade de vomitar.
André, você chegou a ver “Spamalot” na Broadway? Era um musical que tira sarro de musicais, tendo como pano de fundo “Monty Python em busca do Cálice Sagrado”, com musicas do Eric Idle e do John Du Prez. Esse, sim, era genial!!
Não vi, mas perece ótimo.
André, esse filme é sensacional, extraordinário, e as atuações de Hugh Jackman e Russel crowe são de tirar o fôlego, como se fala em francês: “ils crèvent l’écran!”.
se Hugh não lever a a estatueta seria injustiça, fique bastante impressionado com a versatilidade dele; Russel crowe (um dos atores mais premiados do mundo), todos já sabem do que é capaz. É bom que Hugh Jackman conseguiu sair sair de um rótulo, algo que Will Smith por exemplo nunca conseguiu fazer.
talvez sua reticência seja por não gostar do estilo, mas acho que foi uma boa adaptação da obra de Victor Hugo. Já viu o musical de “notre dame de Paris” na Olympia de paris?
http://www.youtube.com/watch?v=LTmXcfdSdhY
Nossa… devem ter colocado link do texto do BLOG do André no “feicebuqui’ ou alguma dessas coisas. Uma sequencia de comentários de “musical lovers”…vivemos tempos sombrios, não se pode mais criticar, não se pode mais fazer piada…O tal do Spike Lee não viu e achou uma merda o Django Livre (André, eu gostei…)
Musicais definitivamente não são do meu gosto, acho que os únicos gostei são The Wicker Man e o Cantando na Chuva, mas já imaginava que esse seria uma bomba. É claro que das músicas do Monty Python são demais também. O curioso que o The Wicker Man não está classificado como musical em lugar nenhum, mas tem muita música.
Você conseguiu assistir essa chatice até o fim????? Vi meia hora e fui embora. Horrível!
“No meu ranking pessoal de atividades mais desagradáveis, assistir a um musical da Broadway lidera com folga, seguido de extrações dentárias e exames de próstata.”
Como alguém pode ter isenção para ver um musical e depois fazer a crítica, se já parte desse pressuposto e, ainda deixa claro que foi obrigado pela chefia!
Por favor, né!
Leia o texto, Maria de Fátima: eu digo claramente que há musicais sensacionais. “Les Misérables” não é um deles.
Concordo com a Fátima. Ele já foi com a opinião formada.
Concordo… e ainda entregou o ouro “Mas o “Guia da Folha” pediu uma cotação, e a obrigação profissional falou mais alto.”
Faltou profissionalismo aqui.
Por quê?
Olá Barcinski, tudo bem ?
Um filme ou peça “musical” nada difere de uma ópera: apenas se trata de uma estória (baseada em fatos reais ou não) contada através de música cantada.
Fazendo um paralelo, é como poesia. Quem não gosta ou tem dificuldade com a escrita poética não consegue apreciar uma obra deste tipo.
Um cenário de musical realista, como por exemplo “Um Americano em Paris”, ou uma ópera de Wagner encenada de forma complexa em Bayreuth,
somente trará mais riqueza à trama pois o que importa, neste gênero, é a qualidade da música, da letra e dos atores.
É apenas uma questão de gosto. E como diz o velho ditado “gosto não se discute, gosto se critica !”.
Parabéns pelo blog. E um excelente Carnaval !
Pô Barcinski.
Comparar esse filme à Barbarella com a Jane Fonda é covardia.
A mulher estava tão linda naquela época que acho que ninguém se interessava pelo filme…
Mudando de assunto, ouvi o novo do My Bloody Valentine? Vai rolar um post?
Amanhã!
Pô, já ia perguntar sobre isso.
My Bloody Valentine está fresco como há 20 anos atrás. Meu, como o tempo passa!
Estou certo de que não haverá execração. Caso contrário, sem problema, não sou valentinete! (ufa!)
André, muito obrigado por ratificar o que eu suspeitava ao assistir ao trailer do filme há um mês e tanto.
Compreendo que a questão de gostar e não gostar influencia muito na crítica. Mas, só vejo reclamação de gente chata que só gosta de dar pitaco para mostrar que é “in”; Que tem algum “expertise” ou propriedade no assunto.
Uma certa arrogância sua iniciar a crítica desfazendo dos espetáculos da Broadway. Vai ver o trabalho e dedicação das equipes e artistas envolvidos.
Hollywood no geral é um pé no saco, como qualquer mercado, mas desfazer de musicais com de alta performance e de um estilo artístisco rico em talentos, é arrogante.
Você é infeliz na forma que escreve. Merece um perfil no Facebook e olhe lá.
E daí que dá trabalho fazer alguma coisa? Só porque dá trabalho é necessariamente bom?
Quando o Oscar premia A História Oficial,sobre a ditadura
militar argentina,ou premia o documentário Trabalho
Interno,sobre como os banqueiros quebraram os EUA
em 2008,o Oscar é uma maravilha.Mas,quando premia
um musical,é uma chiadeira geral,um preconceito de
dar dó.Vão premiar a Anne Hathaway porque,afinal de
contas,é ela que salva o filme.Literalmente,claro.
André, eu sei que não é a sua praia, mas eu gostaria que você divulgasse uma epidemia de conjuntive e indisposições que estão ocorrendo aqui em São Paulo. 90% dos meus funcionários pediram dispensa e também não virão amanhã. Isso é no mínimo preocupante, cade as autoridades?
O que vc acha do filme New York, New York de Martin Scorsese com Robert de Niro e Liza Minelli?
Não gosto muito desse filme, e não pelo fato de ser musical.
Barcinski, você assistiu a versão estrelado pelo Malkovich e Gérad Depardieu?
Acho aquele filme tão bom que nunca pensei que outra adaptação fosse feita tão pouco tempo depois. Não sei enquanto adaptação, mas como filme funciona muito bem.
Não entendo essa necessidade de se fazer musicais como uma obrigação mercadológica, ao menos histórias que não funcionam em musicais. É como se tivesse uma cota de filmes musicais que devesse ser lançado nos cinemas todos os anos. Sweeney Todd e Rent são exemplos nos quais as cantorias travam completamente a narrativa, enquanto em outros como Hair e Agora Seremos Felizes flui com naturalidade.
Curto musicais, mas é um gênero difícil.
Não vi essa versão.
Em tempo: a versão com Liam Neeson e Geoffrrey Rush também é boa.
de fato essa de Depardieu é um clássico…
Só tem uma coisa pior do que um musical. Cirque de Soleil, boa sugestão de pauta pro seu chefe hein? E não comparem uma ópera com um musical pelo amor de Deus…
Olha, tem gente que gosta.
Gostaria de sugerir que as pessoas deem uma chance a este lindo e emocionante filme. Não é por acaso a quantidade de indicacões ao Oscar.
O problema aqui parece ser o fato de alguém ter insistido que você fizesse uma cotação de algo que a priori não gosa, não aprecia e, portanto, tem clara dificuldade em fazer uma crítica a partir daquilo que é a premissa do filme: ser um musical… Uma pena!
Pois. então !
Que seria do azul não fosse o amarelo ….
“I like Offenbach,
I do not;
So what, so what, so what …”
Can-can – Frank Sinatra/Maurice Chevalier
Acho que a questão não é o gênero. Gêneros preferidos, todos têm os seus, assim como aqueles dos quais não se gosta – é da vida, há coisas com as quais nos identificamos e outras não. Pelo que eu entendi do comentário do Barça, o filme é ruim mesmo. Fazer musical em cima de um livro denso como ‘Os Miseráveis’ já é complicado. Musical ou é leve como os da Metro, pura diversão e celebração, ou então um antimusical como o citado ‘Dancer In the Dark’, um dos filmes mais tristes de todos os tempos – e que não cai no ridículo.
Não vi ‘Os Miseráveis’ (nem pretendo) mas confio na avaliação: tem toda a pinta de roubada.
Poderia ser entitulado ‘The Miserables’, já virava nome de banda também. Credo. E com esse Sacha no elenco tem que ser comédia mesmo. Pelo menos você salvou o dia ao nos brindar com a cena final clássica do Monty, um dos melhores finais de filme de todos os tempos. Mas gosto não se discute e vai fazer sucesso, sem dúvida, via ‘marketagem roliudiana’.
André, desculpe o off topic, mas falando em comédia vi isso hoje e lembrei de um artigo que você escreveu sobre o Mario Monicelli.
Veja o vídeo neste link:
http://www.oesquema.com.br/trabalhosujo/2013/02/07/tem-coisas-que-so-acontecem-na-italia.htm
É real, mas bem que podia ser uma cena de algum filme dele. Chorei de rir. Vale muito a pena.
Abraços
Concordo c/ André, apesar de não ter visto Os Miseráveis. Musicais são CHATOS, mas há exceções. É um gênero que desafia qualquer bom diretor. Dançando na Chuva, Hair, Dançando na Chuva, Moulin Rouge, Around the Universe eu acho que são ótimos.
Primeira vez que leio a crítica cantada do André Barcinski e achei uma comédia. Musicais são para pessoas de gosto um pouco mais refinado, mandar qualquer um assistir à um musical e depois pedir para que o mesmo pondere a respeito é no mínimo irresponsável.
Hahahahahahaha!
kkkkk Ae Barça, seu “qualquer um”!!! kkkk
Puxa saco.
Aprecio mais os musicais “clássicos”, talvez porque me lembrem a minha infância, mas também gosto de alguns recentes. Achei “Chicago” bem divertido e sensual, ainda que o solo do John C. Reilly seja o melhor momento do filme. Quanto a “Les Misérables” ainda não sei se é bom, mas torço para que vc seja convidado para outras “atividades desagradáveis” como essa. Não me leve a mal, mas os teus textos conseguem ficar mais engraçados quando vc detesta alguma obra. Ri pacas!
Acho no mínimo estranho alguém ir assistir a um MUSICAL e não querer que os atores cantem… Musical é um gênero, uns amam, outros detestam. Vc já foi assistir algo que detesta e sua crítica se baseia nisso.
André, entendo sua repulsa aos musicais, mas vc conhece o musical HAIR, de Milos Forman ? Boas atuações, canções lindíssimas e ainda por cima numa temática, q pra mim, é atual até hoje.