My Bloody Valentine: valeu a espera?
08/02/13 07:05Uma espera de 22 anos terminou domingo, quando o grupo irlandês My Bloody Valentine lançou seu novo LP, “MBV”.
Foi apenas o terceiro LP do grupo, fundado em 1983. Desde “Loveless” (1991), o My Bloody Valentine não lançava material de composições inéditas.
Escrevi sobre o My Bloody Valentine na Folha (leia aqui).
O lançamento de “MBV” foi recebido com estardalhaço pela imprensa musical e pelos fãs do grupo. Todo mundo queria ser o primeiro a ouvir o disco.
Mas por que tanto frenesi em cima de uma banda que só lançou três LPs em 30 anos?
Porque “Loveless” é um daqueles clássicos que influenciou gerações. Com suas guitarras etéreas, vocais sussurrados e camadas de distorção, o My Bloody Valentine fez um disco que é copiado até hoje.
Não houve um guitarrista que não tenha sido influenciado pela massa sonora que Kevin Shields, o gênio louco por trás do My Bloody Valentine, criou em “Loveless”. Outro dia, li uma entrevista de Bob Mould (Husker Dü, Sugar) em que ele dizia como seus parâmetros de “som de guitarra” haviam sido mudados pelo disco de Shields.
“Loveless” não vendeu muito. Mas rendeu ao grupo um ótimo contrato com a gravadora Island, que pagou um adiantamento polpudo, à espera do próximo disco. Mas Kevin Shields tinha outros planos: usou a grana para construir um estúdio, mas nunca entregou o disco.
Desde então, foram 22 anos de boatos e frustrações. Não havia um ano sem alguma fofoca sobre um disco novo de Kevin Shields.
Chegou-se a comentar que Shields havia gravado um disco novo e, depois, engavetado o material. O próprio Shields não fala muito, e qualquer um que já tenha tentando trocar duas palavras com o sujeito sabe que ele não gosta de falar e, quando fala, costuma balbuciar frases aparentemente sem sentido.
Quando Shields esteve no Brasil tocando com o Primal Scream, lembro que Mani, baixista do Primal Scream e ex-Stone Roses, se referiu a ele como “um cara esquisito”. Isso, vindo de Mani, que não é nenhum poço de normalidade, diz muito.
E “MBV”, presta?
Eu gostei, apesar de o grupo não ter mudado nada em sua sonoridade. Estão lá as guitarras fantasmagóricas, os vocais enterrados sob montanhas de efeitos e distorção em cima de distorção, criando mantras de barulho e efeitos sonoros. Parece que a banda retomou exatamente de onde haviam parado em “Loveless”.
P.S. Bom Carnaval a todos. O blog volta na quarta, dia 13.
Que o carnaval – ou o que resta dele – seja legal também aí pros lados de Paraty!
Pena que este ano os leitores do blog não tiveram publicada uma marchinha, como no ano passado, aquela sobre o Roberto Justus. Foi tão boa que não me esqueço!
Não é o assunto do post, mas ontem, vendo a cerimônia da BAFTA, lembrei da crítica “chinfrim”, na minha opinião, que li aqui: os ingleses deram o prêmio de melhor roteiro original a Tarantino e o de melhor ator coadjuvante a Christoph Waltz. Não entendem nada de cinema estes ingleses, não é mesmo?
Orson Welles nunca ganhou um Oscar. Hitchcock também não. E você vai medir qualidade artística por prêmios?
Concordo que um filme deve provar sua qualidade independente de prêmios, mas o histórico de equívocos do Oscar também não serve para desqualificar toda e qualquer premiação. 8 ou 80 bobo.
Bobo é alguém elogiar um filme porque ganhou prêmios. “Coração Valente” ganhou um Oscar.
acho o Loveless chatinho e sonolento. O ins’t anything eh muito melhor. também nao sei quem o Loveless influenciou. As bandas de som parecido já tinham gravado antes dele – Lush, Ride, Slowdive. E o mundo indie mudaria para valer em 92, com o lançamento do primeiro do Pavement, este sim um disco megainfluente.
Ouvi, e achei fraquinho. Ao menos na primeira audição…
Mto interessante.
Ouvi e não achei nada demais. Se levar em consideração os vinte anos, fica há anos luz em termos de relevância em relação ao Loveless.