Por que a Nouvelle Vague importa
26/02/13 07:05Se você quer conhecer mais sobre a Nouvelle Vague e entender por que foi um dos movimentos mais radicais e influentes do cinema, não perca o documentário “Godard, Truffaut e a Nouvelle Vague”, que o Telecine Cult exibe hoje, às 22h.
O filme conta, por meio de imagens de arquivo, a trajetória dos dois maiores expoentes do cinema francês dos anos 60, François Truffaut e Jean-Luc Godard, e relata a amizade que os uniu e as brigas que acabaram por separá-los para sempre.
Truffaut, Godard e mais uma penca de diretores talentosos – Claude Chabrol, Agnès Varda, Eric Rohmer e Jacques Rivette, Alain Resnais, entre outros – injetaram ânimo, inconformismo e liberdade criativa no cinema, enfrentando a banalidade do cinemão comercial e propondo novas formas de filmar.
A turma surgiu entre o fim dos anos 50 e o início dos 60, com filmes esteticamente inovadores e tematicamente radicais, como “Acossado” e “O Desprezo”, de Godard, “Os Incompreendidos” e “Jules e Jim”, de Truffaut, “Nas Garras do Vício”, de Chabrol, e “Cléo de 5 às 7”, de Varda.
Vários cineastas da Nouvelle Vague escreveram críticas de filmes para a revista “Cahiers du Cinéma”. Eles idolatravam o Neorrealismo Italiano e a época de ouro do cinema de Hollywood, especialmente diretores como Orson Welles, Howard Hawks, John Ford, e rebeldes como Samuel Fuller e Nicholas Ray.
A década de 60 foi um período de intensos debates estéticos, políticos e sociais. E o documentário mostra como Godard e Truffaut acabaram se vendo em campos opostos da batalha.
Godard era um iconoclasta e inconformado; Truffaut tinha um gênio mais pacífico e tolerante. E os dois, que no início de suas carreiras foram os maiores defensores do cinema do outro, terminaram brigados e nunca fizeram as pazes (Truffaut morreu em 1984).
O filme tem imagens de arquivo raras e que hoje parecem até ingênuas, ao mostrar jovens artistas que realmente acreditavam que podiam mudar o mundo com o cinema. Todo o radicalismo e espírito de combate da Nouvelle Vague hoje parecem peça de museu, totalmente fora de sintonia com o cinema contemporâneo.
E se a história da Nouvelle Vague é empolgante e os trechos de filmes selecionados são capazes de nos fazer correr à locadora ou ao torrent mais próximo – não ao cineclube, infelizmente – para assistir a alguns dos grandes filmes da época, ver o documentário deixa uma ponta de melancolia por um cinema que já significou mais para as pessoas.
muito bom texto.
em um comentário que postei num outro artigo (sobre os oscar), coloquei o link de uma entrevista de tarantino onde ele afirma que John Ford era racista.
já que estamos falando de cinema francês, dias atrás assisti – Une belle fille comme moi – essa atriz Bernadette Lafont vale o filme , muito linda! Recomendo, é do Truffaut.
Ao contrário da maioria dos colegas aqui considero Godard a grande figura da Nouvelle Vague, e uma da maiores do cinema mundial. O cineasta mais inventivo, experimental, provocativo, rigoroso, culto, e não “cult” – por isso tanta gente o detesta. Nunca quis agradar, e afrontou o gosto médio, contrariando sempre as expectativas acomodadas sobre arte e política. Mostrou que é possível ter um projeto estético cinepoético inovador, graças justamente a um grande conhecimento sobre a(s) história(s) do cinema. Cinefilia e iconoclastia: amor e desconfiança diante das imagens. Desde os curtas que antecedem a feitura de “Acossado”, de um frescor e humor sério, até hoje, até as elegias audiovisuais com que se despede do mundo e do cinema em “Filme Socialismo”, Godard é o cara. Gosto até daqueles filmes ultra-radicais dele no grupo Dziga Vertov, quando foi o primeiro cineasta a usar o vídeo – porque ninguém lhe financiava filmes depois de “One Plus One”. Vejam “British Sounds”, por exemplo o episódio em que uma jovem pelada anda pela casa, enquanto ouve-se a leitura de um texto político, acerca de questões de gênero.
Então, como que para satisfazer o voyeurismo do espectador, mas para frustrá-lo, a câmera dá um close frontal no belo púbis cabeludo da moça, num longo plano. Godard dizia ironicamente que o cinema podia tornar o sexo algo bem desinteressante…
André, é totalmente off topic, mas como vc mora aqui em Paraty há algum tempo, possui muitos canais de comunicação, e eu estou chegando agora, gostaria de saber se existe alguma forma de denunciar a OI VELOX que se recusou a instalar telefone e internet em minha residência aqui no Jabaquara, na rua principal, em frente ao mercado, alegando que está com “problemas na estação”. Muitos por aqui possuem telefone instalado e funcionando, isto é desculpa esfarrapada. Estou inconformado…
Grato pela atenção e parabéns pelo seu blog.
Sérgio Salvati
Tive o mesmo problema, Sergio. Já tentou reclamar na Anatel? Dá certo que é uma beleza…
Por casualidade, nas últimas duas semanas vi “Cleo de 5 a 7” e revi “Farenheit 451”, aliás, este último constantemente apanha da crítica especializada, não sei por quê. Não conheço o livro, talvez a adaptação não tenha sido feliz, não sei. Mas como filme, se a gente faz de conta que é um roteiro original, é muito bem realizado.
P.S.: André, na nova foto do blog você está parecendo o Mojica. Homenagem?
Hahahahaha!
Então não leia o livro se quiser manter sua opinião sobre o filme. Apesar de ter um início promissor, Truffaut vai se afastando do livro a medida que a história avança até chegar a grandes absurdos, como quando muda o clima entre o casal protagonista (um dos pontos fortes do livro), quando suprime personagens importantes e, claro, quando recria o final da história. Até hoje não entendo como o Ray Bradbury aceitou numa boa a adaptação do francês.
Mark, eu aventava mesmo essa hipótese – a da infidelidade do filme ao livro – como o motivo de a crítica torcer o nariz para o filme. Deste ano não passa: vou ler o Bradbury para ter um juízo mais embasado sobre o filme.
É o protesto dele contra o “Post dos Depilados”.
A Riva perder pra Jennifer Lawrence é comparável à nossa Fernanda Montenegro perder pra insossa Gwyneth Paltrow, como ocorreu em 1999.
Mas enfim, a festa é da indústria DELES, não devemos perder tempo ficando tão inconformado com isso.
Jennifer Lawrence não tem nada de insossa.
não disse isso.
Como muitos já disseram o movimento é incrível e tem sim filmes muito bons… particularmente gosto mto de Ascensor ao Encadafalso, O desprezo, Minha Noite com Ela – tive a sorte de ver esses 3 no cinema… deleite.
Mas falemos tb de filmes da N.V. que eu pelo menos acho difíceis – que me lembre: Farenheit 451, Last Year at Marienbad (nao lembro o título em português), e um outro do Godard que é uma garota de programa (1967) que é dureza de engolir…
Desculpe por fugir do assunto, mas tenho que agradecer a indicação e reforçar o coro a favor do livro que batiza o blog. Ontem acabei de ler “Uma Confraria de Tolos” e o achei fantástico, meu espírito ficou bem mais leve depois de tantas confusões do protagonista e das demais personagens. Pena que acabou, seria maravilhoso se houvesse uma continuação em Gotham… Surpreso com uma história tão incrível nunca tenha virado filme, acabei descobrindo que existiram várias tentativas de adaptá-la para o cinema, a mais recente é do ano passado e talvez se concretize: http://www.pop.com.br/mundopop/noticias/cinema/783301-Zach-Galifianakis-vai-estrelar-adaptacao-de-Uma-Confraria-de-Tolos.html. Tomara que acertem na escolha do elenco e na direção, pois o texto já é perfeito! Abraço
Vai ser difícil adaptar o livro, não acha?
Adaptar livros que não compõe uma história linear, mas sim um conjunto de pequenas situações é realmente complicado. Inconscientemente, o expectador aguarda por uma “moral da história”, uma conclusão que seja.
É o problema de “Confraria de Tolos”, “Almoço Nu” e “On the Road”, por exemplo.
Sempre é arriscado, mas me parece que o enredo, as localidades e os diálogos funcionariam muito bem no cinema. Acredito que os maiores desafios estariam na escolha do elenco para dar conta de personagens tão fascinantes e na decisão sobre o uso ou não de um narrador. De qualquer forma, tomara que ajude a popularizar o livro.
O livro é amaldiçoado. Matou Jonh Belushi, John Candy, Chris Farley…R.I.P. Zach.
Não foi o livro, o serial killer nesses casos foi a obesidade.
André, ja na terceira parte desse looongo comentario, Resnais só deu as caras enquanto digitava e me confundiu por que me lembrei do horror que foi assistir “O Ano Passado em Marienbad”, que Deus condene todas aquelas almas!!!
Mas em relação a “Trinta Anos…” me ocorre que gosto demais de Maurice Ronet, revi recentemente “O Sol por Testemunha”, e seu desempenho ofusca Alain Delon… Alias o que vc acha de Rene Clement, que não tem nada a ver com a Nouvelle, mas a adaptação que ele fez do livro de Higsmith é muuuito boa, não?? E gosto muito tb de “Paris esta em chamas”, um classico de guerra espetacular, mas tb o roteiro foi escrito por Gore Vidal e Francis Ford Coppola, então… Existem criticos que torcem o nariz a ele, sera?? E o que vc me diz da opinião de Pauline Kael sobre “Hiroshima Mon amour”, que ela desanca, assino embaixo com certeza…
Rene Clement fez filmes melhores até que muita gente da Nvague, não acha? mas ele era acusado de ser esteticamente careta, um cineasta mais formal. Eu acho fantástico. Já Hiroshima, Mon Amour, confesso que não engoli até hoje. E olha que tentei ver quando tinha uns 16 anos, idade em que vc atura qualquer coisa…
Pois é, Celso, se você ver a relação “de amizade” que Pauline Kael tinha com os cineastas você ia cair de costa. Os caras sabiam manipular a dita cuja, com convites para set de filmagens, prévias de filmes em produção, uma social aqui outra ali. Está tudo lá no maldito livro “Easy Rider, Ragin Bulls…”, o estraga prazer da nossa idealização. Pauline Kael estava longe daquela postura de alguns jornalistas decentes de não se envolver com o assunto. Robert Altman, então, conseguia a resenha que quisesse.
Não foi bem assim, Neder. A Pauline Kael virou amiga de cineastas que ela admirava. Do jeito que vc escreve, parece que a mulher falava bem de qualquer um que a chamava para uma “social”. Acho que li todos os livros da Kael e nunca a vi falando bem de um filme ruim só por amizade.
Fiquei com a impressão de que isso ocorria com uma certa patota (o que não é legal do mesmo jeito). Se estivesse com o livro à mão poderia transcrever os trechos (tem índice remissivo por nome). Mas você conhece o assunto bem melhor que eu.
Neder, o livro de Peter Biskind me impressionou muito quando o li: jamais havia me confrontado com tanta desinformação em termos de cinema. Datas, nomes, valores, roteiros, pessoas: tudo é pulverizado pelo rolo compressor sexista, ignorante e permeado de preconceitos culturais de Biskind. Sua celebração sobre o ineditismo dos autores da contra-cultura só denota seu desconhecimento do que foi a industria de cinema americana dos grandes estudios, hoje satanizada por uma legião de criticos incultos. Toda a produção dos grandes estudios na decada de 30 e 40, incluindo o lixo, que é muito, é cartilha de todos os cineastas que surgiram a partir dos anos 50 e 60 (ninguém queimou “Scarface” para realizar “Bonnie & Clyde”), não existe abandono, como afirma Biskind, mas sim aprendizado ´(e é bem facil encontrar classicos desses anos “embutidos” nos tais filmes renovadores). Quanto a Pauline Kael, ela esta bem acompanhada no livro de Biskind, que consegue difamar inclusive Andrew Sarris. O curioso é que ele não debocha da frase “profetica” de Dennis Hopper: ..”podemos ser a geração mais criativa nos ultimos 19 séculos…”ahahahahahah, é de matar!!! Te aconselho melhores leituras sobre cinema.
O livro do Biskind é muito divertido por causa dos casos de sexo, drogas e rock’n’roll, acho que vale mais como registro de uma época do que, propriamente, como um trabalho teórico sobre cinema, é mais jornalístico que teórico, não concorda?
André, jamais consideraria o livro de Biskind como teórico, ele de fato não pretende isso, mas como texto jornalistico esbanja humor, mas falta precisão. Rui Castro escreve sobre cinema com uma abordagem jornalistica, mas seus textos são absolutamente confiaveis. Ja Biskind, na sua cronica etilica da dita nova geração (sim, eles bebiam , se drogavam e faziam muita putaria, mas eram meninos de colégio perto do que faziam o pessoal de cinema dos anos 20 e 30!!!…) distorce, ou não pesquisa, informações, sobre tres gerações de criadores, para promover sua turma. O pior é que essa desinformação ganha adeptos, infelizmente.
Que informações você considera que ele distorceu? Acho que ele defende muito a turma dele, mas não lembro de ter lido informações que soassem falsas…
André, li o livro ha muitos anos e agora vou procura-lo para me atualizar, mas me lembro bastante bem que o conhecimento dele sobre as produções da “velha” Hollywood, diante da nova, era hilario: ele cita valores entre 15 a 20 milhões como parametro de descontrole orçamentario (só o mixuruca “Quo Vadis” custou 30), e descrevia e julgava os moradores (inclusive moral e financeiramente) de casas que nunca conheceu. Scorcese não foi escoltado pelo FBI ao Oscar (nunca ouvi declaração da boca de Scorcese em entrevistas, mas ele afirma no livro que sim, enfim…), mas o FBI cercou a premiação por suspeita de manifestações anti-sionistas. Mas de uma coisa me lembro bem: Lucas e Spielberg (e aqui nem se trata de desinformação, mas de ponto de vista mesmo..) são os responsaveis pelo fim de um sonho de grande cinema… Por Cristo, há filmes fantasticos feitos nesse periodo, mas não é exatamente uma “época de ouro”, é uma progressão social do cinema, os tempos haviam mudado (infelizmente as pessoas nem tanto..). O curioso é que ele escreveu em “Blockbuster”, um texto do livro de Mark Miller, uma analise interessantissima sobre Lucas e Spielberg, sem se impor a obrigação da grosseria ( e olha que ele não necessariamente os cobre de elogios, mas é mais próxima do real…). Enfim, esse chat pode render, hein?
Eu acho que o período de 67 a 75 foi o último período de ouro do cinema americano, não acha? E não acho que Spielberg, Lucas e essa turma do cinemão seja culpada, eles são a consequência. Mas que o cinema piorou muito depois de 1975, não há dúvida. Aliás, estou escrevendo um livro justamente sobre essa época, mas sobre música, e é incrível como a qualidade também piorou concomitantemente à crise do cinema.
Volto ao blog hoje e vejo essa boa discussão sobre o assunto e não pude participar. De qualquer modo, agradeço pelas informações, Celso. Uma das discordâncias que tive imediatamente, quando comecei a ler o livro “Easy Riders, Raging Bulls…”, foi a forma negativa com que o autor mencionava a geração anterior de cineastas. Particularmente, não acho que os diretores do que ele chama de Nova Hollywood fossem melhores que William Wyler, Howard Hawks, John Ford, Fritz Lang, John Sturges e aqueles puta talentos da década de 30. Fica só aquele clichê de Orson Welles. Para mim, o melhor do cinema americano foi produzido nas décadas de 30 e 40. Depois, sim, colocaria a geração de 70. Espero que suas informações sejam verdadeiras, pois fiquei com uma má impressão de todos que foram citados naquele livro.
“Ano Passado em Marienbad” é inassistível (desculpe o neologismo), resultado de quando a “criatividade” em excesso e a pretensão substituem o bom cinema.
A literatura também teve dias melhores antes dos anos 80. Não sou da área, mas conheço alguns artistas plásticos (que agora se chamam artistas visuais), e eles dizem o mesmo: depois da arte pop, Warhol e cia, pouca coisa inovadora ou expressiva surgiu. Interessante estas correlações, não? Tenho um projeto que aborda o empobrecimento no mundo das artes em geral. Só não tenho tido tempo de tocá-lo adiante, mas há farto material para pesquisa, mas muita especulação sobre quais seriam as causas, nenhuma certeza. Cá entre nós, penso neste empobrecimento como uma consequência. As causas residem no seio da sociedade. Taí eu também a especular… rsrsrsrs.
Uma coisa que, infelizmente, não há mais é a variedade de olhares que o cinema tinha: as três escolas principais eram a francesa, na novelle vague, a italiana e a americana. Hoje está tudo muito parecido. E, pra piorar, o cinemão americano é feito para pegar o público adolescente: muito barulho, correria, obviedade – vide os filmes de super-heróis. Até hoje, dos que vi, o único que acho bom é o segundo Batman do Tim Burton, com o pinguim e a mulher gato. MAs, pra ser sincero, a melhor adaptação de um herói para a tela foi o Hulk da série dos final dos anos 70 – interpretado de maneira soberba pela grande Bill Bixby (se não me engano, esse ano faz 20 anos da morte do único e eterno hulk ). Júpiter me livre do hulk do ang lee (rs).
André, esse negocio de ter que digitar rapido os comentarios, da nisso: aonde se le Resnais, leia-se Malle (em “Trinta anos essa Noite”), ja que em relação a Resnais eu sou mais discreto, não me apaixona tanto…
André, acho sempre muito dificil compreender alguns selos do cinema, como por exemplo a “nouvelle vague”, ja que um dos cineastas do periodo que mais aprecio não fez parte dela, e foi até rejeitado por seus pares, ou seja: Louis Malle. Acho “Ascensor para o Cadafalso” um dos mais belos filmes que ja vi, e revejo sempre (esse nem ganha o rótulo, é considerado “hitchcockiano” demais..), mas “Trinta Anos essa Noite” é dono da minha alma, aquilo é desnorteante de bonito, salve Resnais, mas minhas predileções no cinema talvez sejam lineares demais, apesar de “Cleo das 5 as 7” ser novissimo até hoje (é uma angustiante maravilha, e quem ja passou por aquilo sabe muito bem!… a espera…pra poder continuar, ou não, e como..Cristo!!), mas Godard me enche o saco (estava ainda na faculdade e fui assistir um ciclo de Godard na antiga sala GV Cinemateca, acho que nem é do seu tempo, vc é jovem… e tive que me aborrecer com “A Chinesa”, aquilo me revoltou, é uma equação quantica da chatice!! Mas vi “Desprezo” e me maravilhei, enfim…Ja de Truffaut, gosto do filme menos apreciado dele; “A Noite Americana” e acho “Jules e Jim”, porre completo, pois é… Gostaria de acrescentar apenas que ver Jennifer Lawrence e sua estonteante beleza e talento de garota de shopping (pra não dizer pior, bem pior…) roubar o Oscar de Riva foi dificil, diria que me lembrou Judy Holiday tirar o premio de Gloria Swanson por “Sunset Boulevard” e Bette Davis por “All about Eve” em 1950, mas estaria cometendo graaande injustiça: Judy pelo menos era atriz, e uma comediante de primeira, enfim…
Verdade, Celso, também gosto de diretores que nunca fizeram parte, pelo menos formalmente, da turma da NVague, como Jean-Pierre Melville e malle. Gosto muito de O Sopro no Coração também. Sobre Godard, é 8 ou 80: pra cada Acossado tem uma Chinesa, não é verdade?
Godard é isso aí. Perfeito. Adotarei a frase, com sua permissão – “Para cada ‘Acossado” tem uma ‘Chinesa”.
Mas “A Chinesa” é o último grito do cisne. Como vocês são perversos.
O problema é que tem muita “Chinesa” para pouco “Acossado”…Tuffaut sabia dialogar com o público, fazia um cinema livre, poético e popular ao mesmo tempo. Não dá nem para comparar…
André, longe da Nouvelle Vague, mas ainda no ramo cinematográfico, você que já escreveu sobre a Boca do Lixo já tinha ouvido falar dessa figura? http://anoticia.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2013/02/procurado-pela-justica-de-sc-ator-porno-sady-baby-e-preso-por-estelionato-4056269.html
Claro. Qualquer um que frequentou cinemas poeiras nos anos 80 conheceu Sady Baby.
Godard é um gênio que mudou a história do cinema. É só ver os filmes de Hollywood antes e depois da década de 60. Bonnie e Clyde, e Pulp Fiction são puro Godard.
Mudando de assunto Barcinski, ja viu esse brilhante empreendimento?
http://vejario.abril.com.br/edicao-da-semana/aqueloo-beach-club-forte-de-copacabana-734411.shtml
Gosto de toda primeira fase do Godard que vai até ” A Chinesa” depois que ele desencadeou para fazer filmes no filnal dos anos 60 com o grupo Dziga Vertov não prestou mais, porém se recuperou com ” Eu vos salvo, Maria” em meados dos anos 80.
Do Truffaut gosto até dos filmes mais fracos dele como “Atire no pianista” ou ” O Último Metrô”.
André vc tem que conhecer os documentários da Vardá, são muitos interessantes a exemplo de “Daguerréotypes” e o mais recente que passa em vez e quando no TeleCine Cult “As praias de Agnés”. Ah, e também o doc “Os catadores e eu”.
Já eu não gosto tanto do Truffaut assim. Gosto de os Incompreendidos e da série do Antoine Doinel, até dos últimos. Gosto de A Mulher do Lado. Acho os filmes mais comerciais dele, como O Último Metrô, muito fracos.
A nouvelle vague é tudo isso mesmo e tem toda essa relevância na história do cinema. Mas tem muito filme chato. Alguns têm um “hermetismo” vazio, bem barato mesmo. Muita afetação estética. Até aí tudo bem, já que o chamado cinemão comercial também tem muita coisa chata e formalmente chega a ser insultante. Na minha opinião, o defeito irremediável da nouvelle vague é a ingenuidade que você comentou no post. Vemos cenas e imagens que chegam a ser embaraçosas. Não apenas nos discursos e manifestações dos cineastas. Nos próprios filmes há momentos modernóides constrangedores. Mais em Godard e menos em Truffaut. Acho os filmes inspirados pela nouvelle vague melhores que a própria.
Mas era coisa da época, Neder. A música da época tb era assim, a literatura… Era um momento de ortodoxias e verdades absolutas, e isso envelhece rápido.
Bem observado. No próprio livro “Easy Riders, Raging Bulls…” os sobreviventes falam muito da ingenuidade da época, do entusiasmo com a liberdade da nouvelle vague, do bicho-grilismo e de comportamentos que beiram o ridículo. Aliás, a iconoclastia daquele livro é porreta. Acho que todos os meus ídolos viraram gente comum depois da leitura. Nunca pensei que alguns dos heróis da minha formação eram completos canalhas e boçais. A necessidade de separar os homens das obras foi a maior contribuição do livro.
André, fazer um post sobre a Nouvelle Vague, depois do Oscar meia-boca de domingo seria apenas uma mera coincidência????
Fazer o quê? O filme passa hoje e é bom demais. Já o Oscar foi um martírio. mas veja isso como uma desintoxicação depois de Ang Lee e Jennifer Lawrence ganharem.
O tombo da J.L. foi catiça tua, não é?
Eu gosto dela, gostei muito em outros filmes, como Inverno da Alma. Mas é imoral ela ganhar da Emmanuelle Riva.
Gosto muito da Nouvelle Vague e já vi trechos desse documentário.
Acho muito legal esse tipo de arte que te desafia. Hiroshima Mon Amour é um dos filmes mais cabeçudos, muito mais inovador do que qualquer coisa do cinema atual.
Belo texto André. Abs.
Por falar em França, que feio a premiação de melhor atriz no Oscar… Sinceramente, não sei por que o resto do mundo (os “não hollywoodianos”) ainda ficam lutando para conseguir uma vaguinha no Oscar…
Muito feio mesmo a Riva perder o Oscar.
não sei você sabe, mas o roteirista desse filme, o antoine de baecque, escreveu um livro sensacional chamado Cinefilia, que foi lançado pela cosac naify a uns dois anos, talvez. Acho que é tão seminal pra entender esta prática e por consequencia o surgimento da nouvelle vague quanto o easy riders, raging bulls do biskind pra entender a outra new wave, a americana.
se for possível, faz um top 10 aí dos filmes da época e que representariam bem o movimento.
Meus favoritos, alguns chegando aos anos 70: Acossado (Godard), Os Incompreendidos (Truffaut), O Desprezo (Godard), Duas ou Três Coisas Que sei Sobre Ela (Godard), O Açougueiro (Chabrol), O Joelho de Claire (Rohmer), Cleo de 5 às 7 (Varda), Le Feu Follet (Louis Malle), L’AMour Fou (Rivette), A Besta Deve Morrer (Chabrol), O Sopro no Coração (Malle), O Samurai (Melville), apesar de não ser exatamente NVague, é bom demais.
Top 10
1- Acossado – Godard
2- Imcompreendidos – Truffaut
3- Hiroshima Mon Amour – Resnais
4- A Religiosa – Rivette
5- Cléo das 5a 7- Vardá
6- Meia noite com ela – Rohmer
7- Os guarda chuvas do amor – Demy
8- Trinta anos esta noite – Malle
9- Julis e Jim – Truffaut
10- O Desprezo – Godard
Quem assistir a esses 10 filmes vai saber bem o que foi a nova onda francesa.
Barcinski, veja se podes esclarecer-me uma dúvida. Semana passada a TV Cultura exibiu o doc. “The Beales of Grey Gardens” (2006), de Albert Maysles. Trata-se de uma nova versão do genial “Grey Gardens”, ou apenas um relançamento?
E o “Exorcismo Negro”, que passa hoje no Canal Brasil, é um Mojica dos bons, ou apenas mediano? Esse nunca foi lançado em DVD, foi?
abraço
Não conheço esse filme do Maysles, só vi o Grey Gardens original. Sobre o Exorcismo Negro, é bem mediano, foi encomendado ao Mojica pelo Anibal Massaini pra tentar faturar em cima de o Exorcista. Mas vale ver.
O Beales of Grey Gardens é uma sequência. Parece estranho falar em Grey Gardens parte 2 mas é isso. Dá pra etender de onde veio o buraco na parede do segundo andar por exemplo.
Legal, vou ver então. Valeu.
Da’ melancolia mesmo saber que eu comecei a gostar de cinema “cult” justamente numa mostra no Top Cine em Sao Paulo sobre François Truffaut. Cada semana era um filme, creio que exibiram uns dez no total, os que eu nao consegui ver eu fui atras na locadora. Bons tempos, onde era possivel assistir esses filmes na telona.
Eu também Alex, assisti a quase todos os filmes de Truffaut e de Fellini na tela grande. Lamento por todos que não conseguiram pegar essa época…
Locadoras??? Esqueceu que nem todo mundo que lê o blog mora na zona oeste de SP. O jeito, infelizmente é apelar para o Torrent, é triste, mas é a verdade. Se joga tanto dinheiro no lixo, até para financiar dvd de músico de axé, por que não se cria espaços para ser ver filmes, hoje com o formato digital e bons equipamentos, nem se gasta tanto.
Não conheço 1% dos trabalhos dessa turma, mas, no final das contas, conseguiram mudar o mundo de certa forma, não?
Tentei encarar uma vez “La Chinoise” (A Chinesa) de Godard. Confesso que não deu.
Comçeou justamente por um dos mais “difíceis”.
Creio que só teremos comentários hipsters hoje. Adoro cinema francês.
Quer dizer que gostar de cinema bom é coisa de hipster?
bom dia, dá uma comentada nos ganhadores do oscar……..