Ainda o Oscar: quando a Academia vai tomar vergonha e chamar Jim Carrey?
27/02/13 07:05Leio que a transmissão do Oscar teve sua maior audiência em seis anos e que atraiu um público mais jovem que o normal. Nada mais lógico: num ano em que Emmanuelle Riva perde para Jennifer Lawrence, não se podia esperar outra coisa.
Não vou falar aqui dos prêmios absurdos (Ang Lee por “Pi”? Jennifer Lawrence?) ou das injustiças cometidas. O Oscar sempre foi um prêmio da popularidade e da diplomacia, então discutir mérito é perda de tempo.
O que mais me surpreendeu foi mesmo a chatice e falta de graça da cerimônia.
Quando anunciaram que Seth MacFarlane iria apresentar o Oscar, achei que havia sido uma boa escolha. É um sujeito jovem, com cancha de palco e fama de grande satirista da cultura pop, especialmente por causa do desenho “Family Guy”, que, embora copie demais “os Simpsons”, tem bons momentos.
Mas MacFarlane foi uma desgraça. Ao longo de três horas e meia, não contou uma piada que prestasse e trocou ironia por grosseria. Além disso, copiou na cara dura textos velhos, incluindo uma piada que Billy Crystal fez em 1998 sobre o fato de James L. Brooks não ter sido indicado a melhor diretor, mesmo que seu “Melhor é Impossível” tivesse sido indicado a melhor filme. MacFarlane praticamente xerocou a piada, dessa vez referindo-se a Ben Affleck, esnobado na categoria melhor diretor por “Argo”.
A maior parte das críticas à apresentação de MacFarlane foi brutal. Na revista “The New Yorker”, Amy Davidson o acusou de sexismo e misoginia (leia aqui). Outros o acusaram de antissemitismo, por causa de uma piada contada pelo ursinho Ted, um dos personagens criados por MacFarlane.
Não sou daquelas pessoas que fica facilmente ofendida e defendo o direito de se fazer piada sobre qualquer coisa. Achei as piadas, antes de tudo, muito ruins. Ruins como eu nunca tinha visto num Oscar. Uma coisa quase amadora.
A cerimônia inteira foi chatíssima. O número excessivo de números musicais – o que foi aquela apresentação com todo o elenco de “Les Misérables” ou o encerramento, com MacFarlane dançando e cantando uma canção sobre os perdedores do Oscar? – abusou da paciência de todo mundo.
Esses musicais lamentáveis só realçaram a beleza do único grande momento da noite, que foi Shirley Bassey cantando o tema de “Goldfinger”. Imagino o que a velha Shirley teria a dizer sobre a cantoria de Russell Crowe e do Wolverine…
Voltando a MacFarlane: de acordo com a audiência e os comentários nas redes sociais, o público gostou e achou que o programa tornou-se mais “jovem” e “arriscado”. Sinceramente, não vi nada de novo e ousado ali. E continuo torcendo muito, mas muito, para chamarem Jim Carrey. Dê uma olhada nesse clipe, em que Carrey apresenta um prêmio a Meryl Streep, e imagine o que ele não faria no Oscar…
Pra quem copia descaradamente os Simpsons, copiar o Billy Cristal é redundância.
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Jim Carrey é sensacional.
Confesso que assisto ao Oscar faz uns bons 15 anos, e sempre consigo chegar ao final. Mas neste ano a coisa foi braba, posso dizer que foi a pior cerimônia que já assisti, já estão dizendo que foi a pior de todos os tempos.
Seth McFarlane foi péssimo. Os produtores não paravam de se auto-elogiar (o número de Chicago foi ridículo, com a enferrujada Zeta-Jones). E eu não aguentava mais ver o sempre mala William Shatner descendo naquele telão, coisa de vergonha alheia. Péssimas idéias, péssimo apresentador, piadas ofensivas e sem graça.
A melhor piada da noite partiu do sempre cavalheiro Daniel Day-Lewis, com a Meryl Streep. Cena bacana de se ver, dois monstros sagrados juntos. Mas não passou disso.
Jim Carrey seria ótimo, mas desconfio (não tenho notícia) que ele já foi convidado, mas deve ter declinado para o próprio bem. Mas seria muito bom vê-lo apresentar o Oscar. Sua mera presença já valeria ficar acordado.
Sobre a Jennifer Lawrence, acho que ela não está ruim, mas ganhar o Oscar, lógico, foi muito longe, apesar de eu achá-la mil vezes melhor que a sempre péssima Paltrow. Jennifer tem talento, mas dava para esperar mais alguns anos.
Curti o tema musical do tubarão nos agradecimentos. Só isso!