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André Barcinski

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Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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O dia em que o taxista perdeu a cabeça

Por Andre Barcinski
05/03/13 07:05

Foi o assunto da semana na cidade: “O quê? Você não soube? O M. tá em cana, bateu em duas mulheres!”

Parecia mentira. M. é um taxista, muito conhecido e querido na cidade. Parece um sujeito calmo. Nunca o vi levantando a voz ou discutindo com alguém. Era difícil acreditar que ele havia batido em duas mulheres. Simplesmente não combinava com sua imagem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os detalhes do caso foram surgindo. E foi outro taxista, companheiro de M. no ponto de táxi, que me contou como tudo aconteceu.

Segundo ele, M. estava tomando café em um bar, quando viu as duas mulheres. Ele já as conhecia. Aliás, a cidade toda conhece as duas.

Há pelo menos três anos, as duas mulheres cumprem o mesmo ritual: chegam à cidade de manhã, acompanhadas dos respectivos filhos, dois meninos que não têm mais de dez anos de idade.

Elas vão para o bar, enquanto os filhos passam a tarde toda vendendo doces e balas na cidade. No fim da tarde, as mães recolhem o dinheiro arrecadado pelos meninos, pagam a conta das inúmeras cervejas que tomaram no bar, e voltam para casa com os meninos.

Todo mundo já sacou a história. Inclusive a polícia, que alertou as mulheres diversas vezes sobre as consequências de exploração de trabalho infantil. Mas o caso é complicado. Os meninos não acusam as mães, claro, e as autoridades locais não têm o que fazer.

Segundo o pessoal do ponto de táxi, M. sempre foi revoltado com a exploração das crianças e vivia discutindo com as mulheres. Até que, um dia, viu uma das mães reclamando com o filho que a grana arrecadada naquele dia não tinha sido suficiente.

“Foi uma coisa de cinema”, me disse o taxista, amigo de M.: “A mulher bateu na criança. Daí o M. ficou roxo que nem uma beterraba, entrou no bar e começou a bater nas duas. Estava fora de controle. Parecia coisa de desenho animado, ele até bateu a cabeça de uma na cabeça da outra!”

A polícia chegou e levou M. para a delegacia, mas ele não ficou lá por muito tempo. As mulheres foram embora e não prestaram queixa, certamente para não chamar atenção para a exploração de seus filhos.

Claro que não dá para aprovar a atitude de M. Mas espero que o incidente sirva, ao menos, para que as mulheres parem de explorar as crianças.

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Comentários

  1. Roubocoop comentou em 06/03/13 at 21:21

    “Aprendes que heróis são aqueles que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências”

    A frase pode parecer fora do contexto, mas talvez não esteja. M assumiu as consequências e responsabilidade pelo seu ato, seria mai comodo para ele não errar, como errou e não fazer nada, mas se fizesse isso a criança continuaria a ser agredida e abusada.

    http://mysuperworld.blogs.sapo.pt/1713.html

  2. Anderson comentou em 06/03/13 at 20:01

    Sempre que vejo uma criança pedindo esmolas em SP fico pensando se não tem um vagabundo obrigando-o a fazer isto.
    Certo ou errado, adorei a atitude do taxista.

  3. Alessandro comentou em 06/03/13 at 15:18

    A violência não é justificável, porém, há um limite para tudo. Ficar indiferente às vezes é impossível e no geral nós brasileiros somos indiferentes aos mais variados tipos de problemas relacionados à falta educação e respeito ao direito de terceiros. Creio que o M. fez o que muita gente gostaria de fazer mas não teve coragem. Pelas vias oficiais estes garotos estarão desamparados até que algo pior aconteça e seja tarde demais.

  4. Luciano comentou em 06/03/13 at 8:33

    O Estado brasileiro adora encher nosso saco, interferindo na educação de nossos filhos (sim, a tal lei da palmada). Fazer o que deve, que é dar um jeito em situação como essa, não dá.

  5. Roberval Taylor comentou em 06/03/13 at 7:22

    Nunca entendi porque o Conselho Tutelar da cidade nunca tomou providências para coibir a exploração apesar de várias denuncias sobre estes dois meninos.
    Não aprovo a atitude do M. , porém neste caso, a revolta é superior a razão.

  6. marcelo b comentou em 05/03/13 at 22:36

    disque M para bater

    • Vítor comentou em 07/03/13 at 9:38

      M, O Justiceiro de Dusseldorf.

  7. Gabriel comentou em 05/03/13 at 21:09

    André, mas a grande questão é: não existe uma lei que proíbe os pais de agredir seus filhos? Ao invés de bater nas mulheres, não era mais fácil chamar a polícia? Se a polícia não poderia agir contra a dupla por exploração de trabalho infantil, poderia fazê-lo por causa da agressão, não?

    • Andre Barcinski comentou em 05/03/13 at 22:56

      Bom, o sujeito claramente perdeu a cabeça, então é difícil falar “não seria mais fácil…”

  8. Renato comentou em 05/03/13 at 21:05

    Uma pena que o cara tenha entrado nessa, mas entendo perfeitamente sua revolta. Agora, realmente, se fossem dois homens, com certeza ele nunca teria se metido com eles. Lamentável 🙁

  9. Roubocoop comentou em 05/03/13 at 20:01

    Toda ira deve ser castigada. A ira mesmo que santa não se justifica. OK! O que M fez, não pode ser feito, mas vem cá, o que a tal mãe fazia, não é aceitável… Tá certo que M não precisava bater a cabeça das duas, uma na outra, a intervenção não foi justificada. Agredir mulheres não dá, mas essas mulheres estavam agredindo as próprias filhas(os), isso é muito mais traumático, em todos os sentidos do que a agressão que M fez. M errou, mas e nós, não erramos? A cidade inteira que conhecia tudo que essas mães faziam e se omitiram?… M se desesperou, porque viu que nós ficamos calados, nos omitimos, enquanto a barbaridade continuava a ocorrer. Por mais que M tenha machucado as mães, elas sobreviveram e sumiram. O fato é que a mãe batia na filha por dinheiro e continuaria batendo nelas. O que M fez foi imperdoável, errado. Daria para resolver a coisa de modo melhor, claro, mas confessemos, e assumamos a nossa culpa. Somos mais culpados que ele.

  10. João Gilberto Monteiro comentou em 05/03/13 at 18:48

    André, qualquer semelhança entre a história do M e do Travis Bickle seria mera cioncidência?????

    • Andre Barcinski comentou em 05/03/13 at 18:56

      A do Travis é bem pior, hein…

  11. LuizHG comentou em 05/03/13 at 15:45

    Agiu por vias tortas, OK. Mas o Brasil está precisando de pessoas assim. Quando autoridades sabem de algo e nada fazem, quando todos sabem e nada fazem, alguém capaz de transformar indignação em ação merece respeito (mesmo que os meios sejam questionáveis).

    • LuizHG comentou em 05/03/13 at 15:54

      Explicando melhor a expressão “nada fazem”: por seguir os mecanismos permitidos, às vezes autoridades e população (eu me incluo aqui) se sentem de mãos atadas. Coragem para quebrar a regra numa situação extrema, em alguns casos, merece respeito.

  12. Carlos Henrique Pontes comentou em 05/03/13 at 15:08

    Essas mulheres são muito burras ..Inventaram um troço maravilhoso chamado Bolsa Família.. Elas nunca ouviram falar ? ..Elas e nem os respectivos filhos precisam trabalhar pra receber os benefícios.. Basta votar sempre no PT.. Alguém , por favor , as avise.

    • Ivan comentou em 05/03/13 at 15:24

      Babaquice pouca é bobagem.

    • Gabriel comentou em 05/03/13 at 21:06

      Burrice pouca é bobagem.

    • Dodge Mann comentou em 06/03/13 at 15:40

      Carlos Henrique Pontes Idiotice y Estupidez. Seu lindo!!!

  13. Alyssa comentou em 05/03/13 at 14:48

    Se fossem dois homens JAMAIS o cara faria isso. Claro que exploração infantil é TERRÍVEL, mas violência contra a mulher também é – e não venham com papinho pq quem decide pena é JUIZ, não taxista enfurecido. Entendo a revolta, mas não aprovo JAMAIS o uso de violência.

    • F de I comentou em 05/03/13 at 15:23

      “Hómi” resolve na bala!

    • Gisele comentou em 05/03/13 at 16:43

      Exatamente. Se o fim é ético, mas os meios não, logo, não há ética. Não consigo achar essa história nem um pouco engraçada. E acredito que não houve lição alguma. Até porque a vida é um pouco mais complicada do que luta de vilão e mocinho.

    • Andre Barcinski comentou em 05/03/13 at 17:31

      Sem dúvida.

    • Marcelo-Goiânia comentou em 05/03/13 at 17:38

      Se fossem homens, talvez alguém tivesse metido bala ao invés de ter dado só uma surra…

  14. Matias Blades comentou em 05/03/13 at 14:30

    O bacana é que se o Barcinski tivesse criticado de novo um filme como Batman, Django ou Os Miseráveis, a essa hora já teria recebido várias centenas de comentários. Quando o assunto é exploração infantil, impunidade e ineficácia dos mecanismos protetivos da criança, a resposta da galera, em vez de gritaria generalizada, é quase um murmúrio…

  15. Gisele comentou em 05/03/13 at 14:17

    A conduta dessas mães é inadmissível. Entretanto, aposto que se não fossem duas mulheres, mas dois homens, o sr. M. não teria coragem de fazer justiça com as próprias mãos.

    • Rodrigo comentou em 05/03/13 at 15:34

      Discordo. A conduta é revoltante, quer se cuide de mães ou de pais. Não aprovo a conduta, mas se visse um pai agredindo uma criança, especialmente sabendo ser esse o motivo, sem dúvida interviria (embora não possa falar pelo taxista).

      • F de I comentou em 05/03/13 at 16:01

        Meu cunhadinho tem 5 anos, moleque travesso demais. Os pais sempre dão uns corretivos nele e pedem para minha noiva fazer o mesmo, quando está cuidando do garoto. Não concordo com castigo físico quando de punições, porém não questiono.

        Quando estou com eles (cunhado e noiva) proíbo que ela encoste a mão no menino, pois não é assim que se educa.

    • Marcelo-Goiânia comentou em 05/03/13 at 17:59

      Porque eram mulheres a surra deixa de ser merecida?

      • Andre Barcinski comentou em 05/03/13 at 18:33

        Surra não é merecida, Marcelo.

  16. Peixotano comentou em 05/03/13 at 14:10

    Meu herói !!!!

  17. Cesaroliv comentou em 05/03/13 at 14:03

    Pergunta fora do tópico, mas que talvez renderia um post completo sobre o assunto: o que vc acha da proibição pela justiça da peça “Edifício London”, que tinha referencias ao caso da morte da menina Isabela Nardoni? Achei um absurdo! Acabou de passar na Record News uma reportagem sobre esse fato, e entrevistaram alguns populares nas ruas de SP, com aquelas opiniões imbecis de que um caso triste como esse não deve ser retomado, que deve ser proibido mesmo…quem não gosta simplesmente não compra ingresso o não assiste!!

    • Andre Barcinski comentou em 05/03/13 at 14:14

      Também acho um absurdo. Censura permanece viva no Brasil, e pior, apoiada pela maioria da população.

      • Danilo comentou em 05/03/13 at 17:55

        André, não sei se “censura” seria o termo adequado, já que não assisti a reportagem sobre o tema e sequer sabia que fariam uma peça sobre o caso.
        Na minha opinião, creio que ninguém aqui gostaria de ter passado pelo que a mãe da criança passou. Ter um filho assassinado pelo próprio ex-marido, pai da criança, e transformar uma tragédia deste porte em um espetáculo para fazer dinheiro. Há outras formas mais interessantes e menos oportunistas de se fazer arte.
        Para ser sincero, eu até gosto de filmes que abordam temas parecidos, mas nunca tinha imaginado o outro lado da coisa: a realidade de quem sentiu tudo na pele.
        Seria fácil se, pelo simples fato de ignorar a tal peça, também não fosse possível ouvir pessoas comentando o assunto, reviver e relembrar todo o terror ocorrido naquele março de 2008.
        Abraço!

        • Andre Barcinski comentou em 05/03/13 at 18:34

          Eu acho que isso abre precedentes perigosos de censura, não acha?

          • Celso comentou em 05/03/13 at 20:26

            Tenho minhas dúvidas, Barça. Não acho que seja caso de censura, mas de falta de bom senso. A ação foi impetrada pela mãe da menina, que quer resguardar a memória da filha, até onde sei. Imagino que seja uma ferida descomunal e acho lamentável que este tipo de coisa precise ser resolvido via justiça, em vez de simplesmente ser respeitada a dor de uma mãe.

          • Andre Barcinski comentou em 05/03/13 at 22:59

            Claro que é censura. Isso dá margem ao Roberto Carlos proibir biografias ou a família do Di Cavalcanti proibir documentários sobre o pintor.

          • Renato comentou em 05/03/13 at 21:07

            Sério que você acha que isso abre precedentes perigosos de censura? E a história da biografia do Roberto Carlos foi o quê? Pra mim, esse é o grande precedente… e a peça, se não mereceria censura a priori, com certeza é de um mau gosto do baralho :S

          • Andre Barcinski comentou em 05/03/13 at 22:57

            Não interessa se é de “mau gosto”, Renato. Quem pode decidir se uma coisa é “de mau gosto”? Muitos discos, livros e filmes foram censurados por serem de “mau gosto”.

          • Cesaroliv comentou em 05/03/13 at 23:11

            Renato: se acha de mau gosto, não assista. Por mim podiam censurar o Michel Teló, pelo mesmo motivo. Eu simplesmente não vou aos shows, não compro cd e mudo de canal quando esta na TV…simples, não tento entrar na justiça para tentar proibir aquela desgraça de ficar cantando. Censura é censura, não existe essa de “meia censura”, ou de justificar censura por “mau gosto”.

          • Andre Barcinski comentou em 06/03/13 at 0:05

            É o que penso.

          • Celso comentou em 06/03/13 at 9:01

            Cara, eu acho que a liberdade de expressão, artística inclusive, deve ser soberana – desde que não atinja o direito de terceiros. Nesse caso da mãe, ela está sendo violentada em algum direito? Esta é a questão, caso contrário vamos achar que “vai ver quem quer” é resposta pra tudo.

          • Andre Barcinski comentou em 06/03/13 at 9:12

            Liberdade de expressão deve ser soberana. Ponto final. Qualquer coisa que vc adicionar depois dessa frase, pode ser desculpa pra censurar.

          • Celso comentou em 06/03/13 at 9:48

            No caso em questão o que você chama de “censura” dependeu de uma medida judicial, não de uma regulamentação prévia. O artista é livre para se manifestar, enquanto quem se sente prejudicado é livre para recorrer à justiça caso se sinta prejudicado. O caso, em si, não configura censura, a meu ver. Não existe direito absoluto, nem o direito à vida é absoluto, vide questões polêmicas como legítima defesa e aborto. Por que a liberdade de expressão deve ser absoluta? Isso é questão jurídica das mais complexas, o STF vive se debatendo com isso.

          • Andre Barcinski comentou em 06/03/13 at 9:51

            Claro que é, só tem outro nome jurídico. Vc não acha que o Roberto Carlos censurou o livro sobre ele?

          • Celso comentou em 06/03/13 at 10:01

            É questão complexa, Barça, é liberdade de expressão versus crimes contra a honra. Quando tiver um tempinho, dá uma olhada nisso aqui, por exemplo: http://revista.uepb.edu.br/index.php/datavenia/article/viewFile/500/297

          • Andre Barcinski comentou em 06/03/13 at 10:32

            “Crime contra a honra” é ótimo. Você sabe como isso termina no Brasil.

          • Cesar comentou em 06/03/13 at 11:39

            eu queria saber por que fazer uma peça com referências a um acontecimento seja “crime contra a honra”…Imagine então o que foram os filmes sobre o 11 de Setembro, os filmes sobre o Holocausto, sobre as guerras, sobre milhares de histórias verídicas, etc, etc…isso tudo deve ser então um genocídio à honra!

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