Al Pacino: envelhecer em Hollywood é mau negócio
13/03/13 07:05Você dá uma olhada na programação dos cinemas e percebe que estreou um filme com Al Pacino, Christopher Walken e Alan Arkin. O que você faz? Vai correndo ao cinema, claro. Afinal, não é todo dia que esses três monstros podem ser vistos na mesma tela.
Aí você se depara com “Amigos Inseparáveis” e lembra que, em Hollywood, nada é sagrado. Nem o currículo de Al Pacino.
Poucas vezes saí tão perplexo de um filme (leia minha crítica na “Folha” aqui). Não que seja especialmente ruim – pelo menos não no nível de “Os Miseráveis”- mas é chocante perceber como veteranos do naipe de Pacino, Walken e Arkin conseguem ler um roteiro desses e achar algo que preste.
Haveria outra explicação? Falta de grana? Proposta irrecusável?
Difícil acreditar que algum deles precise tanto assim do dinheiro (lembro sempre de Dennis Hopper, numa fase de vacas magérrimas, contando que filmou “Mario Bros.” por grana e sendo repreendido pelo próprio neto: “Mas vovô, eu não preciso tanto assim de presentes!”).
Em minha lista de gêneros odiosos, filmes com bichinhos falantes estão em primeiro lugar, mas filmes de velhinhos fofos e engraçadinhos vêm logo atrás.
Tenho sérios problemas com filmes e comerciais de TV que tratam a velhice como uma fase de regressão infantil, onde idosos só parecem felizes quando estão agindo como bebês, ou pior, como adolescentes no cio. Prometi nunca pôr um centavo num banco depois de ver um comercial de plano de aposentadoria que mostra um casal de idosos dando cambalhotas na água.
Em “Amigos Inseparáveis”, há uma cena em que Al Pacino e Christopher Walken vão a um asilo resgatar um velho amigo, Hirsch, interpretado por Alan Arkin. Eles encontram Hirsch preso a um aparelho respiratório e quase morrendo, mas Hirsch melhora assim que entra num carrão e sai guiando a 200 por hora, fugindo da polícia. Depois, Hirsch demonstra sua potência sexual satisfazendo a duas prostituas russas. Se fosse Leslie Nielsen, a piada até poderia ser engraçada, mas com Alan Arkin a coisa se torna melancólica.
Um dos piores filmes que vi nos últimos anos foi “Antes de Partir”, em que Jack Nicholson e Morgan Freeman interpretam dois idosos com câncer terminal que decidem sair pelo mundo para uma última rodada de “loucuras”, como pular de pára-quedas. É uma espécie de “Sonho Maluco” do Gugu para a terceira idade.
Filmes desse tipo são costumeiramente vendidos como uma “lição de vida”, mas sempre me pareceram mais uma lição de como são raros bons papéis para atores mais velhos em Hollywood. E se astros como Jack Nicholson, Morgan Freeman e Al Pacino precisam se submeter a isso, o que acontece com atores menos conhecidos?
P.S.: Estarei sem acesso à Internet por boa parte do dia e, portanto, impossibilitado de moderar os comentários até o fim da tarde.
pacino deveria resgatar as origens, voltar pra itália, fazer remakes de comêdias do dino risi e se divertir. filmes assim sao realmente patéticos.
Boa noite André Barcinsk,
Antes de mais nada, parabéns pela excelente matéria.
Li com muita atenção e coincidentemente, havia acabado de ler uma entrevista que Al Pacino consedeu para a correspondente do Estadão em los Angeles, Flávia Gerra e nesta entrevista ele fala sobre a questão da idade e sobre não querer se aposentar, inclusive diz que tem um projeto que seria produzir, ou dirigir um filme sobre Modigliani.
Eu sou ator, proprietário e pesquisador de uma obra inédita de Modigliani, conforme pode se ver neste link http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,dossie-mostra-contato-entre-modigliani-e-o-paulistano-wasth-rodrigues-,954268,0.htm
Tenho escrito um roteiro para um longa metragem e gostaria muito de mostrar ao Al Pacino, quem sabe se não dá samba.
A história é muito incrível e totalmente documentada, tanto que no próximo mês irei a Valência, na Espanha, realizar mais algumas análises científicas nesta obra, desta vez usando a técnica de 3D, no IVACOR, como mais uma colaboração científica do governo espanhol.
Minha pergunta é, você tem o contato como falar com o Al Pacino? Não gostaria de intermediar um contato meu com ele?
De qualquer forma, te agradeço a atenção e fica aqui meu forte abraço
Alex Ribeiro
http://www.alexribeiro.art.br
Duas retificações… CONCEDEU e não CONSEDEU… o nome da jornalista do Estadão é Flávia Guerra e não Flávia Gerra
Barça, acredita que assistir ao filme “Antes de Partir” e escrever uma análise já não lembro do quê, foi um trabalho de certa matéria da pós-graduação em adm de empresas de uma das mais conceituadas instituições de ensino superior do país?
Não acredito. Sério?
Sabe o que mais me chateia quando estes monstros do cinema aparecem em filmes abaixo do esperado? É quando seus personagens tem aura de divindade, carregado justamente pela força do ator, e não exatamente do personagem. Exemplos que tenho em mente agora são Robert de Niro num papel de policial linha-dura em “15 minutos”, ou Denzel Washington em “Colecionador de Ossos”. Tipos de filmes em que se preocuparam somente com a presença do ator para faturar nos blockbusters da vida. Nunca vi tanta babação criada pelo roteiro para endeusar os caras.
Exceção para Charles Bronson nas sequencias de “Desejo de Matar” já que não teria melhor coisa do que ser ele próprio nos flmes da “decalogia”.
já viu Simone, com o Al Pacino? duvido que esse amigos inseparáveis seja pior
Há muitos filmes bons de idosos . Cito 2 : com o proprio Al Pacino em Doutor morte, e Nicholson e As Confissões de Smith.
Imagino que você não aprecie muito o vídeo de Hoppípola, do Sigur Rós…
Parece com o Facebook da melhor idade.
Vi recentemente um filme com o Christopher Walken chamado “Late Quartet” e gostei. Voce ja viu?
Conforme aumenta a idade diminui a dignidade.
E isso não vale só para veteranos atores. Várias outras personalidades do showbizz ( cantores, jornalistas, apresentadores de TV, …) parece que querem fazer papel de bobo ao ficarem mais velhos.
Um bem velho chamado Dominic Chianese foi fazer “Os Sopranos” e fez um papel espetacular… Ah, mas esqueci, vc nao assiste séries de tv…
não sei se foi o Scorsese q disse essa frase, mas a verdade é q “o cinema é dos jovens”… engraçado q eu lembro q teve um post em q vc criticava o De Niro pela falta de criterio na escolha de papeis e elogiava o Al Pacino (esse estava na tv) e acho q o Nicholson também… na epoca eu disse q não havia assim tanto bons papeis para um homem na idade dele, e como o cara gosta de trabalhar, acaba trabalhando em qualquer coisa rsrs, até lembrei da frase do Lula “deixa o homem trabalhar” rsrsrs, o De Niro ainda tem o fato de ter sido diagnosticado com cancer uns anos atras, e parece q por isso se danou a emendar um trabalho atras do outro… tem muito aí também uma comparação meio injusta com o “jovem eu” desses atores, há 30 anos eles comandavam Hollywood, estavam no auge da forma e poderiam escolher a dedo as produções em q gostariam de atuar, não é o q acontece hj… não vejo problemas em eles trabalharem em filmes menores ou ruins mesmo, é melhor do q ter destino de um Charlton Heston por exemplo
isso pode acontecer aé com jornalistas, como manda-lo entrevistar ex-bbbs!
Legal André. Leio sempre que posso seus artigos. Algum filme de velhinhos que possa recomendar, que quebre esse conceito?
Sugiro “Viver” (“Ikiru”), do Kurosawa. É sobre um velhinho que percebe que sua vida foi inútil, e quer reverter isso. Lindo demais.
Wrestling Ernest Hemingway, não lembro o nome em português, mas se passa em Miami com Robert Duvall, Shirley Maclaine e Richard Harris, é ótimo e não tem essas idiotices do gênero!
qualquer filme de Bergman.
Neste caso (Bergman) é melhor deixar objetos cortantes longe da sala… Melhor ir de Kurosawa mesmo (sugiro “Madadayo” também; não é específico sobre o tema, mas mostra um idoso mais que especial…).
“Ginger e Fred” do Fellini
Em ‘Onde os Fracos Não Têm Vez’ o Tommy Lee Jones faz um policial quase aposentado que vê, atravéz do caso do roubo de dinheiro de um Cartel, o quanto é impotente frente a violência extrema do tempo atual.
Boa!
Outro que anda topando aparecer até em batizado de criança é o John Malkovich. Foi mais uma das vítimas do Madoff.
algo parecido é possível notar com Oliver Stone, porém atrás das cameras. Faz tempo que não produz nada de bom, pelo menos eu acho. O ultimo que assisti dele, um tal de Savages é uma bela porcaria… parece “menino do Rio” + “Traffic”(piorado, bem piorado …) Da pena ver o Del Torro interpretando com aqueles carinhas tipinho California… Fumam maconha e são superbem sucedidos, nada lesados, nada afetados.. tem uma cena que um da um baseado pro parceiro dele e diz que da mais adrenalina .. va p inferno.rs
tambem assisti a esse filme ha umas 3 semanas atras quando saiu por aqui e fiquei pasma… todos os 3 sao individualmente otimos, mas nessa combinacao e com esse enredo, ficaram bem murchinhos… eu acho q atuam em filmes assim por pressao de agentes, estudios, marketing etc et c e nao necessariamente por conta de $. O alan arkin esta otimo em little miss sunshine e tb em argo.
Talvez o que os move não é a necessidade financeira, mas o medo de serem esquecidos (afinal, se forem aguardar filmes bons, correrão o risco de morrer antes de rodar o próximo filme). O que acha?
De vez em quando leio uma entrevista de Al Pacino para Paulo Francis no auge do sucesso de Poderoso Chefão. Al Pacino mete o pau no Exorcista, sinal dos tempos.
Veja só o que vai rolar em São Paulo, André:
http://www.bb.com.br/portalbb/page511,128,10163,1,0,1,1.bb?codigoMenu=0&dtInicio=3/2013&codigoEvento=5084
Rachei forte com esse post, “Sonho Maluco” do Gugu foi foda! Cara, Nicholson, já na terceira idade, atuou muito bem em “The Pledge”, não acha? Gostei muito desse filme. Estranho mesmo porque essa geração de atores não procura atuar em produções desse naipe.
Melhor filme do Nicholson em anos, pena que ninguém viu.
Esse eu vi e gostei. Nada mal mesmo!
Al Pacino nos últimos anos fez “88 minutos”, aquele ultimo com o de niro, e “tudo por dinheiro. Vou te contar, duvido muito q esse novo seja pior q esses, mas não me surpreende. O al pacino est’a cagando pra fazer grande filmes desde “insonia”.
É verdade. Mas fez excelentes filmes para a tv: Angels in America e You don’t know Jack. Agora tá saindo a cinebiografia de Phil Spector com ele, que promete.
Cara, aposto que é infinitamente melhor que a participação dele em Jack and Jill.. Esse sim dá calafrios…