Aniversário na UTI
25/03/13 07:05Dia 19 de março foi aniversário de um ano de nosso filho, Noel. Havíamos preparado um festão em casa, com parentes e bolo.
Mas os planos mudaram: Noel teria de comemorar seu primeiro ano de vida em um hospital carioca, onde estava internado havia seis dias por causa de uma febre misteriosa.
Misteriosa mesmo: a equipe médica, formada por alguns dos especialistas mais gabaritados da cidade, não sabia explicar a origem da febre. Noel fez hemogramas, raios-x, ultrassom, tomografias, testes de urina e até uma punção lombar para extração de Líquor, o fluido cerebrospinal. Nenhum exame apontou nada.
A cada novo exame, mais assustado ele parecia. Fiquei imaginando o que passa na cabeça de um menino de 365 dias de vida, que é tirado do conforto de casa e levado para um local estranho, onde pessoas que ele nunca viu, todas de branco, o apalpam, apertam, espremem, esticam e furam com agulhas de todos os tipos e tamanhos.
Era desesperador ver a reação dele quando qualquer pessoa de branco – mesmo a enfermeira que trazia o almoço – entrava no quarto: Noel ficava de olhos esbugalhados e começava a gritar, antecipando alguma coisa ruim.
Por volta do meio-dia de 19 de março, Noel estava dormindo. Não tinha febre e havia almoçado bem. Achávamos que o pior havia passado. Muito provavelmente, nos avisaram os médicos, ele teria alta em breve.
De repente, Noel começou a chorar. Sua boca ficou roxa e o rosto empalideceu. Seu corpo começou a tremer e o queixo batia. Parecia prestes a sofrer uma convulsão.
As enfermeiras agiram rápido: aplicaram um antitérmico na veia, colocaram a máscara de oxigênio e colheram sangue. Em menos de três minutos, Noel estava sendo levado para a UTI. Havia sofrido uma aparente bacteremia, uma liberação de bactérias na corrente sanguínea.
Noel passou três dias e duas noites na UTI. Parecia um robô, de tantos fios e cabos que saíam de seu corpo: eram cinco eletrodos no peito, para medição de frequência cardíaca; um oxímetro no dedão do pé, que media a quantidade de oxigênio no sangue; uma tornozeleira que media pressão arterial, e um acesso intravenoso no braço, por onde recebia soro e remédios. Tudo isso saía de um corpinho de 78 centímetros e era ligado a aparelhos.
Ficamos nove dias no hospital. E nada como passar algum tempo andando pelos corredores da pediatria, conversando com outros pais, para colocar em perspectiva a real gravidade de seu problema. Conhecemos uma moça, grávida de nove meses, que daria à luz uma menina dali a 48 horas, dois andares acima de onde sua primeira filha, de três anos de idade, fazia quimioterapia para se curar de um câncer.
Na UTI, Noel se recuperou rapidamente. A febre sumiu. Fizemos mais alguns exames, todos negativos. Ainda não sabemos o que causou a febre. Mais um mistério da medicina.
No dia em que saiu do hospital e viu o sol, pela primeira vez em nove dias, Noel ria à toa. Saiu mais forte do que entrou. Não só ele, mas a família toda.
P.S.: Obrigado por todas as mensagens simpáticas e afetuosas que recebi aqui no blog.
Que bom que tudo passou e ele está bem agora! Tenho um filhinho de 9 meses e, durante o seu relato, senti a angústia que vcs devem ter passado, imaginando se fosse com o meu filho. Leio seu blog todo dia e acompanho vc no twitter mas não nos conhecemos, mas posso dizer que fiquei profundamente feliz de saber que seu filho está melhor e sarou. Abracos.
É nessas horas sombrias que nos deparamos com nossa fragilidade, com nossa essência de vidro. Há dois anos eu fiquei doente, e passei um ano inteiro deitado numa cama. Alguns dizem que se sai desse tipo de situação mais forte. Eu só fiquei traumatizado.
Viu como a gente gosta de você? Vc é resmungão, mal humorado, tricolor…mas tem consideração pelos seus fãs. Muita saúde pro seu filho. No proximo aniversário vc faz uma festona bem bacana, é assim mesmo!
Fico feliz ao saber da recuperação de seu filho. Torço para que turo corra bem com ele a partir de agora. Conheço bem a rotina de UTI infantil e sei como é difícil. Meu filho nasceu com menos de 1 kg e ficou 78 dias internado em uma UTI neonatal. Graças à competência dos médicos que o atenderam, ele conseguiu se recuperar plenamente e sem quaisquer sequelas. Hoje, é um rapazinho de 4 anos de idade, super alegre e inteligente.
Quando você nos traz toda essa angustia com o Noel, me remete ao outro Noel, o Gallagher…Com essa lembrança, ofereço ao pequeno Noel, qualquer uma das lindas músicas composta pelo seu xara. Muita saúde !
Realmente plano de saúde não é luxo. Nunca deixarei de pagar o meu plano! E que bom o moleque já se recuperou. Agora é a melhor parte, recuperação em casa, com a família!!
Como é segunda feira vou fazer um capuccino e botar um Oasis da antiga para comemorar a boa saúde restabelecida do Noel.
André, que bom que está tudo bem com o Noel. Minha mulher é pediatra e trabalha justamente em uma UTI neonatal. Ao longo dos anos, conversando com ela, eu fui ficando um pouco mais acostumado com estas histórias, com os milhares de meninos que vão para a UTI e saem vivíssimos (a maioria) e me fez ficar um pouco mais “cascudo” para esses probleminhas de saúde das minhas crianças (tenho um de 4 e outro de quase 2).
Mas meu amigo, o dia que meu filho mais velho teve uma pneumonia ,nada disso adiantou , fiquei desesperado por dentro ,ao mesmo tentando passar tranquilidade a ele. Encostava no peito dele e ele chorava, falava que tava difícil respirar. Nunca mais quero passar por algo parecido. Por isso imagino como você passou a semana. Que bom que o pequeno Noel está em casa novamente, imagino o alívio e quero dizer que fico feliz por você e sua família.
Barça, camarada! Força e confiança da medicina e na ciência. Só que tem filho sabe o quanto é desesperador ver um filho doente. A gente se propoe a trocar de lugar com ele rapidinho. Vai dar tudo certo!! Abraço!!
Bansky, que bom que o seu moleque ficou bem!
Como é horrivel passar um aniversário na UTI e ser pai e mãe, vendo seu filho por um mal estado é uma agonia que só quem é sabe.
Apesar de te achar um mala sem alça, torci muito para que este epsódio tivesse um final feliz pra todos.
abçs
Um susto que passou. Agora é comemorar esses 365 dias iniciais e os outros muitos que virão. Abraços, Barça!
Caramba, que barra!
Que bom que tudo se resolveu, e agora vocês podem comemorar o aniversário e a saúde do pequeno. Tudo de bom para vocês!
Já fiquei com meu filho internado quase uma semana no hospital, graças a uma severa infecção nas vias urinárias, que por muito pouco não comprometeu um dos rins dele. Foi às vésperas da Copa do Mundo de 2010, tínhamos feito planos para assistirmos juntos o jogo de abertura, que era numa sexta-feira. Mas ele teve de ser internado três dias antes e só teve alta no domingo. Foi uma semana de muita apreensão, muita preocupação, muitas dúvidas, e por mais que os médicos dissessem que não era nada grave, assistir seu filho de pouco mais de três anos, tão frágil, deitado numa cama de hospital, cercado de médicos, enfermeiros, seringas, máquinas de exame, soro, etc., não é tarefa para qualquer um. Mesmo assim, passar seis dias numa ala infantil de um grande hospital, conversar com outros pais e crianças com problemas muito mais sérios que o do meu filho me fez aprender muito. No fim, deu tudo certo e ele acabou tendo alta, está crescendo e se desenvolvendo bem e saudável. E mal se recorda da experiência hospitalar. Desejo, de coração, que aconteça o mesmo com o Noel.
Rapaz, eu lendo este texto e torcendo para que fosse apenas uma ficção, que grande susto, amigo! Que bom que tudo terminou bem.
Caro André, leio sempre seu Blog e a paciência que você pediu foi muito pertinente, leio suas colunas sempre pela mnhã antes de começar a labuta, o tenho como um companheiro e curto as dicas de livros, filmes, músicas e também quando compartilha as experiências da vida ,de coração desejo a você e sua família muita saúde, e que você continue sendo esse amigo das manhãs. Lembranças ao Noelzinho.
Nome maravilhoso. Muita saúde pra todos vocês.
boa, barza. feliz aqui
Bem-vindo de volta! Paz e saúde pra família toda. Abs!
Que bom que terminou bem. Tenho uma menina que vai fazer um ano no mês que vem. Ela está no berçário desde os seis e quase todo mês ela tem algum tipo de virose. E dá-lhe Novalgina pra febre, corticóide, broncodilatador, etc. Não dá pra continuar nessa tocada até ela chegar aos dois ou três anos.
Semana passada nós cansamos dessa rotina e procuramos um homeopata pra tentarmos uma abordagem menos agressiva.
Que bom que tudo deu certo, Barça. Fico realmente feliz, que o pior já tenha realmente passado! Ainda bem que você tem condições de providenciar o atendimento da melhor qualidade, gostaria que todos os brasileiros pudessem ter as mesmas condições. Sou médico e diariamente testemunho o verdadeiro caos em que a saúde pública E privada está sendo jogada…hoje eu tenho medo do que pode acontecer num futuro próximo, não como médico, mas como um futuro usuário…
De qualquer maneira, um grande alívio e torço para que nunca mais passe por isso novamente! Um abraço.
Olha, nunca mais reclamo do preço de plano de saúde…
Realmente, os nossos valores estão totalmente invertidos. E não digo apenas na saúde. Para ficar em outros exemplos, todo mundo paga fortunas para colocar um som potente, rodas caríssimas, pneus gigantes, mas não quer pagar um tostão em abs e airbag. Paga fortunas para comprar um apartamento com vista, varanda “gourmet”, arquitetura linda, mas com paredes feitas de areia da praia…e gasta fortunas na esteticista, cabeleireira, roupas, etc, mas não aceita pagar um valor decente no plano de saúde…e pra piorar o governo a cada dia que passa vai aumentando o número de procedimentos obrigatórios aos planos de saúde, procedimentos caríssimos, sem permitir o reajuste proporcional nos valores. O resultado será a falência de todo o sistema. Isso sem falar no caos instalado no SUS, um sistema perfeito no papel mas totalmente inviável na prática…
Desculpe por fazer esse comentário nessa hora de alívio que vc e sua família estão passando, depois de um susto enorme, fico realmente satisfeito que tudo tenha dado certo, mas acho uma boa oportunidade para discutirmos sobre a situação da saúde.
Mas vc tem toda razão. Infelizmente, é um risco não ter plano de saúde hoje em dia. Depois que saímos do hospital, nosso filho ainda teve de tomar três doses de um antibiótico. Cada dose custou 70 reais, além dos 150 reais que a enfermeira cobrava para aplicá-la.
Isso sem falar nos gastos da UTI em que o seu filho ficou. Dependendo do hospital, e dos materiais e medicamentos usados, cada diária pode facilmente ultrapassar as dezenas de milhares de reais…
A vida não tem preço. Mas tem um custo muito alto…
Barça, se eu fosse escrever tudo o que vejo e sei sobre o que está acontecendo na saúde, dava pra escrever um livro. E não me refiro a historias tristes de pessoas que precisam dos serviços, o que daria outro livro. Me refiro aos bastidores, ao que acontece na gestão, na administração dos serviços, das compras, indicações e uso de materiais e medicamentos cada vez mais custosos, enfim, tudo o que acontece para a situação cada vez mais calamitosa da saúde. Talvez surja a oportunidade ideal…aproveite esse momento gostoso com seu filho, agradeça por tudo ter dado certo, que ele cresça forte e saudável, e que seja muito feliz!
150 mangos para aplicar um antibiótico!!!! ou seja: 150,00 o minuto. Ganha igual o Neymar, não!
(Não sei se minha mensagem anterior foi enviada, segue: Que bom que tudo deu certo, fiquei emocionado com o que li, imaginando meu filho na mesma situação. Que bom que seu filho teve toda a ajuda necessária. Espero que esteja bem!!!)
Desculpa, mas discordo totalmente. Em Dezembro, pouco antes do Natal, meu filho de dois anos passou seis dias em um hospital por uma pneumonia. Foi muito bem cuidado. Atenção medica excelente, um quarto só para ele. Quanto nos custou? Nada. Hospital publico. Nao pagamos nem os remédios. Nos moramos na Espanha. Um pais que vive uma crise económica horrorosa. Por que no Brasil só crianças com plano de saúde podem ter bom atendimento medico? Defendo e sempre defenderei a saúde publica. André, me alegro muito que seu filho esteja bem. Só quem passou por isso sabia angustia que é.
Rosane, claro que, num mundo ideal, a saúde pública teria de ser excelente. Infelizmente, quem depende de saúde pública no Brasil está lascado. A verdade é essa.
Saúde é obrigação do estado. Em qq lugar do mundo decente é assim. Se o sus não funciona aqui é por incompetencia e falta de interesse político. Quer dizer que o prezado Dr. acha que os seguros de sáude deveriam entao ser mais caros?
Claro que é obrigação do Estado. Mas no Brasil não funciona. Ninguém disse que os planos privados precisam ser mais caros, mas que, no fim das contas, não ter um plano é um risco, o que é verdade.
Oi André, concordo com vc. Estou respondendo ao César q disse q o Governo não deixa os seguros de saúde repassarem os preços para os segurados. Como se fossem muito baratos!
Barça, também tenho filho pequeno e sei a dificuldade de se estar em um hospital cuidando de um filho. Muita força para vocês e que daqui a pouco ele possa estar ótimo e participando das gravações do Garagem. Abraço
Que susto, amigo… sua ausência coincidindo com as enchentes no Rio já me deixaram com medo de uma coisa ter a ver com a outra… melhoras prá ele… entendi que ele melhorou, mas que isso em breve seja só uma memória, e que com o tempo seja possível rir disso. Abração, André…
Poxa André, quando vi o pedido de paciência já imaginei se poderia ser algo relacionado a hospital… Que bom que o Noel já está em casa! 1 beijo pra ele!
André, de agora em diante só felicidades, risos e muitas descobertas na vida do Noel! Todas as boas energias pro seu garoto! abçs!
É uma chacoalhada,o chão some mesmo…Felizmente está tudo bem.Após um transe desse nossos sentidos parececem desembotar um pouco e apreciamos melhor o que realmente importa.Tudo de bom.
Barcinski,
Por favor, manda os parabéns pra Noel!
P.S: sou só um leitor, mas fiquei muito feliz em saber que sua família está bem.
*por saber
Também tenho um filho de 1 ano e imagino a barra que você enfrentou.
Engraçado que pelo fato de lermos seu blog diariamente, é como se nos conhecêssemos e fiquei realmente preocupado sem saber o motivo do seu afastamento daqui e do Twitter.
Que o pequeno Noel se recupere 100%.
A considerar a inocência de um anjo ainda em tenra idade, parece nos abandonar a ideia de que a justiça envolta na natureza das coisas não falha. Ledo engano. Por mais que relutemos, há sentido em tudo, ainda que a nossa consciência reduzida (e entorpecida pelo evento) não consiga assimilar. Força ao Noel, a essa altura já um guerreirinho poeta.
Graças a Deus, o desfecho da história foi feliz! Boa sorte, André! Abraços!
Pensei a mesma coisa. Depois que li o primeiro paragrafo ja fui direto para o ultimo para ter certeza que o garotinho estava bem.
Minha irrestrita solidariedade a você e sua família, André! Deus dê saúde e vida longa ao pequeno Noel e que esse susto não se repita nunca mais!