Se você não esquece os anos 80, a culpa é de Russel Mulcahy
02/04/13 08:07Eu sei, o horário é ingrato, mas é para isso que existe o botão “REC”, não é mesmo? Amanhã, quarta-feira, às 16h, o canal BIS reprisa o documentário “Video Killed the Radio Star” sobre o diretor australiano Russel Mulcahy. Para quem se interesse pela história dos videoclipes, é imperdível.
Cinéfilos conhecem o australiano Mulcahy da série de filmes “Highlander”. Meu filme predileto dele é “Razorback”, um terror trash sobre javalis gigantes que atacam moradores do deserto australiano. Gostei tanto que vi duas sessões seguidas no saudoso Cine Marrocos, em São Paulo.
Antes de ficar famoso com “Highlander”, Mulcahy foi um requisitado diretor de videoclipes. No início dos anos 80, só dava ele: dirigiu uma penca de clipes – ele calcula mais de 400 – para Duran Duran, Elton John, Billy Joel e Rolling Stones, e fez clássicos absolutos dos primórdios da MTV, como “Bette Davis’ Eyes’ (Kim Carnes), “True” (Spandau Ballet), “Total Eclipe of the Heart” (Bonnie Tyler), “The War Song” (Culture Club), “Turning Japanese” (The Vapors), entre outros.
O primeiro videoclipe exibido na MTV, em 1981, foi “Video Killed the Radio Star”, do Buggles, dirigido por Mulcahy.
O programa é divertido demais. Mulcahy é uma figuraça e fala sem rodeios sobre os problemas que teve nas filmagens. Conta que Rod Stewart estava tão bêbado nas filmagens de “Young Turks” que se trancou no camarim e só saiu quando Mulcahy concordou que ele filmasse de óculos escuros, para esconder a ressaca.
Quando fez o clipe de Kim Carnes, “Bette Davis’ Eyes”, Mulcahy atraiu a atenção de muita gente de cinema e publicidade. Ele conta que, um dia, sua secretária lhe deu um recado: “Russel, Steven Spielberg ligou para você, eu disse que você estava ocupado e que ele deveria ligar depois!”
Às vezes, o estilo ousado de Mulcahy não batia com a preferência dos artistas. O diretor, que era amigo íntimo de Elton John e Freddie Mercury e gostava de “apimentar” os clipes com imagens de homens musculosos com pouca roupa, conta que sempre dava um jeito de incluir “uma pitada de tensão homoerótica” em seus vídeos. Mas quando Bonnie Tyler viu uma cena de “Total Eclipse of the Heart” em que vários rapazes sem camisa são atingidos por jatos d’água, chamou Mulcahy de “pervertido”. “Daí, um ano depois, ela me liga e pede para eu dirigir seu novo clipe”, diz Mulcahy. “Mandei ela se foder!”.
Mulcahy conta também como um acidente quase decapitou Stevie Nicks, do Fleetwood Mac, durante as filmagens do clipe de “Gypsy”, e outro acidente quase afogou Simon Le Bon, do Duran Duran, nas filmagens de “Wild Boys”. Le Bon diz que não lembra ter passado tanto perigo assim, mas depois pensa bem e diz: “Mas eu estava tão chapado naqueles dias que não me lembro muita coisa.”
Os clipes de Russel Mulcahy trazem um futurismo que hoje parece ridículo e cafona, mas que nos anos 80 era a coisa mais moderna e inovadora que havia na TV. Vale muito a pena ver o documentário e lembrar.
Um detalhe: é muito engraçado ver como o canal Bis traduziu para o português o nome de seu concorrente, a MTV: “canal de música”.
Quanto a esses vídeos dos anos 80 nunca gostei muito. Sempre achei uma década cafona.
Até dois de meus artistas prediletos, Neil Young e o Ramones fizeram um monte de besteira na década de 80. Começou a ficar bom no final quando NY fechou com Freedom (1989) ( e emendou com Ragged…) e o Ramones fechou com Brain Drain (89).
Lógico que não podemos descartar tudo deles que foi feito nos 80.
Eu tive a infelicidade de só ter visto Razorback em VHS. Nunca vou esquecer a fotografia e a tensão. Os 10 primeiros minutos, até aparecer a sombra do javali que invade a casa, são espetaculares.
Assistí há um ou dois anos atrás ! Belo documento e, no mínimo, hilário.
Multishow exibirá show do Pearl Jam :
http://g1.globo.com/musica/lollapalooza/2013/noticia/2013/04/show-do-pearl-jam-no-lolla-vai-ser-exibido-no-sabado-diz-multishow.html
Pearl Jam fechou com chave de ouro o Lollapalooza Brasil, porém, a banda não permitiu que o Multishow fizesse a transmissão ao vivo do seu show. Mas após a mobilização dos fãs nas redes sociais, o PJ permitiu que o canal passasse seu show uma única vez no dia 6 de abril às 21h30.
O Multishow transmitiu a maioria dos shows do Lollapalooza ao vivo, seja pela TV ou pela internet. O Pearl Jam apenas manteve sua posição em relação ao assunto e negou o pedido do canal.
Pra quem não foi ao show, essa é a única oportunidade de conferir a apresentação dos caras pela TV: dia 06 de Abril, às 21h30, nos canais 42 e 542.
Tá bom. Foi por causa da “mobilização” dos fãs. Demais, esse eddie vedder, que cara supimpa!
Super 10.
Assisti ontem a noite. É muito divertido. Highlander eu sou viciado até na série de TV.
Senti um certo veneno escorrendo no canto da boca no final da matéria =P
Off Topic,
que vc acha desa amostra de cinema? tem algo a comentar desses filmes?
Sesc – CinePrive
http://guia.folha.uol.com.br/cinema/1255659-filmes-censurados-e-polemicos-estao-em-mostra-sobre-erotismo-no-cinema.shtml
Abraço
Boa indicação, esse episódio do Video Killed the Radio Star é ótimo mesmo. Outro episódio desse programa que achei muito bom é sobre um cabeludo que dirigiu vários clipes das bandas de metal e hard rock no início dos anos 90 (dirigiu November Rain do Guns e Enter Sandman do Metallica que são duas obras primas).
Dei uma pesquisada no nome do cara: Wayne Isham. Mas, na verdade, ele não dirigiu o November Rain. Por outro lado, ele dirigiu 18 and Life do Skid Row e Dr. Feelgood do Crue que também são bons videos.
André, o Russell, além da capacidade, teve a sorte de aparecer num momento em que o videoclip, e a MTV estavam começando a surgir e ganhar respeito enquanto forma de expressão artística e sua forma de filmar com certeza foi influência para os outros diretores das décadas seguintes!!!!!
E viva os clipes do Fantástico!!!!!!
Não vivenciei os anos 80 (nasci em 83), mas isso não me impediu de ter curtido todos esses clipes e canções na década seguinte, e de aprender a adorar o pop daquela época. E isso inclui os nacionais.
Por isso, acho que entendo um pouco a nostalgia dessa década.
Razorback era meu filme favorito pra usar no stop.
“Video Killed the Radio Star” essa letra e muito triste, adorava essa musica.
Se não esqueço os anos 80, a culpa é da Magda Cotrofe.
Era pura criação, na veia, nada de digitalização, obra artesanal, jamais teremos isso novamentearte pura!!!
Prefiro os videoclipes do Anton Corbijn. Aquele do Front 242 sempre me pareceu coisa do David Lynch.
“A question of time”… sempre penso na estética deste clipe quando customizo minhas motos.
Control… Atmosphere… demais! Anton é demais mesmo!
Realmente, foi uma era sensacional, clips maravilhosos, hoje só temos cantoras balançando o traseiro ou vestimentas bizarras, e não to falando de clips nacionais não, que sempre foram sem imaginação e criatividade, to falando de Gagas, Beyonces e cia, anos 80 foi o Top dos clips, quem tiver oportunidade, assista, imperdível!
Clipes nacionais, “sem imaginação”? Quanta ignorância, Batman!
Clipe nacional sem imaginação? Pegue os da fase Fantástico e você vai pirar meu amigo. Raulzito, Eduardo Duzek, Blitz…só tem pérola!
Barão Vermelho – Eu queria ter uma bomba!
A cena das batatas fritas no varal é clássica demais!
esse documentário ja mereceria ser visto se o tema fosse apenas “total eclipse of the heart, uma das coisas mais bregas de todos os tempos. ponto pro BIS, q tem exibido documentários muito bons, como o “napalm” (q vc sugeriu aqui) e gostei bastante tb do programa sobre o júlio barroso.
Não tenho botão rec em casa desde quando o meu video cassete pediu arrego há uns cinco anos. Vou tentar ver na reprise de qualquer forma que essa série é muito boa.
Um dos vídeos mais representativos da época, na minha opinião é “Rio” do Duran Duran dirigido por ele. Tem uma estética meio comercial de Shampoo ou creme dental, mas é bem divertido!
E foi filmado em Antigua!
O Le Bon sempre cita a parte do telefone, que o cabo é puxado e ele cai na água…
… o interessante de muitos destes clipes eram feitos de improviso, sem roteiro.
Simplesmente imperdível.
E não, eu não esqueço os anos 80.
Isso é um documentário longa metragem ou é um episódio de meia-hora daquela série de mesmo nome que passa também nas madrugadas do VH1?
Tem 1 hora, acho.
É um episódio da série da VH1. Vale a pena.
Excelente artigo, André…
Eu sempre achei os clipes dele muito legais.
Além disso, highlander é um dos meus filmes “pipoca” preferidos.
Pô, Barça, na verdade naquela época eu já achava cafona aqueles clipes, viu.
Para piorar, a Globo usou muito deste conceito na sua programação, nas aberturas do Fantástico, videoclipes do Balão Mágico, etc – o slow motion, a coreografia, eram iguais.
A Globo fincou isto por muito tempo, dando a impressão de sempre ser anos 80.
Pasmem, isto até me fez relembrar uma cena que me perturbava na infância, neste clipe da Bonnie Tyler aquele cara extraterrestre com olhos brilhando cantando “turn round, bright eyes”!!!
Quantos anos vc tinha no início dos 80? Eu tinha 15 e achava os clipes sensacionais.
Kakakakaka, estamos falando de CLIPS, e não show em aberturas de programas da plim pliim, estamos falando do monstro dos clips, coisa de gente grande, o caretinha deve ter assistido só esse clip!!
Elisa, vc já viu os clipes do “Fantástico”? Veja “Gita”, feito em 1974 por Cyro Del Nero. É uma obra-prima.
Elisa, gostei deste termo ‘caretinha’, rsrs, mas não, não me representa, rsrs
Então, eu tinha 15, só que em 85, e apesar de fascinado pelos anos 80 até hoje, principalmente na música e no entretenimento da época, eu achava um contraste quando me deparava com estes clipes, por que eu não manjava inglês, e a ideia futurista justamente dos clipes destoava daquela que a música me passava.
Além disso, este termo “homoerótico” veio a calhar para o argumento; eu não curtia esta linha, que ainda era um tabu para eu assimilar.
Mas não que os clipes não sejam sensacionais, por exemplo, conferir num ônibus numa viagem distante não tem coisa melhor. E eu já fiz isso aos montes. O de ‘Betty Davis Eyes’ é muito fantástico.
É, mas o que a Globo não copiou nos anos 80?
Fantástico começou a fazer clipes em 1973!
André, me corrija se eu estiver errado…
Guita não foi o primeiro clipe colorido da Rede Globo???
Não, foi o segundo. O primeiro foi da Sônia Santos.
Passa na vh1 também, toda semana, cada dia focado em determinado artista de Duran Duran a Megadeth
Caramba, André! Vi ontem e pensei: “Se o Barcinski ver, ele vai escrever sobre isso”. Na verdade, é uma série. E a cada semana rola um diretor diferente falando sobre seus clipes.
Boa dica!!
Vamos curtir o programa.
REC nele!
Também rola na VH1, já teve ACDC, Megadeth…não sei se é o mesmo programa, mas tem o mesmo nome.
Vi a entrevista do Le Bon onde ele dizia que as pás da hélice estavam girando rápido demais e que ele mal tinha tempo de tomar ar.
Engraçado que sempre que leio a frase “video killed the radio star” lembro do Roy Orbison (cantava demais porém a imagem não ajudava) e em segundo plano do Queen, por causa de Radio Ga Ga.
O diretor, que era amigo íntimo de Elton John e Freddie Mercury e gostava de “apimentar” os clipes com imagens de homens musculosos com pouca roupa, conta que sempre dava um jeito de incluir “uma pitada de tensão homoerótica” em seus vídeos. Mas quando Bonnie Tyler viu uma cena de “Total Eclipse of the Heart” em que vários rapazes sem camisa são atingidos por jatos d’água, chamou Mulcahy de “pervertido”.
Comédia demais…