“Robert Smith mandou champanhe para o camarim!”
09/04/13 07:05Meu amigo Elson Barbosa, baixista da banda Herod Layne, achou que era um trote: “Vocês não querem abrir a turnê do The Cure no Brasil?” dizia o e-mail. Pedi ao Elson para escrever um texto contando a bizarra e inesperada aventura de sua banda com o Sr. Robert Smith e cia. Aí vai o relato dele:
“Do nada, chegou um email da produtora: ‘Retornar contato urgente referente a dois shows em abril’. ‘Essa produtora é das grandes’, pensei. ‘Deve ser engano’. Daí o surrealismo no reply – ‘Abrir shows do The Cure no RJ e SP. A Herod Layne teria interesse?’ Depois de nos certificarmos que não era trote nem algum esquema pay-to-play, acertamos tudo em três emails. O surrealismo só aumentava – O crivo teria sido do próprio Robert Smith, que faz questão de escolher pessoalmente as bandas de abertura dos shows do Cure. Não entendemos até agora como chegamos até ele, mas a festa foi maior que a dúvida.
Pegamos a van na quinta-feira de manhã (4/4), rumo ao Rio de Janeiro. O motorista era um figuraça – ex-puxador de samba do Salgueiro, sobrinho de Gérson, o Canhotinha de Ouro e compadre do Zico. No caminho esquematizamos toda a estratégia de guerrilha para otimizar os poucos minutos que teríamos de setup, sempre pensando no pior – banda de abertura é sempre a que mais sofre. Mas não – tivemos tempo razoável de passagem de som, iluminação, camarim, uma equipe nos tratando como uma banda grande. ‘Tô com a diretoria!’, dizia o motorista ao telefone.
Cerca de meia hora antes de entrarmos, Robert Smith apareceu para uma rápida visita no camarim. Cumprimentou a todos, conversou amenidades, disse que nos escolheu pelo material que ouviu e assistiu na internet, e que estava ansioso para ver nosso show. E ainda nos mandou de presente garrafas de vinho e champanhe. Dá pra desenvolver aqui – Não sei de nenhuma outra banda do porte do The Cure que faça algo próximo disso. Que se preocupe em se aproximar de bandas pequenas, apoiar, ceder espaços, ser cordial e gentil. Ele não precisa fazer isso. Faz porque quer, porque gosta, porque sabe o quanto o aval dele muda toda uma história.
Em São Paulo, no sábado (6/4), a história foi semelhante. Uma mega-estrutura de palco digna de um festival, toda uma equipe de prontidão para nos ajudar. Durante a nossa passagem de som, Robert Smith tirou uns minutos para visitar o camarim da Lautmusik, banda de Porto Alegre que abriria a noite, também escolhida por ele. Soubemos que a cordialidade foi a mesma, sobrando vinho e champanhe também para o nosso camarim. O brinde com as duas bandas juntas foi um dos pontos altos da noite.
Sobre os shows, causamos a reação que esperávamos – Apatia vencida por nocaute. Até pensamos em facilitar para o público do Cure, pegando um pouco mais leve. Mas quando divulgamos o show, todos os amigos da banda e do nosso selo Sinewave demandavam por barulho. Isso nos fez mudar de ideia e escolher o set mais barulhento possível. Perderíamos o fã de ‘Boys Don’t Cry’, mas a diversão seria certa. Funcionou – Amigos comentaram que viram mãos no público rejeitando a banda nas partes calmas, e diversos punhos cerrados nas partes pesadas. No Twitter e Facebook, reações indo de ‘porcaria’ a ‘puta banda fodida’. Noise era o caminho, afinal.
Já o The Cure no palco é outra história. Mandaram uma quantidade impressionante de hits, abrindo espaço para testar os fãs menos hardcore com faixas desconhecidas de álbuns mais recentes. A voz de Robert Smith continua impecável, e Simon Gallup parece ter uns 20 anos a menos, tamanha a energia no palco. São poucas bandas que sobem até esse patamar. ‘Shake Dog Shake’, ‘One Hundred Years’ e ‘The Kiss’ foram matadoras.
Ao final do show do Cure, fomos até o camarim deles para agradecer por tudo. Trocamos ideia com Simon Gallup e com o próprio Robert Smith. Com uma atenção fora do comum, pediu instruções de como fazer uma caipirinha com a cachaça que mandamos de presente. Nosso guitarrista, um moleque mais novo que o ‘Disintegration’ (LP do The Cure, lançado em 1989), chorava diante do ídolo, recebendo um abraço apertado de despedida. Não tem como Robert Smith ser mais cool que isso.”
Abrimos o show do Green Day, aqui em Brasília. Eles foram completamente o oposto do Smith. Completamente…
Elson e o Herold Lane sempre fizeram música com verdade.
E é isso que conta qndo algo como isso acontece.
Não tem erro. Arte feita com honestidade rende bons frutos.
Foda e longa vida ao Herold Lane
As músicas do The Cure mexem com a cabeça, para bem ou mal. Escutem a música Untitled ou Disintegration (do álbum Disintegration). Filosofando um pouco, as músicas te fazem ir ao fundo do poço e refletir. Aí escuta In Between Days (outro musicaço). Vai se perguntar: porra, esses caras estão me zoando!
Tenho os vinis The singles, hot hot hot e Desintegration. São fantasticos, e é muito bom saber que um cara com esta bagagem esta interessado em ouvir e dar um empurrão em bandas novas.
Agora um comentário fora do contexto: O Robert Smith esta parecendo o boneco do daquele filme jogos mortais
cara, lindo depoimento.
Pena q desenvolvi uma enorme “fobia” ( se não me engano “agorafobia”) de locais com muita gente
Vi o show no Rio. De fato, a banda de abertura é muito boa. Bela imagem: o pessoal na pista indo e vindo dos “quiosques” como num “buffet” de churrascaria. Já passei dos 50, The Cure nunca foi uma banda muito ouvida por mim, mas o espetáculo foi admirável. E fui por causa da minha filha! amsl
eu estava la, no gargarejo, as duas noites…AMEI as bandas de abertura…..e muito mais HEROD LAYNE…obrigado , turma pelas noites memoráveis…!!!!
Que historia bacana essa.Sabia que ele era uma pessoa,fora da musica,sem frescuras e inteligente,mas não sabia que poderia ser tão simpatico!Fiquei emocionado até,muito bacana a iniciativa.Da banda não preciso dizer mais nada,uma amiga foi no show em SP e amou.E ela viu tudo,sem ir no bar!
Porra, ouvi o show de abertura e pirei. Puta som. Mas não entendi o nome da banda.
Valeu Barcinski, valeu Herod Layne! Shows fodas e noite memorável!
qual a marca da cachaça que ele deu pro Bob?! Barça, vc poderia fazer um post só de entrevistados malas e legais que ja passaram contigo! aquela do Prince, que vc contou no Jô, e a do Bon Jovi são sensacionais!
Profissionalismo exemplar’ nao eh a toa que fez um set longo, querendo dar o melhor ate para quem nao merece, como os analfabetos que vao aos shows para falar com os amigos ao inves de interagir com o espetaculo. Artistas de rap tambem sao uns malas, nos EUA gostam de humilhar e ostentar, no Brasil dao entrevista na periferia regada a tubaina, depois entram na van do empresario para ir para casa em bairro nobre.
É muito bom ler um relato desses de um dos grandes nomes do rock, como Robert Smith.
O The Cure, além de entender como poucos de música, sabe se comportar com dignidade – e tratar outras bandas com respeito.
Parabens Elson !!!… e vida longa ao The Cure !!!
Eu achei que a banda tem grandes músicos, mas nenhum carisma, parecia que cada um estava tocando e se divertindo no seu próprio mundo e o público não tinha sido convidado a entrar.
Pena que o show foi no horrível Anhembi. Pode descer o John Lennon e o Elvis na Terra que se for no Anhembi eu não vou!
eu não sei como eles tem coragem de chamar aquele chiqueiro gigante de “Arena”…
Fiquei besta com a história toda. Parabéns para as bandas nacionais que foram escolhidas e, obviamente, para o povo do Cure. E para o Barça, por veicular a história. Sensacional.
Que esta passagem do Cure sirva de exemplo aos novos nomes da cena brasileira, e aos antigos também, não somente por representar algo a ser seguido profissionalmente (palco, dedicação, perfeccionismo, competência e respeito ao público) mas, principalmente, por demonstrar que ser famoso não é sinônimo de babaquice, antipatia e “cara de tédio”. Música boa não tem idade nem época pra ser capaz de lotar espaços e encantar gerações diferentes. Ao contrário de inúmeros caça-níqueis que caem por aqui só pra descolar uns (bons) trocados, o Cure é uma instituição composta de genialidade e carisma. E isso é atemporal!!!!
Parabéns às bandas de abertura. Fiquei bem impressionado com o trabalho de vcs em cima do palco e estou começando a descobrir um pouco mais!
Que relato sensacional.
Você que é amigo do Elson, faça o favor de pedir pra ele liberar o grupo BIZZ do facebook. Além de não poder ler as discussões, já enviei varios pedidos para participar do grupo, todos negados. Meu perfil não é fake, e varios amigos meus estão com o mesmo problema. Peço mais flexibilidade!! Desculpe ter de dizer isso aqui, mas o BIZZ do facebook é mais fechado que a coréia do norte.
Não tenho FB e quero que se exploda.
Você não estar lá é um motivo a mais para que eu participe.
Cara, eu também não, nunca tive, e nunca terei. Perda de tempo avassaladora.
No trampo, vejo as pessoas se idiotizando, lendo as piadinhas, as gracinhas, a foto da noitada, a secretária ri de algo estúpido e o telefone toca e toca e toca, o patrão entra na página do fuckbook e as namoradas dele uma briga com a outra, filhinho do patrão ãpilouda as fotos da motocross que acabou de comprar, ri das gracinhas low brow e come as pelinhas da unha. Fuckin’ disgusting.
O Zucka vai viver uns quinhentos mil anos no inferno, só pelo tempo que eles fez as pessoas do mundo inteiro enfiarem no tóba, quando sair de lá as larvas serão os seres dominantes do mundo.
É bem por aí.
Uma coisa que me irrita mortalmente é as frases atribuídas a famosos. Pricipalmente Arnaldo Jabour, L.F. Veríssimo, Renato Russo…Colocam frases na boca dos coitados, coisas que eles nunca diriam.
huahuahauhauahuhuaauha…boa ! ! !
Twitter também é uma bela perda de tempo.
Tanto que vc usa, certo?
Opa, me manda uma DM que eu vejo lá!
Barça, sem medo de errar, manda um top 5 de artistas daqui ou de fora do Brasil em que este texto vai encaixar que nem uma luva.
Com ironia ou sem?
“com”, obviamente né Barça!
Artistas menos “Cure” que já entrevistei: Chili Peppers, Sean Combs, Whitney Houston, Mariah Carey e Tool.
Conta essa história do Peppers, Barça!
E o Billy Corgan? ehehehe
O que rolou com o Tool?
Diz que Paula Fernandes é muito “Cure”. hehe
Mas também:Puff Daddy,Mariah Carey e Whitney Houston sempre foram baluartes da chatice e arrogancia.
Por favor, misture tudo que os leitores vão tirar suas conclusões (ou dúvidas!!!)
Po Andre, agora voce deixou com agua na boca. Se tiver tempo, conta pelo menos essa do Chilli Peppers. Abs.
São uns babacas, antipáticos, fazem questão de deixar todo mundo desconfortável. Tenho um amigo que foi a Los Angeles fazer uma entrevista pra TV com os caras, e nem pôs no ar, de tão agressivos e estúpidos que foram.
“Não tem como Robert Smith ser mais cool que isso”. Simples assim.
ISSO é uma banda de verdade! Simples assim.
André, conheço o guitarrista do Herod Layne e vou fazer uma matéria justamente como essa sua aqui, no meu blog. A história que ele me contou foi praticamente a mesma! Muito incrível essa atitude do Robert Smith! Deviam haver mais exemplos assim no mainstream!
O Lippaus? É o moleque mais novo que o “Disintegration” que eu citei. Um pequeno geninho. O Fernando do Floga-se fala do “wow crazy boy” que ele ouviu dos técnicos do Cure nos momentos de freak-out:
http://www.botequimdeideias.com.br/flogase/herod-layne-e-lautmusik-bandas-pequenas-no-mundo-das-grandes-parte-2/
“Deu pra entender que o Cure é uma grande banda porque é formado por grandes pessoas, que se interessam genuinamente por outras pessoas além delas próprias”. Sensacional isso.
Isso mesmo, o Lippaus! Ele morava aqui na miinh cidade, Indaiatuba…
Caro André,
Fiquei frustrado do The Cure não ter vindo à BH…
Fala André, é o Bolinha, do CSB.
Cara, não imaginava ver você curtindo o Cure, eu sim que era mais apegado aos apelos pop/dark da época e fanático pelos caras, Siouxsie e afins… …quando fomos fazer nossas guitarras na Praça Tiradentes, lembra? rsrsrs. A tua era de metaleiro, a minha era mais nesse estilinho…rsrs. Enfim, grata surpresa saber que você curte os caras. Saudades do amigo!! Amanhã vamos pra cima, mesmo desfalcados!!!
Abs,
Bola.
Bolinha! Muito legal te ver por aqui! Tô tranquilo pra amanhã, se não for difícil, não é o nosso time! Abração!
Tô sempre na área! No twitter também.
Verdade, se for fácil não serve pra nós. Anota meu email e vamos manter contato!!!
Abs
Parabéns pelo texto. The Cure sempre será uma das minhas bandas prediletas. O show que assisti em 2008 foi umas das experiências mais incríveis da minha vida.
Cara, estou emocionado com o relato, valeu. Em tempos de celebridades vazias… o Robert Smith é o avesso disso… puta cara.
A propósito: cara essa pista vip é nojenta… faz com que o fundo, a pista comum, fique parecendo uma churrascaria, onde a banda toca e a galera fica passeando ou comendo, com um som de fundo.
O The Cure merecia uma casa fechada, com uma acústica melhor.
dia 19 de abril estreia o remake Evil Dead.
Seria legal você falar um pouco sobre os filmes de terror atuais e conferir esse ,para nos dar a dica. Me parece bom. Creio que o Mojica vai adorar.
Cara, totalmente off topic mas eu também estou ansioso por este filme. O original é meu clássico de terror numero um, até vou assistir o DVD de novo antes de ir ao cinema. Os primeiros relatos dos americanos sobre o novo tem sido controversos. Alguns fãs hardcore detestaram e outros gostaram. Chega logo dia 19 rs!!
Isso é o que faz grandes artistas se tornarem cada vez melhores.
Me fez lembrar da comparação de entrevistas que você fez entre a PJ Harvey e o Marcelo Camelo…