Filme conta a vida curta e trágica do Morphine
11/04/13 07:05Às vezes, você precisa de um empurrãozinho, uma desculpa, para redescobrir certos artistas. Foi o que aconteceu aqui em casa dia desses: depois de vermos “Cure for Pain – The Mark Sandman Story”, documentário sobre a vida de Sandman (1952-1999), líder do grupo Morphine, tiramos os CDs da estante e passamos os últimos dias lembrando como era boa aquela banda.
O fim da vida de Sandman não é segredo: em 3 de julho de 1999, ele sofreu uma parada cardíaca em cima do palco, na pequena cidade italiana de Palestrina, e morreu. Sua morte acabou com a carreira do Morphine, que estava no auge do sucesso indie.
Quando o Morphine surgiu, no início dos 90, parecia uma aberração: em plena era do grunge e das guitarras distorcidas, ali estava um trio de jazz-rock formado por saxofone, baixo de duas cordas e bateria. Sandman tocava baixo e cantava letras existencialistas e crípticas, claramente influenciadas pela poesia dos beats.
Confesso que não levava muita fé no filme. Não sabia nada sobre a vida pessoal de Sandman, e a carreira do Morphine havia sido muito curta – menos de sete anos – para merecer um documentário. Por sorte, eu estava erradíssimo: dirigido por Robert Bralver e David Ferino, “Cure for Pain” é um filme bonito e melancólico, que revela detalhes fascinantes sobre a vida de Sandman.
Sandman tinha dois irmãos e uma irmã. Ele era o mais velho e tomava conta do caçula, Johnny, que tinha paralisia cerebral. Num período de dois anos, a família Sandman sofreu duas tragédias: Johnny e o irmão, Roger, morreram. Isso abalou Mark, que decidiu abandonar tudo e sair pelo mundo.
Por sete anos, Mark Sandman vagou pelo planeta: foi pescador de atum no Alasca, trabalhou em plantações de maconha na América Central, e acabou no Brasil. O filme mostra vários cartões postais que ele enviou dos lugares que visitou. Dá para ver um da praia de Torres, no Rio Grande do Sul, e outro do Rio de Janeiro.
No filme, a mãe de Mark conta que ele ficou doente no Brasil e decidiu voltar aos EUA e montar uma banda. Não fica claro que doença ele teve em terras brasileiras. Que intrépido repórter se habilita a rastrear os passos de Sandman no Brasil e contar essa história?
O filme traz depoimentos de amigos e colaboradores de Sandman, como Josh Homme (Queens of the Stone Age), Les Claypool (Primus), Ben Harper, Mike Watt, Chris Ballew (Presidents of the United States of America) e Dicky Barrett (The Mighty Mighty Bosstones), entre outros.
Por enquanto, “Cure for Pain” pode ser achado no Cine Torrent. Recomendo demais. Não só é uma história pessoal marcante, mas fala de uma banda especial e que merece ser redescoberta.
P.S.: Sensacional: acabo de receber o e-mail de uma distribuidora portuguesa que detém os direitos do filme. Vejam se alguém consegue ajudá-los:
Temos tentando, sem sucesso, encontrar um parceiro no Brasil que esteja interessado em fazer a distribuição de DVD, TV e Video on Demand. Será que nos podia aconselhar alguma empresa e/ou contactos de potenciais interessados? O DVD sai em Portugal este mês.
VIGÍLIA, LDA
Web: www.vigilia.pt // www.facebook.com/vigiliafilmes“
É, realmente, a carreira dos caras foi muito curta. Apenas mais ou menos um ano a mais que a dos Beatles.
E? Isso não qualifica como “curta”? Não entendi a comparação.
Me lembro de um comentário postado sob um vídeo do Morphine no YouTube que dizia algo como: `por causa dessa banda tenho um sax de 1,5 mil dólares no armário e um carro de quatrocentos na garagem`.
Fala, Barcinski. Esse doc foi exibido no In-Edit do ano passado. Vi na Cinemateca. O Morphine tambem tocou aqui em 2012. Foi na Virada Cultural, as 4 da matina. Eram os tres membros (o saxofonista e os dois bateras que passaram pela banda) mais o Jeremy Lyons no baixo e vocal. Foi um tributo muito bonito. Pegue os videos no YouTube.
Legal, Zé Flávio, não lembrava que o Morphine tinha tocado aqui, valeu pelo toque. Abraço!
Caraca, que coincidência, hoje mesmo que ouvi o “Cure for Pain” e o “Yes” na sequência abro esse texto. Vou procurar o filme agora mesmo. André, você conhece uma banda chamada Beat Farmers? É espetacular, e tem uma história similar, o baterista Country Dick Montana morreu de ataque cardíaco durante um show. Existe um documentário sobre a banda chamado “Pay Up, Cheaters!” que dá pra ver por aí. Dá uma conferida.
Não conhecia, e já gostei pela formação: sax barítono? que bizarro!
Banda do caralho.
Achei que era do Mark Sandman, esse aí eu não conheço.
Banda do caralho é a do Marcelo Nova.
Recentemente ouvi o CD Yes e cada vez mais penso que Morphine é essencial e eterno. A obra da banda ainda é bastante depreciada pelos meios de comunicação especializados.
Algumas pessoas são assim, surgem para dar um pouco de classe ao mundo.
Nao consegui ler todos os comentarios, porem,
Posthumous projects (1999–present)
Dana Colley performing with the posthumous Members of Morphine project in 2011
Within a year of Sandman’s death, Colley and Conway created Orchestra Morphine, a group of Sandman’s friends and colleagues who toured to celebrate the music of the band and to raise funds for the Mark Sandman Music Education Fund. Orchestra Morphine mostly performed music from The Night, but also included some other Morphine and Hypnosonics material as well.
Mark Sandman morou em Niterói nos anos 80/90.
Chegou a tocar com a galera local em algumas jams. Em uma entrevista na finada Bizz, ele foi perguntado sobre o que gostou mais em sua passagem pelo “Braza” foi categórico: Praia e pastéis de camarão!
Legal, não sabia, valeu pela info.
Sensacional!!! Sempre fui fã do Morphine. Há muito tempo estou pra te perguntar da banda, pois nunca li e ouvi (no Garagem) vocês falarem ou tocarem a banda. Achei que não curtiam o som. Essa banda embalou maus e bons momentos da minha vida. Vou procurar o documentário.
Tenho alguns CDs do Morphine, que foram distribuídos aqui no Brasil pela Trama e eram encontrados a preço muito barato. Mas a banda não me pegou, deixavam muitos espaços entre o baixo (2 cordas apenas) e o sax. Quem estava acostumado com guitarras incessantes… Ouvindo mais atentamente, quem sabe mudo de idéia.
André, valeu pela dica e tomara que o doc saia mesmo em português, nem que seja o de Portugal, mas fazendo um OT: semana passada estive no Rio e como vc escreveu, o transporte público de lá, incluindo ônibus, trem, metrô é uma piada, num domingo peguei o 170 (São Conrado – Rodoviária) e sério, quase que o motorista atropela dois ciclistas, bate num táxi e passa por cima de uma grávida (isso pq eu fui apenas da Lagoa até a Glória), imagine o que ele fez antes ou depois…
Já peguei muito o 170, é um terror.
Sou fã do conjunto e vi no Festival IN-EDIT do ano passado, em São Paulo.
E o Ben Harper mostrando o riff na slap guitar dele? Sensacional!
Alguém ajuda o nosso amigo gajo aí, fazfavor!
Caro André,
Pra quem não “Cure For Pain” é tambem o nome de um dos discos do Morphine.
Aliás, André, falando em roqueiros com vida dramática, nunca ouvi você sequer mencionar o nome de Elliott Smith. Você gosta? Conhece? E quanto ao Jeff Buckley?
Gosto muito dos dois, minha mulher é louca pelo Jeff Buckley, ouvimos direto.
Legal saber. Gosto demais dos dois também. Pena que são tão desconhecidos por aqui, principalmente o Elliott. Acho o “XO” um discaço. Assim como “Grace”, do Jeff.
Eu sabia muita coisa da dramática vida do Mark Sandman, mas o fato de ele ter morado no Brasil pra mim é algo inteiramente novo. O Morphine foi uma banda singular. Quando eu falava dela pra grunjaiada da escola, a reação era sempre a mesma: “não tem guitarra? Então, não é rock”. Tolos. Uma pena que eles ficaram conhecidos muito mais por ser “a banda que tem um saxofone no lugar da guitarra” do que por sua obra, que é das mais profundas do rock alternativo nos anos 90.
André,por falar em cinema,estou procurando um curta
metragem feito nos anos 80,onde aparece um casal sem
mostrar os rostos conversando numa praia no Rio de Janeiro.
Se alguém souber,que escreva aqui.
Barça! sou fanzaaaaaço de Morphine, que banda!!! tenho quase todos os discos, já conhecia o doc mas ainda não assisti, estava na lista…rs obrigado por me lembrar….
E bem q poderiam realmente lançar esse doc por aqui né!
valeu!
André, tava pesquisando além da música “Cars”, do Gary Numan, e gostei muito do disco “The Pleasure Principle”. Você gosta do som do Numan e do Tubeway Army?
Muito. Faço um post sobre ele qualquer dia. Um grande amigo meu trabalha com o GN há anos, tem altas histórias do cara.