Mário Sérgio e Roger: o corporativismo entra em campo
12/04/13 07:05Não é segredo que o jornalismo esportivo sofre demais com o corporativismo de boa parte da mídia. Mas dois exemplos recentes mostram como o problema chegou a um estágio tão arraigado que muita gente está vendo o corporativismo como uma coisa “normal”.
Há alguns dias, num debate no canal Fox Sports, Mário Sérgio se irritou quando seu colega Rodrigo Bueno criticou o nível dos técnicos do futebol brasileiro. Sacando o velho argumento de que “você nunca foi técnico”, Mário Sérgio, ex-jogador e ex-técnico, tentou desqualificar a opinião de Bueno. Veja aí:
Anteontem, o UOL trouxe uma reportagem sobre o comentarista (e ex-jogador) Roger Flores, que estaria irritando jogadores com seus comentários ácidos (leia aqui). Sobre o volante Edinho, do Fluminense, Roger disse: “Ele precisa de um 38 pra dominar uma bola”. Enquanto torcedor do Fluminense, não só concordo com Roger, como o aplaudo. Confesso que já xinguei muito Roger na arquibancada, mas gosto demais de seu trabalho de comentarista.
Os comentários de Roger não caíram bem entre os boleiros, que fizeram questão de lembrar seu passado de “chinelinho”, quando supostamente simulava contusões para não treinar e se esforçava pouco em campo.
Se Roger era “chinelinho”, isso não importa. Se Mário Sérgio foi técnico, isso também não importa. O que importa é discutir a validade dos argumentos e não esquecer os argumentos para desqualificar o argumentador.
Seguindo a lógica de Mário Sérgio, de que só ex-técnicos podem analisar o trabalho de técnicos, ninguém poderia falar mal de políticos a não ser ex-políticos. E os jogadores que lembram os defeitos de Roger no campo só poderiam ser criticados por Pelé.
Infelizmente, temos o péssimo hábito (me incluo nisso) de argumentar contra a pessoa (Argumentum ad hominem), que é uma maneira covarde e simplória de ganhar uma discussão. E as coisas só pioram quando a discussão chega às redes sociais, que são o túmulo da ponderação e do bom senso.
Li muita gente dizendo: “Quem é Mário Sérgio pra falar alguma coisa? Ele foi um técnico horrível!”, ou “Esse chinelinho do Roger não tem moral pra falar nada!”
Quer dizer que se Mário Sérgio fosse um “técnico bom”, ele teria moral para falar de outros técnicos? E se Roger fosse o Pelé, poderia expor suas idéias sem reclamações?
Curioso perceber como a maioria usa a mesma artimanha de Mário Sérgio para impor sua opinião, não?
Para mim não há técnicos no Brasil, na verdade nunca houve. São entregadores de camisa apenas. Nós fomos os melhores numa época em que o futebol era amador e, convenhamos, técnicos eram desnecessários. Após a Holanda de 1974 “rachar” ao meio a história e criar praticamente um novo esporte, no qual jogar com rapidez e coletivamente é o que importa, técnicos passaram a ser fundamentais. Os europeus acompanharam a evolução e nós não. O resultado, para quem tem olhos de ver, está no futebol pífio praticado em nosso país atualmente e na beleza que é o jogado na Europa.
Discordo. A evolução do futebol como jogo coletivo não tem como divisor de águas a Holanda de 1974. Arbitrariamente, isso poderia ser atribuído ao catenaccio dos italianos ou a marcação de pressão dos soviéticos (mais precisamente do Dinamo de Kiev de Lobanovsky), crias de períodos próximos, e estaria tão errado quanto. Talvez você esteja certo quanto ao fato de ter tornado o futebol um esporte mais dinâmico, “acelerado”…
Quanto aos técnicos brasileiros, dê uma conferida em “Inverting the pyramid”, de Jonathan Wilson, para ter uma amostra que há contribuições brasileiras no plano tático.
Finalizando, da mesma forma que não ganham jogos sozinhos, é bem leviano afirmar que o declínio se deve ao técnicos que temos. Creio que deve-se a estrutura como um todo, com empresários estragando os jogadores de categorias de base com promessas de riqueza, invés de estimulá-los a desenvolver-se como profissionais.
Vou conferir, mas não consigo imaginar nenhuma inovação tática perpetrada pelo futebol brasileiro. Eu mantenho minha opinião quanto aos holandeses em 74, eles foram disparadamente os maiores inovadores da história, depois deles o futebol atingiu a maioridade, saiu da pré-história. Veja bem, eu não estou dizendo que não havia craques no passado, não é isso, ou que era ruim assistir aos jogos. Mas era um esporte ainda em formação, amador e rústico. A beleza se concentrava no talento dos jogadores, o aspecto coletivo quase não contava. Os europeus sempre estiveram acima de nós sulamericanos quanto à tática, mas naquele tempo isso não era suficiente para suplantar a individualidade de nossos craques. Hoje é. Eu adoro ler sobre a história do futebol e noutro dia comprei um DVD de um jogo entre Real Madrid e Eintracht Frankfurt na final do europeu de 59 só para ter o prazer de ver Di Stéfano e Puskas jogando um jogo inteiro. O DVD “Pelé Eterno” eu acho um absurdo de espetacular. Respeito demais o passado, mas depois de 74 (na verdade, um pouco antes, com o Ajax no início dos 70) tudo mudou radicalmente. Acho que a Holanda influenciou direta e indiretamente o futebol. 1- Diretamente: o Milan de Arrigo Sacchi e Barcelona de Guardiola. 2- Indiretamente: todo o futebol mundial, bem menos o brasileiro que teima em se manter lento e anacrônico. E concordo com você, os técnicos são apenas uma parte do nosso problema.
Você acertou em cheio: o Barcelona de Guardiola é influência direta do futebol holandês e quem levou as sementes para o Camp Nou foi o Johan Cruyff e o Rinus Michels na década de 1970. Beberam direto da fonte.Quanto ao Arrigo Sacchi, acredito que deve-se mais a excepcional legião holandesa que lá se encontrava. Quanto ao futebol brasileiro, de fato a influência dos holandeses não é tanta. Acho que joga-se no Brasil verticalizado como os alemães ou no contra-ataque como os italianos.
Quanto as inovações brasileiras, elas são bem antigas e poucas perduram. O uso de volante e ponta de lança são invenções brasileiras. Volante era um jogador do Flamengo que ocupava a faixa defensiva do meio campo. Depois disso, creio que a seleção de 1970 e 1982 foram os últimos suspiros da inventividade brasileira. Hoje é uma aridez só. Um livro que ouvi falar que é muito bom sobre táticas do futebol brasileiro é o “Universo tático do futebol brasileiro” do Ricardo Drubscky, atual treinador do Atlético Paranaense. Não li porque não acho para comprar em lugar algum, mas é o que muitos treinadores brasileiros gostam. Eu queria saber mais sobre.
Puxa, eu na verdade só discordei do Carrosel Holandês como formador da consciência coletiva no futebol – eu arriscaria atribuir isso aos italianos e ao catenaccio, que tinha como uma das máximas permitir os fracos jogarem com os fortes de igual por igual. Estou de pleno acordo que o futebol antes da década de 1970 era quase amador. A FIFA tinha uma estrutura ridícula e dava prejuízos até a década de 1970. Não tinha cartão vermelho! Era um negócio diferente mesmo. O futebol do Carrossel Holandês e, por extensão, do Barcelona são os mais vistosos já praticados. Para ser franco, dificilmente assisto jogos mais antigos e costumo assistir partidas dos times que gosto (Corinthians, Atlético Paranaense e Newcastle United), ou seja, assisto muitas partidas de péssimo futebol…rsrs Mesmo assistindo partidas de times que vencem (ou somente jogam) mais na vontade do que no talento, eu gosto do tiki-taka do Barcelona ou o jeito veloz e arrojado do Arsenal e do Bayer jogar.
Meu receio é que aconteça no Brasil o que ocorreu com as Seleções Africanas: a tentativa de transplantar esquemas europeus sem critérios limou a criatividade e não trouxe ganhos significativos na coletividade.
Você vai gostar desse livro do Jonathan Wilson, pois ele fala (e muito bem) das contribuições holandesas ao futebol. Um ótimo livro sobre a história das táticas do futebol, do W-M até o 4-2-3-1. Outro livro bacana é o Soccernomics, do Stephan Szymanski… o autor trata desde a teoria dos penâltis até como o Guus Hiddink fez os sul coreanos e australianos jogarem bola apenas através da mudança de cultura em campo.
De fato, atualmente, acho que o Tite e o Abelão são um pouco acima da média como técnicos. E nenhum dos dois é o Mourinho ou o Guus Hiddink…rs. Os técnicos brasileiros são muito burocráticos e são muito medrosos, mas fazem lá o feijão com arroz. Se soubessem fazer algo mais do que isso, teria vários técnicos na Europa, e não só na Oriente Médio e no Japão.
Uma coisa interessante sobre a seleção de 70: uma vez eu vi uma entrevista com o Nelson Piquet (que à principio não é um especialista em futebol, mas é um sujeito inteligente) e ele dizia que resolveu rever os jogos do Brasil no México em 1970. Quase morreu de tédio. Eu fiz o mesmo e também achei insuportável. Ou seja, mesmo com todos aqueles craques sensacionais e jogadas brilhantes, ver um jogo completo foi muito chato. Cada vez mais eu tenho a sensação de que aqueles dois gols do Cruyff e Neeskens no jogo entre Brasil e Holanda em 74 enterraram de vez o futebol antigo. O europeus continuaram a revolução, nós aqui no Brasil a aproveitamos muito pouco.
Parabéns ao Agilberto e ao Éder! Li com gosto a discussão de vocês, uma belíssima aula!
Agora, vejamos quantas dessas bestas da mídia esportiva tem esse conhecimento. Aqui em São Paulo, uns três, quatro no máximo. O restolho são analfabetos futebolísticos, que acreditam que basta ser “apaixonados” por futebol pra discutir com propriedade o tema.
E por falar em discussão em alto nível sobre o futebol, todos os que se interessam não podem perder a entrevista na ESPN Brasil com Paul Breitner (foi há alguns dias, mas o canal está repetindo várias vezes). Teve de ser um alemão a diagnosticar precisamente a situação lamentável de nosso futebol atualmente. Apesar de discordar do dirigente do Bayern em alguns pontos, há muito não via alguém tão acima da média falando sobre futebol.
Eu vi, foi ótima mesmo.
“Meu receio é que aconteça no Brasil o que ocorreu com as Seleções Africanas: a tentativa de transplantar esquemas europeus sem critérios limou a criatividade e não trouxe ganhos significativos na coletividade”
Nós já fizemos isto com a seleção de Lazaroni, depois de adquirir medo pós-perda de duas Copas com um belo futebol. É só lembrar do líbero Mauro Galvão.
E em 1994, curiosamente, nós fomos campeões, inclusive contra a Holanda, praticando um futebol muito coletivo, não?
Com uma exceção que fez a diferença: Romário.
De fato, a inovação que a Holanda apresentou em 1974, taticamente falando foi importante, mas não se traduziu em títulos para a Holanda, só para quem o herdou depois com outras forças, como Brasil, com seu talento individual e a Itália, com sua garra de sempre.
Esse raciocínio está perfeito se se considerar o futebol europeu do passado, não todo ele, mas parte dele (pois apenas parte dele era mecanizada). Hoje os europeus atingiram um nível muito alto, jogam com rapidez e com a bola no chão. Portanto, como disse o Breitner, é absolutamente essencial olhar para o velho continente, o melhor jogo está lá. E não é transplantar e sim absorver as melhores qualidades. Eu acho que será um processo penoso, demorará pelo menos 10 anos, isso se comerçarmos agora (mas é preciso diagnosticar antes de tratar). Outro ponto: não devemos raciocinar de maneira absoluta sobre futebol de seleções, hoje ele não tem o mesmo peso que a champions, por exemplo, disparadamente mais bem disputado e com nível técnico muito melhor. O mesmo digo em relação aos nacionais europeus. A tendência é cada vez mais o futebol entre clubes crescer, pois é lá que se treina semanalmente, é onde pode-se implantar uma filosofia a longo prazo, como no Barcelona atual. Copas do Mundo são disputadas de 4 em 4 anos e nelas o “sobrenatural de Almeida” tende a agir. Quaisquer das 6 ou 8 potências podem ganhar uma copa, vai depender muito do imponderável. Mas eu estou preponderantemente falando é do futebol do dia a dia, dos campeonatos nacionais principalmente. É aí que o futebol brasileiro está em pior situação.
Oi. André. Enquanto te escrevo estou ouvindo “Early to bed”, instigado pela tua penúltima postagem). Eles são bons. Entrando no assunto desta semana, concordo plenamente… A propósito, tu “tá” muito mais fera nessa nova foto. Abração
André
Ok. Mas que o Jô Soares, apesar de torcer pelo Flu, é uma “mala sem alça” e “metido a intelectual” isso você não pode negar…
E vc acha que ele é assim porque torce por determinado time?
tô zoando. sabia que você ia ficar bravo… hahaha… mas, meu grande ídolo no futebol é talvez o maior nome do Flu – Telê Santana, que você já colocou em um post – na exibição do filme do centenário… então o Flu está equilibrado – Telê x Jô/Bial…
Quem disse que um técnico tem que ser bom, para o time jogar bem? O Santos, algum tempo atrás, jogava um futebol maravilhoso, mesmo com um técnico considerado fraco. Hoje, no entanto, o Santos tem um técnico bom, que montou um time “melhor”, mas que não joga nada! (posso falar isso, torço para o Santos).
Quem conhece a carreira do Muricy sabe que seus times não jogam bem, não jogam bonito, não jogam futebol, jogam MURICYBOL: contra-ataques, bolas paradas e chuveirinho.
Muitas vezes funciona? Ganha títulos? Sim. Mas pra quem assiste é uma merda.
E esse estilo virou o padrão no futebol brasileiro (“pegada”, “defender a casinha”, “jogar no erro do adversário”, etc.), vide Felipão, Abel, Luxemburgo, Dunga, Mano Menezes, etc etc.
Restam poucos treinadores que ainda tentam fazer seus times jogar futebol (e não apenas “não deixar jogar”), atacar o adversário sem covardia, sem medo de perder, enfim, a velha escola Telê Santana. Dos que estão aí, só vejo o Cuca e o treinador do Botafogo (mas que tambem têm seus defeitos).
Muricy é uma das maiores fraudes que o futebol brasileiro já cometeu nos últimos anos.
Retranqueiro, boquirroto, ultrapassado… o bom dele star no Santos agora, a despeito de estar ferrando meu time do coração sem dó nem piedade, é que caiu a máscara de “Mega Técnicozord” construída nos últimos anos.
Não passa de um cosplay do Urtigão, sempre reclamando da vida e fazendo bobagem.
Eis um dos sintomas mais claros da burrice nativa: nem sobre futebol, os “especialistas” – e os torcedores – têm capacidade para falar. E olha que é uma das raríssimas coisas passíveis de análise nas quais um brasileiro médio tem interesse, além de outros temas importantes como cerveja, carnaval, novela e afins.
Os cronistas esportivos (jornalistas ou não) são, salvo pouquíssimas exceções, um compêndio vivo de ignorância. Baixíssimo nível intelectual, incapacidade para análises, repetição ‘ad eternum’ de frases feitas e conceitos pré-fabricados, domínio precário do idioma, e, sobre tudo, DESCONHECIMENTO do assunto sobre o qual tratam (qual deles estuda história do futebol? Quem desses seres lê sobre táticas e métodos de treinamento?). Essa gente tem plena convicção de que, para ser um bom cronista esportivo, basta ser um “apaixonado” por futebol. É esse o requisito. Bobagens como essa dita pelo Mário Sérgio não é só coisa de corporativistas. É também a opinião dos ignorantes e, neste caso em particular, também de patriotas da mídia esportiva.
Quanto ao “argumento” estapafúrdio do ruminante, devo dizer que cada vez que me deparo com algo parecido, perguntou ao sujeito: “Você passa por uma cirurgia, chegando em casa, depois da alta, percebe que o médico esqueceu uma pinça, uma seringa e uma gaze enfiadas no seu rabo. Você, então, não pode criticar o médico, pois você não é um?”. O nível do debate sobre qualquer coisa no Brasil é tão rasteiro, que a gente tem que discutir essas questiúnculas, jamais podendo conduzir a discussão a patamares mais elevados, transcendentes. Será que algum cirurgião já esqueceu uma pinça no rabo do Mário Sérgio?
*Corrigindo: “sobre tudo” não, “sobretudo”. Interferência do espanhol, meu segundo idioma.
Andre certos comentaristas são torcedores travestidos. Em São temos o Chico Lang, o Dr. Osmar (esse um horror), Juca Khfouri e outros menos conhecidos. Já Mario Sérgio foi ótimo como jogador, como comentarista parece ressentido, com uma ponto de inveja por não estar comandando. É a impressão que tenho. Posso estar errado, mas ele não me cai bem.
Depois de anos tendo que suportar o Roger em campo fazendo corpo mole é insuportável ter q ouvi-lo na tv agora, estando ele certo ou nao, é uma questao de gosto.
Da mesma maneira que ele critica os jogadores agora, pq os jogadores tb nao podem critica-lo como crítico?
O ponto é justamente esse: os jogadores não falam dele como “crítico”, mas se limitam a dizer que ele era chinelinho e, por isso, não pode falar. Ninguém discute o argumento dele.
O fato é que a mídia esportiva está mal de comentaristas. Sempre ouvimos comentários óbvios e passionais. Não me lembro de nenhuma exceção a esta regra, que inclui os jornalistas e os ex-jogadores.
Os técnicos também não se desenvolvem tanto, já que recebem críticas com poucos fundamentos. É triste quando vemos debates na TV com comentaristas e técnicos. Nível muito superficial de análise.
País com péssima educação tem estes problemas.
Concordo com o Barcinski que o fato de criticarem as pessoas e não os argumentos é lamentável: me parece uma discussão entre 2 adolecentes…
O Romário mesmo foi comentarista por uma época, mas acho que justamente pelo fato de ser um cara espontâneo não durou muito.
O Mauro Cezar Pereira, da ESPN, é uma das poucas exceções.
Guto na ESPN existem bons comentaristas, mais profissionais e isentos.
Dum, eu conheço o pessoal da ESPN, da FOX, da Sportv e das abertas. Não acho que a ESPN tenha comentaristas muito melhores. É mais do mesmo. O Trajano que ditou as regras por muito tempo é um exemplo de um analista superficial e midiático. Acho que o PVC faz algo um pouco diferente pois mostra números, que são uma boa base para discussão. Mas suas análises com a bola rolando também não me agradam tanto.
Estou falando da análise tática mesmo. Ex: fui ver Santos e Corinthians no Morumbi (sou santista) e o Corinthians estava muito melhor taticamente que o Santos. Tite arma uma defesa parecida com as italianas, linhas juntas, meias abertos e posicionou 4 atacantes quando tinha a bola. O Santos ficou sem sobra e foi um sofrimento para os santistas que viram o jogo. Só não marcaram o gol. Como era um banho tático, o Neymar tinha que virar um herói e enfrentar sempre Ralf e mais 3 do Corinthians.
Quando liguei o rádio na saída do jogo todos os comentaristas falaram: O Neymar pipocou e o jogo foi mole.
Este é apenas mais um de mil exemplos…
OBS: Falei em problema de educação e escrevi adolescente sem o “s”. Que tristeza…
Quando vi que Roger ia virar comentarista, pensei “mais um chato para falar o óbvio” como o chatíssimo Caio Ribeiro. Me surpreendi, bem articulado, inteligente, boa visão de jogo e sem papas na língua. Quando foi divulgado que os jogadores ficaram irritados com seus comentários, li vários comentários postados e a discussão caiu justamente no fato de que Roger quando jogava tinha fama de “chinelinho” e poucos falavam o mais importante, que ele havia se revelado um bom comentarista. Será que quem gosta e assiste futebol prefere comentários insípidos como os do Caio ou simplesmente ruins como os do Muller? Vida longa ao Roger comentarista e que ele não se deixe intimidar pelos comentários de seus ex-colegas jogadores e que o Sportv também não comece a podar sua espontaneidade.
Hoje em dia todo mundo é (pensa que é) “politicamente correto”; mas isto vai “ralo abaixo” quando o assunto é argumentar e expor suas idéias.
Fazendo um paralelo com o texto de anteontem, por exemplo:
Se eu falo que não sou a favor do casamento homossexual – pois por vias naturais um casal do mesmo sexo não pode reproduzir-se – os “revoltadinhos do facebook” falarão que sou homofóbico.
E por aí vai.
Não é sobre o assunto do post, mas esse argumento sobre vc ser contra o casamento homossexual pela impossibilidade de reprodução não cai por terra ao saber que existem casais heterossexuais estéreis?
Não. Não tenho nada contra casais hetero estéreis.
Sobre Pelé, estou com Romário: “Pelé calado é um poeta”
Caro André,
Concordo em parte.Esse papo de que”o cara que não jogou não sabe”é furado.Mas alguns comentaristas digamos “teoricos”,não entendem certos aspectos do futebol que só quem já praticou(pode ser até amador) podem entender.
E? Que falem então, e as pessoas analisem se concordam, gostam, etc.
Vamos por partes:
Por que o texto não fala de Neto, que repete esse argumento do “Eu fui jogador, e vocês não” 30 vezes por dia?
Se as redes querem ex-jogadores com comentaristas, por que não escolher ex-jogadores que entendam o mínimo sobre plural e concordância verbal?
Globoesporte é um program esportivo, ou um (mau) programa de humor?
E daí que o texto não fala do Neto? Eu não comento sobre o Neto porque não o assisto. Você não consegue analisar um texto pelo que ele é, e não pelo que você gostaria que ele fosse?
Barcinski, acho que você não entendeu bem o meu comentário. Simplesmente eu chamei a atenção ao fato de que ele é o comentarista que mais usa esse argumento citado no texto, ciente de que você talvez não conhecesse o trabalho dele. Abraços.
Cara, na boa, quando vc escreve “Por que o texto não fala de…”, vc está cobrando algo, como se texto tivesse a obrigação de falar sobre fulano ou beltrano. Não teria sido melhor escrever algo como: “Na minha opinião, o comentarista que mais usa esse artifício é Neto, que …”?
Letramento.
Professora Márcia na UFSCar… saudade!
Mas falando sério.
Comentei com a professora: “Como pode um aluno que passou no vestibular, não saber escrever? Porquê ainda precisamos de aulas de letramento em um curso – de humanas por sinal – de DOIS semestres???”
Ela: “Tem gente que ainda não sabe ler e escrever”.
Com o passar do curso e dos anos percebi… a dificuldade de muitas pessoas – incluso este que vos redige – em saber expressar-se e realmente entender um contexto – sendo este segundo processo ainda mais difícil… para alguns.
Un abrazo!
Pois é, estuda mais o “porquê”, pois você está usando errado.
Deixa de ser mala. Respondo 80 comentários por dia, não tenho tempo de revisar, qual o o problema? Em vez de ser elegante e apontar o erro, como fazem vários leitores, vc fica desfilando uma suposta superioridade. Que sujeito patético e inseguro.
Barça, meu primeiro comentário e os subsequentes neste tópico foram ao seu xará, viu? O que leu e não entendeu…
Agora não entendi se sua resposta foi para o Fabio ou para mim… risos.
Vai saber o “porquê” – substantivo, viu Fabio – né?
Foi pro maleta.
André Barcinski, o comentário não foi pra vc porra…
Ficou me xingando a toa…
Não xinguei ninguém, Maleta.
A origem desse comportamento vem de séculos. Nossa cultura não valoriza o debate, não respeita a divergência, por que as nações latinas foram formadas por culturas católicas, de dominação através de verdades absolutas não sujeitas ao debate. Nações ocidentais não católicas têm a tolerância mais enraizada por terem origem no protestantismo, que por si só é uma divergência. O esporte é só mais uma dimensão onde esse horror cultural e social se materializa. O próprio colunista pratica isso na forma como descreve o corporativismo. Ridicularizar o divergente, ou a divergência, é a essencial raiz do atraso e causa de tudo de ruim que vemos na política, na educação, na saúde e em tantas outras dimensões da sociedade brasileira.
Sociologia de botequim.
Dizer que a Igreja Católica interdita qualquer debate é de uma ignorância oceânica.
Aposto que suas duas fontes de informação sobre a Idade Média, por exemplo são o professor de história do cursinho e os filmes da Sessão da Tarde.
Continuando… Quando ele assumiu o São Caetano, o pipoqueiro do Anacleto Camapanela deu umas dicas pra ele sobre o elenco. No dia seguinte, ele voltou com várias receitas de pipoca e entregou pro coitado. Mala!
Certíssimo! Mário Sérgio sempre foi um arrogante como comentarista, desde os tempos em que ele apareceu na Band no início dos anos 90. Ninguém pode questioná-lo. Tem aquela história do pipoqueiro do Anacleto Campanela q
Boa !!
Tambem Conhecido Como falácia.
Me parece que nosso sistema educacional nao ensina logica e argumentacao.
Boa!
Me lembrei agora de um incidente que houve quando Mário Sérgio e Tostão comentaram uma copa do mundo na Band. Saca só, Barça: Mário Sérgio critica os jogadores cabeludos porque isso desconcentra e concorda com o ditador Passarela, então técnico da Argentina, que OBRIGOU todos os hermanos a cortarem o cabelo; Tostão manda na lata que isso é besteira e burrice e que jogador bom no time dele pode ter o tamanho de cabelo que quiser…Mário Sérgio não deu chilique, mas a cara de desgosto que ele fez foi impagável!
Não lembro essa história, sensacional.
Engraçado é que o Mário Sérgio, quando jogou no Vitória, era bem cabeludo – e ele jogava muito!
Gostei! É isso mesmo.
Excelente o texto André, hoje em dia parece que as pessoas só conseguem argumentar esculhambando que não concorda com suas opiniões. E nas redes sociais isso só piora. De que adiantan um comentarista se ele não pode dar sua própria opinião? Sem contar a mania besta e politicamente correta de que você não pode achar que alguém é ruim no que faz. Por isso que todo ano quem ganha o prêmio de melhor comentarista na opinião dos boleiros é o mais inexpressivo de todos: Caio.
Coitado do José Mourinho, não tem moral alguma para criticar seus jogadores…
Trucou bonito!!!
Argumento ad hominem eh o argumento de quem nao tem argumento: 99% do que esta nas redes sociais e quase isso nesse meio de oportunistas que cobre o futebol. Sao “jornalistas” que nunca sabem ou descobrem nada, vivem de fofocas e opinioes que eles mudam a cada gol. No caso, o jornalista disse uma verdade, os tecnicos brasileiros sao uma farsa e a cultura brasileira eh avessa a taticas valorizando mais o acaso e o improviso.
MS foi um técnico no máximo razoável, mas, enquanto comentarista, até se sai bem fazendo o papel de “voz discordante”. Agora, esse estilo argumentativo é bem desgastado e, ridículo até. No mais, Fox Sports está me saindo uma ótima alternativa à Globo.
Boa !
E digo mais, Pelé como comentarista além de ser ruim demais, não acerta uma quando dá os seus pitacos. Foi um grande jogador como poucos foram ou serão, mas comentando é uma lástima.
Ótimo pano de fundo para se discutir o exercício do argumento, como ele é usado para desqualificar suas posições…como você mesmo disse, usado muitas vezes covardemente…servirá de tema lá em casa (tenho uma mulher jornalista)…já saio perdendo em qualquer discussão.
Curioso é que , por esse argumento pobre utilizado por Mário Sérgio, alguém poderia dizer que ele também não deveria estar ali analisando e comentando futebol porque não é um jornalista profissional e sim um boleiro que está ali ganhando um “cascalho”, argumento esse que seria tão absurdo quanto o que ele utilizou para desqualificar a opinião de Bueno.
Ele esqueceu a sua função (imagino que ele seja comentarista da Fox), vestiu a camisa de treinador e foi absolutamente corporativista.
Os treinadores brasileiros são sim, muito fracos, e ficam loucos quando alguém fala isso, talvez porque a carapuça sirva como uma luva. E não tem essa conversa de “lá o cara tem a grana do Chelsea, do Real Madrid”. Essa é a realidade de uns 10 treinadores europeus, se tanto. A maioria absoluta trabalha com limitações de orçamento. A questão é quanto a metodologia, profundidade do trabalho, seriedade, o quanto o cara se preparou para aquilo, etc.
Aqui o cara para de jogar, vira treinador e vai levando na base do “vamo que vamo”, do improviso, do papo de “boleiro” e de “motivador”, muito graças a ao baixíssimo nível cultural e a mentalidade infantilizada do jogador brasileiro.
Os times europeus jogam de forma muito mais compacta e o jogo é muito mais rápido. Os times daqui não conseguem, com raras excessões, reproduzir isso e aí a gente vê a imprensa dizer coisas como “Fulano foi pra Europa e aprendeu a marcar”, “Beltrano tomou um banho de cultura tática no futebol europeu”. e outras coisas do tipo que mostram como nós ainda somos provincianos e estamos atrasados.
Depois de décadas, desde que os jogadores começaram a sair em grande número pro exterior, o futebol brasileiro 5x campeão do mundo já teve tempo de sobra pra se reciclar e ser referência tática, mas o que os treinadores que o Mário Sérgio tanto defende fizeram todo esse tempo? Outro dia o Paulo Autuori, que é técnico disse a mesma coisa que o Bueno. E aí, ele vai desqualificar a opinião do Autuori também?
Fora do Brasil, esses treinadores brasileiros só tem mercado no Mundo Árabe e, se pulam de um time grande pra outro no Brasil ganhado salários ridículos, verdadeiras fortunas, é porque o futebol brasileiro é administrado que nem um botequim.
PS: Deculpa o comentário longo demais.
Nunca foi característica do brasileiro discutir e questionar as coisas de forma objetiva e com argumentos sólidos, isso em tudo que é assunto do dia a dia. No máximo agente vê esse mimimi na internet que não leva a parte alguma.
Por isso que se aceita facilmente tanta coisa ruim nesse país. A enorme vontade que o povo brasileiro tem, é que apareça uma ditadura que resolva tudo!
Pensar e agir de forma consciente que é bom, nada.
As redes sociais são o túmulo da ponderação e do bom senso. Barça, essa eu vou guardar para usar depois. Genial. Abraço
As redes sociais são somente o espelho dos valores da sociedade. Se no Brasil elas são esse túmulo, é por que na realidade não damos espaço para a ponderação e o bom senso em nossas relações. As redes sociais em outros países refletem exatamente a ausência ou presença de virtudes. Tenho uma amiga americana que é claramente republicana e anti-Obama, e ninguém fica comentando de forma crítica ou ofensiva nos posts dela. Ela não tem medo nem vergonha de dizer o que pensa por que não teme ofensas ou retaliações. No Brasil isso é impossível. Não é prudente, por exemplo, apoiar o José Dirceu numa rede social, exceto o próprio PT, por que haveria um linchamento cibernético. Eu discordo de minha amiga e do PT/Dirceu, mas acho um nojo o massacre que se faz aqui.
Perfeito. Saudações tricolores.