O império das babás
16/04/13 07:05Costumamos frequentar uma praia perto de casa. É uma praia pequena e nunca fica cheia. Tem um quiosque com ótimos frutos do mar e que não tem som ambiente. Perfeita.
Na praia, há um pequeno condomínio de quatro casas, que o dono aluga para fins de semana e feriados. Dia desses, um grupo de cinco ou seis famílias alugou todas as casas.
Eram famílias jovens. Os pais deviam ter por volta de 30 anos. Todas as famílias trouxeram os filhos. Além das crianças, trouxeram também um batalhão de babás. Contamos oito.
A cena chegava a ser cômica: de um lado, os pais tomando cerveja na praia. A alguns metros, os filhos brincando com as babás, todas vestidas de branco. De vez em quando, um pai se dignava a ir lá, pegar o filhão e tirar uma foto, para logo depois voltar ao papo com os amigos.
Dali a pouco, chega um barco, que eles haviam alugado para um passeio. Todas as crianças foram levadas até uma pequena piscina dentro do condomínio. Ouvi uma mãe comentando com outra: “Se o Fefê vê a gente saindo, abre o berreiro!” Os pais saíram para o passeio de barco, deixando as crianças numa piscina minúscula, atendidas por oito babás.
Essas coisas nunca deixam de me surpreender. Será que os filhos não gostariam de passear de barco? Visitar ilhas? Mergulhar? Um pai não acha divertido fazer isso acompanhado dos filhos?
Também entendo que babás sejam necessárias, especialmente para casais que trabalham fora. Não é só herança cultural e social brasileira, mas resultado também de nossa legislação.
Dia desses, um casal de amigos alemães contou que cada um teve um ano de licença remunerada do emprego quando nasceu o filho. Além disso, a escola da criança era em período integral e os horários casavam com os horários de trabalho deles. Ou seja: eles podiam levar e buscar a criança na escola. No Brasil, o pai tem uma semana de licença-paternidade e a mãe tem de quatro a seis meses.
Independentemente das leis, acho impressionante como as pessoas usam babás como “muletas”. Parece que não conseguem viver sem elas. Tudo bem usar os serviços de profissionais durante a semana, mas num sábado de sol? Na praia?
Quantas vezes não fomos tomar café numa padaria, num domingo de manhã, e vimos mães jovens falando ao celular enquanto a babá passa manteiga no pãozinho da criança? Ou babás levando crianças ao teatro enquanto o pai compra um tênis novo no shopping? Dá para imaginar que tipo de cidadão está nascendo desse distanciamento?
uma vez fui a casa de um amigo que reclamava que seu filho de 1 anos e 4 meses ainda nao andava. não precisei olhar muito para ver o que havia de errado:uma baba que seguia o garoto por todo o canto em tempo integral.
se ele tentasse se levantar pela parede, ela o abaixava. se desequilibrasse enquanto engatinhava, la estava a babá o segurando e protegendo a criança dos perigos do mundo a todo instante. creio que a criança nunca havia levado um tombo na vida – ou pelo menos na gestão dessa babá.
é possível alguém se desenvolver com tamanha superproteção? e depois, que tipo de pessoa se tornará?
Não tenho babá, mas dependo dos avós para em revezamento pegarem minha filha no colégio, pois é impossível sair mais cedo e conseguir pegá-la. Quem não tem avós e com a nova PEC vai ter que cortar um dobrado, possivelmente cortar o ponto !
tudo depende da praia que você vai. Se você for na praia do Zé Menino em Santos não verá nenhuma babá. A criançada vai estar rolando na areia com os pais e a mãe preparando o rango carregado na geladeira de isopor.
tem muito casal com filho unico e tem babá. Isso sim é aberração. Porque se o casal tem babá mas tem uns 3,4 filhos até que vai.
Velho, meu filho é meu amigo (pelo menos por enquanto, rs) ele vai fazer 7 anos. Ao contrário da minha geração, eu fiz questão de estar presente em tudo, ao contrário de quando eu era pequeno, quando era raro até abraços e carinhos entre filho e pai. Não dispenso a companhia dele por nada, principalmente nos passeios que eu posso leva-lo.
Olá André,
Seu texto vai de encontro ao texto da Rosely Saião que foi publicado hoje, onde diz que os pais acabam por superproteger seus filhos a fim de evitar “sofrimento”.
Vale muito a reflexão de que tipo de filhos estaremos criando.
Quanto a licença maternidade de 6 meses, ainda depende de convenção coletiva dos sidicatos, não existe lei que regulamente.
Abraço
Olá,Barcinsky. Ótimo post. Tenho 30 anos e o que me chama atenção é que pessoas da minha faixa etária vêem com muita superficialidade a responsabilidade na criação dos filhos. Na minha opinião,todos querem ter filhos,mas ninguém se pergunta se realmente querem ser pais. Um abraço.
Barcinski, eu morava no centro, próximo à Pça Roosevelt e resolvemos, minha esposa e eu, ir tomar um café da manhã numa padaria em Higienópolis, junto com nosso filho, então com dois anos.
Chegando lá, tentei ler um jornal e ela uma revista, e demos para ele uma revista e lápis de cor. Ele não quis pintar sozinho e resolvemos parar a leitura para ficar com ele – chegamos à conclusão que ele tinha razão, era um momento coletivo.
Na outra mesa, um casal, um pouco mais velho, e com um filho na mesma idade e na mesma situação. Quando a criança começou a reclamar, os pais pegaram o telefone e, de repente, surge a figura da “moça de branco”, a babá, para dar atenção à criança e deixá-los ler em paz.
Penso como você: ok, durante a semana, a babá pode ser importante numa semana cheia de trabalho. Mas no final de semana, num momento de lazer? Para que ter filhos então?
As “brima” paga salário! Não pode dar “10% de desconta” no serviço da babá!!!
Barça, acho que isto é um fenômeno que acontece com alguns pais que tem muito dinheiro e acabam terceirizando a criação dos filhos. Claro que eles acabam exagerando e dando pouca atenção aos filhos, o que é errado, porém quando se é muito rico, o excesso de conforto pode gerar excentricidades deste tipo. Mudando de assunto, você viu o show acústico do Pixies que passou ontem no canal Bis? Achei muito legal, fora o cenário que era muito bonito, eles estavam tocando em um porto com uma linda paisagem. Abraço!
É curioso notar como todas se vestem de branco, como se criança fosse algo que requer assepsia para ser “manipulado”.
Mais curioso ainda são os argumentos de quem defende essa onipresença das babás, dizendo que “não é justo um casal abdicar da diversão só porque nasceram os filhos” (já ouvi isso duas vezes). Como se não fosse possível se divertir com os filhos.
Provavelmente o uniforme branco serve para diferenciação e ostentação dos pais.
Oi Barça,
No Brasil o pai tem 5 dias corridos e a mãe 4 meses.
O começo do seu texto lembra muito “Histórias Cruzadas”, no qual um grupo de babás fazia de tudo pelos filhos dos patrões, mas não podia usar o mesmo banheiro.
Foi pra seis meses a licença maternidade, não?
Ainda não Barcinski, não sei ao certo o que falta para ir, mas fui pai em fevereiro e minha mulher ainda não se beneficiou disso…
O que eu sei é que ela pode conseguir + 15 dias de amamentação.
Eu tinha lido sobre esses 6 meses. Eu deveria até ter a resposta na ponta da língua, mas confesso ignorância.
Acho que já são 6 meses, hein?
A licença maternidade são 4 meses obrigatórios e há um incentivo fiscal para o patrão prorrogar até 6 meses, a decisão é da empresa.
Já.
Aqui na empresa já duas mamães pegaram “férias barriga” de 6 meses.
A licença de 6 meses é uma opção da empresa. As mais “sociais” adotam esse período e tem alguns benefícios do governo…
Licença Maternidade de 6 meses somente para trabalhadoras em empresas optantes pelo Lucro Real e para o funcionalismo público em geral. Para as trabalhadoras de empresas tributadas pelo Lucro Presumido, Arbitrado, Simples Nacional (MEI/ME/EPP) a licença maternidade é de 4 meses (120 dias). Ou seja, 95% das trabalhadoras no país não tem direito à licença de 6 meses. Então temos duas categorias de licença maternidade, sendo que a tabela de desconto do INSS é igual para todas as trabalhadoras, não é um absurdo?
Depende da empresa. Se a empresa optar por 6 meses ela tem algum incentivo fiscal.
Até onde sei: os 6 meses são facultativos pra empresa, mas alguns sindicatos aprovam isso pra toda categoria.
Pra fechar a prosaica polêmica. Minha esposa é professora no ensino privado e no público. Tivemos um bebê no último dia 6. No ensino privado ela terá 4 meses de licença, enquanto no público 6 meses. Em insituições privadas, a licença dde 6 meses é facultativa. Se não me engano, há uma compensação financeira via abatimento de IR para quem optar pela de 6 meses, mas não é obrigatória. Infelizmente a licença paternidade nem é discutida. São 5 dias e ponto-final.
Para obter 6 meses depende de a empresa autorizar, nao sao todas que concedem, é facultativo.
Me parece que elas depois podem deduzir esses 2 meses extras em impostos, mas parece que a maioria das empresas ainda preferem que a mulher volte antes ao trabalho.
Agora em relação ao tema do texto. É assustador como esses “pais” não têm noção do que estão perdendo e do que eles estão plantando em seus filhos. Estão perdendo uma oportunidade única de viver momentos inesquecíveis e imprevisíveis: afinal sair para se divertir com os filhos é sempre uma aventura. Não dá pra imaginar como serão esses futuros adultos, órfãos de pais vivos.
De acordo com o art. 392, CLT: A empregada gestante tem direito à licença-maternidade de 120 (cento e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário.
O que ocorre é que geralmente as empregadas emendam a licença com as férias.
Além disso, a Lei 11.770/2008 instituiu o Programa Empresa Cidadã, possibilitando a prorrogação por + 60 dias de licença-maternidade.
Porém, não é automático. A empresa deve se cadastrar no programa e em até 30 dias após o parto, a mulher deve requerer a prorrogação da licença.
São seis meses para funcionários públicos e empregados de sociedades de economia mista. Há um incentivo fiscal para as empresas privadas adotarem o mesmo prazo, mas para ela os seis meses não são obrigatórios.
Se não me engano, na iniciativa privada os 4 meses são obrigatórios e o empregador pode escolher estender a licença para 6 meses, em troca de benefícios fiscais. No serviço público, a lei já impõe os 6 meses.
Os 6 meses não são obrigatórios. As empresas podem conceder os 6 meses tendo alguma compensação por parte do governo, mas são poucas as empresas que aderem. Sei pq meu filho nasceu há 20 dias e minha esposa não se beneficiou.
Salvo engano, no momento, a extensão da licença-maternidade para 6 meses está condicionada à adesão da empresa empregadora a um programa da Receita Federal do Brasil, isto é, não há obrigatoriedade.
Entretanto, há uma PEC na Câmara, já votada no Senado, estabelecendo a regra geral de 6 meses para todas, nos setores público e privado.
120 dias obrigatórios e 180 para funcionárias públicas federais. as outras trabalhadoras ficam na dependência das empresas (muitas multinacionais estão aceitando com 100% de pagto do salário), mas é opção do empregador.
parecido com esse caso da Alemanha, estranhei também uma colega de trabalho na Inglaterra ficar fora por 1 ano (mesmo com desconto no salário).
gostei do texto, bom pra quem faz esse tipo de coisa refletir a necessidade. ter um filho não é só pra botar foto dele abraçando o pai no instagram.
Barça, seis meses é opção da empresa…quatro meses é obrigação do INSS.
Valeu, vou corrigir.
Barça, só terá direito a 6 a empregada cuja empresa tenha aderido a um programa federal de incentivo (burocracia….). Para as demais empresas continua 4 meses. Para servidores públicos depende de regulamentação específica de cada órgão.
ainda são 4 meses, para se ter 6 meses é limitado ao enquadramento da empresa.
http://www.brasil.gov.br/sobre/saude/maternidade/pos-parto/licenca-maternidade
A licença de 6 meses é garantida no Setor Público e facultativa no Setor Privado.
A PEC que amplia a licença de 6 meses para todas as trabalhadoras ainda depende de aprovação na Câmara, está no Plenário, mas acredito que ainda não foi votada.
De acordo com site do governo federal, ainda não. São 6 meses só em alguns casos.
http://www.brasil.gov.br/sobre/saude/maternidade/pos-parto/licenca-maternidade
Olá André e Jean, são seis meses somente para funcionárias públicas e algumas empresas privadas que aderiram aos seis meses. Mas a empresa privada não é obrigada a conceder os seis meses, somente 4. Estou grávida e onde trabalho tenho direito somente aos 4 meses! Adorei a matéria. Bjs, Helen.
a regra é 120 dias. existe uma lei que permite a prorrogação por mais 60 d., já garantida a boa parte das funcionárias públicas e às empregadas das empresas que aderem a um programa de renúncia fiscal do governo federal.
e existe um projeto de emenda constitucional pra ampliar pra 180 dias, mas ainda não passou.
Obrigado a todos por tirarem as nossas dúvidas…
Por isso eu gosto desse blog.
http://www.fenafar.org.br/portal/emprego-e-trabalho/66-emprego-e-trabalho/771-licenca-maternidade-de-6-meses-nao-e-garantida-no-setor-privado.html
Acho que 6 meses só é direito de funcionárias públicas.
Concordo com o seu texto. Para vc ter uma ideia, minha mulher é professora de uma escola particular. Já aconteceu de coordenadora ligar para pai reclamando do filho e ouvir de resposta “eu ligo para você aos finais de semana para reclamar do meu filho? Pago vocês para criarem ele”.
Provavelmente as babás dos Jardins, Alphavilles, Ecovilles e Batéis da vida também não podem usar o mesmo banheiro dos donos das casas e apartamentos… Aliás, estou pesquisando para comprar um apartamento, e eu e minha esposa ficamos “emputecidos” toda vez que nos mostram apartamentos com dependências para empregadas. E invariavelmente aquele cubículo de 1,5m x 2m, se tanto, enquanto a suíte master tem 30m2…E eu sempre falo para minha esposa: casa grande e senzala na versão moderna. Aliás, será que com a nova lei das Domésticas as incorporadoras vão continuar oferecendo apartamentos com cubículos para empregadas?
Verdade, muito bom mesmo esse filme!!!
acho lamentável esses pais não terem consciência do que estão perdendo.
Concordo com vc, não são só os filhos que estão perdendo.. muito mais os pais!
Calma, Barça, nem tanto ao mar nem tanto à terra. Na Alemanha, o governo estimula os casais a terem filhos, devido a baixa taxa de fertilidade da população, mesmo assim são poucas as pessoas que hoje se predispõe a abrir mão de sua liberdade para terem filhos. É apenas uma questão cultural.
E? Vários países têm licenças de um ano pros pais.
No Velho Mundo, Barça, não em países com taxa de fecundidade ainda alta como o nosso. Alemanha, Itália, França, Reino Undio, etc. Lá morrem mais pessoas do que nascem.
André, eu moro nos Jardins, em SP. Por aqui, é impressionante o número de pais e mães que utilizam os serviços das babás para acompanhar em atividades como o café da manhã na padaria, o passeio com o cachorro e a caminhada no Ibirapuera. Ainda não tivemos nosso filho, mas minha esposa e eu sempre ficamos nos perguntando se essas pessoas não se sentem sendo invadidas. Tudo bem que as babás devem ser pessoas bacanas e profissionais. Mas será que você não quer curtir o dia só com seus filhos? Levá-lo para passear, carregar toda aquela tralha com carrinho, brinquedos e bolsas. Acredito que tudo isso faça parte da beleza que é ter um filho. Sem contar outra coisa que me revolta muito. Pais que vão ao shopping com as babás e as usam para carregar as sacolas de compras. Já vi muito isso por aqui! Grande abraço! Belo post o de hoje!
Eu já fui em reunião de pais e mestres onde a maioria dos pais eram as babás…
Fazer e ter filhos para os outros cuidarem é uma beleza… aposto que os pais (na verdade somente progenitores) nem devem saber trocar uma fralda se for preciso. Pra que ter filhos então? Status, pra aí ter um SUV de 150.000 reais com cadeirinhas de bebê no banco de trás e mostrar pra todo mundo?
Só por curiosidade: que praia é essa que você foi aí em Paraty que viu essa cena?
E quando uma mulher se posiciona dizendo que nao deseja ter filhos só falta chamarem de ET.
Se é pra ter filhos e deixar a criação e educação deles nas mãos de terceiros, por mais qualificados que sejam, prefiro realmente não ter.
Se as pessoas parassem para pensar se estao preparadas de verdade (emocionalmente e financeiramente) para terem filhos, ao invés de sairem por ai parindo só para atender às expectativas da sociedade, tenho certeza que teríamos crianças e adolescentes muito mais equilibrados e educados por aí.
Nessa das expectativas da sociedade, perguntei a uma colega que decidiu não ter filhos como os familiares lidavam, em relação a cobranças etc. Ela me disse que uma tia dela chegou ao extremo de perguntar se “podia fazer alguma coisa” pelo casal. As pessoas simplesmente não aceitam que um casal possa não querer ter filhos.
Post bacana! Também concordo com algumas opiniões das pessoas aqui. Quando eu e minha esposa decidimos por ter um filho, decidimos também que seria nossa responsabilidade criar e educar, e isso inclui o lazer. Entendo que deixar minha filha aos cuidados de terceiros (que não são parentes) só mesmo em último caso e quando é necessário.
Abraço
Essas crianças vão crescer, terão pouquíssima intimidade com os pais…. Grande chance de se tornarem problemáticas. Quando tiverem filhos irão contratar babás…..
Terceirização, o Rodrigo Barreto falou a palavra chave. Grande parte dos pais hoje simplesmente desconhece os filhos, não sabem do que gostam de comer, o que fazem, como se desenvolvem. Lamentável. Que tipo de cidadão está nascendo? Um cidadão com sérios problemas de senso de identidade, desordens emocionais, psíquicas etc.
A infantilização da humanidade, adultos que querem ser adolescentes para sempre, o filhos viraram brinquedos, assim como os animais de estimação, aqui no meu bairro todo dia tem pelo menos umas três empresas que fazem passeios com cães, sinceramente, não sei qual é a função de utilidade de tudo isso. Ter pra mostrar no Instagram? Será que a babá e esses tratador do pet também saem no instagram?
Cara, perfeito seu comentário.
Viva o pessoal diferenciado!! Iéié!!
Exatamente… e se mais pais tivessem condições de pagar por uma babá esta cena seria bem mais comum….
Na verdade muitas pessoas enxergam família como um processo obrigatório ao longo da vida, sem ter a menor inclinação para cuidar de uma criança, que fatalmente crescerá uma pessoa problemática e cometerá os mesmos erros dos pais. Um ciclo interminável. Essas pessoas criam seus filhos de forma semelhante a criar um cachorro, visto que pagam por todo tipo de serviço para manter seus pequenos limpos, saudáveis e asseado. O diferencial é que muitas pessoas dispensam mais carinho e atenção à seus animais de estimação.
Concordo plenamente com você. Acho muito estranha esta relação de dependência com as babás. Em dias de semana acho até compreensível, mas finais de semana? Férias? Então pra quê ter filhos, oras? Eu fico contando os minutos para chegar em casa e brincar com minha filha, levá-la em todos os lugares, incluí-la ao máximo… Vai entender…
Acho que muitas vezes no caso de pais jovens, a criança veio de um “descuído”, ou seja, não foram planejadas, sendo assim a mentalidade dessas pessoas é aproveitar ao máximo os últimos momentos de suas vidas sem seus filhos, já que suas cabeaças ainda não estão acostumadas para um contato mais frequente com as crianças, levando em fato principalmente os pais que conseguem pagar babás.
De pleno acordo!
“Eu fico contando os minutos para chegar em casa e brincar com minha filha”.
Que bonito cara! Parabéns! Tenho certeza que sua filha será sempre uma pessoa feliz; pois o pai já percebemos que é!
Lindo mesmo!
André, o cúmulo do absurdo, pra mim, foi quando eu participei de uma corrida/caminhada de 05 KM. Enquanto a mãe fazia a prova, correndo, a babá ia atrás empurrando o carrinho com a criança. Só parou quando as vaias e protestos dos participantes incomodaram a mãe.
Ave! Essa foi forte! Não estou duvidando, mas me escandalizando com o ocorrido!
Olá André!
Concordo com seu post.
Moro no mesmo condomínio há 13 anos e tenho acompanhado o crescimento de colegas dos meus filhos e visto que vários se tornaram adolescentes problemáticos com envolvimento com drogas, álcool e até mesmo alguns pequenos crimes.
Em casa optamos por um estilo mais “tradicional” e minha esposa só voltou ao mercado de trabalho após aa crianças terem atingido uma idade na qual as bases morais e éticas já são mais sólidas. Mas não são todas as famílias que agem assim. E na verdade, nem sei se esse é um método certo ou errado. Não sou capaz de julgar. Foi o que nos serviu. Nunca tivemos babás. Curtimos cuidar das crianças e sempre fizemos questçao que elas participassem de todos os passeios que fizemos, quando isso era possível.
De fato, hoje em dia há um processo de terceirização da educação dos filhos. Os pais delegam primeiro às escolas a formação ética das crianças e às babás os cuidados diários. Acredito que isso possa ser “explicado” por aquele papo de competitividade do mundo corporativo, mas não justifica o processo. É uma pena que os pais percam exatamente essa parte do desenvolvimento dos filhos e deleguem às babás coisas básicas que reforçam os laços afetivos com as crianças e criam as bases para o seu desenvolvimento moral e ético.
Infelizmente nem todos podem abrir mão do salário da mulher para a manutenção da casa. O ideal para mim é justamente esse modelo de educação à antiga, em que a mãe fica em casa cuidando dos filhos e lhes dando educação e modos. As feministas podem reclamar à vontade, mas se uma mulher *quer* e *pode* fazer isso, quando o faz há chance de proporcionar uma educação muito melhor a seus filhos.
Oi, Matias,
Nós não reclamamos, à vontade, não. A questão é que SEMPRE, quem “quer” e quem “pode” ficar em casa é a MULHER. Sempre, sem que ocorra a mínima possibilidade de homens aderirem à vida doméstica. Ou seja, há um forte viés, uma forte determinação de gênero, que não pode ser explicada pelas diferenças biológicas, como muitos críticos do feminismo querem. Além disto, todos nós sabemos a diferença de status, oportunidades e segurança oferecidos pelo trabalho de produção econômica e pelo trabalho de reprodução socia, não é mesmo?
abraços.
— Karina, se eu propusse à minha esposa que ela ficasse em casa cuidando do nosso filho, surgiriam dois problemas: ela não toparia e se topasse eu não aguentaria segurar todas as pontas. É um caso em que não há nem “querer” nem “poder”. Mesmo se eu ganhasse 30 mil por mês, não poderia obrigá-la a ficar em casa, dependendo economicamente de mim. O “querer” é mais importante que o “poder” neste caso, pois eu reconheço, sim, que minha esposa tem o direito de ter sua autonomia financeira e de trabalhar naquilo para que tanto estudou. Falta o “querer”.
— Você pode não acreditar, mas se minha esposa me fizesse uma contraproposta de mesma natureza, e se com certeza não houvesse prejuízo para a nosso padrão de vida, eu toparia na hora! Eu “quero” isso aí! Já divido com ela todas as tarefas relativas ao nosso filho. Dou banho, levo na creche (ela pega de volta), dou comida, escovo os dentes, troco fralda, limpo vômito, dou remédio… Não tenho problema nenhum com isso e faria todos os dias sem hesitar. O que falta para mim é “poder”, porque também é verdade que o mercado paga mais aos homens que as mulheres e minha esposa não bancaria minha parte na grana.
— Por fim, digo: tenho duas conhecidas, uma é mais ao estilo “Amélia” e a outra trabalha fora pesadamente. Uma cuida da casa, do marido e da filha, está sempre com as unhas bem tratadas, com o cabelo feito no salão. A outra vive esbaforida, se virando para rachar as contas da casa e se dividindo em duas para cuidar dos filhos nas horas que lhe sobram. Qual das duas você acha que tem *menos* problemas de saúde e de humor? Adivinhe quem tem os filhos menos estressados?
— Acho que se as mulheres fossem colocadas diante de uma proposta dessa de que falamos, e se pesassem direitinho mesmo todas as vantagens e desvantagens de ficar em casa em vez de trabalhar fora, acho que o número de “aceitações” seria mais alto do que sinaliza a nossa pré-concepção sobre esse assunto… Tudo dentro do “querendo” e “podendo”, é claro.
Concordo com vc, Matias. Para muito casais, e me coloco entre esses, é uma questão forte de querer e poder. Eu tb ficaria em casa tranquilamente cuidando de meu filho se tivesse essa opção. Vivo torcendo para minha esposa ganhar na mega sena e me permitir virar um pai profissional!
O trabalho externo da mãe não é só para complementar a renda e sim para dar a ela, autonomia sem que fique dependendo do dinheiro do marido. Isso é absurdo! Eu vejo o casamento ideal, com o homem e a mulher independentes financeiramente e ambos participando da criação dos filhos e atividades domésticas.
Faz um tempo que o salário da mulher deixou de ser mero complemento de renda. Cada vez mais o salário das esposas/companheiras respondem por uma parcela muitas vezes igual a dos maridos e em alguns casos até maior.
Na minha casa por exemplo é assim, e penso que o que tem que imperar é o respeito e a cooperaçao entre o casal, independentemente de quem ganha mais.
Quem, após este teu relato, ler o livro Os Meus Romanos (Paz e Terra) da educadora alemã Ina von Binzer que trabalhou no Brasil como precepptora no século 19, vai ver que muito pouco mudou.
O filme Histórias Cruzadas toca bem neste assunto, como também na discussão atual da PEC das Domésticas. Gostaria de ler uma crítica tua sobre o filme Histórias Cruzadas.
Criar e educar filho dá trabalho, Barça. Muitos pais hoje em dia nem estão afim de tanto trabalho. Querem um filho como querem um iPod, uma TV nova: pra mostrar pros amigos e se divertir com eles, quando bem lhes entender. Triste, triste, triste.
Isso aí ! Parece que filho , virou moda , é legal ter filho para comprar enxoval em NY , para ir na balada kids do momento…É triste como essas pessoas não conseguem entender e dar valor a este momento , a esta oportunidade .
Andre, gostei muito da sua critica. Isso em Ingles se chama parenting. Podemos ver esse fato por duas oticas: os pais sao maduros e responsaveis e nao querem ver as suas criancas expostas aos perigos do mar ou eles sao imaturos e egoistas e preferem pagar alguem para ser pais e maes no lugar deles. Depois que vimos o caso de Madeleine McCan fica dificil critica-los mas por outro lado isso esta virando uma cultura de babas mesmo. Eles nao querem ter a dor de cabeca de deixar de tomar uma cervejinha na praia e serem incomodados pelos seus pirralhos. Fica meu comentario.
Vc tem que assistir o curta da professora e cineasta ,Consuelo Lins, Babás.
site – filmesquevoam.com.br
Vale apenas assistir.
Max, boa dica. Pelo filme e o portal.
Valeu Max, bela dica, ótimo do conteúdo do portal!