Confidências do Midas da música pop
18/04/13 07:05Em tempos de música de graça e MP3, ler a autobiografia de Clive Davis é mergulhar numa era extinta, em que poderosos titãs da indústria da música dominavam a Terra. Se a época de Clive era melhor ou pior que hoje, não sei, mas certamente foi um período muito interessante.
O livro chama The Soundtrack of My Life”, foi escrito em parceria com o jornalista Anthny De Curtis, e é leitura obrigatória para quem quiser conhecer mais sobre a indústria musical dos últimos 50 anos.
Clive Davis foi um dos mais influentes e importantes executivos da música pop. Foi presidente das gravadoras Columbia, Arista e J Records. Trabalhou com Bob Dylan, Janis Joplin, Santana, Bruce Springsteen, Chicago, Grateful Dead, Simon & Garfunkel, Aretha Franklin, Patti Smith e Alicia Keys, entre centenas de outros artistas. Fundou a gravadora LaFace, casa de Usher, Outkast e Toni Braxton e a Bad Boy, casa de Puffy Combs e Notorious B.I.G.
Foi Clive Davis que descobriu uma menina de 19 anos, que se tornaria a cantora de maior sucesso comercial da história: Whitney Houston.
A carreira de Davis também teve seus percalços: ele foi despedido da Columbia Records por suspeita – nunca provada – de ter fraudado a empresa. E era presidente da Arista quando um de seus contratados, a dupla Milli Vanilli, teve de devolver os Grammys que ganhou depois que foi revelado que eles não haviam cantado no disco.
Não leia o livro esperando revelações de bastidores ou histórias de sexo, drogas e rock’n’roll; Clive Davis é respeitoso até demais com os artistas e sempre foi um homem da indústria, capaz de guardar segredos e usá-los quando necessário.
O divertido é ler Clive contando histórias sobre a contratação de Janis Joplin (que sugeriu transar com Clive no escritório da gravadora, para comemorar), ou sobre a insegurança de Bob Dylan com os rumos da própria carreira.
Um dos capítulos mais interessantes é sobre Whitney Houston. Davis rejeita a tese de que teria controlado a carreira de Whitney nos mínimos detalhes. Diz que ela era uma grande artista e dona de seu destino. Mas acaba se traindo ao reproduzir uma longa carta que enviou a Whitney, depois de um de seus primeiros shows, em que “sugere” mudanças no repertório e até na forma com que a cantora se dirige ao público.
Outro trecho de destaque narra a ressurreição da carreira de Santana, com o disco “Supernatural”. E a maior surpresa do livro foi a revelação da bissexualidade de Davis, que em 2004, aos 72 anos, resolveu assumir um relacionamento com outro homem.
“The Soundtrack of My Life” ainda não saiu no Brasil, e espero que não demore. Mesmo que o livro adoce a realidade para tornar Davis um sujeito muito mais simpático e justo do que outros relatos fazem supor, é um registro importante sobre um titã da indústria da música.
fazia quase um mês que não lia teu blog (estava viajando… muito bom texto…
seria ele o rick bonadio americano?!
Caramba, lembro deste Milli Vanilli – se não me engano, foi numa apresentação ao vivo na MTV ou no próprio Grammy que isto foi desmascarado.
Pelo menos, eles devem se orgulhar de algo, são os pioneiros no ramo! Que o digam os filhos do Autotune!
Ainda bem que há essa referência. Vi o livro no Amazon e, pelo título over-ultra-mega-clichê, achei que fosse uma porcaria sem fim.
Foi graças aos interesses financeiros de sujeitos como este que a musica se encontra hoje nessa decadência extraordinaria. Não sou contra pagar para ouvir, mas sim contra o abuso de preços, armações, bandas de laboratório, jabá, regravações e acusticos oportunistas. Graças a toda essa podridão hoje somos obrigados a ouvir sertanejo universitario onde quer que vamos.
Barcisnki, existe um fato muito curioso que sempre me pergunto: vou em livrarias grandes e sempre vejo que livros importados, ou seja, em lingua estrangeira, principalmente versoes de bolso, sao em 99% dos casos mais baratos que suas traducoes. Isso seria explicado pelo custo de pagar o tradutor? O imposto de importacao seria menor para livros? Por que isso nao ocorre com CDs, por exemplo?
Abraco
P.S.: “Barcinski”, perdao pelo erro.
“Paperbacks”, ou essas versões de bolso, são muito baratas nos EUA. Isso porque são feitas em tiragens gigantes e em formato mais barato. E são lançadas depois da versão de capa dura, quando o livro já é um sucesso.
E livros importados tem isenção tributária.
Barça, desculpe o off-topic, mas gostaria de saber o que você pensa sobre o preço dos livros no Brasil. Faz um mês que discuti feio com uma editora sobre o preço de um e-book, pois não acho correto um livro digital ter o mesmo preço de um livro impresso ( https://www.facebook.com/abatalhapelaalmadosbeatles?ref=stream&filter=2 ).
Não sei sua opinião, mas acho o preço de livros no Brasil absurdos. Não sou um necessitado, tenho condições de pagar o valor pedido pelas editoras, mas não o faço por considerar abuso. E torço pra que aconteça com as Editoras o que ocorreu com as gravadoras nas décadas passadas… Abraço!
O e-book ainda é alto demais no Brasil comparado ao livro impresso. Nos EUA custa, em média, metade. Mas uma coisa posso garantir: os impostos pagos pelas editoras são absurdos.
Pois é cara, tentei argumentar com a Editora… pedi pra que eles me explicassem o motivo do preço ser o mesmo… eles argumentaram que impressão e distribuição são somente 15% do valor final do livro… eu fingi que acreditei.
Juro que não duvido desses valores. Imprimir um livro não é caro, liga pra gráfica e confere.
Pode ser, mas e a distribuição? Não deve ser barata.
Cara. E as livrarias ficam com metade do preço de capa. Faça os cálculos…
Deveria ser bem mais barato, pois além dos motivos citados, o custo de armazenagem é bem menor. Além disso, creio que se a mesma quantia para produzir um ou mil ebooks – pago o custo de produção do primeiro, nas unidades adicionais só restam a remuneração da editora e do autor.
*Além disso, creio que custa a mesma quantia para produzir um ou mil ebooks.
Claro, vc tem razão. Deveria ser bem mais barato.
Não sei livro, mas revista, 50% fica para a distribuidora…
Livro é a mesma coisa, em média.
Marcel e André, tem um outro fator que só o digital tem: editoração, que exige profissionais específicos, equipamento e licenças de software. Tudo isso tem um custo, e aqui no Brasil é 3x o dos EUA.
E ainda o DRM (digital rights management), um sistema de proteção contra cópias que é propriedade da Adobe. Se não me engano, apenas a licença de uso custa R$ 80.000.
O livro no Brasil tem imunidade tributária.
André, tenho comprado ebooks na Amazon do Brasil e o preço é sim, em geral, metade do preço dos impressos…e os livros que são vendidos pela Amazon nos EUA e no Brasil tem o mesmo preço…
Para que serve E-book? Livro impresso é mais legal, não precisa de eletricidade, bateria e afins. Livro impresso é só abrir e ler onde eu quero. Não me arrisco abrir o “leptop” no busão, metrô ou no banco da praça…
Se vc encomendar um livro físico na Amazon – e eu compro muita coisa importada – ele sai, em média, 3 vezes mais caro que um ebook, por causa do envio. O ebook vc baixa e está lendo em 30 segundos, o livro físico leva 40 dias. Já me acostumei a ler no Ipad.
Estou quase começando a aderir ao ebook. O maior óbice quanto a isso é o costume de ler na tela.
Quanto ao envio da Amazon, é uma loteria: tem vezes que demora duas semanas para vir, outras vezes demora quase dois meses. Mas não é culpa dos gringos: o problema é quando a encomenda chega ao Brasil…
Acho que não vou mudar, não consigo me imaginar longe do papel. Jornal impresso então é um vício para mim. Pode até acontecer, mas parece que morrerei sem aderir.
Se um dia eu começar a ler ebooks, será só por questão de custos. Alguns livros importados são caros demais na versão física.
Lobato, ler no Ipad é sensacional! prático demais… Você carrega milhares de livros num lugar só. Você configura tamanho de fonte, tipo de fonte… Existem softwares para simular a leitura como se fosse em papel…. é bom demais!
Eu também sempre comprei muito livro importado, mas agora com o Kindle, leio muito mais e gasto muito menos: os ebooks são mais em conta e não há despesas com frete. E o livro chega em poucos segundos. Fica a dica, cara, se vc domina o inglês, todas essas biografias legais q o André dá a dica eu achei em versão digital na Amazon. Vale muito a pena.
Não desprezo o livro tradicional, porém. E nem todo liro que leio é comprado… Senão eu iria à falência. Freqüento muito bibliotecas públicas e de faculdades. Adoro!! O prazer de passear pelas estantes e folhear livros à esmo, sem pensar no relógio é um prazer que o digital ainda não conseguiu compensar.
André, um semi OT: Vc sempre indica livros muito bons e atuais, mas e os clássicos, tipo aqueles que caem no vestibular ou outros como o Dom Quixote, os russos ou Shakespeare, vc os lê, vc gosta deles? Pq tirando aquele post sobre o “Memórias de um sargento…” não vejo post sobre estes clássicos da literatura universal…
Claro que sim, mas é que os grandes clássicos não precisam de indicação, né? Dom Quixote é meu livro predileto, sempre releio partes, impressionante como é bonito e engraçado. E os Dostoiévski que a 34 lançou, com tradução novas, são imperdíveis.
Então André, precisar talvez não precisasse, mas de vez em quando, quando não houver outros assuntos que queira abordar aqui seria bom, até pq as vezes, eles ficam meio esquecidos diante de tantas coisas que existem por aí, e muitos que te leem, talvez não os conheçam, ou só conheçam de ouvir falar…
As verdadeiras trilhas de nossas vidas estão também contadas nessas biografias. É como um Fio de Ariadne no labirinto do tempo.
Boa dica, vou atrás desse livro. Chegou a ler a biografia do Bill Graham, André? É demais, vale a pena.
Não li ainda, falha minha, todo mundo fala que é o máximo…
Minha Vida Dentro e Fora do Rock?
Imperdível!
Sério: recomendo parar com qualquer outro livro sobre rock e ler este. Histórias de bastidores eu nunca li tantas:
– O ‘esporro’ do Bill no Jimi Hendrix
– Chuck Berry ‘negociando’ cachê durante o show.
– Keith Richards e sua inseparável bota.
– Como o Bill botou Robert Stigwood pra fora do Fillmore.
– De como Eric Clapton conheceu Bill (num outro esporro)
– De como Eric Clapton ‘hospedou’ em seu camarim o líder dos Hell’s Angels.
– De como o Bill peitou os burocradas soviéticos pra fazer um show em Moscow.
– De como Bill colocou Peter Grant, John Boham e um ‘capanga’ deles de frente pro delegado…algemados.
E muito mais…
Tá aqui….http://www14.zippyshare.com/v/37802356/file.html
Boa dica.
Olha a pirataria…
Impressionante como o trabalho de autor é desvalorizado, não? Devem achar que quem escreve não precisa de salário.
Repito (e parece que leu) “inacreditável o que estou lendo…
“Inacreditável” é alguém achar que tudo tem de ser de graça. Típica geração criada a Toddy morno e que nunca trabalhou na vida, bando de gonzo de laptop.
E frequentar o “Cine Torrent”, pode? Ou diretor, ator e demais profissionais do cinema e do vídeo não merecem também receber pelo que fazem?
Claro que merecem, deixa de ser hipócrita, vc sabe muito bem o que eu quero dizer. Frequento o Cine Torrent quando o filme não foi lançado aqui ou é impossível achar. Mas sempre que posso, compro filmes em DVD. Este mês foram uns seis, pelo menos. E pare de querer desqualificar um argumento atacando o argumentador, isso é feio e intelectualmente desonesto.
Você me chama de hipócrita, diz que o cara foi criado com Toddy morno, não trabalha e é um gonzo de laptot. Isto é intelectualmente honesto? Frequentar o “cine torrent” é um eufemismo dos mais cretinos, mas você acha que seus motivos “não achei”, “não foi lançado aqui” são mais nobres que os dos outros.
É uma constatação. Só alguém que nunca fez nada na vida pode achar que o trabalho não deve ser remunerado. E como vc consegue assistir a filmes que não existem aqui? Telepatia?
Pô, cara, compra o e-book, custa 10 dólares na Amazon.
Voltei. Você pode ter razão em algumas coisas, como eu tenho em outras,mas não fale o que não sabe e nem me ofenda. Trabalho, e muito, inclusive MAIS que você.
Sou daqueles que “salva vidas”, como dizem por aí, (não concordo com isso, mas é o senso comum) desde 1999, dando plantão e atendendo gente de todo o tipo, sem discriminar e fazendo meu máximo, como sempre. Sou negro, classe média e médico no HC aqui em SP. Nunca gostei de toddy, comprei meu 1º laptop em 2008 e não sou “gonzo” – talvez você seja – como disse. Aliás, não tenho a menor idéia do que é isto.
Acho livros muito caros aqui – pergunte a algum estudante de medicina sobre os preços – e acho justo baixar um pirata, sem deixar de mencionar que compro um ou outro e-book quando tenho interesse. Por sinal, a biografia do Vargas, escrita pelo Lira Neto é um livraço e eu comprei. Paz, amor e sem rancor, Gonzo…
E daí? Então por que não atende de graça, já que acha normal não pagar pelo trabalho alheio?
E daí? “(…) pare de querer desqualificar um argumento atacando o argumentador, isso é feio e intelectualmente desonesto.”
Em tempo ( e acho que você se lascou, aqui…): também atendo de graça, em uma clínica da prefeitura. Prometo atender você de graça, se quiser. Porém, te alerto: sou ginecologista.
Repito: “Não fale o que não sabe e nem me ofenda.”.
Em primeiro lugar: não estou ofendendo ninguém, estou discutindo. Voltando à discussão: e daí que vc atende de graça de vez em quando? Se te faz feliz, ótimo. Mas isso não muda o fato de vc não dar crédito ao trabalho dos outros e achar que merece ganhar tudo de mão beijada. Ou será que vc só baixa “meio” livro?
Lembro de quando o Metallica comprou briga com quem baixava música ilegalmente, uma coisa que o Lars disse, que concordo e nunca esqueço é: DE GRAÇA SÓ É LEGAL QUANDO NÃO É SEU.
Isso serve para muita coisa, para quem baixa de graça, para quem é a favor da reforma agrária…
O Gonzo não era aquele smurf narigudo do muppet babies?
Discussão é ofensa. Não “discuto” com pacientes, respeito eles. Bem o ponto é: para você, baixar – desde que não esteja disponível aqui – é legal. Caso contrário, é desonesto com os autores. Tua opinião é essa. Bem cinzenta, para dizer o mínimo. Se eu baixo o livro do cara, é porque penso merecer tudo de mão beijada. Peraí: eu baixo alguns e compro outros, logo, estamos na mesma.
Com uma grande diferença: trabalho de graça em um setor carente em nosso país há muitos anos, fico imensamente feliz, retribuo o que a sociedade gastou – e ainda gasta – comigo, pois estudei e me atualizo em uma universidade pública. E você? O que faz pela sociedade?? Um abraço e, repito, a clínica está sempre aberta te esperando. Porém, sou ginec…
Tá bom, Madre Teresa, tchau. Nada pior que um paladino da ética que fica trombeteando sua suposta superioridade moral.
Felipe de Interlagos é o alívio cômico das discussões
“João Strume” é muito bom!
E olha que sou fã do “De Kláxe”
Barça, gostou do livro do André Midani? Bem interessante a vida do cara e as histórias com figurões da MPB. Sobre esse lance do Milli Vanilli, é verdade que em vários discos do Kiss na verdade são outros músicos que tocam?
Olha, pra falar a verdade achei o livro do Midani uma decepção. Conheço bem a vida do cara e acho que ele deveria ter feito o livro junto a um jornalista profissional. Quanto ao Kiss, se for verdade, não terá sido a primeira e nem a última banda a fazer isso. Boa parte do pop, desde os 50, não é tocado pelos artistas que aparecem nas capas.
Serguei se vangloria de ter dados uns petelecos na Janes, pelo visto nao devia ser tão dificil …
Eu acho que o Serguei deu uns petecos no namorado da Janis…
Ou na samambaia deles