Então esta é a tal “liberdade de informação”?
22/04/13 07:05Semana passada indiquei aqui no blog o livro “The Soundtrack of My Life”, autobiografia de Clive Davis, um dos executivos mais influentes e polêmicos da música pop.
Um dos primeiros comentários que recebi, poucos minutos depois de o texto ser publicado, trazia um link para que todos pudessem baixar o livro sem pagar.
Esta ideia de que tudo é de graça já encheu a paciência. Será que as pessoas têm tanto desprezo por livros que se acham no direito divino de usufruir deles sem pagar?
Escrever sobre esse tema é mexer em vespeiro. Já sei os tipos de comentários que receberei. Boa parte será ao estilo “Robin Hood de laptop”, defendendo a “liberdade de informação” e tachando de “reacionário” qualquer um que tenha opinião diferente.
Outra parte usará o método de intimidação mais comum nas redes sociais, a desqualificação do debatedor: “Olha quem está falando, até parece que ele não baixa nada da Internet…”
Para início de conversa: baixo, sim, muita coisa de graça da Internet. Mas tento usar o bom senso: baixo filmes que não estão disponíveis no Brasil (especialmente documentários, cada vez mais raros por aqui) e discos de bandas novas que me interessam. E se gosto das bandas, geralmente compro o disco. Posso dizer que nunca comprei tantos discos, filmes e livros e assinei tantas revistas e jornais quanto nos últimos anos.
Já prevejo a réplica: “Quero ver se você liberaria um livro seu…”
Respondo: liberaria sim, dependendo das circunstâncias. Há alguns meses, um leitor escreveu dizendo que não estava encontrando meu livro “Barulho”, que publiquei em 1992. Outro leitor disse que tinha o livro em pdf e perguntou se poderia disponibilizá-lo na rede. Ora, o livro está fora de catálogo e a editora que o publicou nem existe mais. Por que diabos eu seria contra liberá-lo de graça, se isso não vai acarretar prejuízos para a editora que me contratou? Claro que liberei.
Espero receber também vários comentários furibundos me acusando de ser contra a “democratização” da Internet. A esses reclamantes, adianto: acho perfeitamente possível respeitar o direito autoral e defender o direito de todos a uma Internet acessível e de qualidade. Não são coisas excludentes.
Acho que o autor deve ser livre para decidir como sua obra, seja livro, disco, artigo ou filme, é veiculada. O Radiohead quer vender um CD no esquema “pague quanto acha que vale”? Ótimo. Uma banda quer disponibilizar todos seus discos de graça? Ótimo também.
Vale lembrar que na época em que existia indústria do disco, artistas faziam shows para vender discos, e hoje fazem discos para vender shows. O que explica, em parte, a inflação no preço de shows nos últimos 10 ou 15 anos.
O problema é que nos acostumamos à ideia de que ideias não valem nada. Pagar para ler qualquer coisa é considerado “injusto”. Mas na hora em que alguém explode duas bombas em Boston, onde buscamos informação? No blog de um desses Robin Hoods virtuais ou na CNN?
No documentário “Page One”, sobre o jornal “The New York Times”, há uma cena marcante: David Carr, colunista do jornal, participa de um debate sobre a crise no jornalismo. Um dos debatedores defende a tese de que jornais são “obsoletos” porque todas as informações podem ser encontradas em sites de busca. Para provar, exibe uma folha impressa com a página principal de um desses sites, que traz dezenas de notícias.
Carr pede um intervalo de alguns minutos para continuar o debate. Quando a conversa é reiniciada, ele mostra a mesma folha impressa com a “homepage” do site de notícias, inteiramente recortada e sem conteúdo algum. “Cortei todas as reportagens que foram tiradas de jornais ‘obsoletos’. Como se vê, não sobra muita coisa.”
Para resumir: “agregar” conteúdo é diferente de “produzir” conteúdo.
Em janeiro, o franco-norte-americano André Schiffrin foi ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura. Schiffrin é chefe da The New Press, uma editora sem fins lucrativos e mantida por fundações, que publica livros de qualidade que não encontram espaço num mercado que privilegia “best-sellers”.
Na entrevista, Schiffrin falou das propostas que existem para que sites de buscas, como o Google, comecem a pagar pelo uso de conteúdo. Na Alemanha, o governo aprovou uma lei que permite a editoras cobrarem de sites de buscas e outros “agregadores online” (leia mais aqui). O Google, claro, é contra, e começou uma campanha chamada “Defenda Sua Internet”, dizendo que a lei “vai dificultar o fluxo livre de informações”. Só para lembrar: o Google vale 250 bilhões de dólares. Não é uma ONG.
Enquanto legisladores e o Google não chegam a um acordo, os Robin Hoods continuam a roubar dos ricos para dar aos mais ricos ainda. No caso do Brasil, com um agravante: frequentemente usam dinheiro público para organizar debates e eventos para defender que tudo seja de graça. O que está errado nesta equação?
Faço questão de pagar por cada livro que eu leio, no formato antigo, em papel.
E se o livro está fora de catálogo corro para algum sebo.
É lamentável constatar que literatura é vista como algo supérfluo no nosso país.
Tenho a sincera impressão que baixam livros porque é de graça. Apenas. Ler mesmo, não leem, o que torna tudo muito mais calhorda.
Só que o dinheiro que você paga nos sebos também não vai para o autor, porque sebos não lidam apenas com livros ou discos fora de catálogo, mas usados em geral. É um comércio do qual nem autor nem produtores participam. E aí, vamos querer acabar com os sebos?
Pera aí, Francisco, o autor já ganhou da primeira vez que o livro foi vendido, não?
Exatamente. Armazenar livros tem seus custos e os valores de livros usados costumam ser consideravelmente menores.
Os sebos devem ser estimulados e não combatidos.
Ué, Barcinski, o autor que está sendo baixado também ganhou da primeira vez, não? Baixar arquivo ainda tem o detalhe de poder ser para consumo próprio (o que não configura crime) e não necessariamente para obtenção de lucro. Veja bem, eu ADORO sebos, só estou exemplificando para mostrar o quanto a questão é complexa – e não é de hoje (fitas k7, xerox etc), o formato é que é novo.
Claro que não.
A tua lógica está correta mas realmente é o “formato” que muda a perspectiva. Um livro impresso durante sua vida útil vai ser revendido quantas vezes num sebo? Uma vez, talvez um pouco mais em média, uma vez e meia em média, certo? e isso estamos falando de um exemplar… quantos exemplares vao parar no Sebo? 10%, 20%?? ou seja, se os nrs estao corretos, a potencial perda é no máximo 30% (1.5 x 20%) e, ressalte-se, fica diluída ao longo dos anos (das futuras edicoes) pois ninguém espera achar o livro no sebo duas semanas depois que ele foi lançado. Agora, se compararmos isso com o potencial impacto econômico de “baixar de graça”, cujo impacto pode ser no limite de 100% (ok, sempre tem alguém que compraria, entao digamos que é entre 70% e 90%), nao tem graça… o impacto do “baixar de graça” é muito maior e imediato na maioria das vezes.
De novo, a tua lógica está correta e no limite a prática de sebos (assim como K7, Xerox) poderia/deveria (?) ser questionada – mas o “formato” (internet) que faz o impacto economico ao autor ser completamente desproporcional.
Não é complexa não, Francisco. Estão envolvidos aí os conceitos de posse e propriedade. Quando você compra um livro, um CD, um DVD, você adquire a posse do bem, cuja propriedade ainda é da editora ou do autor, cuja permissão expressa é necessária para que a obra seja distribuída, mesmo que de forma gratuita. Aquelas fitas K7 que gravávamos na adolescência com um apanhado de vários LPs também era pirataria, só que as gravadoras não se importavam com isso. Tudo mudou com a Internet por que a pirataria adquiriu escala. Hoje um CD copiado é distribuído instantaneamente para milhões de pessoas, o que não acontecia com os LPs e fitas K7.
Acho que tem a ver, a prática é antiga, o formato é que é recente. Concordo com o Paulo, a desproporção é evidente, mas o princípio é o mesmo. Tem outra coisa: há toda uma indústria funcionando junto com a pirataria, basta pensar na quantidade de equipamentos necessários para baixar e gravar, softwares, cd-r, dvd-r, cartões de memória, pen drive, canetinhas especiais, o usuário não é o único “culpado” nesta história, muita grana de multinacionais está envolvida, como sempre foi, aliás. Minhas fitas k7 eram sempre vagabundas, raramente eu podia comprar uma cromada, metal nem pensar, no dia que pude comprar uma caixa de fitas TDK foi uma festa.
Também faço isso – baixo algo que quero conhecer: se for bom, compro (sendo música, HQ ou filme); se for ruim, deleto.
E, Barça, um especial que fiz no meu blog sobre o Friedkin: http://t.co/OKNPUpLR7H
Se for um produto nacional que eu baixe e goste, compro rapidamente. Caso seja internacional, se der para comprar, ótimo.
Ter as coisas de graça [é sempre maravilhoso, mas devemos ter a noção de que ninguém sobrevive a base de mato ou consegue dinheiro em árvore. Principalmente escritores nacionais, já que o hábito de leitura do brasileiro é raríssimo.
Se torna até uma forma de agradecimento ao autor você dar sua grana em troca do que ele faz.
O problema é que a maioria não pensa assim. Acham que os produtores já estão “numa boa”, o que é claro, não é a realidade de muitos.
Pagar por 30R$ em um livro ou no acesso a Folha, mesmo eu não sendo rico, não fará tanta falta assim.
A “liberdade de informação” quando descamba para a pirataria pura e simples sempre serve ao interesse (pouco cultural, digamos) de alguns espertinhos e leva, no mais dos vezes, à degeneração do produto. Lembrei de uma matéria de 3 anos na Ilustrada sobre o que acontece no mercado editorial peruano. Segue o link; é estarrecedor.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u709559.shtml
Concordo contigo, André. Tem sujeito por aí que diz que ”adora filmes e música”, mas não tem coragem de pagar 10 reais num CD ou DVD original…
Tudo isso se resume ao que você disse no sexto parágrafo: usar o bom senso.
E, pra mim, tudo que é adquirido de graça acaba sendo consumido sem a devida importância.
Tempos atrás era comum comprar jogos de videogame pirata…ia numa banquinha e com 50,00 fazia festa. O problema é que jogava um jogo por um tempo, cansava, começava outro, cansava…etc,etc..aí voltava pra jogar o primeiro, esquecia o que estava acontecendo e começava do zero.
Qual a lógica disso?
Desde que comecei a comprar apenas jogos originais, a experiência tem sido outra…o jogo é consumido em sua totalidade, com tudo que é oferecido.
O dinheiro acaba sendo investido e não jogado fora.
Direito Autoral deve ser respeitado sempre. É egoísmo achar o contrário.
Assim como um colega que comentou anteriormente, sou um “dinossauro fetichista” por ter uma coleção de cds considerável. Mas reduzi o ritmo de minhas compras. A alguns anos eu comprava muita cosia de muita gente. Hoje só compro coisas daquelas bandas ou artistas que estão nas minhas listas de preferidos, e passei a ter como meta completar a discografia oficial de cada artista. Já completei a do R.E.M., Led Zeppelin, Nirvana, Pink Floyd entre outras, e no momento estou trabalhando no Neil Young. Semana passada chegou da Argentina meu Rust Never Sleeps, que eu AINDA não tinha…Aliás, impressionante como muita coisa a gente só consegue achar em lojas argentinas. Já outros discos, vou ter que apelar para o eBay…
Olá,
Qual site você usa para comprar da CDs da Argentina? A maioria dos meus CDs eu importo pelo Ebay (paga menos imposto do que pelo Amazon), mas talvez seja mais barato comprar pela Argentina.
Sobre o tema, ainda compro CD, mas a média mensal é ridícula se comparada a quantidade que eu baixo, isso porque existe a dificuldade da importação. Sobre CDs lançados no Brasil eu acho um tanto quanto injusta a equação preço X produto ofertado, comprar um CD só pela música infelizmente não dá, tem que ter um capricho a mais que chame a atenção do colecionador.
Tem um texto interessante na Collectors Room sobre isso: http://www.collectorsroom.com.br/2013/04/um-recado-para-as-gravadoras-e-tambem.html
Sempre comprei discos e livros,baixo mp3 para conhecer,mas não gosto do formato.Quando gosto compro ou procuro pagar download.Infelizmente acho que a barbárie está instalada e não vejo muito remédio.Não sei se é verdade,mas lí que a real fonte de renda de Bach era ser mestre-escola,compor era bico feito nas horas vagas….A tecnologia tem feito isso agora,muita gente talentosa não tem como fazer da arte um meio de vida.Será que se não tivessem feito sucesso e fortuna com os discos os Beatles de Love me Do teriam se tornado os Beatles de Revolver?Duvido.
Bom, quando a Folha e agora a Gazeta do Povo aqui em Curitiba passaram a limitar o acesso às notícias em seus sites, em um primeiro minuto fiquei irritado, claro. Mas no minuto seguinte a razão reassumiu o controle e entendi que tem muita gente ali que precisa por o leitinho das crianças na mesa. Acho justo.
Trabalho em uma emissora de televisão em SP, dirijo um programa de varejo. Ontem, assistindo a uma matéria da Sonia Bridi sobre a falência do projeto férreo no Brasil, pensei exatamente isso que você aborda…Uma matéria que mais parecia um pequeno documentário (uma produção excelente) quanto vale?? Não pagamos nada por isso, nos basta assistir, quanto custou essa super produção?? Claro, no fantástico existe super patrocinadores…mas sempre reclamos dos comerciais de televisão, sempre mudamos de canal…Alguém tem que pagar por isso, né? Esse alguém somos nós. Não estou entrando no mérito se a matéria foi positiva ou negativa, mas ela foi super produzida e me trouxe uma satisfação incrível…estou pagando na forma de telespectador (dando IBOPE). Um escritor, fica um ano sentado escrevendo uma obra, quem paga por isso somos nós. Devemos ter satisfação em faze-lo.
Baixo muita coisa! Mas como comprador de discos, filmes e livros, acabo sempre adquirindo aquilo que baixei e gostei. Acho que essa discussão vai de encontro com outra conversa que você já levantou no blog. Aquela de que baixamos mp3 mas não apreciamos a música. Só vamos juntando, juntando e ouvimos uma só faixa e depois largamos mão. A mulecada de hoje faz muito isso. Acredito que essa prática do “trânsito livre” tira um pouco do senso crítico das pessoas. Antigamente, você tinha que juntar seu suado dinheiro pra comprar. Independente se era sua banda preferida ou coisa nova. E isso aproximava a gente daquele produto. Na minha opinião, o que falta hoje em dia é essa relação com o que é consumido. Não gostei disso? Arrasto pra lixeira e já era. Tudo ficou descartável.
Bom dia André! Para este assunto indico o excelente documentário: TPB AFK (The Pirate Bay Away from Keyboard) sobre os fundadores do maior site de pirataria por download torrents do mundo. Um embate judicial contemporâneo. Tenho certeza que você vai gostar.
Ah! o doc é desse ano e se encontra disponível legendado no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=czod0Q9kIik
Putz! pessoal a legenda no youtube ta um lixo. Sugiro que baixem e procurem uma legenda decente. rsrrrsss
Gosto muito de duas revistas: Orsai e XXI. A primeira é Argentina a segunda francesa. A pegada delas é não ter propaganda nenhuma, editoração super decente, pagam todos que participam, dão tempo pros escritores pra fazer os textos, e por isso cobram mais que o mercado.Correm por fora. Vendem a ideia que é a de respeitar o texto e o leitor sem precisar vender nenhum badulaque pra isso, mas quem compra a ideia, paga mais caro. Vale a pena!
Não conheço, muito boas dicas. Sobre o que são as revistas?
A primeira é sobre literatura e reportagens:
http://editorialorsai.com/index.php
A segunda, só reportagens (feitas na forma de quadrinhos, textos de fôlego, fotos, etc. é trimestral, dizem que 1000 assinantes pagam uma reportagem completa: passagens, estada, grana do jornalista):
http://www.revue21.fr/
A primeira tem mais de uma ano, a segunda mais de 5.
Legal, vou procurar.
A Orsai é muito boa. Eu também leio e recomendo.
Baixamos não pelo custo em si. Baixamos pela facilidade de ter a informação o mais depressa possível.
E além de facilidade e custo zero é normal a cópia ser “melhor” que a original. Por exemplo DVD de filme vem cheio de propaganda, trailer, vinhetas “não copie, não seja pirata” etc. A cópia pirata vem limpinha, como a paga deveria ser…
Ah, tá bom, és um purista então. Tá explicado.
Aleluia!!Barcinski, seu artigo está perfeito. Você verbalizou exatamente o que pesno, como artista e consumidor de cultura. Falta bom senso e a dificuldade reside aí: tem gente que acha que é sensato e revolucionário baixar 3000 discos por ano e comprar 2. Parabéns pelo texto e pela coragem.
Barcinski. Acho que 90% de seus leitores mais cativos vao concordar com o seu texto. Afinal, somos de uma geraçao onde era normal pagar por um CD ou por um livro. Se o preço era justo ou nao dai’ e’ outra historia. Devido ao enorme barateamento do custos de produçao e distrubuiçao, acho perfeitamento plausivel chegar a um valor bem razoavel. E tambem acho que leitores e consumidores devem pagar pelo conteudo. Caso contrario, voltaremos aos tempos das cavernas em breve.
Apoiado!
A pergunta que não quer calar: Quem prega a “democratização” da internet está disposto a trabalhar de graça?
Aí está!!!!
Se as pessoas chegassem para trabalhar e encontrassem um pirata fazendo seu trabalho sem cobrar nada, talvez se dessem conta de que Internet Livre e propriedade intelectual são coisas distintas.
Recomendo o livro “Gadget: Você não é um aplicativo”, de Jaron Lanier, que explora as entranhas deste cabo de guerra.
Boa, não conheço o livro.
André,
Essa farra de download pode dar prejuízo, mas não tornou inviável o mundo da música nem o mercado editorial.
Também pode dar acesso a coisas que dificilmente alguem conheceria por outros meios. Passei a comprar discos do Killers, Alice Cooper, Simon & Garfunkel, London After the Midnight, Gojira, e MUITOS outros, por ir além dos singles e ouvir suas discografias na internet.
Quero comprar os livros do Alberto Laiseca porque um dia baixei noi cine torrent o filme “Querida, Voy a Comprar Cigarrillos y Vuelvo”. Vi no Guardian que a indústria de vinil no Reino Unido dobrou no ano passado. As pessoas estão baixando coisas ilegalmente, mas não deixam de comprar também…
Sim, mas a indústria do vinil dobrar não significa muita coisa, já que estava praticamente a zero.
pois é, em plena era do mp3, ela saiu do praticamente zero e está em pleno crescimento.
O que quero dizer é que as pessoas baixam, mas vão além disso, pode ver pelos comentários da galera aqui.
Barça, primeiramente digo que já citastes de antemão todo argumento possível (será?) que poderíamos usar para discordar de sua opinião e já defendeu-se dos mesmos. isto fora injusto de sua parte, viu? (risos).
Quero dizer que tenho a mesma opinião. Procuro – dos artistas que gosto – baixar uns previews ou algum conteúdo de trabalhos novos – vide o Alice In Chains – e ir até a loja para comprar o CD e tal.
Como sou velho, ainda tenho um CD player e fico escutando de lá… mas em dias estarei fazendo uma “gambiarra” para ligar meu iPod ao estéreo, para utilizar também algumas MP3.
É isso.
Mas Barça, da próxima vez deixe estas “aberturas” para que o pessoal venha com argumentos pífios e sem noção… acho um barato ler os comentários que partem por este viés!
“O problema é que nos acostumamos à ideia de que ideias não valem nada”. Cada vez mais, ideias e opiniões são tratadas como se fossem a mesma coisa. Por isso a cultura da reclamação em que vivemos, a fragilidade crescente nos argumentos e, por consequência, a desvalorização (financeira) embutida na ideia de internet “livre”. É difícil acreditar, mas é um fato desde a Grécia Antiga: não existe liberdade sem limite. É interessante pensar que a internet, por ser considerada ilimitada em suas possibilidades, é tudo, menos livre, ou libertadora…
é curiosa a discussão. Voce tem toda razão em seu bom senso, mas a humanidade não tem costume de adotar “criterios”. A enxurrada sempre correrá pra onde é mais fácil, água não sobe ladeira. Simplesmente caminhamos para uma barbárie cultural, um vale-tudo onde nada valerá mais nada, inclusive o proprio ser humano. O mundo dá sinais de um desemprego generalizado, uma ignorância irritante por toda parte, os conteudos cada vez mais ralos e “sem dono”. Ridiculo compararem uma redação com um site replicador. Cobrar criterios de quem ? de governos ? Sou da opinião que já estamos na anarquia e eles também não valem e não fazem mais nada que preste, no mundo todo. Está tudo em cheque-mate.
És tu mesmo, Guilherme?
Não deve ser não. O cara que fez aquelas músicas fofinhas jamais escreveria algo tão pessimista.
Acho que é sim. Aliás, aposto que é.
se for, só pra constar: eu tenho o Piano Solos!
voce é biduzão; me liga que eu te parabenizo pela percepção. Fiz musicas fofinhas sim, pra transformar o mundo pelo amor cortante, mais cortante que qualquer discurso pessimista ou racionalmente transgressor. Sou o Guilherme Arantes sim, leitor de Maiakovski e fã de Godard e Antonioni, ouvinte de Rameau, Couperin, Haendel e Scarlatti. amigo de Taiguara, Mano Brown e Tom Jobim, camarada de Ed Motta, Caetano, Gil, confidente de Roberto Carlos, de Belchior, Fagner, de Tom Jobim, parceiro de Nelson Motta, amigo de Elis e Bethânia, fã e ídolo de Nara Leão, João Gilberto, humilde músico de Jorge Mautner, enfim, qual é o problema em ser eu mesmo ? um operário da arte, um sonhador que não se abate, abração , andré ! me liga !
Sou teu fã e não é de hoje. Aqui em casa você reina. Temos uma filha de cinco anos que ouve música com a gente. Sempre ouviu Beatles, Mutantes, Raul Seixas, Secos e Molhados, só filé. Sabe qual a música preferida dela? “Planeta Água”. Tive de explicar a letra toda pra ela, ela queria saber o que era “grotão”, “igarapé”, “leito”. Outro dia te vimos no Canal Futura e ela adorou. Claro que ligo. Abração.
claro que sim !
Demais, Guilherme. É que nesse mundo virtual e anônimo é sempre bom confirmar a identidade de quem se manifesta, não é mesmo?
Muito louco isso aqui !!! rsrsrsrs
“Lindo Balão Azul” é hino em casa, uma música feita com o coração, para crianças e sem tatibitate. “Marina no ar” putz, sou louco por tantas coisas que esse cara fez. Esse aí sabe das coisas MESMO, mestre total. Abração, Guilherme, sucesso e saúde.
Eu tive um vinil do Moto Perpétuo. Acho que de 1974 ou 1975, não me lembro bem. Legal ver o Guilherme se manifestando aqui. Pra quem não sabe, o Moto Perpétuo foi uma banda que o Guilherme formou nos anos 70.
Minha mãe é fã!
“..uma ignorância irritante por toda parte…” Olha estamos em uma época em que isso é uma verdade, como nunca vi antes. Infelizmente.
É exatamente assim que vejo as coisas.
Indo além, fui usuário do Napster lá nos idos de 98/99, de Kazaa e congêneres e uso muito o Torrent hj em dia. Não baixo música. Nunca fui consumidor de música e se tenho 300 e poucos mp3 estes foram ripados de CDs de amigos ainda no século passado. Leio em média 40 livros por ano e pago por todos eles. Não baixo filmes mainstream pq os vejo no cinema. Baixo muitas séries e não as compro pq não permitem download por residentes na américa do sul.
Penso que uma parte daqueles que consomem conteúdo sem pagar não são público desse material. Não comprariam o download por não terem condições ou motivações suficientes.
Quem aprecia acaba naturalmente pagando pela mídia de melhor qualidade, indo ao show e etc.
Vendo assim, concordo com o Guilherme (seja ele O Arantes ou não). Estamos numa anarquia que infere um outro modelo de negócio e consumo que ainda engatinha. Por enquanto é um free for all lascado mas pode ser que disso venha uma ordem que suplante tudo que houve até agora, de um jeito ou de outro.
Parabéns, pela perspectiva adotada!
Barça, já viu o documentário do pirate bay “TPB AFK”?
Não conheço, valeu pela dica.
Xará, penso o mesmo.
Como você disse, falar sobre o assunto é mexer no vespeiro.
Parabéns pela coragem e pelas palavras lúcidas.
Um abraço!
Um amigo já me chamou de “dinossauro fetichista” pelo fato de eu gostar de colecionar cds. Acho estes downloads ilegais uma coisa extremamente nociva e que não agrega nada de bom ao cenário cultural do mundo. Mas os “downloaders” podem ser orgulhar por deixarem um legado e terem escrito seus nomes na história da música. Falo disto: http://whiplash.net/materias/curiosidades/178016.html?utm_source=dlvr.it&utm_medium=twitter
Balela. Os caras não tiveram capacidade para manter seus negócios.
Você conhece a história de cada um ? Ou é mais um palpiteiro virtual ?
Porisso tenho orgulho de dizer nunca comprei um filme (4×10 reais)pirata ou baixei alguma musica de graça.sou o trouxa !
A maioria absoluta dos que defendem a gratuidade de conteúdo (literatura, software, etc.), nunca produziram algo de valor ou que preste o bastante para viver daquilo.
Só entende isso quem escreve, desenvolve, cria, etc.