Então esta é a tal “liberdade de informação”?
22/04/13 07:05Semana passada indiquei aqui no blog o livro “The Soundtrack of My Life”, autobiografia de Clive Davis, um dos executivos mais influentes e polêmicos da música pop.
Um dos primeiros comentários que recebi, poucos minutos depois de o texto ser publicado, trazia um link para que todos pudessem baixar o livro sem pagar.
Esta ideia de que tudo é de graça já encheu a paciência. Será que as pessoas têm tanto desprezo por livros que se acham no direito divino de usufruir deles sem pagar?
Escrever sobre esse tema é mexer em vespeiro. Já sei os tipos de comentários que receberei. Boa parte será ao estilo “Robin Hood de laptop”, defendendo a “liberdade de informação” e tachando de “reacionário” qualquer um que tenha opinião diferente.
Outra parte usará o método de intimidação mais comum nas redes sociais, a desqualificação do debatedor: “Olha quem está falando, até parece que ele não baixa nada da Internet…”
Para início de conversa: baixo, sim, muita coisa de graça da Internet. Mas tento usar o bom senso: baixo filmes que não estão disponíveis no Brasil (especialmente documentários, cada vez mais raros por aqui) e discos de bandas novas que me interessam. E se gosto das bandas, geralmente compro o disco. Posso dizer que nunca comprei tantos discos, filmes e livros e assinei tantas revistas e jornais quanto nos últimos anos.
Já prevejo a réplica: “Quero ver se você liberaria um livro seu…”
Respondo: liberaria sim, dependendo das circunstâncias. Há alguns meses, um leitor escreveu dizendo que não estava encontrando meu livro “Barulho”, que publiquei em 1992. Outro leitor disse que tinha o livro em pdf e perguntou se poderia disponibilizá-lo na rede. Ora, o livro está fora de catálogo e a editora que o publicou nem existe mais. Por que diabos eu seria contra liberá-lo de graça, se isso não vai acarretar prejuízos para a editora que me contratou? Claro que liberei.
Espero receber também vários comentários furibundos me acusando de ser contra a “democratização” da Internet. A esses reclamantes, adianto: acho perfeitamente possível respeitar o direito autoral e defender o direito de todos a uma Internet acessível e de qualidade. Não são coisas excludentes.
Acho que o autor deve ser livre para decidir como sua obra, seja livro, disco, artigo ou filme, é veiculada. O Radiohead quer vender um CD no esquema “pague quanto acha que vale”? Ótimo. Uma banda quer disponibilizar todos seus discos de graça? Ótimo também.
Vale lembrar que na época em que existia indústria do disco, artistas faziam shows para vender discos, e hoje fazem discos para vender shows. O que explica, em parte, a inflação no preço de shows nos últimos 10 ou 15 anos.
O problema é que nos acostumamos à ideia de que ideias não valem nada. Pagar para ler qualquer coisa é considerado “injusto”. Mas na hora em que alguém explode duas bombas em Boston, onde buscamos informação? No blog de um desses Robin Hoods virtuais ou na CNN?
No documentário “Page One”, sobre o jornal “The New York Times”, há uma cena marcante: David Carr, colunista do jornal, participa de um debate sobre a crise no jornalismo. Um dos debatedores defende a tese de que jornais são “obsoletos” porque todas as informações podem ser encontradas em sites de busca. Para provar, exibe uma folha impressa com a página principal de um desses sites, que traz dezenas de notícias.
Carr pede um intervalo de alguns minutos para continuar o debate. Quando a conversa é reiniciada, ele mostra a mesma folha impressa com a “homepage” do site de notícias, inteiramente recortada e sem conteúdo algum. “Cortei todas as reportagens que foram tiradas de jornais ‘obsoletos’. Como se vê, não sobra muita coisa.”
Para resumir: “agregar” conteúdo é diferente de “produzir” conteúdo.
Em janeiro, o franco-norte-americano André Schiffrin foi ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura. Schiffrin é chefe da The New Press, uma editora sem fins lucrativos e mantida por fundações, que publica livros de qualidade que não encontram espaço num mercado que privilegia “best-sellers”.
Na entrevista, Schiffrin falou das propostas que existem para que sites de buscas, como o Google, comecem a pagar pelo uso de conteúdo. Na Alemanha, o governo aprovou uma lei que permite a editoras cobrarem de sites de buscas e outros “agregadores online” (leia mais aqui). O Google, claro, é contra, e começou uma campanha chamada “Defenda Sua Internet”, dizendo que a lei “vai dificultar o fluxo livre de informações”. Só para lembrar: o Google vale 250 bilhões de dólares. Não é uma ONG.
Enquanto legisladores e o Google não chegam a um acordo, os Robin Hoods continuam a roubar dos ricos para dar aos mais ricos ainda. No caso do Brasil, com um agravante: frequentemente usam dinheiro público para organizar debates e eventos para defender que tudo seja de graça. O que está errado nesta equação?
Além desse títudo e de outros que você indicou vou esperar pela boa vontade da editoras em traduzir e editar para comprar. Sou do tempo do livro de papel e vou continuar a usá-los desse modo.
O jeito que dou é chafurdar no bolor e poeira dos sebos atrás de algo legal pra ler. Um ou outro item eu comprei novo, os mais preciosos.
Pra quem, como eu, não é fluente em ler inglês o jeito é ter paciência com as injustiçadas editoras…
Outra opcao eh aprender ingles, o que nao eh tao dificil assim …
Estive vendo algumas palestras do Jaron Lanier esse dias que confirmam muito do que você escreveu. Segundo ele o google e a mentalidade de “cultura livre” rapidamente destroem a classe média da internet (termo do Lanier, acho que se referindo á o usuário médio que deseja produzir e comercializar conteúdo) e cada vez se torna mais difícil viver da produção de bens digitais.
Para quem não conhece, recomendo, uma pessoa importante na conceitualização da internet e hoje extremamente frustrado com o caminho que essa tomou – compara o que faz o google com a pratica do wal-mart nos anos 90, que usou um sistema sofisticado de análise de preço e eliminou tando da concorrência que empobreceu seu próprio mercado consumidor: http://www.edge.org/memberbio/jaron_lanier
PS: Entrei outro dia no Boicota SP e me pareceu exemplar de uma geração que não entende nada sobre custo ou valor mas se sente na posição de arbitro econômico.
Não conheço o trabalho do Lanier, muito obrigado pela dica, parece bem interessante.
Pago para te ler assim como acessar a Folha via UOL. Agora descobri que “vacilei” e como deixei o debito num cartao encostado estou pagando ha mais de ano um valor extorsivo com uma enormidade de servicos que nunca usei ou solicitei, custo quase dez vezes maior do que tratei ao assinar. Ou seja, fui roubado ao confiar na empresa que disponibiliza a informacao. Falta a industria de informacao empacotar corretamente seu conteudo e aprender que os tempos sao outros, explorar o aficcionado, vender CD com 90% de musicas feitas nas coxas + 1 hit, infinitos recursos para jaba, isso jah era.
Agora chupa essa manga!
Tudo o q e baixado na internet nao tem o mesmo valor do original.lembro de ter baixado tanta banda na internet q ate hj nunca tive interesse de escutar.. Parece sem valor… Agora com um vinil na mao e diferente..ai sim tem uma satisfacao legitima. Outra coisa.. Tantos livros sao baixados…mas lerem eles no computar e um saco…e muito esquisito…
Morando fora do Brasil encontrei uma maneira muito honesta de assistir DVDs, escutar CDs e ler livros, jornais e revistas: BIBLIOTECAS. Não dá pra sair comprando tudo que a gente gosta ou quer conhecer, primeiro porque nem sempre a gente encontra segundo porque dinheiro não nasce em árvore. Pessoalmente, gosto muito de comprar DVDs, CDs, jogos de videogames, revistas e livros, e é o que faço sempre que posso, sem falar no fato que eu acho muito legal poder desfrutar do material físico. Muitos DVDs e CDs possuem livretos muito bacanas e tal, sem falar na qualidade do material, sempre melhor. Há ainda alternativas para se conseguir coisas mais baratas, como eBay ou sebos. Baixo muita coisa também, claro, quando não encontro ou não tenho grana. No fim das contas, basta ter bom senso e saber equilibrar as coisas. Mas voltando ao assunto das bibliotecas: incrível como frequentá-las nos ajuda a salvar dinheiro, a pegar emprestado o que a gente gosta, a conhecer coisas novas, a evitar ficar fazendo mil downloads via torrent… No Brasil ninguém dá a mínima pra isso, muitos pensam na biblioteca como um gasto, como um prejuízo, como algo sem retorno, como um espaço antiquado e careta. Há quase um ano e meio morando na Austrália peguei, por exemplo, mais de 100 DVDs nas bibliotecas locais. São centros que merecem muito mais atenção.
Perfeito, Andre! no ponto! é o que venho tentando dizer há um bom tempo, condensado sabiamente em alguns parágrafos.
E eu vou mais além, procuro não baixar nada. Se for bandas, procuro ter um serviço de streaming como um Xbox music da vida, assim posso as conhecer..
e por aí vai.
Prezo muito por algo que comentou: O ARTISTA PRECISA DEFINIR o que quer. se ele quer cobrar 10 dólares, eu posso dizer sim ou não. se ele quer 5, eu posso dizer sim ou não. Mas não posso EU fazer as leis e decidir que é obrigatório o mundo me dar.
Ao reclamar de um jogo de 59 dólares e o baixar, estamos dizendo o que? que a humanidade toda necessariamente precisa ter um videogame de última geração para sobreviver, que é dever do estado dar Xbox e playstations por aí?
Barcinski,
Sempre que vejo esse tipo de discussao em torno dessa (nova) reprodutibilidade tecnica lembro de um conversa que tive em 2008, durante a gravacao de um documentario para a MTV, com o Barriga, ex-produtor de DeFalla, Engenheiros e Replicantes e atualmente produtor de Chitaozinho & Xororo e afins.
Uma das preocupacoes do Barriga, ja naquela epoca, era justamente essa: se ninguem mais paga por um disco/filme/livro de onde vai vir o financiamento dos valores de producao do mesmo?
A resposta dele era simples: de lugar nenhum, o que pode acarretar no futuro a predominancia do que ele chamava de “baixa frequencia musical”.
Ou seja: producoes cada vez mais fuleiras, caseiras, amadoras e sem valores de producao nenhum. Musica nos moldes do tecnobrega, do funk, do arrocha e do ‘sertanejo universitario”.
Sem perspectiva de retorno a medio e longo prazo, quem vai investir em producoes bem-cuidadas e conceituais e em carreiras que se solidificam ao longo do tempo? Quem vai se arriscar a fazer o que fez nos anos 70 o Midani com as carreiras da Gal, do Gil e do Caetano?
E mais: como ficam projetos gerados em estudio e feitos sem a menor perspectiva de uma turne? Quem bancaria hoje o Sgt. Peppers, o Pet Sounds, um disco do Steely Dan ou boa parte dos singles da Motown? Ja pensou o Brian Wilson levando bola preta da gravadora porque as ideias dele custam caro demais?
Meu palpite: ou os valores de producao desaparecem de uma vez (e ai vamos ter apenas a baixa frequencia) ou produtos mais elaborados vao se tornar cada vez mais branded content, com corporacoes extramusicais e transnacionais financiando discos, filmes e livros. Mais ou menos como queria o Sigue Sigue Sputinik la em 1986, quando vendeu espaco comercial entre uma musica e outra do seu disco de estreia.
Eu baixo discos e filmes, mas tambem compro muito DVD, gibi e livro. Gasto, em media, entre 100 e 200 dolares por mes na Amazon em livros e gibis (e 100 dolares na Amazon da pra comprar MUITA COISA). E compraria ate mais se pudesse importar DVDs numa boa (gostaria de ter, por exemplo, muita coisa da Criterion e da Something Weird).
Em 2010 lancei, junto com um amigo, um documentario em Creative Commons. Era um doc sobre tecnobrega, feito sem dinheiro publico, e era nossa ideia fazer com que as pessoas, depois da exibicao na TV, pudessem baixa-lo ou assisti-lo de graca.
Por conta disso o documentario rodou o Brasil, passou em varios festivais e nos rendeu uma serie de propostas de trabalho bem remuneradas. Tivemos muito mais audiencia do que se ele fosse exibido em um cinema, por exemplo.
Mas era uma decisao nossa e nao uma imposicao. Queriamos que o filme tivesse o mesmo espirito “pirateiro” que o tipo de musica que ele enfocava.
E ai, nesse ponto, eu concordo contigo. Liberar ou nao uma obra e uma decisao de quem detem os direitos autorais e patrimoniais dela. Nao pode ser uma imposicao ou algo tratado como uma causa politica.
Excelente ponto. Estou justamente no meio de um trabalho sobre o pop brasileiro dos anos 70, e a pergunta central é: por que tantos discos bons foram feitos naquela época? Acho que vc vai gostar.
Gostei da ponte menos verba-baixa qualidade. Boa reflexão.
André, você lê livros no Ipad, computador, enfim, digitalmente ? Eu não. Não consigo, acho desagradável, e acredito muita gente tenha essa opinião. Não vejo ninguém lendo livro digital no trem, nem onde trabalho, em nenhum lugar… Então vamos por partes. 1) Se é possível baixar o livro na internet, alguém provavelmente comprou, resolveu scaneà-lo e disponiblizá-lo. 2) Como no seu caso com bandas novas, alguém poderia baixar o livro, ler algumas páginas e então se gostar, comprar o livro físcamente, para ler de forma muito mais prazeirosa. Entendo seu ponto de vista, entendo que a grande maioria se aproveita da situação de forma pouco produtiva, diria até aproveitadora, mas trata-se de um modelo que dificilmente terá volta. Punir quem baixa, punir quem disponibiliza, num mundo onde cada vez se pode menos? Assim como a indústria da música, ou ela se adapta, ou então morre. Assista ao filme TPB AFK e como a justiça sueca trata a questão. 3) Vamos começar a procurar soluções para o problema ou vamos continuar reclamando da situação? Conte comigo.
PQP, perdi esta. Você utilizou de um argumento risivel e tolo, além de seu espaço no blog, só porque ficou magoado? Porque sou médico? Porque sou negro? Porque baixei o livro (fraco, por sinal)? Já disse: atendo de graça, mas – além de ter muito senso de humor, o que acho que te falta – infelizmente para você, sou ginecologista, e não a Madre Teresa como vc me chamou por fazer trabalho gratuito para quem precisa. Ah, no meio de tanta bobagem que li deu para rir de um ou outro comentário. Teve gente que me chamou até de belzebu…
Paulo, numa boa, quem falou em raça aqui? Ou em profissão? Pare de inventar, por favor, que isso é feio e desonesto. Quem começou a falar sobre cor de pele foi VOCÊ, que fique bem claro.
Ai, deus…tava achando a discussão sobre o tema interessante, mas qdo o assunto começa a descambar pra etnia/profissão/bondade x maldade é pq os argumentos tão fraquinhos. Não vejo nenhuma diferença entre um médico negro ou um gari albino e acredito que, para fins de baixar conteúdo autoral na internet esses aspectos não sejam muito relevantes.
Argumento fraquinho? Baixo o livro, o cara quer dar uma de paladino da moral e dos bons costumes, diz que eu desrespeito o autor, desprezo os livros e eu tenho argumento fraquinho? Serve para você também: atendo de graça em um PS da PMSP, se quiser, basta ficar na fila, marcar e ser atendida. Se não, 5mg de metadona para você.
Quanto ao comentário do autor do post: reitero o que disse e foi você (sem maiúsculas, pois é grito…) que falou em profissão, tocou no tema e se deu mal. Faço plantão de graça para quem necessita em SP, como já disse, me sinto feliz e esta atitude, com todo o respeito, faz com que eu me sinta melhor que a grande maioria dos que aqui falam e escrevem. Inclusive se quiser que eu atenda seu “parceiro” Zé do Caixão, basta entrar na fila, não tenho nenhum tipo de pre-concei-to, até com este “grande” cineasta brasileiro.
Em tempo: Gari albino é boa, nunca imaginei isto.
Ela disse que usar cor de pele na discussão é um argumento fraquinho, e eu concordo. Aliás, não é só fraquinho, como é moralmente desonesto. Eu te chamei de “Madre Teresa” porque você ficou trombeteando a própria bondade. Quem perguntou se vc faz caridade? Eu? Fazer o bem não te basta, ou você precisa ficar anunciando isso ao mundo para dar provas de sua suposta “superioridade moral”?
Pronto. Arranjou adeptos à sua idéia. Manda abraços para a “fraquinha”… Pena.
Mas, pela última vez, quando precisar de uma consulta…. já sabe o resto.
Quanto ao “bem”, como você diz, que eu faço (vejo como obrigação, é a minha missão dado que tive muitas oportunidades) anuncio isto aqui – onde duvido que muitos se disponham a tal – para demarcar profundamente a nossa diferença. Eu faço e você não, é difícil para outros aceitarem que alguém pode abrir mão de R$ em troca disto, mas aqui é deste jeito e não tem discussão. Quiçá outros se dispusessem a fazer o mesmo…
Assim como baixo livros e cds os compro também (como você, sabujamente, omite) em quantidade igual ou maior a que muitos aqui. Relembro a você, sou médico, logo os livros são caro$, negro, oriundo de família pobre, estudei e estudo em universidade pública, sempre votei no Lula e me divirto muito com tanta coisa que leio por aí.
Por fim: Se é correto moralmente baixar livro? Não me preocupo. É muito pequeno diante de tudo que vejo passar na minha frente, no meu cotidiano pessoal e profissional. E mais: uso a cor da pele sim, e em qualquer argumento, para que se revele qualquer traço ou ranço de preconceito que pessoas tentam esconder. Quando, em 1º lugar, tentam negar isto, e porque aí tem… C’est fini, mon ami. Au revoir.
Pela última vez: não me interessa a cor da pele ou classe social de ninguém, não separo ninguém por raça ou classe social. Entendido? Paramos por aqui? Tchau.
Geralmente a pessoa racista é a primeira a mencionar a cor da pele, porque é aquela que acha que faz alguma diferença.
E o que o Lula tem a ver com tudo isso?
Paulo Eduardo, faça caridade, mas não grite aos quatro ventos que a faz – isso é demagogia da pior categoria e esmaece até mesmo o altruísmo de seu ato.
Eu até entendo ter mencionado a profissão, dado queria mostrar que não era um desocupado que deseja que as coisas caiam gratuitamente no colo, mas citar raça e preferência política foi algo totalmente gratuito, sem propósito. O que o fato de você ser lulista e negro tem a ver com o fato de estar certo ou errado baixar livros? O que isso tem a ver com o fato de você valorizar ou não o trabalho de autores e artistas?
Não o critico por baixar livros (eu também baixo), mas essa questão passa longe de suas origens sociais e de sua raça e mais longe ainda de suas preferências políticas. O fato de ter vencido na vida e de dar sua contribuição à sociedade não é crédito para piratear. Sendo bem enfático: não condeno a sua pirataria, mas seus argumentos.
Por último: o modo como enfatiza sua ocupação parece ser uma tentativa de demonstrar superioridade. Eu não sou lulista e estou à léguas de ser socialista ou comunista, mas da mesma forma que um deles, vou te dizer que tua ocupação é tão importante quanto ao do operário, do pedreiro, do policial, juiz, professor e de outras profissões tão dignas quanto.
Sei que estou sendo hipócrita com frase tão demagógica, porém uma profissão não atesta por si as virtudes e os defeitos de uma pessoa.
Acho que a intenção do Paulo não foi trombetear, calhou de ele ter que se defender e acabou lançando mão de vários tipos de argumentos. É interessante como por vezes as discussões “voam” e o foco é perdido. Diante da rispidez na troca de palavras, o patrulhamento o irritou e acho que o que ele quis dizer foi que discutir se alguém deve baixar livros piratas ou não pode ter sua importância, mas é secundário diante das coisas feias que ele costuma ver por aí. Eu concordo.
Claro que foi essa aintenção dele, tanto que fez questão de repetir várias vezes, mesmo que isso não tivesse nada a ver com a discussão. Paro por aqui.
Caro Agilberto, começo a pensar que tu tens alguma implicância comigo. Mas afirmo para ti que não discordo em absoluto do posicionamento dele referente à baixar livros e sim o fato de divulgar contrapartidas sociais que abonem seus pequenos vícios e deslizes. Trata-se apenas disso.
De jeito nenhum, não tenho implicância com ninguém. Eu apenas dei minha opinião. Inclusive gostei muito de nossa conversa sobre futebol. Aqui eu achei “demagogia da pior categoria” exagerado. O Paulo apenas contrapôs o que eu considero um patrulhamento dizendo que faz um trabalho voluntário e gratuito. Eu não o conheço e tenho a impressão que ele usou os argumentos dentro do contexto, não me parecendo o tipo de pessoa que sai por aí se fazendo de santo.
André,
acho engraçado ouvir de pessoas que não produzem nada criticarem aqueles que produzem e não disponibilizam o seu trabalho.
Ora, se o sujeito faz música, livro ou filme para viver, quem tem o direito de lhe roubar isso?
Só que aqui, a cultura é outra, ao invés de se atacar o sistema que torna o livro caro, rouba-se o livro. Assim o sujeito resolve o seu problema e não o da sociedade.
Um abraço.
Amigo, qum tm que ser Laico é o Estado, não a política! Se essa fronteira for transposta, aí seu artigo fará sentido ! Até o momento, muito barulho e nada de concreto … e de todas as partes ! Saudações,
Olha, lendo aqui tanta idiotice nos comments, me pego meio deprimido. Imagina vc. Nao duvido que vc cogite desencanar do blog de vez em quando. Talvez acabe desencando, o que seria uma pena. Abs.
Cara não baixo livros,porque gosto de ler no papel, mas ganho meros 1200 reais por mês se for comprar cds, vinil, ou dvds como fazia antigamente vou morrer de fome.
Nesse caso acabo baixando ou fico sem informação
Concordo com tudo o que disse, mas acho que esta é uma guerra perdida… não dá para confiar no bom senso e na honestidade de todos, principalmente pq é muito fácil de se baixar algo de graça e comprar DVDs e CDs piratas.
Infelizmente quem perde somos nós, pq isso desestimula os artistas… ninguém gosta de trabalhar de graça.
Boa André… apesar de ser um pouco de hipocrisia da minha parte ja q eu mesmo parei de comprar cds e só faço baixar pela internet, confesso q compartilho da sua opnião…. eu lembro q quando aquele dotcom foi preso e o megaploud foi fechado, varios valentes de teclado sairam em defesa do cara e xingaram muito no twitter porq não podiam mais usar o seu brinquedinho predileto (megaploud) e falavam sobre a censura, o fim da internet livre blá blá blá… eu quase fui linchado em um blog porq disse q eles estavam esquecendo de um detalhe importante… Dotcom enriqueceu e construiu um imperio a custa do trabalho dos outros, ele não era nenhum heroi q estava lutando contra o sistema (seja la o q merda signifique isso), e sim um cara esperto q encontrou uma forma de ganhar dinheiro… mas é aquela coisa, nego só olha pro proprio rabo e só quer saber de usufruir das coisas de maneira facil, fazer o q
comprei o BARULHO num sebo, na 7 de abril! presenteei um amigo meu, la do crato-ce, que é um admirador seu! baixar o OGRO seria covardia! 20 conto, alem do seu autografo, realmente, ñ tem preço!
post perfeito. são milhões de sites apenas replicando o que uns poucos realmente produzem.
Ei Barcinski, fugindo do assunto, já escutou Iceage – You’re Nothing, disco deste ano? Parece um Joy Division rasgado, gostei muito.
A pirataria pode não ser tão nefasta. Aliás, ela tá é fazendo um bem à todos ao colocar tudo em seu devido preço.
Hoje se paga US$1/musica, US$10 por livro, em suas versões digitais. Mas creio que o preço vá cair ainda mais, afinal pra quê armazenar se podemos ter streaming infinito?
Os R$15/mês na NETFLIX e mais recentemente os US$10/mês do RDIO e sua coleção gigantesca de álbuns e musicas fizeram meu indice de torrents despencar.
A revolução digital chegou e assustou. Mas o mkt parece estar encontrando um equilíbrio. Certeza apenas que nada será como antes.
Bom, Marcelo, dizer que a pirataria faz bem é como dizer que um tsunami é bom porque diminui a densidade populacional. Ela não faz bem, mas seus efeitos nocivos acabam obrigando o mercado a mudar sua política.
Mas André,
Num país onde um livro recém-lançado chegou a custar entre R$50/R$60, cds R$50, dvd R$100, creio que esse processo de “democratização à força da cultura” foi benéfico.
Repare que os preços hoje estão, mesmo nas lojas físicas, mais acessíveis.
Mas como nenhuma revolução ocorre de forma pacífica, sempre teremos mortos e feridos gritando. Faz parte do processo e do ajuste.
PS. Cinema ainda custa R$ 25. Mas tão se segurando ainda por causa do 3D. Se não sair em 3D é melhor programar pra Mostra…
Sim, concordo que as coisas estão se adaptando a preços mais realistas, só acho errado dizer que é um “benefício” da pirataria. Pode dar a impressão de que a pirataria tem alguma qualidade ou que é algo a ser louvado. Se uma cidade toma medidas severas por causa da criminalidade e consegue diminuir os crimes, podemos dizer que isso foi um “benefício” da criminalidade?
Na real o custo não baixou graças à pirataria, e sim à terceirização do processo produtivo. É aí que entram China, Taiwan, Malásia, Vietnan, etc. E não sei qual é a ideia que as pessoas fazem de “preços realistas”. Propriedade intelectual é dificílimo de mensurar. Quem aí pode me dizer quanto vale uma criação do Hendrix, por exemplo? Ou quanto vale uma obra do Cortázar ou do Joyce? Bem difícil colocar um preço nisso, dividir por X milhares ou milhões + custo de produção, logística, distribuição e dizer que “porra, 60 paus no Ulisses? Ah, velho, não vale…” Entende o tamanho do problema?
Sabbath Blood Sabbath lançado em 1973 (40 anos atrás) preço na Cultura? Módicos R$64,90 (parcela em 3x, viu?)
Desculpem: não há argumento racional que justifique este preço para um CD.
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=360736&sid=624975148141126445318388025
Faço as duas coisas compro filmes e baixo também. Livros jamais, só compro, baixar livro é o fim da picada. Música a mesma coisa, compro e baixo. Porém uma coisa é certa, não sou tão criteriozo quanto você, não fico pesquisando exaustivamente para ver se vou achar no Brasil antes de comprar.
O pior mesmo é quando você compra o DVD “original” e percebe que a qualidade é pior que a dos camelôs. Quem já comprou algum DVD da distribuidora Continental sabe do que estou falando.
Acho que é preciso ver essa polêmica sobre uma ótica comercial diferente da que a gente se acostumou antes da internet. O que mudou é que agora as pessoas tem em mãos os meios de produção e reprodução, coisa que não tinham antes.
Pedir para o usuário pagar por um download na internet é como o Hotmail cobrar um selo por cada e-mail que você envia. É como vender água mineral engarrafada do lado de uma cachoeira. A internet, doa a quem doer, não funciona na lógica da compra por cópia, pois ela é feita pra se replicar, pra se “viralizar”.
Ao mesmo tempo acho errado dizer que o usuário baixa um disco, qualquer que seja, “de graça”. Mentira, posto o usuário gasta uma fortuna pra ter essa estrutura: o computador custou caríssimo, o HD custou caro, o iPad, o iPod, o iPhone e o acesso mensal da tua Net. Nada disso existia nos anos 80. Some isso tudo e perceba que o suposto “pirata” já paga uma bela grana pra ter o direito de piratear. Não por acaso a Apple é hoje a maior empresa do mundo, justamente porque fabrica os melhores receptáculos de “pirataria” do mercado, enquanto o Google (“Don’t be evil”) nada mais é do que as páginas amarelas da pirataria online.
Então acho que os produtores de conteúdo só precisam conseguir cobrar das pessoas certas e saber ganhar dinheiro de novas formas. Cobrar diretamente do usuário que “pirateia”, e ainda chamá-lo de criminoso, simplesmente não funciona mais.
george, sem receptador não existe ladrão. e o coitadinho do usuário da internet paga pela comodidade de receber tudo na sua casa e pela praticidade, portabilidade e exclusividade de acesso aos gadgets q compra, não pelo q pirateia. e bonita sua idéia q os produtos da apple custam caro. que tal alguem piratear a planta deles e passar via net pra q quem quiser possa fazer o seu em casa? não seria democratizar os meios de acesso á informação? um peso, duas medidas, um consumismo só…
Muito bom texto. Típica mentalidade de brasileiro que se acha malandro, pode fazer o que quiser contanto que o prejudicado não seja ele próprio.
é isso mesmo que eu li? espere um pouco que eu vou dar um tempo pra ver se não é uma ilusão…
Não! Realmente eu li algo com um pouco de bom senso na internet, o que ultimamente tem sido pedir muita coisa.
será que é tão dificil perceber que todas as ferramentas se usadas com este bom senso que você usou para escrever o texto podem ser excelentes? é só usar com respeito ao artista/ escritor. eu posso dizer que faço como você e desde que me rendi a baixar músicas na internet tenho descoberto novas bandas e comprado o dobro de discos, o mesmo valendo para os filmes.
O Barulho é muito bom! Referência básica em relação à música dos anos 1990. Merecia sair em papel novamente – e também numa edição digital “ilustrada” com as músicas citadas!
Os canais abertos de televisão transmitem sua programação gratuitamente a décadas e apesar dos altos custos nunca precisaram de 1 centavo do telespectador. Se tivessemos que realmente pagar por tudo, muita coisa seria inviável. Pobre não teria computador porque teria que pagar pelos programas, musica só aquela merda que o radio toca, filminho pornô nem pensar e leitura só bula de remédio.
Claro, a Globo tem uma gravadora, a Som Livre, mas ela DÁ os discos para a população, não é? Os filmes da Globo filmes também são doados, aparentemente.
A TV aberta é concessão do Estado, por isso que não pagamos por ela. Ela sobrevive com a venda de slots em sua programação para veiculação de propaganda e merchan em seus programas.
Você não paga, você é o produto.
Estou vendendo um exemplar do livro do Barcinski “Barulho”, autografado pelo Jello Biafra no dia do lançamento do livro no Rio. Interessados favor enviar email vmota01@gmail.com
Eu tenho um autografado pelo Barcinski, que encontrei (e que me deu o livro) em um debate na UFPR entre o Forastieri e um cara da Somaterapia(!), ahahah.
André, esse assunto que trouxestes é bem interessante, mas não dá para escapar do OT que bombou no fim de semana: o que vc achou da recepção ao seu tuíte sobre o Rogério “Feliciano” Ceni. Eu sou são-paulino, mas achei muito engraçado a comparação, mas por outro lado, concordando com o Birner, acho que foi muito útil para alguns jogadores acordarem para importância do jogo e de vestirem a camisa que vestem (ex. PH Ganso)…
Pode ter sido útil, mas que ele pareceu um pastor, pareceu. Não consigo entender porque toda “motivação” esportiva precisa descambar pra demonstrações de fanatismo religioso.
O Ceni é um lider tem tempo, já conseguiu aprender que pra um discurso ter efeito em quem ouve, precisa atingir o ponto certo. Ele conheçe o elenco do SPFC e sabe o perfil das pessoas. Portanto usou um tema que julgou que iria atingir a quem estava ouvindo, no caso a religião. O perfil hoje do elenco do SPFC é de jogadores pais de família e sim, a maioria é religioso.Mesmo os jovens tem esse perfil. Nem sempre foi assim. Se o elenco fosse sei lá, recheado de sócrates, edmundos,chulapas e Renatos Gauchos, seria melhor usar outros termos. O comportamento do time provou que ele estava certo.
Ah, entendi. Ele fez uma pesquisa pra saber quantos ali são pais de família religiosos, e achou que a melhor estratégia seria imitar um pastor fanático religioso. Tá bom.
O cara convive diariamente com eles. Até eu que sou torcedor e estou de longe consigo perceber que o perfil da maioria é esse. Procura jogador do SPFC aí nas baladas. Pode achar, mas pouco. Basta perceber e ser mais esperto que os organizadores do Rock in Rio por exemplo, que resolveram colocar o Carlinhos Brown pra cantar pro público do Megadeth, piada. E se o seu objetivo era comparar o discurso dele com a pregação de um pastor evangélico, bastava usar a palavra “pastor”, ao usar o nome do Feliciano incorporou as demais “qualidades” do mesmo tão expostas recentemente, como caráter,corrupção e outras maravilhas. Foi infeliz, minha opinião.
Eu, procurar jogador em balada? Tenho mais o que fazer. E você também tem, acho, do que ficar tão melindrado com uma crítica a um jogador de teu time.
Essa valeu o dia!
Barção, sei que não é sua praia, mas fizeram um site de venda de jogos de computadores antigos (Good Old Games) a preços camaradas e todo mundo sai ganhando, http://www.gog.com . Interessante que pegaram um mercado obsoleto e conseguiram valorá- lo em tempos de download livre e onde os clientes são extremamente fiéis. Poderiam abrir um site assim para documentários sem distribuidora no Brasil para baixarmos também, você não acha?
Os jogos após um tempo viram “abandonware”, ou seja, caem em domínio publico. Como acontece com as musicas antigas e tal.
Acontece que – se não me engano só nos EUA – se estes jogos voltam a ser comercializados (claro, em uma nova embalagem ou em versões gold e deluxe), não são mais considerados abandonados.
Aí dá para lucrar em cima.
Mas é só com “coisas” antigas…
Guilherme, essa foi a grande dica do ano….sensacional o site.
De nada, Willian. Esse site é foda e merece ser divulgado mesmo!
Se te interessa, tente:
http://www.abandonia.com
Conheço tb, F de I. Valeu!