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André Barcinski

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Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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Não perca: TV exibe o pior filme do mundo

Por Andre Barcinski
23/04/13 07:05

A HBO 2 exibe amanhã, às 15h22, “Marina Abramovic – The Artist Is Present”, documentário sobre a cultuada artista performática sérvia. É o pior filme que já vi e absolutamente imperdível (veja outros horários aqui).

“Imperdível” porque acredito que assistir a filmes ruins pode ser didático. Enquanto grandes obras inspiram pelo exemplo, as péssimas o fazem pelo não-exemplo: assista e aprenda como não fazer um filme.

 


 

Brincadeiras à parte, posso dizer que o filme é tão ruim que ficamos até em suspense para ver como terminava. A cada minuto, aumentava a ansiedade aqui em casa: “Não é possível, vai ficar pior ainda?”

Quero deixar uma coisa bem clara: não estou criticando a arte de Marina Abramovic, mas o filme. Confesso que não tenho o menor interesse em “performance art” e vi o filme até para conhecer mais sobre o assunto.

Mas o efeito foi oposto: agora não quero mesmo ouvir falar de nada que se refira a artes performáticas e muito menos a Marina Abramovic.

O filme conta a preparação para uma importante exposição de Abramovic no MoMa, o Museu de Arte Moderna de Nova York. Durante vários meses, a equipe acompanhou a artista e seus incontáveis assistentes.

Na exposição, atores jovens iriam reencenar peças “clássicas” (o termo é da própria Marina) da artista. E ela estrearia uma nova “performance” chamada “A Artista Está Presente”, em que ficaria sentada numa cadeira por três meses, durante o horário de funcionamento do museu, enquanto os visitantes poderiam sentar-se em uma cadeira em frente a ela e ficar olhando para sua cara pelo tempo que quisessem.

O filme é a maior “egotrip” que já vi. Marina Abramovic é uma artista que não fala sobre o mundo, mas sobre como o mundo deve falar sobre ela.

Durante as quase duas horas, a artista é cercada pela mais caricata cambada de puxa-sacos, uma claque que se limita a rir de suas piadas sem graça e achar genial qualquer espirro da iluminada.

Marina não consegue falar nada interessante, apenas platitudes sobre ela mesma, mas ditas com a pompa de quem está prestes a revelar um segredo milenar. Quando alguém avisa que a exposição já chegou a 750 mil visitantes, ela diz: “Mas é quase um milhão!”

O filme não consegue explicar por que Marina Abramovic é tão importante. Há imagens de arquivo de performances antigas em que ela e o então marido, Ulay, dão tabefes na cara um do outro por 14 horas e jejuam por 15 dias em uma mesa de jantar, mas não há uma contextualização que ajude o espectador a entender por que aquilo é tão bom.

Em determinado momento, Marina critica o culto a celebridades no mundo das artes, sem perceber que sua fama, pelo menos a mostrada no filme, se baseia justamente num hype sem vergonha. Para realçar, o documentário mostra astros hollywoodianos como James Franco e Orlando Bloom esperando na fila para poder sentar na frente de Marina por dois minutos. “Eu senti uma conexão profunda com Marina”, diz James Franco. Tá legal.

O filme me lembrou outro exercício ególatra, “Lixo Extraordinário”, supostamente um documentário sobre catadores de lixo no Rio de Janeiro, mas que na verdade é um comercial da bondade do artista plástico Vik Muniz, mostrado como um anjo que desce dos céus para salvar os coitadinhos. Também merece ser visto.

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Comentários

  1. Marcelo Lima comentou em 02/05/13 at 9:11

    De qualquer forma, acho essa performance retratada no filme simples e sensacional.

  2. celso lima comentou em 24/04/13 at 20:16

    André, a artista “performer” Marina Abramovic esteve no Brasil, na penultima Bienal, e assisti a uma apresentação do seu trabalho no SESC Pompeia, noite de gala. Era um “exercise”, papa fina da arte conceitual, filha da finada “Documenta”, e Marina Abramovic de fato espanta… É impossivel descrever a perplexidade que tomou conta de todos os presentes quando a dita cuja, depois de alguns urros e lamentos, espalhou cordões em torno de alguns eleitos e se retirou de cena… Eu ja estou acostumado com a fraude nas artes perpetrada por cafajestes ou lunaticos nos ultimos 40 anos, desde o surgimento da tal arte de “expressão narrativa”, um braço do conceitualismo. O engraçado mesmo foi ver, depois de um breve momento de hesitação, alguns “experts” da modernidade aos gritos orgasmicos diante da “performance” da diva. O que dizer disso tudo? Uma mulher ridicula, mas muuuuito esperta…

    • Andre Barcinski comentou em 24/04/13 at 21:25

      Sério que ela esteve aqui, Celso? Legal, não sabia disso. Perdi essa, infelizmente. Você viu o filme? Abraço.

      • celso lima comentou em 24/04/13 at 21:52

        Pois é, ela esteve entre nós, brevemente, e foi incensada pela midia brasileira especializada em “arte” (tenho a impressão de que ela esteve no Brasil mais recentemente, há dois anos, mas posso estar enganado…). Não vi o filme, a apresentação ja foi suficiente, e na minha idade tenho que ser cuidadoso com o sofrimento.

  3. Matias Blades comentou em 24/04/13 at 14:07

    É difícil bater o martelo quanto ao pior filme de todos os tempos, mesmo porque não vi todos os que estão na lista dos piores do IMDB. Mas dos que vi dou meu voto para um telefilme de 1999 chamado “Noah’s Ark”, estrelado por Jon Voight. Fui obrigado a ver essa merda porque ela foi exibida no ônibus que me levava de São Paulo a São Carlos. Não podendo sair em fuga disparada e sem conseguir pregar os olhos por causa do volume das caixas de som, assisti, entre enojado e estupefato, a toda essa absurda porcaria sob forma de filme. Esse é de fazer ranger os dentes em ira cega e assassina!

  4. Ricardo Galvão comentou em 24/04/13 at 13:19

    O Vik Muniz ganha deste fácil como pior…

  5. Glauco comentou em 24/04/13 at 11:23

    Gosto muito de quem não gosta de Vik Muniz.

  6. salvador t lama comentou em 24/04/13 at 11:21

    ué!
    esqueceu do plano nove do espaço sideral ?

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