Um dia para esquecer
29/04/13 07:05Semana passada, fomos a Ubatuba fechar um negócio. Era algo que estávamos querendo fazer há um bom tempo, e o clima aqui em casa era de alegria.
No caminho a Ubatuba, pela Rio-Santos, começaram os problemas: na estrada, uma caminhonete ziguezagueava perigosamente pela pista. Parecia que o motorista estava falando ao celular ou olhando a paisagem. A caminhonete era do “Departamento de Biologia” de uma conhecida universidade federal brasileira.
Tentamos ultrapassar a caminhonete duas vezes, e duas vezes o motorista nos barrou. Buzinamos para alertá-lo. Na terceira vez que tentamos ultrapassá-lo, ele fechou o caminho novamente. Ficou claro que estava fazendo de propósito.
Depois de alguns minutos, conseguimos ultrapassar a caminhonete. Havia quatro pessoas no carro. Pareciam estar se divertindo com a situação. Repito: estavam dentro de um veículo pertencente a uma universidade pública.
Chegamos a Ubatuba e fechamos o negócio. Estávamos tão contentes que esquecemos o episódio desagradável com a caminhonete.
Quando saíamos do local, ouvimos um som de freada, seguido do barulho de uma colisão. O som vinha da Rio-Santos. Estávamos a uns 300 metros da estrada, e árvores impediam a visão. Mas pudemos ver uma fumaça branca saindo do local. Chamamos o 190 imediatamente.
A pessoa com quem havíamos acabado de fechar negócio disse:
– Ih, mais um motoqueiro morto!
– Como você sabe?
– Você vai achar que é exagero, mas só ano passado morreram oito motoqueiros nessa mesma curva.
Entramos no carro para voltar para casa. Seria inevitável passar pelo local do acidente. Em poucos minutos, dezenas de pessoas haviam saído de suas casas e trabalhos para ver o ocorrido. Algumas pessoas se desesperavam. Aparentemente, um dos envolvidos no desastre morava no bairro.
Naquela área, próxima ao Saco da Ribeira, a Rio-Santos é perigosíssima, cheia de buracos e pessimamente sinalizada. Muitas comunidades cresceram ao longo da estrada e o acostamento virou calçada, lotado de bicicletas, alunos voltando da escola a pé e gente indo para o trabalho. Não se vê um ciclista andando de capacete. Motoristas zunem a cem por hora, disputando espaço com motociclistas insanos. Pessoas atravessam a via perto de curvas, carregando bebês no colo. É cada um por si.
Passamos ao lado do acidente. Havia uma caminhonete de dois lugares, com a frente toda destruída. Um plástico preto cobria o vidro da frente do carro, para esconder o morto (ou mortos?). No chão, havia uma pilha de ferro retorcido, que minutos antes fora uma motocicleta. Ao lado, outro plástico preto, cobrindo outro cadáver. Os vizinhos chegavam, reconheciam o morto e caíam de joelhos no chão, chorando.
Ficamos arrasados. Minha mulher teve dificuldade para continuar a dirigir. Não andamos nem 500 metros quando, depois de uma curva, vimos outra cena pavorosa.
No acostamento, do lado direito de nosso carro, havia um Fusca com a frente amassada. A alguns metros, uma bicicleta caída no chão e um homem de bruços, imóvel. Ajoelhada ao lado do homem, uma menina, que não deveria ter mais de 13 ou 14 anos, gritava em desespero. Não foi difícil entender o que aconteceu: o Fusca fez uma conversão à esquerda sem parar no acostamento, cruzando a pista, e pegou a bicicleta de frente. O homem devia estar guiando a bicicleta no acostamento, com a menina na garupa. O acidente ocorreu poucos segundos antes de chegarmos ao local. Ainda vimos o motorista do Fusca saindo do carro para ajudar as vítimas.
Que dia. Sair de casa para fazer uma coisa agradável e ver pessoas perdendo as vidas estupidamente. Numa hora dessas, tudo que você quer é chegar em casa o mais rápido possível, abraçar e beijas os filhos e lembrar como você tem sorte de não ter estado no lugar errado na hora errada.
É impressionante como transformam as pessoas ao entrar no carro, pode ser o cara mais tranquilão do mundo mas não tem jeito caiu na estrada o motorista transforma o carro num tanque de guerra. Tem muito marmanjo que frequenta este blog teve lembrar do desenho do Pateta sobre trânsito, é exatamente aquilo, uma guerra. Acho que não deveria existir mais carro, é uma arma. Todo mundo de velotrol na rua já!
pessoas com celulares ao volante, bebidas, carros potentes, povo mau educado, estradas mau sinalizadas… “carnificina”
Na Raposo Tavares por exemplo fora da hora do rush, principalmente de madrugada o que tem de retardado mental dirigindo não é brincadeira viu.
É triste demais. Eu fico pensando em quantos já morreram estupidamente neste trecho e quantos mais terao que morrer até que alguma providência seja tomada. Certamente quando algum filho de família rica da regiao for a vítima fatal da vez. Mesmo andando de transporte público o risco de um acidente é enorme. Quantas pessoas terao que perder a vida para que alguém que nos representa tenha a vontade de fazer algo que REALMENTE mude o estado de coisas na regiao. E pior que é via de fluxo intenso de moradores, de turistas etc. Muito triste tudo isto. Estou voltando ao Brasil depois de cinco anos fora e diariamente leio jornal brasileiro para me acostumar com o choque que será voltar ao nosso descaso político diário. Tenho uma sobrinha que mora na regiao e sempre penso no risco que todos correm nestas bandas. Será que ninguém percebe isto ? Os donos de mansoes em Laranjeiras (nao sei se é este o nome daquele condomínio de luxo) devem ir pra lá de helicóptero, né ? Entao pouco se importam com isto. Triste o nosso país, muito triste.
Rapaz eu queria ficar de boa, clean minimalista areia mas fica esse expressionismo surreal trash grudunhando ni mim a baba do monstro e ainda tem que ficar de leva e traz da normalidade,um saco.
Numa hora dessas é uma pena não aparecer para esse depto de biologia um caminhão como aquele de Encurralado rs. Tô brincando, muito triste mesmo tudo isso.
Barça que trash velho! Eu também tenho receio em dirigir, primeiro com medo de vir algum assaltante e dar um tiro na minha cara. Segundo, o bando de animais que existem por aí como você mesmo frisou neste post. As estradas são terras de ninguém, assim como o Brasil todo, mas o que adianta ficarmos reclamando, nos revoltarmos contra isso? A sensação de impotência é muito grande.
traçando umparalelo com São Paulo, é o apocalipse no atacado e no varejo….
Cara, que horror. Lembra da estória da mulher e filha do Caruso, que morreram ao bater de frente com uma camionete que vinha “aloprando” na Rio-Santos? E recentemente no interior de SP uma família inteira morreu da mesma forma. Nos dois casos, os motoristas das camionetes saíram ilesos. Não sei se da pra associar uma coisa a outra. Mas me parece que quanto mais “poderoso” o automóvel, mais irresponsável é quem o dirige.
Barça, o pessoal fala tanto de homossexualismo e homossexualidade… sei lá qual “tá certo”… mas posso te pedir um favor?
Nós motociclistas – que respeitamos as leis de trânsito, usamos os veículos para transporte e passeio – gostaríamos de não ser associados a motoqueiros – que usam para trabalhar e geralmente são os que não respeitam as leis.
Grato!
Bom, daí os motoqueiros vão reclamar de vc, que os chamou de desrespeitadores das leis.
Podem reclamar. É fato.
🙂
Sou obrigado a concordar. Eu no carro do meu amigo, motoqueiro que rima com maloqueiro passou a milhão e quebrou o retrovisor do carro e nem parou. Outro dia eu dirigindo passou um motociclista bem devagarinho e relou no retrovisor, aconteceu nada nem riscou, ele ainda parou andou p/ trás e pediu desculpa.
Bom, e os “motociclistas” que andam a 180 por hora na Osvaldo Cruz?
Aí que está Barça.
A questão não é a moto que a pessoa tem. Mas o USO que ela dá para ela.
Temos muitos membros que tem CG, Intruder (todas 125cc) e respeitam as leis muito mais que estes que citou.
Motociclista definitivamente NÃO É motoqueiro!
Soares, fico feliz em saber que você – usuário de veículo de quatro rodas no solo – compreende a diferença!
Barça,
Sou de Salvador , uma cidade onde o barbarismo e a falta de civilidade são regra. Leio com tristeza seu relato, e constato que a selvageria é presente em todo o Brasil.
Caro Barça, “vamos comemorar como idiotas a cada fevereiro e feriado, nossas crianças mortas…”
Não precisamos de desastres da natureza, a formação do brasileiro já é um desastre.
Sem respeito a sua vida e a alheia.
Abs.
Nossa, horrível.
Terrível presenciar a morte. Trabalho no prédio em frente ao terraço Itália… uma vez ou outra tem um suicida… E uma queda de um arranha-céu não deixa uma imagem muito boa do morto.
No caso de acidentes de trânsito, os reais culpados são todos os envolvidos. A legislação que passa a sensação de impunidade e os motoristas que não respeitam o código de transito.
Eu pego estrada todo santo dia. Quer acabar com meu dia é ver um acidente.
E é agradecer mesmo de não estar no lugar errado, na hora errada, como você bem disse.
So’ que existe uma politica publica nefasta por tras disso. O governo promove uma politica agressiva para facilitar o credito para automoveis e motocicletas e, por outro lado, nao investe em conservaçao de estradas e fiscalizaçao. O resultado e’ isso ai mesmo, salve-se quem puder. Acaba levando a pior para quem esta’ no moto ou na bicicleta ou mesmo quem esta’ a pe’.
Cara, quando você flagrar abusos como esse da camionete, pega a câmera do celular e filma. Envie um e-mail ao órgão competente. Divulgue na internet. Mostre a placa, informe o horário e local e o nome da instituição escrita no carro. Não esconda esse tipo de coisa.
Eu não saio de casa com câmera, Alessandro. Além de odiar carros, odeio celulares que filmam e têm Internet. Nunca saio de casa preparado para coisas assim.
André, me desculpe a curiosidade. Mas, por que este ódio a celulares que filmam e acessam internet ?
É minha opinião pessoal. Acho horrível vc ficar conectado à Internet 24 horas por dia. Nunca terei uma porcaria dessas.
Na verdade, a conexão a internet não é ininterrupta. Ela só acontece quando você solicita. Eu uso para ver notícias, condições de transito, acompanhar jogos de futebol e outras coisas, quando não estou em um lugar que tenha um computador de mesa ou notebook à minha disposição.
OK, opção sua. Se eu estou jantando com alguém e a pessoa liga o celular pra ver notícias, peço licença e vou embora.
Caramba, finalmente encontrei alguém que tenha a mesma aversão que eu a celulares com internet! Meus sobrinhos chegam ao cúmulo de se falarem pelo “what´s app” estando um ao lado do outro, isso me revolta! As pessoas estão perdendo a habilidade em se comunicar sem que tenham alguma ferramenta tecnológica para isso.
Eu não falei que faço isso durante as refeições nem na companhia de alguém. Generalização é uma merda.
E eu só estou exemplificando como o aparelho serve pra afastar as pessoas. Não disse que vc faz isso.
Barça,
Vc deveria escrever um texto sobre esse hábito das pessoas cada vez mais irritante.
Dos Iphones?
Os celulares não fazem nada sozinhos. Assim como os carros, as motos, os ônibus, os computadores e as máquinas de escrever. O problema é quem os está operando. E idiotas existem em todas as atividades. Assim como os não idiotas. Mais uma vez: generalizar é uma merda.
Você deixa eu achar celular com câmera uma merda? Posso? Ou preciso tomar cuidado para não ofender quem discorda?
André, eu não me sinto ofendido. Por que sei que não sou um dos idiotas que faz mal uso de qualquer ferramenta, moderna ou não. Apenas me manifestei, pois me sinto a vontade no seu blog, que visito diariamente. Mas se você seguir a sequencia de msgs, verá que a manifestação de intolerância partiu de você a um “possível grupo” de pessoas que usam internet em celular. Esta generalização é que me incomoda. Nem todos que usam celular com internet, tuítam durante as refeições.
Pô, Afonso, na boa, é exatamente porque os leitores do blog NÃO SÃO idiotas que eu suponho que possa escrever, especialmente em réplicas a comentários, sem ficar preocupado em ser mal compreendido. Será que me enganei?
Curiosidade : Qual o motivo objetivo do seu ódio a celurares “que filmam e tem internet” ?
O ódio aos carros não só entendo como compartilho. O excesso deles e a política que os enseja é daninha.
No caso dos celulares, imagino algumas razões possíveis para que os odeie mas não concluo exatamente qual seja.
Telefone é pra falar, não pra ficar jogando videogame e postando besteira no Twitter ou no Instagram. É minha opinião.
Entendo.
Eu odeio telefone, redes sociais, vizinhos e gente em geral. Tenho um celular velhinho que uso para falar, como vc diz, bem objetivamente com minha esposa e três amigos.
Contudo, tenho um dos ditos smartphones cujo numero da linha nem eu sei. Uso como computador. Vejo filmes e seriados enquanto viajo de metrô, leio livros, lido com e-mails de trabalho, gerencio minhas finanças. Para alguém que não teria acesso algum a internet durante todo o dia, faz as vezes de um computador de mesa tranquilamente.
Em tese, discordo da postura de “odiar” as ferramentas e não o uso que se faz delas, ainda que eu mesmo incorra neste equívoco. Entendo que algumas ferramentas existem em função de ânsias ignóbeis (como o carro e as redes sociais) e percebo que há transferência entre um e outro.
O comportamento dos motoristas brasileiros no trânsito mostra o quanto a vida no Brasil vale pouco. Não é exagero dizer que uma licença para dirigir, aqui, vale como uma licença para matar. Se uma motorista bêbado mata com seu carro pessoas que estão esperando um ônibus, nada de muito grave vai lhe acontecer. Nem vai pegar uma pena alta de prisão, e vai protelar até o infinito alguma indenização – mas se essa mesma pessoa matar um passarinho com uma pedrada e for pego pela policia ambiental, aí ele vai pegar uma cana. O que você relatou aqui e a barbaridade que aconteceu com a dentista em são bernardo tem um ponto em comum = no Brasil, onde tudo hoje está caro, há um artigo que nunca foi tão barato = a vida humana. E para mudar isso dependemos ou de lideranças políticas com a envergadura de um Roosevelt ou de uma sociedade que se mobilizasse e exigisse tais mudanças. Infelizmente não há nem um e nem outro até o momento.
Desculpe, Barça…mas acho que você deveria ter dado uma queixa para a universidade cujo o carro pertencia…até de forma anonima, quem sabe não rolaria uma averiguação, uma punição ou algo do gênero…Não estou aqui falando o que você deve fazer, mas acho que teria valido à pena. Agora no sentido filosófico, como um dia feliz com Sol, em uma estrada, aposto que ouvindo boa música, aquele papo divertido com a esposa e afins…pode se tornar um pesadelo, amargo, negro e triste. Bora, que a vida é louca… como diz os manos. Abs!
Uma vez ví uma camionete de furar a faixa e quase atropelar um ciclista.Atrás da camionete tinha aquele manjado“como estou dirigindo?“ e um número de telefone.Liguei e fui atendido por alguém a quem relatei o que vira.Resposta:__Olha moço,sou só o porteiro,não sei de nada disso,não me arruma problema,por favor.Aqui não tem mais ninguém não…
Da mesma forma que iraquianos se acostumam com bombas explodindo a toda hora, o brasileiro se acostumou com essas coisas…Perigosamente passamos a achar normal esses acidentes e tantas mortes…
Pronto, lá vem os mesmos comentários de sempre: “a culpa é do governo, a culpa é da corrupção” e blá, blá, blá….
Lamento informar mas não é não!
A culpa, senhores, é de cada um de nós.
A origem de tudo isso é essa mania que o brasileiro tem de por a culpa no “outro”.
Um exemplo banal: a praça Roosevelt que acabou de ser reformada em SP já foi toda pichada e começa a ser degradada.
A culpa é de quem? Governo, corrupção??
E o pessoal que o Barça falou que estava aprontando dentro do veiculo da universidade? A culpa é da universidade?? Os governos terão que colocar babás para fiscalizar o comportamento de todo mundo?
Ou vamos continuar colocando a culpa nos outros, lavar as mãos e continuar aprontando nas estradas (boas ou ruins) e por ai fora?
E não me venham com aquele discurso de “sensação de impunidade”. Isso pode explicar apenas uma parte disto.
Na verdade, falta civilização neste pais. Cada um tem que fazer a sua parte.
A culpa é generalizada. As estradas são péssimas e mal sinalizadas, os motoristas são imprudentes, etc.
Pronto, lá vem mais um sabe-tudo, mais um “dono da verdade”…
É claro que a culpa é de quem faz merda no trânsito, mas, se houvesse investimento sério em infraestrutura e fiscalização, com certeza as mortes no trânsito poderiam diminuir.
Existem moradias na beira da estrada? Derruba tudo e desloca o povo para outro lugar, que por lei deve haver uma distância segura das rodovias.
Existem trechos em que as pessoas abusam da velocidade? Metam quebra-molas, radares, cabines de polícia e, sobretudo, PUNAM os infratores!
Mas como fazer isso tudo, se a polícia ganha salário irrisório e anda em viaturas caindo aos pedaços? Como garantir segurança com estradas mal projetadas, mal sinalizadas e mal conservadas? Como investir no que é sério e importante, com tantos estádios para REfazer a tempo para a Copa? Como investir em algo que presta com tanta roubalheira (por exemplo, os digníssimos magistrados do RJ querem SE dar um auxílio-moradia retroativo que vai bater na casa dos 400 e tantos milhões de reais).
Vc, sabe-tudo que é, tem a solução fácil: “civilização” resolve tudo, como se fosse moleza adquirir isso da noite para o dia… Certamente você deve acreditar que a solução para a criminalidade entre os “menores” deve ser investimento em educação, sorvete e jujuba, ignorando a barbárie diária que ocorre NESTE momento. Vamos, então, deixar combater o que de errado acontece agora, e acreditar que daqui a 200 anos chegaremos ao grau de civilização que não adquirimos em mais de 500 anos de História. Até lá estaremos mortos, seja por doenças que nosso sistema de saúde é ineficaz para tratar, pela violência turbinada pela impunidade ou por desastres do trânsito louco.
Ou teremos morrido de causas naturais mesmo, se tivermos muita sorte…
Como o Barcinski falou, é um conjunto de fatores (tanto os que o Marco apontou, como os que o Matias).
Agora civilização resolve muita coisa sim. Matias, lógico que o que ocorre neste momento deve ser remediado. Mas remediar contempla tanto as atribuições punitivas do Estado quanto as preventivas, e isso vale tanto para as estradas como para menores infratores. O problema é que quando acontece tragédia as pessoas são tomadas pelo emocional e vem à tona a sede por punição e nada mais. A prevenção acaba não tendo o mesmo apelo no anseio pelo bem estar e segurança. Grande parte da raiz do problema, no entanto, permanece lá.
Amigo Gus, concordo que são necessárias ações para remediar e outras para prevenir. Jogo xadrez há muitos anos e aprendi que para se dar bem no jogo é preciso dominar conceitos estratégicos e também táticos.
A estratégia compreende os planos a longo termo, as concepções para explorar os pontos fracos do adversário e minimizar suas próprias deficiências, a visão necessária para se aproveitar das debilidades estáticas e dinâmicas de uma posição.
A tática, por outro lado, compreende o raciocínio usado nos, digamos, “combates corpo-a-corpo”. É o cálculo usado nas trocas e capturas de peças, nos sacrifícios e em toda alteração “violenta” no equilíbrio material de peças.
Na vida também precisamos de tática e estratégia, pois ela também é um jogo. O Estado brasileiro precisa desesperadamente de ter essas duas distintas visões! Aqui a gente remedia mal o presente e não planeja o futuro… isso só pode dar merda!
Quero investimento no futuro, quero investimento em civilização, mas quero mais urgentemente ordem nesta zona que este país virou…
Fiscalização, fiscalização, fiscalização. Matias, você já notou que quase todos citam a tal “fiscalização” como uma solução infalível ou, ao menos, uma parte fundamental da solução de qualquer problema brasileiro? Daí, dois questionamentos:
1- Os tais fiscais, sejam do que for, não padecem do mesmo rebaixamento moral e ético dos demais brasileiros corruptos? Você, Matias, já ouviu alguma história sobre fiscais criminosos (de uma prefeitura, da vigilância sanitária, do Contru etc.)? Acho que já, né? Muitas vezes, não estou certo? E aí, do que precisaremos? De fiscais dos fiscais?
2- Se pra TUDO aqui no Brasil é preciso um fiscal, não será preciso pensar de outra maneira sobre nós mesmos como cidadãos deste país? Fiscal, fiscal, fiscal, fiscal… Fica repetindo essa palavra, assim, várias vezes, e pensando no que ela representa em nossa cultura, em nosso dia-a-dia. Você vai ver como soa ridículo.
Bem, eu não alcei a fiscalização como solução para tudo. Concordo que a fiscalização por si só não significa nada. A solução é acabar com a impunidade ou, a “contrario sensu”, PUNIR! É crime de morte? Punição ajuda! É infração de trânsito? Punição ajuda! É deliquência juvenil? Punição ajuda! O que não pode é deixar de punir. Fiscalizar sem punir não serve de absolutamente nada.
O curioso é que a política da tolerância zero, que punia adequadamente cada delito, por pequeno que fosse, deu muitíssimo certo em Nova Iorque, mas aqui no Brasil falar em punição parece tabu, assunto proibido!
Se realmente houvesse punição, como prisão, perda de bens, multas e outras, ninguém precisaria “fiscalizar o fiscal” e este ainda seria respeitado, coisa que efetivamente não é neste momento…
É preciso colocar ordem no presente e planejar o futuro. Acho que é manca toda política que tente diminuir a criminalidade só com educação e iniciativas sociais. Isso é importante, sim, mas rende frutos a longo prazo. E enquanto isso, o povo fica à mercê da bandidagem? Sem segurança no presente essa política não consegue enraizar para o futuro!
Na questão do trânsito, parece claro que as (poucas) campanhas educativas do governo têm retorno próximo de zero, pois só se vê mais barbaridades a cada dia. O agravamento das multas também adiantou pouco, pois nosso cipoal legislativo oferece muitas brechas para contornar esse incômodo. Então não temos nem educação nem repreensão, por isso o trânsito mata como guerra nestepaiz.
Acho há uma única solução: recolher o carro de quem faz as barbaridades menos graves no trânsito, e só devolvê-lo quando uma pesada multa tiver sido paga. E, claro, recolher à cadeia quem comete crimes de trânsito.
Concordo com o Carlos. O maior indicativo da falta de educação é que as pessoas só fazem o certo se houver uma lei que o proíba de fazer o errado. No dia em que as pessoas tiverem mais educação e, por consequência, mais consciência, fazer o certo vai ser o natural, sem a necessidade de fiscais para cada atitude.
Isso depende do ponto de vista. A falta de educação gera descumprimento da lei ou o desprestígio da lei gera falta de educação? Aqui no Brasil parece proibido falar que as pessoas devem respeitar a lei e devem ser punidas quando não fazem isso! Um bom exemplo disso é a mensagem que rola no metrô do Rio sobre o uso dos assentos reservados a idosos. Depois de alertar que existem bancos preferenciais, a mensagem termina dizendo: “(…) respeitar a lei é uma questão de cidadania”. Ora, que coisa mais besta! Antes de ser questão de cidadania, respeitar a lei é questão de obrigação! Leis devem ser coercitivas, pois do contrário não servem de nada! Se colocam a coisa nesse plano, posso me lixar para a possibilidade de ser um cidadão e ocupar o assento reservado. Agora, se dizem que sou obrigado a sair e se me “convidam” a fazê-lo caso eu desobedeça, rapidinho outras pessoas vão entender o recado… Se não me engano foi Aristóteles que disse que a aplicação de uma penalidade não serve apenas de “vingança” estatal contra o infrator, mas tem também finalidade dissuassória para todos que souberem que uma pena foi aplicada. Aqui no Brasil, por não haver aplicação *séria* de penalidades, todo mundo tripudia da lei…
Marco, exatamente, o pais é reflexo de nos mesmos…
Pensei que vc ia escrever sobre a dentista queimada em São Bernardo.
Escrevi o texto na quinta, quando aconteceram os acidentes.
Pois é,André.Sou dentista em uma cidade e minha mulher trabalha em outra.Cerca de uma hora atrás,um motoqueiro passou zunindo a mais de cem por hora,acho que faltando uns dois dedos para pegar no meu retrovisor,ou seja,faltando dois dedos para uma morte horrível,ou uma tetraplagia.Olhei para minha mulher,com o coração na mão.Como pode uma pessoa não ter medo disso?Será que não pensa nos filhos ou nos pais ainda vivos?
Geralmente os danos quando se leva um retrovisor são mínimos – no caso só o retrovisor mesmo. O problema é quando levamos fechadas e colidimos com portas. Aí o estrago é maior.
PS: Eu paro onde possível e seguro quando “levo” um retrovisor.
Claro,mas vc não concorda que um simples toque faria o cara perder o controle?Ainda mais naquela velocidade?O retrovisor é o de menos.
Então, a questão poderia ser solucionada com um Físico e tal… porém não é meu caso, risos.
Mas o que acaba batendo no retrovisor do carro – quando o piloto tem boa noção de espaço – são as massas (pesos do guidão) ou o próprio retrovisor da moto. dá para controlar.
E claro, concordo que um toque noutras partes da moto pode ocasionar um acidente mais grave sim.
Cara,sei que vc é motociclista,tem noção do que faz e tal,blz.Na minha opinião,e não sou físico,a moto estando acima de 100 por hora,ainda mais uma CG,corre o risco de perder o controle sim
Credo.
Horrível isso tudo, Barcinski. Parece besteira falar em corrupção nessas horas, mas se o país gastasse mais dinheiro com o que é realmente importante, talvez o trânsito em que nos digladiamos todos os dias não fosse uma coisa tão estúpida…
O Brasil é o lugar errado.
Brasileiro que é sem educação mesmo.
Eu até entendo os motivos da não-publicação do nome da universidade, de fotos da camionete, placa, etc., mas acho que está na hora de mudarmos isso.
Bom, mas aí iam exigir que eu provasse que eles estavam errados, me processar, essas coisas…
Jornalista se preocupando em provar. Eis que as coisas não estão totalmente perdidas.
Tomando por base os dois Estados ligados por esta rodovia, eu tenho dois palpites (e apenas palpites).
Que post pra começar uma 2ª feira… Ainda mais com a morte sádica da dentista do ABC que não me sai da cabeça.
Eu queria muito ver artistas globais promovendo beijaços contra a impunidade, contra nossa infra-estrutura esfacelada, a favor de punições severas a menores infratores…
Que fique claro que eu odeio o Feliciano. Só acho que estão dando muita visibilidade ao cara, para um assunto que não tem solução. Tirá-lo de onde está seria um atentado à democracia, só o voto é uma arma legítima para não sermos representados por ele. Só que toda essa exposição está surtindo o efeito contrário. Vejo por aí cada vez mais gente enaltecendo o cara. Enquanto isso, nós, o povo, estamos morrendo de bobeira nas mãos de bandidos “dimenó” ou nas estradas precárias.
É bem isso que você falou, André. Voltarmos vivos pra casa tem sido mera questão de sorte ou azar. Estamos ferrados!
Barcinski, outro dia eu ia te sugerir que aprendesse a dirigir justamente imaginando situações como essa. Imagino o quanto foi difícil para tua esposa. Mesmo que você não dirija frequentemente, mas muitas vezes é necessário, situações de emergência. Vai que tua mulher passa mal, vocês com as crianças, estrada deserta, algum imprevisto à noite etc. Tomara que nunca aconteça, mas nunca se sabe. Eu detestava carro, mas depois que vi minha mulher de barrigão, dirigindo e passando mal, corri para a primeira auto-escola. Abraço.
Valeu pela dica, Bruno, mas carro não dá. Eu odeio qualquer coisa relacionada a carro. Só usamos em casos onde não podemos usar transporte público.
Odeio carro também e dirijo mais em finais de semana aqui em São Paulo. Neste último sábado, perto da saída de casa, um playboy me deu uma mega fechada ao fazer uma curva, só para estacionar meia quadra depois. Passei ao lado do cidadão e este apenas se limitou a virar a cara, sem ao menos dar um “foi mal”. A maneira como as pessoas dirigem reflete a educação de cada um.
É Barça, parece uma guerra civil.
Estes tempos andei pensando nisso e percebi que, ao longo dos meus 27 anos, já perdi aproximadamente 10 pessoas queridas nesse conflito de perdedores. Desconsiderando, claro, que há quem ganhe com tudo isso.
Boa semana.
Que horror. Aguente firme.
Exato,conflito de perdedores.Será que esses caras que ficam dando luz alta,colando na traseira dos carros,muitas vezes obrigando quem quer andar na velocidade permitida a se jogar em algum canteiro ou acostamento,têm algum tipo severo de disfunção erétil e quer compensar isso de alguma maneira?Existe tratamento para isso.Sem preconceitos,mas tem que haver uma explicação para isso.
Parece que respeitar as leis de transito é coisa de “loser”…Se você dirigir na velocidade máxima permitida para a via, mesmo na faixa da direita em uma avenida de pista dupla ou tripla, será ultrapassado, sendo que as vezes até xingado você é por respeitar as leis…
Numa via com limite de velocidade o infrator só pode ser multado se houver agente público presente.E a presença deve ser anunciado pelos meios de comunicação,é chamado de utilidade pública o serviço.E ainda assim conseguem multar bastante.Também não gosto de carro,mas sou obrigado a dirijir,e estou acostumado a buzinada e xingamento por respeitar as regras.
Tem nego que quer andar a 60 P/H numa estrada para 110 P/H na pista da esquerda, isso irrita também. Entre 90 e 100 P/H já está bom, passando de 120 tacando farol alto, costurando p/ direita depois p/ esquerda sem dar seta o cara é sem noção mesmo, um babaca.
Exato.Andar com uma velocidade de 60 por hora numa via cujo limite é 120 também é perigoso.Acho que isso também é infração,se não me engano.