BoicotaSP vs. Anquier: todo mundo perde
02/05/13 07:05Publiquei ontem no caderno “Comida”, da Folha, um texto sobre a discussão entre o padeiro e “restaurateur” Olivier Anquier e o site BoicotaSP. (leia aqui).
Achei que minha contribuição ao assunto estava esgotada, mas acabei trocando algumas considerações, via Twitter, com o BoicotaSP, e achei que o assunto merecia uma continuação.
Duas frases escritas por um representante do site me chamaram a atenção.
A primeira frase foi uma resposta à minha opinião de que o nome do site não convidava muito ao diálogo e inibia a discussão, porque condenava os estabelecimentos ao boicote antes de ouvir o outro lado.
Resposta do BoicotaSP: “Mas se inibe a discussão, por que você escreveu sobre?”
Ora, escrevi exatamente porque julgo que o site não dá a devida atenção ao diálogo. Se desse, permitiria aos comerciantes publicarem seus depoimentos antes de ter seus estabelecimentos incluídos numa lista de locais a serem boicotados.
Quando eu disse que achava o nome “BoicotaSP” péssimo e inadequado a um site que diz incentivar o diálogo, o representante do site respondeu: “O nome foi inspirado no que Gandhi fez na Índia, boicotando produtos ingleses, forçando a discussão.”
Só para lembrar: a Índia foi dominada pelos ingleses por quase 200 anos, de 1765 a 1947, primeiro pela poderosa East India Company e depois pelo Império Britânico. Foi um domínio colonial marcado pela violência contra a população indiana. Gandhi não estava protestando contra o preço do croissant e não queria “forçar a discussão”, mas libertar seu povo.
TV Folha
Domingo passado, o “TV Folha” promoveu uma conversa entre Olivier Anquier e um dos donos do BoicotaSP, Danilo Corci.
Concordei com quase tudo que os dois disseram. Entendo a lógica de Anquier quando ele diz que um restaurante “pode cobrar 200 reais num ovo frito” se quiser, mas acho que foi um exemplo ruim. Nem tudo que é legal é moralmente aceitável. Um dono de restaurante tem o direito de cobrar 200 reais num ovo frito? Claro que tem. A questão é se isso é eticamente condenável. Eu acho que é.
Agora, me surpreendi mesmo foi com uma frase de Corci. Quando Anquier fala da péssima formação dos profissionais de cozinha e dos impostos altíssimos que paga, Corci diz: “99% das pessoas lá (no site) não sabem disso.”
Será mesmo? Em que país vivem esses 99% que não sabem quanto pagam de imposto?
Minha conclusão: iniciativas como o BoicotaSP são muito válidas e necessárias, mas teriam mais eficácia se não se limitassem apenas a reclamar.
Parabéns aos criadores do site pelo sucesso e repercussão. É muito bom ver que os consumidores estão atentos. E fica a sugestão: por que não mudar o nome do site para algo menos punitivo e realmente abrir espaço para a discussão? Seria bom para todos.
P.S.: Estarei sem acesso à Internet até o meio da tarde e, portanto, impossibilitado de moderar os comentários. Se o seu comentário demorar a ser publicado, por favor não me xingue ou reclame de censura. Obrigado.
O curioso é que não precisa de nenhuma iniciativa para fomentar o boicote, pois as leis do mercado bastam para fixar os preços em patamar adequado. Só existe ovo frito a 200 reais porque alguém paga, e quem paga está se lixando para o tal boicote.
Agora, é ridículo que quem não pode pagar pelo ovo queira forçar a redução de preço para comê-lo também. Invertendo a frase de Maria Antonieta, que coma pão quem não pode comer brioche!
Esse pessoal do BoicotaSP está sem muito o que fazer…
Você deve estar fazendo muito mais do que eles, não?
Há diferentes itens a criticar e divulgar, e não se resume a este exemplo que você cita, que é mais discrepante do que outros.
Como consumidor, estou, sim, fazendo a minha parte! Quando deixo de comprar alguma coisa por considerar seu preço exagerado, estou sinalizando que o valor cobrado é inaceitável. Minha parte, que é importantíssima, é fazer escolha racionais como consumidor e esse comportamento, se praticado por todos, é tudo de que o mercado precisa para regular eficazmente os preços.
Não considero o exemplo do ovo o mais discrepante de todos. Eu pagaria 200 reais por um ovo frito, desde que sobre ele viesse algumas boas lascas de “tartufo bianco”. Naturalmente não pagaria tanto só por um zoiudo sem mais nada.
Vê só? O exemplo serve, sim, para demonstrar uma escolha racional!
Eu acho que um pouco de teoria econômica deveria ser ensinada para todos os jovens no ensino médio, de forma optativa claro. Principalmente um pouco sobre a teoria econômica austríaca.
Vejam bem, o processo de definição de preços é dinâmico e o processo concorrencial é primordial nessa questão. Só faz sentido o lado da demanda (consumidores) se organizar e promover boicotes em casos de monopólio concedido pelo governo, setores altamente controlados pelo governo ou em serviços oferecidos pelo próprio governo.
É impossível querer analisar todos os custos de um serviço, não adianta. O dono de um restaurante pode estar cobrando pela experiência proporcionada, planejamento do empreendimento etc. Por exemplo, se uma padaria faz um sanduiche muito bom e está atraindo muitos clientes, o dono pode optar por aumentar os preços justamente para diminuir a demanda, que estava lotando a padaria acima de sua capacidade.
Existe um princípio básico em livre concorrência: tá caro e ruim? compra no concorrente. Não tem concorrente? Vá vc mesmo e abra uma loja concorrente, oras. A taxa de juros é próxima para todos, se vc acha que tal sujeito está abusando dos preços e ainda lucrando muito, pegue dinheiro no mercado e abra um concorrente.
Engraçado, mas nas situações em que esse boicota.sp deveria agir, não se vê nada: em setores monopolizados!! Por que não podemos importar combustível do paraguai ou da venezuela? Por que não podemos importar carros usados dos EUA, bem melhores e a um preço bem menor? Por que não podemos criar serviços concorrentes aos péssimos serviços oferecidos pelo Estado? tipo, tranporte coletivo! segurança! telefonia! ????
Tá na cara que o criador desse boicota.sp é mais um mimado esquerdista da classe média paulistana, que acha que os empresários que abusam dos consumidores e que o governo está oferecendo ótimos serviços e protegendo a pobre população da fúria gananciosa dos empreendedores!!
Vejam ao redor do mundo, onde há menos burocracia e menos controle do Estado sobre as atividades a concorrência só aumenta e os serviços básicos, os baratos e os de luxo são oferecidos a toda população.
Primeiro temos que nos mobilizar contra serviços que somos obrigados a pagar!! Serviços opcionais não afetam ninguém com o mínimo de discernimento.
Por que você não cria este site para estes monopólios, Guilherme? O preço não é o mesmo para esquerdistas, liberais e centro-direitas? Bom, deixa eu ler o próximo comentário….
O Adriano confundiu o site do André com o site do
Paulo Henrique Amorim.Bom,deixa eu ler a próxima
piad…..ops,o próximo comentário.kkkkkkk
Bowa!
“Primeiro temos que nos mobilizar contra serviços que somos obrigados a pagar!! Serviços opcionais não afetam ninguém com o mínimo de discernimento.” Bem pertinente.
Qual o problema com a palavra BOICOTA? O boicote é um direito de qualquer cidadão. Errado, na minha opinião, seria tentar cercear ou ridicularizar esse direito taxando-o de simplista. O boicote é uma das poucas armas que nós consumidores temos contra os incontáveis abusos praticados em São Paulo. Se o sujeito quer cobrar R$ 18 reais em uma Coca de 2 Litros na padaria dele, ele merece sim ser boicotado. Qual o problema? Desde quando é errado boicotar os incontáveis excessos de São Paulo?
Quando consumidores ou clientes deixam de comprar produto(s) ou serviço(s) de um determinado estabelecimento ou marca ou reclamam dos preços, eles estão exercendo seus direitos. Ridicularizá-los é jogar contra a cidadania, na minha opinião. Eu acredito que quanto mais nós consumidores nos organizarmos por meio de boicotes, como pretende a ótima plataforma que é o BOICOTASP, mais seremos ouvidos e menores serão os abusos cometidos… As relações de consumo nos países desenvolvidos são assim. O dono do estabelecimento cobra o que quiser e os consumidores decidem se vão comprar ou não. Outra coisa que precisa ficar muito clara aqui é que a reclamação, em sociedades democráticas, deve ser sempre livre. Os consumidores podem reclamar dos preços e os estabelecimentos podem se defender explicando porque motivos cobram tão caro. O que não dá é para achar que o direito de reclamar de preços altos, algo que aos meus olhos está diretamente ligado ao direito à liberdade de expressão, seja um ato simplista ou equivocado. Ao contrário, São Paulo tem muito a ganhar se as pessoas passarem a reclamar mais. Viva a reclamação!!! Viva o BOICOTASP!!!
Quem está tentando cercear? Não invente. Só acho errado um site cujo objetivo é boicotar coisas se dizer uma “plataforma de discussão”. Leia o texto, por favor.
aiaiaia… o senhor escreveu que o site BOICOTASP propaga uma “lógica simplista de demonizar os comerciantes”. Também escreveu que essa lógica “não cola”. Não cola com quem, cara pálida? Na minha opinião, taxar as reclamações postadas no BOICOTASP de “lógica simplista de demonizar os comerciantes” vai SIM contra o debate. Aliás, esse é um expediente amplamente utilizado pelos donos de estabelecimentos em São Paulo. Muitos deles preferem taxar o direito das pessoas de reclamar dos preços como algo equivocado, fruto de uma “lógica simplista”. Coisa do tipo: “você não sabe nada, portanto não tem o direito de reclamar. Pague e fique calado”. Desculpe-me, mas realmente não acredito que chamar as reclamações postadas no BOICOTASP de “lógica simplista” ajude a fomentar o debate.
…e outra coisa… não há absolutamente nada de errado com a palavra BOICOTA… ela representa um direito totalmente democrático… se o comerciante não quer ser boicotado que se explique e diga porque cobra presos tão altos (a plataforma está lá pra isso)… caso não queira fazê-lo, merece o BOICOTE sim…
Bom, então vc concorda comigo, tá reclamando do quê?
É mais um bando de pobres que não conseguem ganhar o suficiente para suprir as próprias necessidades, tentando baixar o preço no choro. É um profundo desconhecimento das leis de uma sociedade de mercado livre. (LIVRE ESCOLHA)
Comentário desnecessário, deslocado, arrogante … se não tem nada a acrescentar, melhor ficar calado.
Caro Barça,
Você conhece essa iniciativa, bem mais construtiva, chamada SP Honesta (http://www.sphonesta.com.br/)? Acho uma inversão interessante da questão do boicote.
Mas, tanto a caxirola quanto o boicotasp, seus dois últimos posts, me fazem perguntar: você acha que esses sinais do “despertar” dos consumidores brasileiros são um sinal de mudança real, e que os abusos que são cometidos pela classe econômica e política dominante não serão mais respondidos com a mais pura docilidade?
O Olivier mostrou completo desequilíbrio. Se ele quiser cobrar 200 reais por um ovo, o problema é dele. Mas se eu quiser divulgar que ele cobra 200 reais por um ovo, o problema é meu.
Essa história de carga tributária já deu no saco. A carga tributária no Brasil se alterou muito pouco nos últimos 10 anos, mas o preço dos restaurantes disparou nos últimos 2, 3 anos. Não tem NADA a ver com carga tributária esse aumento. Tem a ver com a disparada nos preços dos aluguéis, no aumento do salários,e também, com o aumento das margens de lucro dos restaurantes. Hoje em dia qualquer espelunca a quilo lucra 50 mil por mês sem muito esforço.
Os preços subiram porque os empresários empurraram esta história do aumento de custos para os consumidores e a história pelo jeito colou. É que nem a especulação que houve recentemente com o tomate. Moro próximo à principal região produtora de tomate do Brasil. O tomate subiu apenas 50% na roça, no auge da especulação. Mas nos supermercados os aumentos chegaram a 300%. Ficou “in” pagar preços abusivos pelo tomate, quase uma forma de autoconvencimento de que a pessoa havia subido de status social…..
Passou da hora dos restauranteurs tomarem vergonha na cara e passarem a cobrar um preço decente.
Os restaurantes elitistas é quem fazem boicotes aos menos afortunados, elevando absurdamente o preço de seus produtos.
Portanto, o que ocorre é o contrário daquilo que o site apregoa, os restaurantes utilizam a capacidade economica como limitador de acesso aos produtos que considera classe A.
Eu não faço este investimento em comida, prefiro outros gastos, menos supérfluos.
O nome Boicota SP está correto porque diz a que veio e prá que serve.
Agora, reclamar ou boicotar só quando o consumidor se sentir lesado ou mal atendido, aí sim está justificado o ato.
Quanto aos preços exorbitantes cobrados por vários estabelecimentos, paga quem quer e pode.
Antes de comentar, eu entrei no site e analisei o conteúdo das portagens dos usuários. No fundo, é só um ponto de encontro no qual as pessoas fazem críticas aos estabelecimentos que freqüentaram ou experimentaram. Não vejo com algo tão nocivo quanto a reportagem ou o Olivier Anquier fazem crer, muito pelo contrário. Se uma pessoa for num restaurante e pagar R$ 200,00 num ovo frito e achar que foi o melhor ovo que comeu na vida, que valeu cada centavo, vai elogiar o estabelecimento, e não criticar. Ao contrário, se o restaurante for um engodo, que extorquiu uma grana do cliente em troca de um ovo frito comum, a crítica vai ser mais pesada, o que vai ajudar outros usuários do site a não caírem na mesma armadilha.
Aliás, acho que o foco da discussão não é nem exatamente o preço do restaurante, mas sim o custo-benefício. Tem lugares que são caros, mas valem cada centavo. Caso do Due Cuochi, do Fasano e até mesmo do Figueira Rubayat – exceção feita à feijoada que este último serve aos sábados, que não vale.
Quem não gostou do site, é muito simples. Basta não acessá-lo. Eu pessoalmente detesto a programação da TV aberta, por exemplo. Ao invés de ficar enchendo o saco alheio e praticando a “reclamoterapia”, tão comum ao brasileiro, prefiro simplesmente me limitar à TV a cabo. Simples.
Sensato.
Celso, achei perfeito o seu comentário. A solução é simples: NAO FREQUENTAR LUGARES Q COBRAM PREÇOS ABUSIVOS.
O consumidor (cidadão) tem o poder nas mãos, basta usa-lo!
E isso serve para restaurantes, programa de televisão, cia telefônica e POLITICA.
Abs
Lindo comentário, acrescente que os preços “altos” também são uma forma de filtrar os “clientes”.
Os gastos dos brasileiros no exterior estão mostrando que na área do turismo está tendo um movimento Boicota Brasil
Por razões obvias né meu caro…Hj é muito mais barato vc ir pra Miami, ficar num bom hotel, alugar carro e fazer compras do que passar 1 semana na Bahia!
Vc vai pra um resort na Bahia por exemplo pra descansar e tem que pegar fila de 1 hora pra almoçar, fora que os comerciantes locais abusam no preço como se vc fosse gringo!
Passei um tempo morando no nordeste e vi varias vezes o mesmo produto ser vendido pro preços diferentes pra turistas e moradores locais ao mesmo momento! O brasileiro sempre quer se dar bem em cima dos outros!
Voltando um pouquinho ao tema do Boicota-SP…Alguem la embaixo nos comentarios disse uma coisa que é certa, os comerciantes não querem mais ganhar na quantidade e sim no valor unitário…isso explica os preços abusivos!
Abs
Acredito que está falatndo entendimento correto da proposta.
A preocupação não é com os locais que cobram preços abusivos e sim com os locais que ainda não entraram nessa dança.
É não deixar alastrar essa praga de preços abusivos.
O Fasano e quem frequenta que se danem, estamos mais preocupados com aquela nossa pizzariazinha predileta de bairro.
Bom, independente de o nome ser “boicota” ou não, acho que surtiu um ótimo efeito, que é justamente o de se discutir o valor das coisas. Veja, só aqui nesse blog o quanto já se discutiu sobre.
Concordo com a afirmação de que “se fulano cobra 200,00 em um ovo frito, pague esse valor quem quiser. Até porque eu, Marisa, jamais vou a um Fasano por exemplo sabendo da fama de caro que ele tem. Simplesmente não é minha praia isso. Mas tem quem pode e goste de pagar o que cobram e apreciar o restaurante. Até aí, ok.
O que tem gerado a indignação de muitas pessoas – entre elas eu, é a banalização dos preços altos em coisas que obviamente não valem o que cobram. Trabalho na região da Paulista e não conheço um cidadão que não reclame dos preços da alimentação aqui. Não tô falando de restaurantes diferenciados, estou falando de um simples PF, de um simples self-service. Entendemos que nessa região os aluguéis são mais caros. Mas realmente… nada justifica cobrarem um absurdo em uma comida simplória. Não tem nada de especial em um prato de arroz, feijão, filé de alguma coisa e uma reles saladinha.
Então o que vi na intenção do BoicotaSP é dizer a maioria dos empresários: “olha, não somos idiotas, estamos de olho!”. Porque uma coisa é fato: se continuarmos aceitando certos tipos de exploração na cara dura, as coisas chegarão a um ponto insuportável como vemos nos imóveis hoje. Ninguém assume a bolha imobiliária mas ela tá aí, pra quem quiser ver.
A padaria da esquina resolve cobrar 10,00 em um café com pão de queijo. Óbvio, mas OBVIO que o outro cara da padaria próxima vai se achar no direito. E aí se inicia a avalanche. Já pensou… bolha alimentícia???
Tem sentido cobrar 18,00 em uma garrafa de coca????????
Queremos coerência e bom senso, apenas isso.
Amiga, a melhor forma de vc testar sua teoria é abrir uma padaria concorrente e cobrar o preço que vc acha justo. Sua padaria vai lotar, vc vai ajudar muita gente a almoçar mais feliz e ainda irá lucrar com isso.
Marisa, acho que vc realmente resumiu o espírito da coisa. Quanto aos restaurantes de grife, vai quem quer (e pode!). Já no dia a dia, não dá prá fugir dos restaurantes próximos ao local de trabalho. Tem que haver bom senso!
“banalização dos preços altos”… Perfeito, Marisa.. falou em cima…..
Em Moema-São Paulo, um mixto quente está, nas padarias, entre 8,90 e 11,00 reais.
Para mim, um completo absurdo.
(Off-topic) Desculpe fugir do tema, mas li hoje no Popload que talvez a versão brasileira do All Tomorrow Parties seja em Paraty, dependendo da aprovação da prefeitura. Sabe de algo Barcinski?
André, não se se você concorda: se o restaurateur quiser cobrar 2 milhoes de libras pelo ovo de galinha frito, é direito dele, e o mercado se auto-regula. Vai quem quer e pode. Após alguns meses de funcionamento vejamos se esse preço faz sentido, se está dando certo. Criticar porque custa caro é sem nexo. O prato é dele, nem precisa justificar nada. Entretanto acho bacana a idéia do boicote se o cara – no lugar do ovo de galinha descrito no cardápio – servir ovo de codorna. E São Paulo está cheia dessas e outras malandragens, do vende-mas-não-entrega-do-jeito-que-prometeu, e isso não necessariamente tem a ver com preço alto. Uma pena o site e seus usuários não focarem nesse rumo. Fica-se discutindo preço, pano de fundo pra uma verdadeira “panela de pressão” que é a discussão de classes e distribuição injusta de renda no Brasil.
Thumbs up, como diria o outro…
Perfeito, outro dia fui num supermercado (oriundo da frança) que anunciou ,na tv, banana a R$ 1,19 o kilo. Chegando lá o preço continuava o da promoção, mas a banana era a prata, com preço escondido de 4 reais o kilo. Isso sim é malandragem e enganação. Nesse mesmo mercado já tive que para a fila do caixa umas 3 vezes, pois o preço da gôndola era menor do que o cobrado realmente!! O que eu faço? mudei meu local de compras e quando vou nesse, anoto todos os preços e se for necessário para o caixa eu paro.
Uma coisa é enganação, outra coisa é deixar claro o preço cobrado e o produto oferecido, sejam eles quais forem. Por exemplo, deixar 2 litros de coca na geladeira sem mostrar o preço e cobrar 18 reais é sacanagem. Deixar 2 litros de coca na geladeira e deixar claro que o preço é de 28 reais, sem problema, compra quem quer.
André,
Como ex-empresário você sabe muito bem que mesmo se você distribuir cerveja de graça encontrará algum insatisfeito reclamando que não tava gelada suficiente ou que a marca não lha agrada. Unanimidades são raras.
Por outro lado experimente abrir um site para que todo comerciante cadastre seu estabelecimento e abra sua planilha de custos espontaneamente. Não vai rolar.
E é impossível para um site colaborativo fazer também o papel jornalístico, indo atrás de cada estabelecimento reclamado para ouvir o “outro lado”. Afinal, a reclamação da lanchonete X foi feita com ou sem razão? Quem tem os dados para fazer essa avaliação?
E quando o universo aberto (estabelecimentos comerciais em São Paulo) é quase infinito, a coisa só pode funcionar mesmo na base da ação e reação: o consumidor reclama e encontra eco – ou não, e o empresário citado entra e se justifica. Exatamente o que faz o Boicota.
Abs
Comentário muito lúcido, simples e esclarecedor.
Estou contigo.
“Gandhi não estava protestando contra o preço do croissant.”
Afiado!
Concordo com o Olivier… se o restaurante cobra R$ 200 por um ovo frito e tem gente que PAGA, porque cobraria R$ 1?? Eu nunca pagaria, como também só fui trouxa de ir ao Figueira Rubayat e pagar R$ 300 num entrecot uma única vez para nunca mais, deixo para os endinheirados manterem aquela coisa funcionando.
O mesmo princípio vale para os carros e celulares e hamburgueres, os mais caros do mundo. São caros por que tem quem compre. Quando muita gente começa a se revoltar e não consumir por esses preços, tudo começa a baixar.
Só quem cobra abusivamente paga imposto alto? Quem cobra um preço justo não paga o mesmo imposto?
O nome “BoicotaSP” é, do ponto de vista da comunicação e do marketing, perfeito. Chama a atenção. E, quem acessa a página, sabe que não é uma caça às bruxas… rola muito diálogo. Se a página tivesse um nome mais “brando” ou mais “voltado ao diálogo” não teria atraído tanta gente. E o seu post, provavelmente não existiria. Mas, esta é uma questão menor… as polêmicas que o site levantou é que foram extremamente válidas. Parabéns ao Boicota SP!
Concordo, o intuito com o título é muito bem-vindo. Tanto que eu já estou com a ideia de trazer para minha cidade a ideia deles.
Não seria mais eficiente se o foco do site, em vez de ser criticar os restaurantes caros, fosse sugerir alternativas de estabelecimentos com um custo benefício mais vantajoso?
Eles não só fazem isto também, como tem outro site que abre esta alternativa:
http://www.sphonesta.com.br/
Andre,
Acho que o ponto é a “percepção de valor”, que é algo totalmente subjetivo, tanto do ponto de vista do estabelecimento, quanto do seu público.
Existem preços que, para um percentual do publico, é absurdamente caro mas, para outra parcela do publico, é aceitavel ou irrelevante, tanto que contiuam frequentando, ou até mesmo desejavel, por implicar em um filtro de acesso.
O legal é encarar este site como mais uma ferramente de avaliação e deixar o mercado continuar se auto-regulando.
Realmente, trata-se de um grave problema, pois São Paulo tem poucas opções de restaurantes…
Esse site é só mais um produto da cultura da reclamação. No Brasil, ser cidadão é reclamar. Nunca se viu tanta reclamação, tanta indignação, tantos movimentos sociais, tanta revolta nas redes sociais. E no entanto, a coisa só piora… Será que não existe uma relação de causa e efeito aí?
O pior de tudo, é que esta cultura torna as pessoas mais burras e mais propensas a seguir o rebanho. Basta acenar com um discurso vitimista, ou de reparação, ou contra o sistema, que todo o bando de revoltados adere alegremente.
Abraço,
André
Você tem razão quando diz sobre adesão.
Há grande pressa para manifestar opinião.
Receio de ser o último a opinar, com toda a certeza.
Há o desejo de manutenção permanente de “vanguarda” e, assim, aceitando apressadamente, o que é colocado, muitas vezes, são acatadas idéias e movimentos, que operam sem uma fundamentação coerente, ou, com viabilidade para alcançar o que propõem.
Maria Helena
Não é bem assim. Reclamar não é da nossa cultura. Se (e quando) reclamamos, acabamos chamando a atenção e algumas vezes ocorre o debate. Penso que o Olivier erra ao dizer que os impostos é que fazem o custo dos pratos. Quando se come no boteco na praça da Sé, pagamos em média R$12,00 por uma refeição. E lá há funcionários e empresa constituída também. O que explica uma refeição dez vezes mais caras? Não são os impostos, mas, a grife. O jeans vendido no extra pode ter o mesmo fabricante que o vendido em uma loja de shopping, mas, a etiqueta faz o preço triplicar. Em se tratando de direitos, o “chef” pode aplicar o preço que quiser em seus pratos, mas, também temos o direito de “boicotar” seu serviço e falar disso para os amigos. Se estamos falando de liberdade, não faz sentido o Oliver puxar a brasa apenas para a sardinha dele.
Fábio, não faz sentido ficar reclamando de pessoas que estão trabalhando no meio de um setor altamente aberto a concorrência. Você acha que existe demanda para produtos de qualidade, mas sem a grife? que dá pra lucrar com o preço que acha justo? Então vai lá e abre o negócio e lucre o que acha justo e ainda será feliz ajudando.
Agora, experimente abrir um concorrente da sabesp, telefonias, segurança pública, tribunais de justiça, tv aberta, transporte coletivo, empresa aérea, correios, caixa, rodovias, armas, drogas, iluminação, saúde etc!!! Nesses setores vc verá que há burocratas e políticos controlando tudo, lucrando bilhões em propinas e desvio do seu imposto, que vc não tem muitas opções para não pagar, certo?
Os escolásticos da Escola de Salamanca já tinham descoberto na Idade Média que não existe uma forma para calcular o preço justo, mas que este só pode ser determinado pelo livre mercado. Assim, em um ambiente de livre mercado, o preço que as pessoas aceitam pagar, deve ser mais ou menos o justo.
O que as pessoas devem exigir do governo, é que o mesmo construa um ambiente que facilite a livre iniciativa, e não que a impeça.
No Brasil, todo mundo fica feliz quando o governo coloca mais uma exigência nas costas do empresário, mas não percebem que exigências exageradas fecham o mercado para quem quer começar.
Se eu quiser abrir uma fábrica de cocadas, vou ter que atender à uma série tão grande exigências, que provavelmente não vai valer a pena.
Se você quiser abrir um mercadinho nem se fala.
Desta forma, o mercado fica cada vez mais concentrado na mão de poucas empresas, que, daí sim, ficam livres para praticar preços fora da realidade.
Várias vírgulas saíram fora do lugar. Desculpe.
André Fausto, concordo com seu comentário em gênero, número e grau, menos quando você afirma que SP tem poucas opções de restaurantes. Ao contrário, poucos lugares no mundo batem SP na variedade de estilos e preços de restaurantes. Segundo uma pesquisa que li recentemente, temos proporcionalmente mais restaurantes do que NY.
O comentário sobre São Paulo ter poucos restaurantes foi irônico…
Basta ter a palavra “Marcha” que o rebanho vai atrás. Marcha disso, marcha daquilo…
Ué, a corrupção é uma reclamação inválida, por exemplo?
Creio que as pessoas mais comodistas nunca veem com bons olhos aqueles com espírito crítico, argumentativo, não conformado. E no Brasil conformar-se é o que faz o país estar do jeito que está.
Obrigado por exemplificar minha tese de maneira tão cristalina.
Dá para perceber que por se achar crítico, argumentativo e não conformado, você já se considera melhor que eu, cujos méritos você desconhece completamente.
Passei longe disso, só acho que a hora é de agir e não ser passivo, não mais do que já somos.
Paga R$ 500,00 por um jantar no restaurante do Alex Atala (exemplificando!) quem quer. Eu particularmente acho muito caro, farofa de maracujá e espuma de manga por tal valor. Todavia, creio que o preço cobrado, por si só, pode ser considerado um boicote expontâneo promovido pelo próprio restaurante. Agora, a propaganda é a alma do negócio… caro… bota caro nisso!!!
Não concordo totalmente com o seu ponto de vista. Apesar de ofensivo o nome do site, ele serviu muito bem para chamar atenção e dar o debate necessário que agora está ocorrendo. Muitas notícias de jornal se utilizam do mesmo método ao colocar o título das suas reportagens, ás vezes até enganadoras, como esta por exemplo: http://glamurama.uol.com.br/leticia-sabatella-o-pastor-feliciano-e-uma-bencao-de-deus-entenda/ .
Sim, Guilherme, o nome pode ser eficiente, mas dificulta o que, no fim das contas, é o mais importante: o diálogo entre quem vende e quem compra. A não ser que o site se defina apenas como um local de reclamações e pare de se dizer “plataforma de discussão”.
Não dá para se restringir a crítica ao site pelo título, Barça. O contexto em que ele se aplica e o termo é bem a cara do que o paulistano gostaria justamente de fazer e não estava com coragem. Eu não me importaria tanto com estes pormenores. A coisa está rendendo.
Desculpe, mas não posso concordar que o nome do site seja um “pormenor”.
Preços podem sinalizar não só as preferências do consumidor, mas também o poder de mercado de dada firma. Pensando dessa forma, não há como reclamar. Quem acha caro, pode ir em outro estabelecimento.
Agora suponhamos que um restaurante cobre caro não devido aos seus custos nem decorrente da procura, mas sim para sinalizar ao mercado que ali supostamente encontra-se uma refeição de melhor qualidade, sem realmente oferecer um produto de melhor padrão. Aí eu vejo propósito para um site que nem o BoicotaSP, justamente para avisar os outros consumidores de tamanho embuste.
Exatamente, eu também entendo a proposta do site olhando por este ponto de vista.
O engodo acontece quando as pessoas até se propõe a pagar um valor mais alto esperando encontrar um produto com qualidade equilavente ao preço.
Ai quando vc paga mais e recebe um produto mediocre vc está sim sendo sendo enganado e acho legal ter um site para advertir outras pessoas a nao serem feitas de troxa tbm.
Como no próprio site eles explicam “Aqui você pode saber que lugares da cidade cobram demais por entregar de menos. Quer ir mesmo assim? Direito seu.”
O problema é q o p;ublico está desvirtuando um pouco essa proposta e reclamando até do preço de um cachorro quente de R$ 5,00 !!
Como diria meu velho pai: “cada um e besta a seu modo”.
Ja gastei 90 euros em um almoco no Jose Maria Restaurante, em Segovia, que faz o melhor cochonillo assado da Espanha (e talvez do mundo).
Eu e minha minha mulher. Incluiu acompanhamento, sobremesa e dois vinhos feitos artesanalmente pelo sujeito.
Jose Maria passou 20 anos aprimorado a raca dos porquinhos que assa e faz seus proprios vinhos. E o trabalho de uma vida toda. Ele vive para aquilo ali e se dedica de verdade ao que faz.
Ao mesmo tempo ja comi camarao-rosa no Bar do Bacu, com cadeira de plastico e no meio da rua, a R$ 24 por 12 unidades, ventrecha de pirarucu em Santarem a R$ 20, um costela de porco em um bar do porto de Valparaiso a cinco dolares e um excelente cuscus numa barraca da medina de Fes a cinco euros (depois descobri que o lugar e uma especie de patrimonio local).
Isso e pra dizer que o problema nao e pagar caro ou barato para comer. O problema e pagar e a comida nao valer o preco. Custe ela 300 reais ou o preco de uma passagem de onibus.
Infelizmente isso acontece direto em SP.
E o que e pior: com comidas que, em outras partes do mundo, sao comidas de rua, baratas. Kebab a R$ 45, temaki de 50 contos e por ai vai.
Tem um lugar nos Jardins onde a fatia de pizza custa R$ 35. Sem falar dos restaurantes por quilo com preco de cozinha fusion.
E, na maioria dos casos, a comida e ordinaria.
A isso a gente soma as pessoas que GOSTAM de pagar caro, que curtem a “gente selecionada”, o ambiente “sofisticado” e usam esse tipo de estabelecimento nao para dialogar com a cidade, mas para se isolar dela.
Voce pode cobrar, sim, R$200 reais em um ovo frito. Tem um restaurante mega-hypado de SP que cobra R$ 35 em uma bola de sorvete de tapioca feito em Belem que, na cidade, custa R$ 3. E o mesmo restaurante vende uma cachaca feita em Belem com jambu por um preco que da pra comprar uma garrafa inteira.
Eu nao pagaria. Me sinto enganado. Apesar de todas essas coisas que voce enumerou em seu texto, que encarecem o produto final, nao acho que nada justifique algo ser TAO caro.
Mas eu repito: isso acontece porque boa parte da clientela curte pagar caro. Principalmente quem quer ficar em um ambiente “diferenciado”.
Vladimir, eu concordo com o seu comentário, mas acho que o espírito, tanto do site “Boicota SP” quanto desta matéria, não se limita simplesmente ao preço, mas ao custo-benefício. Falando sobre a própria Espanha, eu já paguei um valor considerável à época para almoçar com minha esposa no El Bulli há alguns anos, quando o restaurante estava em atividade. Valeu a experiência? Sim, cada centavo gasto. O que o restaurante entregou – as espumas e demais experiências do Ferran Adria – correspondem ao valor cobrado, segundo minha opinião.
Agora, é diferente ir almoçar num Viena qualquer em SP e pagar por volta de R$ 60,00 o quilo para comer comida caseira. Ou seja, o motivo de apontar-se um estabelecimento no Boicota SP, dando inicio a um diálogo sobre o problema lá constatado pelo cliente, não é simplesmente o valor absoluto cobrado pelo restaurante, mas sim o que ele entrega por este valor.
Outro bom exemplo é o Signature Room, em Chicago. É mais um restaurante excelente na cidade, e cobra a mesma média de outros – por volta de US$ 300,00 por casal, com um bom vinho – mas além da comida excelente, também oferece uma vista única do nonagésimo quinto andar da cidade, um belo diferencial!
Vladmir, faço minhas as suas palavras.
O que acho sacanagem também, sou cliente de um restaurante japonês ha muitos anos, que tem várias unidades em SP, não reclamo do preço apesar de aumentar várias vezes, é que aumentaram o preço e diminuiram nas quantidades, lembro que o salmão grelhado (fatiado em 2) era do tamanho da minha mão cada fatia, hoje vêm um pedacinho, duas garfadas (hashigadas no caso) já era, e os Niguirizushis então, mal consigo pegar ele com hashi, ainda bem que é rodízio….rsrs
Boicotar isso ou aquilo por causa do preço, em setores onde há livre concorrência soa estranho. Qual o sentido de um suposto “boicota Fasano” ?? Vai quem pode pagar.
Qdo o setor eh monopolista ou oligopolizado, faz sentido.
Por outro lado, essas iniciativas de boicotes de consumidores podem ser bastantes úteis para a sociedade, com outro foco.
P ex., deveriam ser usados para boicotar empresas que nao respeitam o meio ambiente, utilizam trabalho escravo ou infantil.
Tipo “boicota Zara”, ou Mcdonald’s, p ex.
Eu estou com o Anquier. Se alguém vende um ovo frito por 200 reais e eu acho que vale isso, tenho o direito de pagar os 200 reais para ter o que quero. Se houver outras pessoas querendo pagar os 200 reais, o restaurante pode existir. E nenhum abaixo-assinante tem nada a ver com isso. Que vá gastar seus 2 reais num bolovo ou churrasquinho grego.
Liberdade é muito importante e precisa ser preservada. Que mania besta tem esse país de achar que tudo se resolve com abaixo-assinado. Por isto estamos no brejo…
Juca, nós vivemos numa democracia. Com certeza a maioria das pessoas que postam seus comentários ni site não frequentam o Fasano, mas vão a padarias ou restaurantes comuns.
No Jornal da Cultura fizeram uma reportagem sobre o Boicota e mostraram como exemplo uma padaria que vendia refrigerante 2 litros por 18 reais. Qual a justificativa pra esse preço? O gerente do estabelecimento disse que muitas vezes aparecia grupo de jovens que para fazer seu almoço comprava o refigerante maior pra dividirem pois saia mais barato e como deixavam de vender lata ou 600ml jogou o de 2 litros lá em cima. Pode isso, Arnaldo?
Tá aí, mais uma prova da má conduta dos pequenos ou grandes empresários.
Outra coisa: muita gente tem me falado de um tal SP HONESTA, um suposto contraponto construtivo a esse BOICOTA SP. A ideia seria divulgar lugares que não cobram muito caro. Entrei lá e discordo – não só das obviedades de muitas dicas ou da inclusão de lugares que não são baratos coisíssima nenhuma. Mas do conceito: vamos entregar o leite para desconhecidos e fazer com que os donos, surpresos ao verem uma divulgação inesperada e ao constatarem a chegada de novos “foodies”, aumentem os preços deles (engrossando as fileiras da dita SP DESONESTA). É a lógica Guia da Folha: já fui a um bar antes e depois de sair lá e os preços aumentaram magicamente (o problema não é só o preço do tomate, portanto, mas aquela vontade, legítima, desde que não acompanhada de hipocrisia, de ganhar dinheiro). Nesse ponto, sou demasiadamente egoísta: quando encontro um lugar bom e barato, fico na minha (outros incautos que saiam propalando e achando que ganharão o Reino dos Céus entregando um tesouro urbano). Abraços!
Sabe o que eu acho, Barcinski, sem querer demonizar dono nem nada? Existe muito cara-de-pau nessa história. Ficam vindo à praça pública dar uma que são santos que apenas repassam custos que estão acima deles, como se a inflação só pudesse ter esse diagnóstico de choque de oferta (calma que não vou falar economês no resto do post).
Gostaria de ler uma reportagem com aspas honestas mais ou menos assim: “Eu cobro esse valor porque confio no meu taco. Acho o meu prato bom e quero ganhar dinheiro com isso. Todo o mundo está cobrando os olhos da cara e acho que mereço participar da farra. Tem mais: há quem pague sem reclamar, seja por ter muito dinheiro, seja por achar gostoso, seja para falar que veio/postar no Instagram, seja por uma combinação desses motivos. Então, por que não testar até onde o público pode ir? ALÉM DISSO, os preços dos ingredientes subiram e achei que precisava repassar o custo”. Só que os donos costumam ser hipócritas e, aparentemente, não são cutucados o suficiente pelos jornalistas.
O problema desse site é que ele é comentado por gente não muito melhor do que os tais donos hipócritas – queria ver como essa classe média sofredora age com a sua empregada, por exemplo. O problema de fundo de SP não é o Atala ser o mais caro da lista dos melhores do mundo. O problema é um dono de padaria ter o desplante de cobrar nove reais num pão de queijo com um expresso vagabundérrimos. É um cara desses que tem de ser boicotado, como já faço, aliás, andando cinco quadras para comprar de um empresário menos explorador. Nada que o sujeito que me perdeu disser vai me convencer de que ele não está querendo lucrar além da conta na cara da freguesia.
Ontem fui almoçar em um restaurante que serva comida nordestina barata e muito boa. Existe há mais de 30 anos. O dono me disse que planeja fechar o restaurante, porque não aguenta mais trabalhar tanto pra ganhar tão pouco. Razões? Impostos, problemas trabalhistas, o de sempre. Esse cara não é o Fasano.
Nesses 30 anos qual o investimento em marca, comunicacao ou qq outro diferencial que permitisse o aumento da margem desse reataurante? Certeza que tem bar na vila Madalena cobrando 5x mais caro pelo mesmo prato (claro que sem a mesma qualidade) e abrindo filial pelo Brasil afora.
Um bom produto nao e’ mais suficiente para se manter no mercado.
Nao tem mais espaco para amador nao.
Os impostos não estão sendo absurdos somente agora. Acho que criticamos tardiamente esta explosão de preços. Poderia ser lá atrás na cadeia produtiva. Poderia ser também originada pelos donos de restaurantes. Então, agradeçam ao BoicotaSP que deu a deixa agora para reclamarem, chorarem, corrigirem ou…fecharem!
O Adriano sofre da Síndrome de Russomano,aquele
que acha todo empresário ladrão e manda chamar
a polícia.Ridículo isso.