BoicotaSP vs. Anquier: todo mundo perde
02/05/13 07:05Publiquei ontem no caderno “Comida”, da Folha, um texto sobre a discussão entre o padeiro e “restaurateur” Olivier Anquier e o site BoicotaSP. (leia aqui).
Achei que minha contribuição ao assunto estava esgotada, mas acabei trocando algumas considerações, via Twitter, com o BoicotaSP, e achei que o assunto merecia uma continuação.
Duas frases escritas por um representante do site me chamaram a atenção.
A primeira frase foi uma resposta à minha opinião de que o nome do site não convidava muito ao diálogo e inibia a discussão, porque condenava os estabelecimentos ao boicote antes de ouvir o outro lado.
Resposta do BoicotaSP: “Mas se inibe a discussão, por que você escreveu sobre?”
Ora, escrevi exatamente porque julgo que o site não dá a devida atenção ao diálogo. Se desse, permitiria aos comerciantes publicarem seus depoimentos antes de ter seus estabelecimentos incluídos numa lista de locais a serem boicotados.
Quando eu disse que achava o nome “BoicotaSP” péssimo e inadequado a um site que diz incentivar o diálogo, o representante do site respondeu: “O nome foi inspirado no que Gandhi fez na Índia, boicotando produtos ingleses, forçando a discussão.”
Só para lembrar: a Índia foi dominada pelos ingleses por quase 200 anos, de 1765 a 1947, primeiro pela poderosa East India Company e depois pelo Império Britânico. Foi um domínio colonial marcado pela violência contra a população indiana. Gandhi não estava protestando contra o preço do croissant e não queria “forçar a discussão”, mas libertar seu povo.
TV Folha
Domingo passado, o “TV Folha” promoveu uma conversa entre Olivier Anquier e um dos donos do BoicotaSP, Danilo Corci.
Concordei com quase tudo que os dois disseram. Entendo a lógica de Anquier quando ele diz que um restaurante “pode cobrar 200 reais num ovo frito” se quiser, mas acho que foi um exemplo ruim. Nem tudo que é legal é moralmente aceitável. Um dono de restaurante tem o direito de cobrar 200 reais num ovo frito? Claro que tem. A questão é se isso é eticamente condenável. Eu acho que é.
Agora, me surpreendi mesmo foi com uma frase de Corci. Quando Anquier fala da péssima formação dos profissionais de cozinha e dos impostos altíssimos que paga, Corci diz: “99% das pessoas lá (no site) não sabem disso.”
Será mesmo? Em que país vivem esses 99% que não sabem quanto pagam de imposto?
Minha conclusão: iniciativas como o BoicotaSP são muito válidas e necessárias, mas teriam mais eficácia se não se limitassem apenas a reclamar.
Parabéns aos criadores do site pelo sucesso e repercussão. É muito bom ver que os consumidores estão atentos. E fica a sugestão: por que não mudar o nome do site para algo menos punitivo e realmente abrir espaço para a discussão? Seria bom para todos.
P.S.: Estarei sem acesso à Internet até o meio da tarde e, portanto, impossibilitado de moderar os comentários. Se o seu comentário demorar a ser publicado, por favor não me xingue ou reclame de censura. Obrigado.
O mais chocante de tudo é a arrogancia do padeiro. Se a mão de obra daqui é tão desqualificada, se nao pode haber globalização, se ninguem tem nada a ver ( consequentemente nao tem direito a reclamar do que nao lhes diz respeito) e se tem tanto imposto, por que esse moço nao volta la pra França? Porque aqui ele nao vai fazer falta, só mais um gringo que venho ganhar dinheiro no Brasil.
Sugiro EsfolaSP. E outro dia dei um trampo de “restaurador” na minha bike velha…ficou da hora, mano!
E o preco dos shows?
Lollapalooza no Boicota SP?
Tem ingresso pro Black Sabbath a R$ 600.
Quase um salario minimo.
Tao absurdo quanto R$ 70 por um file com fritas no Anquier.
A partir de 5:42 do vídeo o francês dá a explicação real. Não tem nada a ver com imposto nem com o coitadismo empresarial. Tem a ver com o que ele chama de “massificação”. E a melhor dele: “[se não gostou, se não quer ir] por que ele precisa se expressar?”. Ora, por que não deveriam se expressar?!
Bom, vc deve ter uma bola de crsital. O Anquier fala de impostos, mas vc “sabe” que ele está mentindo. Pra quê discutir então, se Flávio sabe o que se esconde por trás das opiniões de todo mundo? Que coisa desanimadora.
O que o sujeito disse foi o seguinte, faço questão de transcrever: “Não faz parte do mundo dele. Essa massificação de dizer que tudo é de todo mundo, é terrível”. Isto é que é desanimador, meu caro.
Sobre este tema li uma reportagem muitoo interessante sobre por que o Brasil esta tão caro, explicada de um jeito bem acessível!
http://super.abril.com.br/blogs/crash/pagina-exemplo/
Engraçado que essa história começou com uma denúncia de um amigo meu no Boicota SP. Quando ele publicou no facebook a resposta do site ao Anquier, a primeira coisa que pensei foi: como um site com esse nome se diz proposto ao diálogo. Bem, o que eu penso sobre esse assunto: uma empresa só é lucrativa se estiver entregando um produto ou serviço desejado, e somente uma empresa lucrativa tem a capacidade de remunerar bem seus funcionários, pagar em dia seus fornecedores, investir em produção e tecnologia, meio ambiente e cultura. O empresário não vai se submeter a altos impostos e legislação tributária mirabolante, burocracia, falta de infra-estrutura, condições logísticas inadequadas, falta de mão de obra qualificada, corrupção, agentes públicos despreparados, insegurança normativa, inflação, instabilidade cambial e violência para investir o seu dinheiro numa empresa a não ser que seja para ter um polpudo e rápido retorno, muito acima da média internacional. A mesma lógica serve para qualquer cidadão poupador: você não vai assumir o risco de investir em ações se não for para ganhar muito mais do que na poupança. Essa é a realidade que ninguém parece estar interessado em discutir desprovido de preconceitos ideológicos, por isso continuaremos pagando muito caro por tudo e cada vez menos Made In Brazil.
Barça, concordo com seu post.
hoje em dia muitas coisas são distorcidas para se obter o resultado que se quer.
não gosto desses sites pois em pouco tempo fica uma queimação de todo e qualquer restaurante… aposto que existem poucos lugares que não aparecem nesse site..
sou mais o site http://www.sphonesta.com.br aonde se propõem algo mais positivo, ao invés de sugerir boicotar algo, sugerir opções.
abraço
UMA NOVELA (desculpe o tamanho da novela)
.
Trabalhar num balcão de uma casa de sucos por cinco dias é suficiente para ver o “outro lado”. A casa fica vazia a maior parte do tempo e aí entram cinco clientes ao mesmo tempo, um pede suco de laranja com acerola e cenoura, outro pede o suco de laranja com acerola e cenoura, mas sem a cenoura, e todos fazem um pedido diferente. Aí você tem três liquidificadores e faz o melhor que pode. Decora os pedidos e entrega na ordem entrada, porque se você entregar um pedido que veio depois antes, o cara que pediu antes não vai se sentir injustiçado e a casa cai ali mesmo.
Aquele filme “Tampopo” tem uma cena em que isso acontece na hora do almoço.
A comida em si não é a coisa mais cara do serviço, o mais caro é o custo da pessoa que atende, e o esforço que ela tem que dispender para atender.
O cafezinho está caro pra caramba 1,5 reais coador e 2,5 o expresso. O caro é atender, saber se é café pequeno ou média e o pior que é lavar o copo com agua e sabão depois, o chato mesmo é molhar a mão.
Um pãozinho pode custar 0,69. Medir por peso, o pão parece ser muito mais justo, mas isso torna o pão que está a preço de carne, mais caro. É o preço do atendimento, se você pedir seis pãezinhos, o coitado do balconista vai ter que contar os pães pesar escrever o preço num papelzinho e depois você consegue pagar com o cartão 2,53 reais (chute) e todo o procedimento demora muito. Mas, porém, contudo, todavia se você pedir dois reais de pão, o balconista vai colocar seis pães no pacote sem nem pensar (um a mais do que o peso com certeza, para você não ter prejuízo) e você pagar com os dois reais que tem na mão e pronto, muito mais rápido e mais barato.
“Restaurateur”.???? Só para ser reconhecido assim quantos mangos ele cobra a mais por prato servido. Ora, os dois têm razão, o site e o Olivier…. Fica apenas a propaganda “boca-a-boca” oficializada no site….. Vai quem pode….
O Olivier Anquier não é o melhor representante dos donos de restaurantes. Como pode ele cobrar mais de 60 reais por um prato composto apenas por contra-filé e batata frita? E ele serve apenas 1 prato. O que é desperdício quase zero, lucro absoluto. Existe o papo “pode cobrar o que quiser. Se não quer pagar, não vá”. Eu não engulo. Acho ganancioso.
Mas eu quero pagar mais de sessenta reais por esse prato. Não sei se é ganancioso se tem quem queira ir e fique satisfeito de frequentar o lugar
UMA NOVELA
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Trabalhar num balcão de uma casa de sucos por cinco dias é suficiente para mudar ver ou “outro lado”. A casa fica vazia a maior parte do tempo e aí entram cinco clientes ao mesmo tempo, um pede suco de laranja com acerola e cenoura, outro pede o suco de laranja com acerola e cenoura sem a cenoura, todos com um pedido diferente. Aí você tem três liquidificadores e faz o melhor que pode decorar os pedidos e entregar na ordem entrada, porque se você entregar um pedido que veio depois antes, o cara não vai nem ao PROCON nem ao BoicotaSP, a casa cai ali mesmo.
Aquele filme “Tampopo” tem uma cena em que isso acontece na hora do almoço.
A comida em si não é a coisa mais cara do serviço, o mais caro é a pessoa que atende, e o esforço que ela tem que dispender.
O cafezinho está caro pra caramba 1,5 reais, o de coador, e 2,5 o expresso talvez o caro é atender, saber se pequeno ou média e, o pior que é lavar o copo com agua e sabão depois, o chato mesmo é molhar a mão.
Um pãozinho pode custar 0,69. Medir por peso, o preço do pão parece ser muito mais justo, mas o pão está a preço de carne. O caro de novo é o atendimento, se você pedir seis pãezinhos, o coitado do balconista vai ter que contar os pães pesar escrever o preço num papelzinho e depois você consegue pagar com o cartão 2,53 reais (chute) e todo o procedimento demora muito. Mas, porém, contudo, todavia se você pedir dois reais de pão, o balconista vai colocar seis pães no pacote sem nem pensar (um a mais com certeza) e você pagar com os dois reais que tem na mão e pronto, muito mais rápido e mais barato.
Dentro do tópico recomendo uma leitura muitooooo bem escrita e interessante para entender o por que as coisas são tão caras no Brasil: http://super.abril.com.br/blogs/crash/pagina-exemplo/
O interessante seria o André falar que é dono do Clash Club e que, no mesmo lugar, a garrafa de Orloff custa R$ 225 (Orloff!!). E ai, muito imposto embutido? Ou será que resolveu atacar na mídia porque algum tempinho atrás isso apareceu no BoicotaSP: https://www.facebook.com/BoicotaSP/posts/497270523660353
Thiago, nâo sou dono de clube há quatro anos, informe-se melhor, ok? Só deixo seu comentário mentiroso aqui porque acho esclarecedor ver quanta besteira e mentira é dita em nome de “protestar”.
Até eu que raramente saio em São Paulo, sei que o Barça não é mais dono do Clash há quatro anos.
Criticar beleza; acionar o boca antes do cérebro já é irritante.
Bebida com preço estratosférico em balada não deveria ser uma coisa vista como crime e sim como uma medida social pois desestimula o consumo 😀
Se bem que aí só os playboys, reconhecidos por terem carrões mais possantes, consumiriam.
Essa minha opinião vale para todos os setores, inclusive o gastronômico. Quando um cara pretende abrir uma empresa para vender suas mercadorias, em primeiro lugar ele precisa focar e escolher o público alvo: o baixa renda ou o alta renda. Nem falo de classe média, pois essa deve se enquadrar em uma das duas primeiras para consumir. Se focou no baixa renda, seus produtos precisam ter o preço nivelado por baixo, mesmo que haja algum comprometimento na qualidade. Se pretende atender a alta renda, próxima providência, cobrar caro. O alta renda não entra num boteco para bater um macarrão com frango. Ele vai a uma cantina da moda comer um tagliarini ao molho “nome bonito” com codornas, mesmo que ambos os pratos tenham o mesmo sabor. O baixa renda console aquilo que o pouco dinheiro dele pode comprar. O alta renda se sente privilegiado por ter dinheiro suficiente para dar a honra a um determinado estabelecimento caro de atendê-lo. A meu ver, esse é o princípio de tudo.
“Filosofia” simples: Vou em um restaurante ou bar. Não me atento ao valor do produto. Se eu acho abusivo o preço ou o atendimento é ruim, pago e nunca mais volto.
O Site criado é ótimo porque já mostra lugares aonde não vou passar mesmo.
Saiu recentemente uma entrevista falando que na V. Olimpia, um restaurante vende frango assado a 70R$. Na boa, nem na frente do restaurante eu passarei.
Não tenho estabelecimento comercial, mas pelo que leio é uma odisséia manter algo aqui em SPO.
Mesmo assim, dinheiro não tá fácil a ninguém, portanto somente desejo sorte aos proprietários.
Caraca barça, até o clash ta na lista deles, kkkk
Sim, e o que eu tenho a ver com o Clash hoje?
Essa filosofia do EU POSSO EU PAGO é a grande responsavel pelo altissimo custo de vida aqui em SP!! Nós estamos vivendo uma fase de consumismo sem dinheiro! Nao temos dinheiro e achamos que temos! Pagamos por vergonha de parecermos pobres!
Enquanto isso nao mudar, e a pretexto dos impostos e tal, o lucro dos comerciantes será cada dia maior, ou alguem esqueceu q nos tempos de inflação alta muita gente com dinheiro enriqueceu mais??
Eu penso que o melhor é ter um ponto de encontro para saber o que outras pessoas tem a opinar. Nem tudo que é caro em Sao Paulo é bom! Muitos locais cobram pelo nome e nao pela qualidade! Nem é preciso falar de pratos nobres franceses mas da nossa Pizza que custa mais de 50 reais em muitos locais e isso é um absurdo! O preço da pizza varia penas pelo bairro e nao pela qualidade na maioria dos casos. Iniciativas como esta já existem em sites de turismo e aprendemos que é mais barato viajar pela America Latina do que ao nosso lindo e caro Nordeste. Contudo, muitas pessoas NAO sabem disso e com sites como estes podemos ajudar mais pessoas a fazerem melhores escolhas! Outro ponto positivo virá de quem vende o produto que deve agora pensar se vale a pena manter o preço! Se não nos movermos o Brasil continuará o mesmo; parabéns pela iniciativa!
Talvez a ideia não tenha agradado aos que possuem interesses comerciais, mas é muito útil para a sociedade em geral, na minha opinião nome e conteúdo estão perfeitos!!
O processo é irreversáveil, Barça, a Internet está abrindo trincheiras.
Nem todo rico aguenta pagar por estes absurdos. Isto se chama coerência.
E sim, é justameete bem-vinda a discussão para chegar depois à cadeia produtiva, dos tributos e de fornecedores. E que façam o seu site para isso…
*irreversível
*justamente
Sou a favor que qualquer comercio ou industria cobre o que quiser pelo seus produtos, afinal estamos numa democracia, mentirosa, mas é o que nos falam. A opção sempre será de quem quer comprar ou tem dinheiro ou não tem. Este país esta quebrado ha muito tempo, mas apenas para a maioria, Vamos nos atentar para um site deste como o ´boicota´para os juros abusivos dos bancos os impostos cobrados como se fossemos uma país como a Alemanha Suécia esta legislação trabalhista que alimentam os sindicatos ah tinha me esquecido dos sindicatos onde vc é obrigado a contribuir. e o pior não temos retorno nenhum, não para o povão que paga. Vamos fazer um boicote contra aqueles políticos que se acham donos e acima do poder que ganham salários exorbitantes sem nenhuma formação acadêmica e tantos outros benefícios. Senhores deste site , vamos ser mais produtivos e inteligentes vamos exercitar a cidadania que é de direito. É muito fácil prender ladrão de galinha.
Não concordo com o teor do post e estava com uma tremenda dificuldade para transformar meus motivos em palavras de forma sucinta.
Por sorte o Carlos Dória, no blog dele, comentou a entrevista e acertou em cheio naquilo que me incomodava. Lá vai, para quem não puder ler o original:
“Via matéria de André Barcinski o jornal procura manter acesas as brasas da discussão sobre preços altos em restaurantes paulistanos, destacando o site BoicotaSP. A intenção é louvável, mas Barcinski propõe uma mudança para que o site se torne politicamente correto: “poderiam mudar o nome do site, que é bem agressivo. Por que não PreçoJustoSP ou algo do tipo? Sugerir boicote e pedir explicações não é discutir, é condenar a priori”.
Barcinski parece esquecer que a luta política é inicialmente uma luta por palavras, que definem o campo no qual nos situamos. Mas o fato é que, no Brasil, há um horror à crítica. Ainda reflexo de uma velha sociedade de compadres que pulsa forte dentro de nós e possui cidadelas em toda parte (universidades, imprensa, instituições públicas, etc). É muito frequente a referência à “crítica construtiva”, esse compromisso cordial, tácito, entre crítico e criticado que invariavelmente são pessoas próximas, se confraternizam nas mesmas festas e, por isso, é melhor não azedar o ambiente com a “crítica destrutiva” ou “agressividade”. A demanda por cordialidade é tão forte que abarca forma e conteúdo. Silvio Romero, vivo fosse, não teria onde escrever.
Mas a crítica é sempre aquela que destrói coisas velhas, prepara o terreno para o novo que vem só despontanto, e por isso não é imediatamente “construtiva”. Tolerar o momento “destrutivo” é que é exercício democrático. Penso que a crítica nunca deve ter peias, ainda que às vezes o espírito independente custe caro para quem o exerça. Tudo tem seu preço e a intolerância cobra o seu.
(…)
Voltando ao tema, depois do parênteses: se BoicotaSP tem alguma recepção pública é justamente pelo uso da palavra “boicota” – um verbo extremamente eficaz quando se trata de atividades comerciais, pois visa o bolso do adversário. O site polliticamente correto que Barcinski reclama já existe. É o SP honesta. Ambos querem uma relação melhor entre qualidade e preço dos serviços. É comparar a audiência de ambos para dizer da eficácia de cada um, do valor da palavra “boicota” no atual contexto da restauração paulistana. Aliás, BoicotaSP não se resume a restaurantes: inclui estacionamentos, venda de ingressos pela net, etc. Talvez haja um esgotamento da capacidade de pagamento em segmentos de classe média, e ambos os sites são sintomas disso; nada mais.
Do ponto de vista substantivo, Barcinski caiu na armadilha do “preço justo” – tema de infindáveis análises da economia política clássica. Quando há concorrência, o mercado é sempre “justo”, mesmo que pareça “injusto” para os que dele são alijados. As pessoas de classe média não querem ser alijadas, e por isso a ideia tentadora, vingativa, de transformar a exclusão em “boicote”, em atitude política que ocupa o lugar da passividade. Mas o articulista convoca os argumentos de sempre: aluguéis, impostos, advogados, talheres, seguranças, caixas, guardanapos e canudinhos como coisas que, mui justamente, encarecem a operação. Tudo isso, cozido ou assado, está expresso no cardápio, é claro. Por outro lado, fica nítido um mercado crescente de consumidores que darão grande peso aos preços. Gente que formou valores alimentares na atual cultura do glamour culinário, que transformou a frequentação a restaurantes no núcleo duro do lazer paulistano. É natural que reajam indignados à exclusão.
Os chefs antenados intuíram isso ao criarem esquemas de comercio de rua. Resta tirar as consequências negociais da diretriz promissora. Fazer a crítica “construtiva” destruindo os preços altos através do fomento de alternativas.”
Quer dizer que propor discussão é ser “politicamente correto”? Está tudo perdido mesmo.
Não. Pretender mudar o nome do site é politicamente correto. Pretender evitar a crítica, ou exigir que ela seja construtiva, é politicamente correta.
Isto está razoalmente claro no texto do Dória. Você deve tê-lo lido apressadamente para fazer uma interpretação tão equivocada.
Essa é boa. Quer dizer que pedir uma crítica construtiva é “correção política”? Muito boa. A sugestão era de que o site mudasse não só o nome, mas a maneira de abordagem, que na verdade só serve para reclamar e não para ouvir o outro lado. Se vc não conseguiu entender o que eu quis dizer, sinto muito. Não consigo ver no que a sugestão de mudar o nome possa serr interpretado como “correção política”. Quer dizer que boicotar é “politicamente incorreto”? Não acho.
Bem, a questão não é de conseguir ver, mas de conseguir enxergar. O texto está explicando bem inteligivelmente a razão desta conclusão. Tente enxergar, além de só ver, e você enxergará.
Não entendi nada do que vc escreveu. Nada.
Ah, mas isso não é novidade, pois você sequer entendeu o sentido do texto que eu copiei.
O texto é meio capcioso como forma de demonstrar ânimo, mas me parece que você está meio irritado com minha insistência.
É seu direito, assim como é direito seu dizer o que lhe vier na veneta, pois a página é sua, ainda que se trate de um equívoco, como está se demonstrando sua opinião, externada neste post.
Não incomodo mais. Boa sorte da próxima vez!
Na boa, Caio, respondo a uns 60 comentários por dia. Não me irrito com insistência.
Para mim é simples assim :
Os empresários deveriam assumir que estão no mercado para ganhar dinheiro, porque não é vergonha nenhuma, e parar com essa ladaínha que seu produto é especial, que o alface é colhido nas montanhas do Tibet, que o ovo é de galinha especial dos campos silvestres, etc… porque grande parte de seus alimentos compram no CEAGESP onde várias pessoas fazem compras. Ai é achar que consumidor não pensa.
Parar com esse papo de impostos : restaurante normalmente é ME, imposto menor.
As pessoas que não podem pagar R$ 200,00 ou acham abuso, procurem locais que se encaixem nos seus bolsos.
O Site Boicotasp é legal sim, porque dá aos donos de restaurantes e outros negócios a oportunidade de esclarecer o que postam..
Infelizmente tem restaurante que cobram demais e oferecem serviço ruim, qualidade ruim.. isso sim merece boicote..
O nome do site pode até ser grosseiro ou pouco convidativo para uma discussão, no entanto, do ponto de vista da comunicação ele é efeciente, pois atrai a atenção do leitor para si. Se o nome fosse mais brando, é possível que não tivesse tanta repercussão. Quando ao procedimento de recomendar o boicote só com a opinião dos internautas e sem uma resposta do restaurante, aí é outra coisa. concondor contigo nesse ponto.
Segundo essa pesquisa, moro na terceira cidade mais cara para se alimentar no país. E é verdade: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/15-cidades-brasileiras-onde-almocar-fora-doi-no-bolso#4
A única vantagem é que a cidade sendo relativamente pequena (600 mil hab) é mais fácil de se ter uma idéia dos locais que estão se passando nos preços.
No final das contas me parece que a discussão está acontecendo. Então o site BoicotaSP valeu pra alguma coisa.
A discussão está acontecendo de forma civilizada, mas fora do site.
Aqui no Rio há várias lojas de cafés próximas aos cinemas cobrando R$ 6,00 por um café expresso. Acho um absurdo! O preço de meio quilo de café custa R$ 5,00, como isso se explica? Eu não tomo, espero chegar em casa e tomar o meu café que é mais gostoso.
Na minha opinião pouco importa o nome do site… importante é um órgão que ajude o consumidor a se organizar contra o absurdo que é hoje em dia comer fora de casa em São Paulo.
Os donos de restaurantes podem dizer: “Acha caro??? Coma em casa” e acho que é isso mesmo que o paulistano está fazendo, pois em restaurantes que antes tinham filas enormes agora agora sobram mesas, mesmo em horários nobres, como 6ªs e sábados por volta das 22hs.
Ou eles se tocam que o povo não é trouxa… ou fecham suas portas!!!
Acho complicado opinar, mas estive lendo o site, as respostas e ainda por cima sendo casada com comerciante, ainda acho que o que mais falta é bom senso…
O tal do ovo / omelete que gerou o título da resposta do Anquier por exemplo, concordei com a “justificativa” da chef (ovo orgânico, produtos frescos, mão de obra, impostos etc).
No site, vi desde alguns leitores que reclamaram de uma Feijoada de 20 reais, como de um rodízio de 103, uma cerveja grande (e boa) a 17 contos, ou uma água a 6 reais, ainda leitores que disseram ter tido uma surpresa na conta.. o que
às vezes parece difícil acreditar e entender…(a pessoa não olhou os preços antes ou o estabelecimento cobrou diferente?).
Alguns preços apontados realmente me parecem normais, a não ser que o atendimento ou qualidade não sejam condizentes, mas com tanta diversidade e disparidade de reclamações, acho que pode se perder a boa ideia ou o foco, ainda mais que parece sim se tende a demonizar o estabelecimento / empresário, pelo menos no meu ver.
Claro que pela lógica de Anquier um restaurante “pode cobrar 200 reais num ovo frito” se quiser. E quem quiser ir lá comer o ovo por esse preço que fique a vontade. Mas o site avisa antes e permite que muitas pessoas sequer passem em frente.