Lobão vs. Mano Brown: segundo assalto, por favor
06/05/13 07:05Fiquei contente pela tão falada “trégua” de Mano Brown e Lobão não ter passado de um trote. Acho que a troca de farpas dos dois pode render uma ótima discussão e não queria ver tudo acabar em pizza.
Para quem não acompanhou o assunto, tudo começou na quarta, dia 1º, quando meu colega da “Folha”, Lucas Nobile, publicou uma entrevista com Lobão sobre o novo livro do músico, “Manifesto do Nada na Terra do Nunca” (leia aqui). Lobão atirou para vários lados: chamou a presidente Dilma de “terrorista” e disse que ela deveria depor na Comissão da Verdade; criticou o fato de nomes famosos das artes brasileiras – Gilberto Gil, Paralamas, Barão Vermelho, Paula Lavigne – captarem verba pública via Lei Rouanet; espinafrou Roberto Carlos, Gonzaguinha e Edu Lobo; disse que nunca viu um “presidente militar milionário” e que não acredita em “vítimas da ditadura”.
Algumas das palavras mais duras de Lobão foram direcionadas a Mano Brown e aos Racionais. “O rap e o hip hop viraram um órgão de propaganda das idéias medíocres e revanchistas do PT”, disse. Lobão acusou Mano Brown de “bradar clichês anacrônicos” e “convocar o terrorismo explícito”, antes de chamá-lo de “papagaio piegas e recalcado” e “idiota útil”.
Via Twitter, Mano Brown chamou Lobão para a briga: “Nos anos 1980, as ideias dele [Lobão] não fizeram a diferença para a gente aqui da favela. Tô sempre no Rio de Janeiro, se ele quiser resolver como homem, demorô! Do jeito que aprendi aqui.”
Na sexta, dia 3, Lobão anunciou, também via Twitter, que Mano Brown o teria procurado para fazer as pazes e que os dois iriam tocar juntos na Virada Cultural, que acontece em São Paulo no fim de maio.
Parte da mídia, que parece confiar cegamente no que lê no Twitter a ponto de esquecer princípios básicos do jornalismo, como a necessidade de confirmar informações com a fonte, publicou a “notícia” sobre a trégua, que depois seria desmentida pela equipe de Mano Brown. Lobão disse ter sido vítima de um trote telefônico.
O que Lobão e Mano Brown deveriam fazer seria convocar um debate. Pode ser em uma livraria, um centro cultural ou uma rádio. Mas acho importante que o assunto não morra. Ambos são artistas relevantes e conhecidos por suas opiniões extremas. Concorde-se ou não com eles, é inegável que vivem à parte do oba-oba inofensivo que domina a cena cultural brasileira.
Eu gostaria muito de ouvir Lobão explicar melhor o que ele quis dizer por “os militares nunca estiveram tão humilhados” e falar sobre sua tentativa de vitimizar pessoas que deram um golpe antidemocrático e transformaram o Brasil numa ditadura por 21 anos.
Também gostaria de ouvir Mano Brown falar sobre o suposto “aparelhamento” do hip hop e do rap pelo governo, como acusa Lobão.
É uma pena que Mano Brown tenha reagido só com bravatas. Quando ele escreve “Tô sempre no Rio de Janeiro, se ele quiser resolver como homem, demorô! Do jeito que aprendi aqui [na favela].”, está não só defendendo que um “homem” resolva discussões na porrada, o que é uma mentalidade bastante irracional para um artista que tem uma banda chamada Racionais, como está sendo preconceituoso ao dizer que na favela aprendeu a resolver discordâncias no braço. Será que ele fala por todos os moradores de favela quando diz isso? Prefiro acreditar que os moradores de todos os lugares – e não só de favelas – têm capacidade de discutir e resolver qualquer discordância de forma civilizada.
P.S.: Vários leitores perguntaram minha opinião sobre o livro de Lobão. Não tive chance de ler ainda e, diferentemente de muitos, prefiro não opinar sobre o que não conheço. Assim que ler o livro, escreverei sobre ele no blog.
na verdade sou e sempre serei rokeiro mas gosto muito do som dos racionais e entre tudo isso lonao ta querendo é causar mesmo como sempre fez…ta apagadao e tem que fazer algo pra divulgar esse livrinho..
tanto o rock como o rap ja sofrem preconceitos e nao precisamos de um “viciado” loko, ofendendo todo mundo..
dilma é a presidenta, roberto carlos é rei e lobao! “personagem de historia infantil
Eu me pergunto porque falamos tanto de política, sem antes falarmos de caráter.
Nossa, mais de 500 comentários!
Não vou nem ler, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Só digo uma coisa: brasileiro DETESTA sair de sua zona de conforto e ser questionado. Dããããã! Que óbvio eu dizer isso…. Mas, beleza, o “debate” (aspas!) está sendo entre petistas reacionários e conservadores reacionários – uma redundância só. Realmente uma pena que o “debate” (aspas!!!) tenha sido jogado no ralo…