Justiça para John Belushi!
07/05/13 07:05Estava lendo “Wired”, a biografia que Bob Woodward escreveu em 1984 sobre o ator e comediante John Belushi. Logo no prefácio, um trecho me chamou a atenção:
“No verão de 1982, recebi uma ligação no ‘The Washington Post’, onde trabalho, de Pamela Jacklin, cunhada de John Belushi. O ator havia morrido de overdose três meses antes. Ela disse que havia muitas questões mal explicadas na morte de John, e sugeriu que eu as investigasse.”
Em 1982, Woodward já era um astro do jornalismo. Seus artigos sobre Watergate, escritos em parceria com Carl Bernstein, tinham ajudado a derrubar o presidente norte-americano, Richard Nixon.
Pamela Jacklin propôs a Woodward que ele escrevesse um longo perfil de John Belushi no jornal. Ela sabia que Woodward era um dos melhores jornalistas investigativos de sua geração, e que ele não deixaria de incluir no artigo informações que pudessem ser danosas à reputação de Belushi. Mas Pamela não queria um artigo chapa branca. Ela queria a verdade.
A investigação de Woodward deu tão certo e rendeu tantas histórias boas que ele decidiu escrever um livro. Nasceu “Wired”, um dos relatos mais escabrosos e impressionantes de um homem dominado pelas drogas.
Em outro trecho do prefácio, Woodward escreve:
“Fui a Nova York encontrar Judy Jacklin Belushi, viúva de John (…) Ela e a irmã, Pam Jacklin, que é advogada da família, me deram acesso aos documentos de John e a muitos de seus arquivos pessoais. Elas encorajaram outras pessoas a dar entrevistas, mas não pediram e nem receberam garantias sobre o que eu iria escrever. Elas não viram o manuscrito [do livro] antes da publicação.”
Que maravilha deve ser para um jornalista viver num país onde familiares de uma celebridade que morreu cheirando montanhas de cocaína não só não tentam esconder a história, como encorajam as pessoas a descobrir toda a verdade.
Não é segredo que John Belushi foi um dos seres humanos mais fora de controle que já pisou na Terra. Mas foi também um ator talentosíssimo, um bom marido e grande companheiro de trabalho, que marcou a história da comédia no cinema e na TV. E o livro de Woodward mostra todos os lados de John Belushi.
Se Belushi fosse brasileiro, a família provavelmente teria proibido qualquer menção a seu nome ou contratado alguém para escrever a história mais chapa branca e mentirosa possível. E se algum coitado ousasse escrever a verdade, receberia um processo na cabeça em cinco minutos.
Quer outro exemplo bacana de liberdade de expressão? Então assista hoje, às 14h, na HBO Signature, a “Will Ferrell dá Adeus a George W. Bush”, especial gravado na Broadway com a íntegra do show do comediante Will Ferrell em que ele esculacha o ex-presidente Bush, e depois responda: o que aconteceria se algum comediante brasileiro fizesse uma peça inteira esculhambando Lula ou FHC?
Falando em chapa branquismo, hoje tive uma sessão de tortura por excruciantes e intermináveis 104 minutos.
Fui assistir, mesmo suspeitando ser uma bomba, “Somos tão Jovens”, biografia do renato russo.
Só não deve ser o pior filme nacional de 2013 pq ainda teremos este ano “Até que a sorte nos separe 2 “(!).
O horror ! O horror ! Vc não pode deixar de perder.
Parece um esquete (no mal sentido) do SNL, ou pior, uma mistura de concurso de imitadores no Raul Gil com Zorra Total.
Tem o imitador do Herbert Viana, do Dinho Ouro Preto e, lógico do Renato russo entre outros. Se vc achou o Capitão nascimento cantando as músicas da Legião no karaokê da MTV ruim, prepare-se….
Não sabia da biografia do Belushi! Ela tem tradução ou só no original?
Alguém lembrou bem, Lula é o campeão mundial de alvo de esculacho. Aquele cara da Band foi rifado por ter esculachado alguma dessas celebridades, que não me lembro qual. E teve como agravante o fato do Ronaldinho, que virou uma espécie de queridinho intocável da mídia, ter tomado as dores. Mas o Lula não, o Lula é esculhambado a todo momento. Não só por humoristas, mas por revistas “sérias” como a Veja, como foi o caso da capa com uma charge do Lula tomando pontapé nos fundilhos. Não sei se a Times faria algo semelhante com algum presidente.
André, quanto a sua última frase, o Danilo Gentili, há coisa de dois anos, fez um show, em Brasília, que era, na íntegra, um “esculacho” no Lula e no PT (não me lembro agora do nome do espetáculo). Acho que virou até DVD. Pelo que sei, ele não sofreu nenhum tipo de sanção.
Ops, agora vi que você já falou sobre isso com outros leitores. Foi mal.
Cara, eu adoro o Belushi. E me amarro nessa foto, por ele e pela camisa. Já viu? http://25.media.tumblr.com/tumblr_ljcq66IPux1qac7ryo1_500.jpg
Por falar em “chapa branca” a biografia do Tremendão foi uma decepção.
Dá para perceber vários “hiatos” e “omissões”.
Ele contou pouco… muito pouco .. para uma biografia com o título … Minha fama de mau.
Estou interessado em ler a biografia do Nasi. Você recomenda?
Sds.,
O wired já foi lançado no Brasil?
Como brasileiro q mora nos EUA ha 11 anos,me sinto um tanto quanto a vontade pra opinar.Acho q todos os povos tem seus defeitos e virtudes,mas eh inegavel q o americano tem virtudes q nos brasileiros e latino americanos nao temos,e virtudes essas q fizeram e fazem toda a diferenca.Mas quando a gente fala isso,logo comeca aquele papo imbecil de “baba ovo de americano”. Com toda sinceridade,nao tenho a minimissima vontade de voltar para o Brasil,nem no pior dos meus pesadelos.Mas pra quem acha q vale a pena tentar se adaptar ao Brasil,boa sorte.
A familia de Bellucci merece aplausos, mas a oposicao entre Brasil e EUA é uma bobagem. Os EUA é o lugar aonde mais se processa por conta de ataques a reputacao.
No Brasil, ha e havia um monte de humoristas esculhambando FHC, Lula e Dilma. Alem disso, esculhambar Bush é facil.
Imagina. Ataques à reputação de pessoas públicas são vistos como coisa normal e inerentes ao fluxo livre de ideias, um mal necessário. A ideia é a seguinte: se todo livro/matéria/comentário tivesse que ser 100% correto para ser publicado, nenhum seria; sempre escaparia um detalhe impreciso. É melhor, então, deixar as ideias rolarem soltas para que as pessoas – sabedoras da possibilidade de falhas e imprecisões e donas da própria razão – julguem o que é correto ou não. É só verificar quantos livros deliram sobre o Obama não ter nascido nos EUA sem que ninguém tenha tentado proibir.
Os americanos estão bem melhores que nós, “pero no mucho”
Só pra provocar Barcinski, imagine se esse ator em vez de americano, fosse estrangeiro, brasileiro, checheno, islamita…
Ué, e o Borat?
Boa resposta, mas o Borat não imitou o Bush, nem o Clinton, paradiou o ditador do “outro lado”.
Borat esculhambou os Estados Unidos em geral. O cara foi num rodeio e sacaneou os caubóis.
Foi mesmo… ele deu sorte de não ter sido morto! : )
Aquele filme é muito bom. A parte em que ele vai na igreja e diz que nem Jesus poderia amar o vizinho dele é demais! : )
E o Tarantino redimiu os caubóis americanos ao recriar o Jamie “Obama” Foxx, que segundo as más línguas mata mais que o Bush.
Esculhambou? Ele acabou com EUA, nunca vi nada parecido. Imagina um estadunidense assistindo aquilo…
O Borat não parodiou ninguém. Quem o fez foi o ator que o interpreta, Sacha Baron-Cohen.
Teve o Carlitos que também se “deu mal” com o governo dos EUA, só foi receber o Oscar lá no fim da vida.
Este lugar já era, nem revolução armada salva :
http://frombrazil.blogfolha.uol.com.br/2013/05/07/my-vivo-saga/
E ainda dizem que vertente A é melhor que B, que militar era melhor, que democracia é melhor.
Neste cu do mundo, tudo é ruim. Brasileiro é lixo.
E a lei que ia acabar com esses entrave todo de lançamento de biografias no país vai ter que esperar mais um pouco, já que um desgraçado de um deputado, não me lembro de que estado, mas que faz parte da bacada evangélica pediu par revisar o projeto e não manda-ló direto para senado.