Por que tantos largam tudo pela Chapada?
27/05/13 07:05Não pode ser apenas a beleza da Chapada Diamantina que faz tanta gente largar tudo e se mudar para lá. O lugar tem um charme inexplicável, que leva muita gente a abandonar empregos e cidades grandes para se tornar cidadão local.
Ficamos uma semana na Chapada e conhecemos pelo menos cinco pessoas que foram visitar o lugar e acabaram ficando.
Encontramos um chefe de almoxarifado de uma empresa de São Paulo que, ao voltar de 30 dias na Chapada e perceber que sua sala de trabalho não tinha sequer uma janela, fez as malas e se mandou para a Bahia. Hoje é guia turístico.
Conhecemos também uma sexagenária violinista russa, tão deslumbrada com a Chapada que decidira se aposentar por lá.
Nossa viagem foi inesquecível. Nos primeiros dias, conhecemos alguns locais mais próximos de Lençóis, como o Poço do Diabo, a Caverna de Lapa Doce e o Lago da Pratinha. Tudo era lindo, mas o excesso de turistas incomodou. Queríamos algo mais isolado e aventureiro. Nos recomendaram o Vale do Pati.
Decidimos fazer um trekking de três dias pelo Vale do Pati. Normalmente, esse passeio leva quatro a cinco dias e percorre 80 km do Vale, mas estávamos com nossa filha de cinco anos e optamos por uma versão mais light: 35 km em três dias. As fotos que ilustram esse texto são nossas.
O Pati é um dos lugares mais bonitos que já conhecemos. Um vale verde, cercado por formações rochosas de paredes quase retas, que lembram fortes. O caminho até lá passa por uma região pedregosa e de vegetação rasteira, cortada por rios de fundo vermelho. De cair o queixo.
Durante o passeio, os visitantes dormem na casa de moradores locais. Ficamos na casa de Seu Wilson e Dona Maria. A casa fica a 14 km da vila mais próxima. Não tem energia elétrica ou sinal de celular. Uma vez por semana, um morador vai de jegue fazer compras de suprimentos. Há quatro anos colocaram placas solares, que garantem a energia necessária para carregar alguns equipamentos elétricos.
O lugar é muito simples: paredes e chão de barro, camas rústicas e nenhum luxo. Mas nunca dormimos e comemos tão bem em nenhum hotel estrelado. Depois de andar por sete horas explorando cachoeiras e cânions, devoramos a comida deliciosa de Dona Maria, feita em forno a lenha. Às oito da noite, todo mundo estava roncando.
Fizemos o passeio com um guia muito atencioso e competente chamado Eric. Na teoria, é proibido fazer passeios na Chapada sem o acompanhamento de um guia profissional, mas encontramos alguns turistas que se arriscavam sozinhos, sempre com resultados desastrosos.
Um deles foi um paulista que se perdeu no Pati quando o GPS deu pau e ficou várias horas vagando no escuro pelo meio do mato, até ser encontrado por um morador local.
Em nosso último dia, quando retornávamos ao local onde o carro da agência nos buscaria, encontramos um casal entrando no Vale. Eles estavam de chinelos de dedo, sem casaco, e carregavam sacos plásticos com cerveja e biscoitos. Quando passaram por nós, perguntaram se era o caminho certo. Já passava de três da tarde. Havíamos levado seis horas para percorrer os 14 km de subidas, descidas e escaladas. Eric disse que, sem nossa filha, teríamos levado cerca de quatro horas. Ou seja: o casal certamente chegaria ao Pati de noite. Devem estar lá até agora.
Diamantina não conheço. Aqui temos a Chapada dos Guimarães, local maravilhoso.
Nossa André… fui entrar somente hoje no seu blog, que pena e perdi a conversa!! Bom, mas vou comentar só pra deixar meu testemunho sobre a chapada… Sim é um lugar mágico voltei pra lá dois anos seguidos, e também voltei pra São Paulo com esse pensamento de chutar o balde e dar uma de Jimmy Page e ir morar na chapada, li sua matéria com lagrimas nos olhos!! Abraços
Tenho amigos que já foram à Chapada e voltam falando a mesma coisa. Recentemente uma amiga foi e disse a mesma coisa sobre a hospedagem na casa dos moradores. A natureza nos traz sensações incríveis. Não tenha um dia em que eu não pense em deixar SP.
Tá esperando o quê?
A Chapada é deslumbrante, eu sou dona da agência de turismo Chapada Adventure Daniel, troquei minha vida agitada no Rio de Janeiro, onde eu era policial militar, para morar aqui neste paraíso.
Sou completamente apaixonada por esse lugar. Tive minha crise “Na Natureza Selvagem” (tinha acabado de ver o filme e levei o livro pra viagem) depois de 20 dias la e tbm cruzando o vale o Paty. O morro do castelo ficou marcado pra mim e me lembro muito bem a sensação de medo e deslumbramento de ver tudo aquilo. Meu guia foi o Nego Flo, que ate hj nos comunicamos por email ou telefone. Uma pessoa de uma psicologia sem tamanho! Esse ano pretendo voltar! So estando nesse lugar pra conseguir explicar!!!
Estive na chapada em 2011, muito bom, o por do sol no morro do Pai Inácio, o banho na Cachoeira do Buracão e a trilha de 4×4 de Lençóis para Mucugê são inesquecíveis. Voltarei!