"Ethel" mostra bastidores da família Kennedy
28/05/13 07:05O canal HBO HD exibe amanhã, às 12h40 (veja aqui a lista de reprises no canal MAX) o documentário “Ethel”, de Rory Kennedy. É um dos filmes mais bonitos e emocionantes que já vi sobre uma família de políticos.
A Ethel do título é Ethel Skakel Kennedy, viúva do senador Bobby Kennedy. O filme é dirigido por Rory, filha do casal. Rory foi o 11º rebento de Bobby e Ethel, e só nasceu seis meses depois da morte do pai, assassinado no hotel Ambassador, em Los Angeles, em 5 de junho de 1968.
O filme conta a vida de Ethel Skakel e como ela acompanhou as carreiras políticas do marido e do cunhado, John Kennedy.
Filha de um magnata da indústria do carbono, Ethel veio de uma família muito conservadora. O pai era um Republicano ferrenho e demorou a aceitar o romance da filha com um Kennedy.
Ethel estava longe de ser apenas uma decoração, uma esposa calada. Era uma mulher de opiniões fortes e muito carisma, que logo se tornou um trunfo na ascensão política de John e Bobby Kennedy.
O filme tem imagens de arquivo impressionantes. Além de muitos filmes domésticos da família Kennedy, traz cenas marcantes da carreira de Bobby, como sua atuação na comissão que investigava atividades comunistas nos Estados Unidos (Bobby renunciou por não concordar com atitudes do senador Joseph McCarthy, chefe das investigações) e suas discussões com o líder sindical Jimmy Hoffa, durante as investigações sobre corrupção em sindicatos.
A diretora Rory Kennedy mostra habilidade ao equilibrar o lado pessoal e familiar da história de Ethel com uma preocupação em contar a trajetória política do pai e do próprio país.
A vida de Ethel foi marcada por tragédias pessoais. Em 1955, perdeu os pais num acidente de avião; em 1963, perdeu o cunhado, John Kennedy, e, cinco anos depois, o marido, Bobby. Ethel viria a perder também dois filhos, um por overdose de drogas e outro em um acidente de esqui.
Os trechos mais emocionantes do filme, para mim, foram as imagens do caixão de Bobby Kennedy sendo levado de trem para a costa leste dos Estados Unidos. Nunca tinha visto as cenas, que mostram milhares de pessoas – brancas e negras – esperando pela passagem do trem e chorando à beira dos trilhos.
Parte biografia familiar, parte documento sobre uma época crucial na história norte-americana, “Ethel” merece ser visto. Independentemente de sua posição política, não dá para negar que a vida dos Kennedy foi fascinante.
P.S.: Estarei fora até meio-dia e só conseguirei moderar os comentários a partir desse horário. Por favor não me xinguem se o seu comentário demorar a ser publicado.
André, gostei muito do documentario tb, até pq Ethel Kennedy é sobrevivente de uma saga épica, mas achei tb muuuito “chapa branca” (é compreensivel, foi feito pela filha, então..). Ethel era motivo de piada no meio sofisticado dos Kennedys, e segundo a matriarca Rose (que gostava muito dela), media-se o ano não pelas estações, mas pelas gestações de Ethel. Segundo Gore Vidal, ela era “a mulher mais chata que ja havia pisado sobre a Terra”, e é visivel o esforço durante o desenrolar do documentario para citar o minimo possivel a cunhada, Jackie, ja que Ethel a odiava pelo desprezo que a primeira-dama lhe devotava (Jackie no entanto adorava Bobby Kennedy, que considerava atraente e engraçado, mas segundo Vidal ela gostava mesmo, acima de tudo, de dinheiro..). Vc ja leu “One Nation Under Sex”, do David Eisenbach? É uma farra demolidora sobre a vida sexual dos presidentes, inclusive sobre o mito Lincoln, que gostava de jovens rapazes na sua cama, enfim, o sujeito não poupa ninguém, a não ser os chatos, tipo Eisenhower, mas mesmo esse era chegado em enemas e hipocondriaco viciado. Ethel varias vezes pensou em se separar do marido, mas era uma mulher muito religiosa, e deixava passar, mas alguns barracos deliciosos a filha não narra, como o encontro desastroso com Kim Novak (com quem o marido teve um tórrido caso) em uma recepção na Casa Branca, o que a tornou persona non grata pela cunhada, que era amiga da atriz. Ja a estória de Marilyn é bobageira, Bobby fez foi fachada para o irmão até o desastroso fim (de todos!..). Ja o livro de Eisenbach,provavelmente uma boa parte ou é mentira ou não se comprova, mas que é divertidissimo, com certeza… Os Kennedys foram o mais divertido momento da Casa Branca, mas existe muita invenção, especialmente sobre John, que era um homem extremamente doente, ele sofria de esclerose óssea desde a juventude, e passou a vida a base de analgésicos pesadissimos e sentia dores quase todo o tempo, então suas mirabolantes aventuras sexuais talvez não fossem tantas… Mas é o famoso “imprima-se a lenda”.
Concordo, Celso, o filme foi dirigido pela filha dela, não tem nada de polêmico. Mas a história, independentemente das falhas de registro, é boa demais, e as imagens de arquivo são lindas.
Muito boa a dica! Para mim o trecho que desvenda a empatia do Robert Kennedy é a cena quando os 2 irmãos descem de um helicóptero e ve-se a recepção dos filhos a cada um. Fica claríssimo!
Maravilhoso esse doc, assisti duas vezes já.
André vc já assistiu o doc “Dad Made Dirty Movies” de 2012, sobre um produtor húngaro que fez vários filmes sexploitation nos anos 60? Passou na Tv Cultura, um mês atrás, achei genial, ri bastante e me emocionei com a história do cara.
Nossa, Renata, não conheço, mas só pela sua descrição vou atrás urgentemente, parece sensacional.
Lembro de ter comentado aqui sobre esse documentário. Acho que todo político deveria assistir antes de assumir.
Lucien Sarti é o nome do atirador que matou Kennedy. Ele fazia parte da operação França de tráfico de Cocaína da França para os EUA.
The French Connection
Paulo Francis dizia que ninguém superou Robert Kennedy em empatia. Quando esteve numa favela carioca as crianças o cercaram como se ele fosse um morador de há muito querido.
Já vi esse documentário e com base nele tem-se a nítida impressão que Ethel tinha infinitamente mais conteúdo que a concunhada Jackie e que Robert teria sido um presidente muito melhor que seu irmão mais velho John.
Concordo.
Ja assisti e amei o filme. Trata a trajetoria da familia de uma forma muito peculiar. Parabens!
Estou curioso para ver este filme e ter um parâmetro real da vida dos Kennedy.
Na trilogia do James Ellroy são pintados de uma forma (mais agressiva), no seriado da HBO de outra (bem mais amena).
André, tenho um livro que comprei e está na fila de leitura que se chama “The Dark Side of Camelot”, do Seymor Hersh. Você conhece? Noves fora a tônica que esse doc parece ter (e que vou ver certamente, obrigado pela dica) o livro parece ser interessantíssimo por se tratar de uma peça de jornalismo investigativo. (http://www.amazon.com/Dark-Side-Camelot-Seymour-Hersh/dp/0316360678)
Já li sobre o livro mas não o li. Todo mundo que leu achou muito bom.
É muito bom,se você gosta de bastidores da história(alguém não gosta?)vai se esbaldar.
Já assisti esse documentário, e concordo com você, é emocionante!
Ótimo documentário, também recomendo…acho a história política americana fascinante e esse é um filme obrigatório pra quem se interessa pelo tema.
andre
n~ sabia q vc gostava de doc politicos. acho q vc ja assistiu, mas considero ‘fog of war’, do errol morris (q vc adora) o melhor de todos. a cena em q ele admite q n~ sabia o q os vietnamitas pensavam e queriam vale por tudo!!!
abs
Esse filme é demais. A história de vida do McNamara tb é fascinante.
Gostaria muito de poder ver este filme. Infelizmente, só tenho assinatura da SKY e não contempla o canal HBO. Eu era um jovem com 19 anos quando John Kennedy foi assassinado; admirador incondicional dele, nunca lamentei tanto a morte, ainda hoje cheia de mistérios.
A minha assinatura da SKY contempla os canais da HBO. Consulte o site e troque de pacote.
As tragédias da família Kennedy têm equivalente na literatura às tragédias que se abateram sobre a família de Édipo.