Enfim, o livro do Lobão
03/06/13 07:05Já vou avisando: esse texto não é sobre o PT, os Tucanos, os Racionais ou lei Rouanet. Não é um texto contra ou a favor de nada. É só um texto sobre o novo livro de Lobão, “Manifesto do Nada na Terra do Nunca”.
É bom deixar isso claro, para que ninguém venha me atirar no esgoto ideológico que vem dominando qualquer conversa sobre o livro e sobre Lobão.
Aliás, chamar essas discussões de “ideológicas” é errado. Não há nada de ideologia nelas. São discussões partidárias. Um verdadeiro Fla x Flu de intolerância e falta de bom senso, como têm sido a maioria das discussões “políticas” no Brasil nos últimos tempos.
A verdade é que não temos direita ou esquerda. Temos dois grupos de hooligans salivantes, que há muito abandonaram ideologias e abdicaram de qualquer senso ético e respeito aos fatos para se engalfinhar em briguinhas de jardim de infância.
Nossa “direita” é formada, em boa parte, por apologistas da ditadura, que tentam justificar 21 anos de golpe militar com a desculpa fajuta de que ele só estava salvando o Brasil de se tornar um “Cubão”.
Já nossa “esquerda” deixou de lado bandeiras ideológicas para levantar outra bandeira: a do governo. O pessoal acha super Odara dar as mãos a Renan Calheiros, Collor e Sarney, e se comporta como um cãozinho dócil comendo biscoitos na mão do governo. A “esquerda” jovem paulistana, então, é uma fofura só: quando Haddad apaga grafites dos Gêmeos, todo mundo fica na miúda e abana o rabinho; se Kassab tivesse feito o mesmo, haveria alunos da FAAP vestidos de cor-de-rosa se imolando na Praça Roosevelt.
Voltando ao livro: em meio a discussões acaloradas no Twitter, onde pessoas opinam sobre o livro sem o menor indício de tê-lo lido, resolvi andar na contramão dessa turma e li a bagaça de cabo a rabo.
“E aí? Gostou ou não?” é a pergunta que você deve estar se fazendo.
Bom, o livro de Lobão é uma coletânea de pensamentos e ideias dele. Não é exatamente um livro para se gostar ou odiar, mas para concordar ou não. E eu prefiro a turma que não respeita só o que espelha suas próprias opiniões.
Se você acompanha as entrevistas e debates com Lobão, já sabe o que vai encontrar: ele desanca boa parte da MPB, especialmente a ala “combativa” de Gonzaguinha e Chico Buarque; bate no que considera “aparelhamento” do rap e do hip hop pelo Estado, esculhamba o sertanejo universitário, elogia o funk carioca, que considera ainda livre do abraço nefasto da “intelectualidade de esquerda”, reclama do fisiologismo do PT, diz que a Comissão da Verdade deveria investigar não só os abusos cometidos pela ditadura, mas o da esquerda guerrilheira também, incluindo as atividades da presidente Dilma, bate no sistema de cotas raciais em universidades e questiona o “Manifesto Antropófago” por meio de uma “carta” a seu autor, Oswald de Andrade.
As partes mais divertidas foram as histórias em primeira pessoa, em que Lobão conta casos curiosos de sua vida. Uma delas descreve a metamorfose de amigos que, tendo aula com “professores comunistas”, subitamente abandonaram os discos de Led Zeppelin e Mutantes e apareceram com LPs de Pablo Milanés e Mercedes Sosa. Outro relato engraçado é o da noite em uma casa de shows country, onde Lobão foi investigar o fenômeno do sertanejo universitário e acabou perdido em um salão chamado “John Wayne”. Também ri muito com a história da campanha presidencial de 1989, quando Lobão apoiou o comunista Roberto Freire pensando tratar-se do psiquiatra homônimo.
Um capítulo sobre o patrulhamento da música pop nos anos 70 e 80 é interessante, apesar de conter alguns erros de informação (Guilherme Arantes não ganhou o Festival Shell de 1981, como diz Lobão, mas perdeu para “Purpurina”, o que causou uma das maiores vaias da história do Maracanãzinho, quando Lucinha Lins foi cantar a música vencedora).
Não concordo com o trecho em que Lobão diz que a morte de Julio Barroso, da Gang 90, “acabou com as esperanças em tornar viável uma estética eletrificada, potente e livre de chavões preconcebidos como o da MPB”. Esqueceu o Raul Seixas, Lobão?
Também não dá para concordar – falo por mim – com a opinião de Lobão sobre os militares, que ele vê como uns pobres coitados que “salvaram o Brasil de virar um Cubão”. Ao justificar uma ditadura com a desculpa da ameaça de outra – e ainda se enganando ao dizer que o Brasil viveu “23” anos de ditadura militar – Lobão usa o mesmo argumento dos defensores da ditadura castrista em Cuba.
Se valeu a pena ler o livro? Acho que livros sempre valem a pena. Por mais que você discorde deles, ler é bem mais prazeroso que ficar xingando no Twitter.
Não li, e não gostei.
Pelo que o Lobão andou falando, ele está sem dinheiro. Apesar de ainda lotar alguns poucos shows, a gente sabe que lotar shows em casas noturnas no Brasil não dá retorno financeiro, apenas prazer, e isso para bandas indies, aquelas poucas com um certo desprendimento tibetano. Lobão sempre se achou o Bruce Springsteen brazuca, de modo que ganhar pouco dinheiro com música, para um artista que se enxerga como um herói do rock, deve ser humilhante.
E daí podemos deduzir que ele vislumbrou um mercado de direita em franca expansão para poder faturar uma graninha, nestes tempos ultraconservadores. O Reinaldo Azevedo faz sucesso, o Diogo Mainardi vende livros e o governo Dilma está em frangalhos. Portanto, falar mal do governo seguindo a linha ideológica dos jornalistas e seguidores de Veja, ativistas de sofá de direita, renderia uns trocados para que o artista, agora escritor, continuasse morando em Perdizes (numa casa, diga-se, que tem um jardim bem pequenininho – opa! “pobreza detected” pela revista Rolling Stone).
Mas aí temos pelo menos uns três problemas:
1) O livro é chato, porque Lobão escreve mal, como um menino bobinho, um adolescente que acabou de descobrir o que é a política. É chato porque repete a mesma revoltinha de sempre contra os medalhões da MPB. Chato simplesmente porque é mal escrito, porque o autor é mal informado (além da resenha aqui publicada, outras revistas já indicaram contradições, bobagens e estupidez). Chato, por fim, porque o livro é datado: a Comissão da Verdade, a Dilma e tal, datam o livro. Como reeditar essa porcaria daqui a uns quatro anos, quando a presidência for ocupada por um tucano?
2) As partes mais legais do livro é quando Lobão fala de si mesmo, agora num contexto político que, estranhamente, não aparece no primeiro livro dele, o “50 anos a mil” (aliás, a chamada autobiografia não foi escrita apenas por ele, como ele quer jurar hoje em dia, e sim pelo Claudio Tognolli, a partir de entrevistas). Ou seja, ele JÁ FALOU SOBRE SI MESMO em outra ocasião. E é realmente estranho que em apenas dois anos o sujeito abandone uma visão de mundo (ainda que meio caótica), por outra extremamente conservadora, como quem troca de guitarra. Se a gente for comparar esta mudança do Lobão com a mudança ideológica de outras pessoas públicas, podemos notar que, nelas, a transformação vinha de um processo. Apesar de não ser artista, a Soninha Francine, por exemplo, antes de entrar no PPS e ser o braço direito (yes! direito!) do Serra, ela já vinha há muito tempo brigando com o governo do PT, com Lula etc. O Fernando Gabeira, a mesma coisa. Nenhum deles, porém, defendem posturas tão babacas e radicais, como louvar uma ditadura militar. Outro exemplo: o Roger Modeira, famigerado por ser “reaça”, como o chamam, sempre foi tucano. Tenho uma entrevista de 2000 com ele, na revista Showbizz, em que ele corajosamente defende FHC, numa época em que aquele presidente chegava ao limite, e amargava preocupantes números de impopularidade. Ou seja, ninguém é tão estúpido.
3) Ou o Lobão pirou, ou está usando a direita para tirar uns cascalhos. O que quer que tenha acontecido, isso é grave. As drogas danificaram o cérebro dele de uma tal maneira que só teríamos de ter pena do pobre diabo. Quanto à segunda perspectiva do problema, como ele é muito doido, é possível que daqui há dez anos jogue isso na cara dos bobalhões que lhe deram corda apenas porque ele propõe a morte da presidente “terrorista”, gente que nem sabia que ele existia ou nunca ouviu sequer uma de suas boas músicas.
No mais, deixar de ouvir Led Zeppelin, ou Frank Zappa, pra ouvir Mercedes Sosa… bem típico de gente que quer mais parecer do que ser, autenticidade zero.
eu gosto de Led Zeppelin e também de Mercedes Sosa. Frank Zappa já está mais acima.
Esse seu post já valeu pela introdução explicativa. Sua analogia de partidários com hooligans é muito boa.
Mas, e aí? Gostou ou não? 🙂
Fui à livraria e minha mão coçou pra comprar o livro – mas acabei levando um dos 3 maiores que já li na vida, “O Meu Pé de Laranja Lima”. Como lamento não ter tido um professor na FFLCH que o propusesse aos alunos.
Mas quero ler, porque acho o Lobão meio histriônico e verborrágico, mas muito sincero e até pertinente em meio a tanta coisa que diz.
Aliás, André, pretende ler ou reler “O meu pé…”? E o filme, pode falar algo? Abs
E, desculpa, não posso esquecer de outro livraço que virou filme: O Grande Gatsby. O que pode nos dizer? E mais um abraço
Virou *outro* filme, você quer dizer. Porque o Gatsby do Robert Redford é muito bom.
O único porém do seu texto é dizer que os esquerdinhas se imolariam vestidos de rosa. Esses caras nunca chegariam ao extremo de se imolar. O negócio deles é organizar twitaço enquanto toma coca zero.
Gostei da crítica, Barcinski. Também li o livro do Lobão e a sensação que tive é bem parecida com o que narrou no seu texto. O mais curioso (e que passa quase despercebido aos olhares totais) é ver um crítico sensato, fundamentado e de ótima reputação no seu ofício, como o André Barcinski, começar seu texto como quem já está se desculpando. “Já vou avisando: esse texto não é sobre o PT, os Tucanos, os Racionais ou lei Rouanet. Não é um texto contra ou a favor de nada. É só um texto sobre o novo livro de Lobão”, inicia o texto, como quem precisa se justificar por emitir alguma opinião, como quem precisa justificar e legitimar o direito de praticar o pensamento livre e ser autônomo. Esse é um item sutil no seu texto, mas tremendamente significativo (e sufocante…) sobre o Brasil de hoje. As patrulhas (e não são poucas, de diversas naturezas) são tão presentes e intensas que geram esse medo, essa defesa, essa necessidade de justificar-se antes mesmo sequer de ter dito o que pensa, esse paradoxal retrocesso… Seu texto funciona como uma contra-crítica e uma análise sensata do nível dos “debates” no Brasil atual, que beiram a indigência. A necessidade do parágrafo primeiro do seu texto só mostra o quanto temos encaretado, polarizado e como estamos perdendo a capacidade de pensar na coisa por si só, sem precisar de alvará de licença das ideologias extremas que dominam o cenário. Parabéns, como sempre, por mais um texto excelente!
Vc tem razão, mas o nível da discussão é tão baixo – não aqui no blog, felizmente – que é preferível explicar, de antemão, que o texto é assim ou assado, do que ter de ficar repetindo isso em “n” comentários. Abraço.
Verdades irrefutáveis estão neste último livro do roqueiro libertário: “ Pela lógica, se é obsceno se vangloriar por ser nazista, tão grave é se permitir ser solidário à causa cubana, que assassinou mais de cem mil pessoas (opositores e inimigos ideológicos), de 1959 até os dias de hoje, exporta métodos de tortura e seu maior triunfo econômico foi o comércio de sangue dos condenados ao paredão para os vietcongs nos anos 60.” Outra porrada verdadeira : “Uma pessoa que luta contra uma ditadura em prol de uma outra não tem o menor direito de reclamar de coisa alguma.” Isto sim, são puras verdades em tempos de comissões revanchistas de mentiras e infames hipocrisias esquerdizóides e PTralhas. Lobão é o Nelson Rodrigues ressuscitado…
…zzzz….ronc…
“Exporta métodos de tortura…” Dan Mitrione era cubano???
Che Guevara era.
Che Guevara era argentino, volta pra escola.
O livro mais lido na Maria Antônia.
Lobão morde Dilminha vermelha.Depois do genial Nelson Rodrigues, surge um novo reacionário liberal, brilhante e assumido anticomunista na praça, o roqueiro e intelectual pós-modernista Lobão. Li seu primeiro livro e gostei, agora, li o recém-publicado e extasiei-me com as verdades profundas, coerentes e fundamentadas ditas objetivamente sem medos pelo intelectual e polêmico Sr Lobão. Dentre tantas pérolas antológicas ditas, destaco uma: ” É um tanto assustador assistir a um vídeo de nossa governanta visitando o barracão da revolução cubana no Fórum Social Mundial e fazendo um discurso emocionado em que demonstra sua admiração e solidariedade à ditadura cubana! Nossa presidenta é uma tremenda comunista!”
“Novo reacionário liberal”. “Reacionário liberal”. O que vem a ser essa p****???
REACIONÁRIO-LIBERAL kkkkkkkk (engasguei de tanto rir). Esses caras me matam. Mas tá surgindo aí uma resposta a esses reacionários liberais (risos de novo), que são os COMUNISTAS-DE-MERCADO, que lutam contra os NAZISTAS-HUMANISTAS, e são apoiados pelo MOVIMENTO-GAY-DE-DENTRO-DO-ARMÁRIO.
Antigamente se reclamava que o brasileiro era pouco politizado. Hoje se tornaram radicais de conhecimento raso. Penso que estamos passando pelo mesmo processo que ocorreu nos EUA, creio que no século XIX, quando a “sociedade norte-americana” decidiu por bem adotar os ideais vitorianos. A diferença era que aparentemente o pessoal de lá sabia o que estava fazendo.
Excelente paralelo. Tanto que, com sua permissão, o usarei em sala de aula. O Brasil, pouco mais de duas décadas depois de conquistar democracia, ruma ao conservadorismo. Assim como os EUA, pouco depois, relativamente, de lutar e ganhar independência, adota os ideais vitorianos dos colonizadores que, naquelas alturas, já deles tinham desistido. Pode-se até mesmo estender aos esquerdistas, perdidos de seus ícones locais (Lula, Dilma etc., não podem mais ser considerados de esquerda, pois não?), ao invés de se voltarem à genuína social-democracia ou mesmo a Marx, preferem adotar o comunismo de Stalin. Incrível!
O Tarzan dá aula?
kkkkk
Sim dou aula de História na PUC-Minas.
Tarzan é um apelido de menino que até hoje perdura. Dizem meus pais que eu gritava como o Tarzan quando bebê. 🙂
Mas o meu nome é Tarcísio. Referência ao Meira das novelas. Abraço!
kkkkkkk
O pior é que todos os dias encontramos estes aí que você comentou discutindo fervorosamente nas redes sociais e botecos da vida. COntradição em si: esta é a sociedade brasileira! O duro é que isto vem crescendo também na Europa, acredito eu, devido à crise, que já é considerada por muitos como maior do que a de 1929 – crise de 1929 que, por fim, deu cria à Hitler.
Reacionário com relação à mudanças institucionais. Liberal em economia. Tambem conhecido como liberal-conservador. Meu deus, esses fãs de roque sequer estão preparados para o debate!
Fascismo mudou de nome agora.
Ô genio, fascismo é trabalhismo, o da tua querida dilma. Fascis (“fazer”) é a palavra latina para trabalho. Só furrecas de centro universitário para achar que fascismo é direita.
Ah é, fascismo é de esquerda, o Reinaldo Azevedo tem dito mesmo essa verdade absoluta por lá. E Hitler na verdade era um comunista, ele nao era de direita, nem o Andrew Breivick, que matou estudantes que ele considerava “comunas imundos” só porque eram do partido trabalhista, era de direita. Ele também era comunista, é que os comunistas se matam e tentam arranhar a doçura da direita. Legal, vou ler a veja e ficar sàbio.
Quem estuda Letras, como eu há 40 anos, não consegue conceber um “reacionário liberal”. A expressão é uma contradição em si. Liberal-conservador é falácia tão grande quanto as promovidas pelos esquerdistas.
Se o termo se referir a “liberalismo político”, certamente é uma contradição, pois se está juntando duas referências antagônicas para o mesmo ente (a política)
Se a referência for a “liberalismo econômico”, que é o que me parece no contexto, não vejo contradição alguma, pois se está juntando duas referências antagônicas a entes diferentes (um político e outro econômico). Liberalismo econômico não é mesma coisa que liberalismo político.
Ah, por favor! Quando se diz “reacionário liberal” está se querendo dizer exatamente o que diz a expressão, que é contraditória em si. Separar as duas coisas, reacionário, politicamente falando, e liberal, economicamente, é levar o raciocínio a um extremo compreensível apenas a quem pretende comprovar as próprias ideias custe o que custar. Há um limite que o bom senso deve estabelecer para que o debate não se torne mera escatologia.
Isso daí é igual as contradições da direita raivosa. A mais famosa é esta que segue.
“O bolsa-família alimenta vagabundo, gentalha, lixos humanos, gente preguiçosa. Essa compra de votos criminosa deve acabar. Ah, esqueci dizer, o FHC inventou o bolsa-família, que é um bom programa de distribuição de renda”. Isso no mesmo discurso!!!!
Acho que o outro foi pior: ele disse REACIONÁRIO-LIBERTÁRIO. Mas pensando bem, ele passou perto: o Lobão, por exemplo, é um libertário que virou reacionário; ele ainda não perdeu a veia libertária. Logo, ele é um libertário -reacionário, e não um reacionário-libertário. O que a gente pode tentar concluir sobre a psicologia do Lobão, no entanto, é que ele ou é um esquizofrênico ou um babaca. Mas um babaca-esquizofrênico acho difícil. Agora, os direitistas adoram tanto inverter o significado da coisa que, se por exemplo, o cara matar a presidente como diz no livro, eles vão falar que na verdade ele era do próprio partido dela, e fez isso para culpar os direitistas, tendo usado a ideologia reacionária (ou libertária, ou direitista) para vender livros, já que ele sempre foi esquerdista, vide suas entrevistas antigas no Jo Soares: “eu não suporto mais ser governado pela direita”.
Ora ‘pera lá. Estamos falando do “Sr. Lobão”! Pode ser talentoso e inteligente, não discutirei as suas virtudes, mas não acredito que seja um grande entendido em economia. No dia em que provarem que ele leu e, o mais importante: entendeu autores como Adam Smith e etc., aí sim verei algum sentido na separação reacionário (politicamente) e liberal (economicamente). Ainda assim, a expressão conservador liberal seria mais apropriada, pois reacionário não é sinônimo de conservador, mas sim tem significado pejorativo atualmente, que não coaduna ao “liberal” usado pelo amigo Ivo.
Aí estamos falando a mesma língua ! Não vejo nenhum problema na expressão “reacionário liberal” que, de fato, fica melhor como “conservador liberal”. O problema maior é sua aplicação ao “Sr. Lobão”.
Sr. Lobão, aliás, que no meio de tanto “nada na terra do nunca”, conseguiu o mérito de render um debate que vai de Einstein a Adam Smith. Devíamos cobrar nossa parte na divulgação do livro…
“Verdades profundas”. O que seria isso, depois de Nietzsche e Einstein, terem nos ensinado bastante sobre a relatividade das coisas? Nenhuma verdade é realmente profunda quando qualquer verdade é relativa, sobretudo ao tempo em que é explorada. E nem direi sobre a a minha desconfiança quanto a possibilidade de encontrar alguma verdade em um livro do Lobão, pois ainda não o li e não quero ser injusto com o citado cidadão, que já compôs um respeitável apanhado de músicas de que gosto.
Cara, você não tem a MÍNIMA idéia sobre o que o Einstein disse.
Einstein falou principalmente sobre o que NÃO é relativo, as leis da física e a velocidade da luz. Tanto que ele achava “Teoria das Invariâncias” mais apropriado do que Teoria da Relatividade. O termo “relativo” usado por ele diz respeito a diferentes percepções de um evento por observadores em diferentes condições.
“Diferentes percepções de um evento por observadores em diferentes condições”. Isso diz respeito a diferentes verdades, ou “verdades relativas”, não? Então o Ian ali em cima disse o certo. E me parece que certa vez ele disse aqui que era físico formado pela UFRGS, portanto, deve saber o que Einstein disse.
Einstein não é dos autores que atualmente tomo como base de estudos, mas já estudei um bocado as suas obras, quando jovem e fascinado por física. Hoje em dia, apesar da minha formação que eu nem me lembrava ter aludido aqui algum dia (como disse o Moacir), me dedico mais às humanas, mais especificamente à Antropologia (e não etimologia, como brincou o Tuxedo cá embaixo, sempre hilário em suas colocações). E o estudo da antropologia, assim como o de Einstein e muitos outros, também nos mostra que não existem verdades profundas, absolutas, uma vez que verdades científicas só perduram até que se avance nos estudos a respeito do tema a que elas se referem. Além de muitas delas serem subjetivas, há impossibilidade de se experimentar toda e qualquer hipótese, pois são infinitas. Segue algo dito por Einstein a este respeito: “Não há um caminho lógico que conduza até as verdades; apenas a intuição, baseada no conhecimento afetivo da experiência, pode conduzir a elas”. Estranho ler Einstein falar que as “verdades” partem da intuição, não? E se assim é, toda e qualquer verdade só pode ser relativa.
“Verdade relativa” se opõe a “verdade absoluta” e não a “verdade profunda”
Pelo contrário: “profundidade” é um termo que remete justamente à relatividade, ao admitir “verdades profundas” e “verdades superficiais”.
Nem questiono o conhecimento do Ian sobre o Einstein. É que talvez o trabalho do Einstein não seja o melhor exemplo para essa discussão. “A velocidade da luz é sempre a mesma, não importa o referencial” Não é uma “verdade relativa”.
Júnior… Mesmo a velocidade da luz, apesar de se tratar de uma certeza matemática, pode ser tratada como relativa, visto que o que certa cultura mede em quilômetros (ou m/s), outra o faz em milhas, cúbitos e etc. Realmente eu poderia ter usado outro exemplo mais apropriado do que Einstein, inclusive sabia que poderia ser contestado, mas foi proposital. Robert M. Pirsig (que é filósofo e não ocultista, fique claro), escreveu todo um livro (500 páginas muito bem embasadas) justamente explanando sobre a relatividade de qualquer verdade. E ele toma principalmente Einstein para corroborar seus pensamentos.
Tuxedo: realmente não há oposição, mas eu não estava contrapondo, e sim me perguntando se, sendo relativa, existe a possibilidade de alguma verdade ser realmente profunda. Vê lá na minha primeira resposta ao Ivo que primeiro eu faço uma pergunta, depois exponho a minha opinião que, obviamente, pode estar equivocada. E ainda que esteja certa, assim permanecerá apenas enquanto fizer sentido -e fará sentido para alguns, apenas, pois verdades vão e vem, são estabelecidas e derrubadas de acordo com o avanço do conhecimento e interesses das pessoas.
Genial Ian! Você acaba de cunhar uma verdade absoluta, qual seja: “toda verdade é relativa”.
Coloquei o comentário abaixo no lugar errado, eis o mesmo no devido espaço:
O que eu disse no máximo é um padrão e não uma verdade absoluta. Para saber a diferença, seria necessário ler um pouco de Bertrand Russel, mas creio que você não estaria disposto a ler nada além de “autores didáticos” – ou seja: absolutamente (agora sim o absoluto) nada.
Bertrand Russell ??? Mas eu ia recomendar exatamente ele para você !!! Que coisa !
Junto com ele, experimente também Gödel, Hilbert e Heisenberg. Garanto que fazem seu gosto, pois não são nada didáticos.
Tenho um livro publicado e a minha tese de mestrado foi baseada na Teoria da Incompletude. Portanto conheço bastante de Gödel. Heisenberg é outro que eu poderia ter citado para falar sobre “verdades relativas”. Hilbert é um falastrão. Se tivesse lido Bertrand Russel, não viria com esta de eu ter “cunhado verdade absoluta”, mas entendo bem que o que você quer é ir à desforra por causa de eu ter “travado de tanto rir” da sua expressão: “autores didáticos”. E, para você, para ir à desforra, não importa em qual hipótese ridícula possa escorar, vai levá-la até o fim apenas para cumprir o objetivo, custe o que custar. Exatamente por isto não dedicarei mais nenhum comentário às suas falácias.
O Luiz estudou na USP, calem a boca , ele sabe tudo, e ainda lê a Veja, o que o faz mais genial ainda.
Eu sei gente, eu humilho. Mas, pra vocês, restam as Cotas. Sorry perifa.
Cuidado, Ian é o etimólogo-chefe da seção de comentários. Toda e qualquer expressão composta ou qualquer combinação substantivo+adjetivo passará pelo seu crivo impiedoso (“crivo impiedoso” ???? ele há de travar de tanto rir…). Aprendamos a ser mais econômicos em nossas expressões com o neo gênio da língua portuguesa, do pensamento crítico ocidental moderno (nossa, agora ele vai entrar em colapso) e das nobéis causas (vixe !) científicas, e demais pholias phisicas, pataphisicas e musicaes.
Não serão todas as expressões compostas que passarão pelo meu “crivo impiedoso”. Apenas as absurdamente hilárias – como “autores didáticos”.
Barcinski, voce e’ carioca, entao deve ter acompanhado, de certa forma, esta turma: Lobao, Julio Barroso, Cazuza e o Barao e etc. O que voce achava do som dos caras? O Lobao vive ridicularizando os caras de Brasilia (imitadores de bandas inglesas), o que em parte ele tem razao. Mas, e os caras do Rio, eles eram muito melhores?
Gosto dos primeiros discos do Lobão, mas acho bem diferente dos discos de Cazuza, Barão, etc. A new wave praiana carioca de Gang 90 e Blitz não desce.
Coisa rara quem ousou criticar o livro depois de realmente ler o objeto da crítica. A maioria dos críticos são como alguns dos comentadores deste post: não leram e serão ignorantes na crítica.
Lobão seria um ótimo interlocutor, caso não fosse tão megalomaníaco. Não li o livro inteiro, há partes interessantes, mas não tem nada ali que não coubesse num blog. Com um nome desses, Manifesto do Nada na Terra do Nunca… Lobão continua sendo um cara do rock progressivo, apesar de ter passeado por tantos estilos diferentes. A pompa e a pretensão não negam.
Barça, li o livro também. Gostei de trechos isolados, como a viagem dele pela Amazônia. Mas, como exercício de crítica, achei meio confuso, sem foco definido. Ele lembra de um assunto, critica rapidamente e vai logo para outro tema. Embora eu tenha entendido razoavelmente o que ele quis dizer (até porque já vi entrevistas antes e depois de ler), acho o Lobão mais claro falando do que escrevendo. Você teve essa impressão também?
Com certeza. Há trechos que vc lê, não entende direito, e só vai compreender alguns parágrafos depois, quando ele explica melhor.
Legal! Mesmo sem ler, já tinha vislumbrado aqui a confusão do sujeito. Ele é totalmente deslumbrado.
*Opa, quis dizer “desarticulado”, não “deslumbrado”.
Pelo que entendi, é um livro que mistura memórias e críticas e acredito que seja natural não ser das coisas mais claras. Parece um tom meio conversa de bar meets retrospectiva e, nesses dois modos, é difícil estabelecer um fluxo constante e conciso.
Pelo dá para entender o que ele escreve? Pois quando ele fala nem sempre entendo o que ele quer dizer.
Discussões sobre esquerda e direita em pelo ano 2013 são discussões sobre paradigmas mortos. Não existem senão na imaginação de seus interlocutores sobre n razões. A esquerda acabou com a queda do muro de Berlim…. tem gente que perdeu o bonde da história e não sabe. Cuba é fantasia hj em dia… A China pratica um verdadeiro capitalismo de estado, é só olhar em volta. E sem esquerda não há mais o que ter direita, com seus respectivos senhores que tb perderam o bonde supracitado. O que de fato é paradigma hj é o Estado Democrático de Direito.
A biografia dele é bastante interessante, tragicômica em vários aspectos e ainda conta alguns fatos interessantes sobre o Rock Brasil no início dos anos 80 e muitas das loucuras vividas pelo Lobão.
Quanto ao livro atual, não me interessei nem um pouco, mesmo apos ter lido alguns trechos numa livraria ontem.
Se quero refletir, leio autores inteligentes; se quero aprender, leio autores didáticos; se quero discordar, leio autores de blogs; se quero rir, leio autores engraçados; se quero me encantar, leio autores que são mestres em seus oficios.
Por que raios eu leria “Lobão” ???? Ainda mais um livro cuja “crítica” aí em cima não passa de uma extensão de um “nada na terra do nunca”. Minha coleção de “não li e não gostei” não para de crescer…
“Autores didáticos” é ótimo.
Nunca leu um livro didático em sua vida ? Bons livros didáticos requerem autores didáticos ? Ou não ?
Sim, só achei engraçada a expressão, que geralmente vejo associada a livros, não a autores.
Acho que ele quis dizer autores professorais ou algo por aí. “Autores didáticos” é realmente tão engraçado, que a minha mente trava ao tentar encontrar significado; nem apelando a etimologia. Aliás, hoje apareceram ótimos comentários, mas também a costumeira verborragia dos xiitas de carteirinha, sejam eles esquerdistas ou direitistas. Penso que em algum lugar há um médico cheio das receitas de ansiolíticos que esse pessoal esqueceu de retirar em sua útlima consulta.
Sejamos, pois, um pouco didáticos:
Conforme o Houaiss:
Didático: adjetivo (logo, aplicável a qualquer substantivo). Acepções: “que facilita a aprendizagem; que proporciona instrução e informação; característico de professor”.
O que será que há de tããão engraçado na expressão “autor didático”, a ponto de travar mentes brilhantes como a do nobilíssimo Ian, que “apelou à etimologia”, mas esqueceu-se do bom e velho dicionário…
(P.S. não zombe de quem toma remédios psiquiátricos. Um dia você ou alguém querido da sua família poderá precisar, e esse tipo de comentário lhe deixará bastante chateado)
Sim a gente poderia pegar o Tuxedo (não parece, mas é substantivo, não é?) e acrescentar o adjetivo em discussão, o que nos conduz a: tuxedo didático. Diz alguma coisa para você? Ora, mas deveria, não? Adjetivos são aplicáveis a qualquer substantivo, não é o que você disse? Basta tomar o dicionário!
Não zombei de quem toma ansiolíticos. Pelo contrário, recomendo-os aos irritadiços, esquerdistas ou direitistas, que furibundos, fazem questão de deixar seu rastro de ranço por todos os blogs que se leia hoje em dia. Que não esqueçam mais as suas receitas nos consultórios!
Complementando (será o último comentário que deixo sobre isso), a fim de checar isso de que “adjetivos podem ser aplicados a qualquer substantivo, a gente pode fazer um jogo interessante, pegando substantivos aleatoriamente e acrescentando o adjetivo em pauta. Basta abrir o dicionário, encontrar o primeiro substantivo da página da esquerda, e acrescentar o didático. Vamos aos resultados: “pênis didático”, “aeroplano didático”, “pocilga didática”, “macumba didática”, “sorvete didático”. Se quiser, podemos continuar, mas creio que o bom senso nos diz que, na verdade (ainda que relativa), não estamos a dizer absolutamente nada com nada. Ou discorda?
Ian. Suas respostas (estas e outras, como a “relatividade da velocidade da luz” por conta das diferenças de escala – dessa vez fui eu que travei de tanto rir) falam por elas mesmas.
Só fico imaginando que tipo de trauma você tem da escola para que a primeira expressão que seu subconsciente faça emergir das trevas seja “pênis didático”. Expressão que pode, sim, fazer sentido, como todas as outras que você mencionou, dado o devido contexto.
Desculpe me intrometer, mas “pênis didático” não faz sentido, independente do contexto. 🙂
É questão de semântica. “Autores” por si só, não podem ser didáticos, e nisto o Ian tem razão. Autores de livros didáticos é a expressão correta amigo Tuxedo. Ou autores de música didática etc. Um autor, por si só, gramaticalmente pode ser didático, mas não se fala ou escreve o português correto observando apenas regras de ortografia e gramática.
Ah, uma última coisa (falo última coisa porque percebi que o amigo Tuxedo é capaz de levar o debate indefinidamente até o interlocutor se cansar e desistir, e não estou disposto a perder tempo).
Tuxedo: você reparou que todo o debate iniciou após o Ian se morder por uma resposta enviesada que você deu ao Barcinski? O André foi o mais educado possível e você um grosseirão de primeira grandeza. Não teria sido melhor usar da educação que, não discuto, você parece ter?
Não… não é uma questão de semântica… Já ouviu falar de “elipse” ???
Sim, é uma figura de estilo, pode acreditar. Nada tem a ver com semântica.
Compositor erudito = compositor de música erudita
Pintor abstrato = pintor de quadros abstratos
Redator publicitário = redator de textos publicitários
Filme engajado = filme que trata de temas “engajados” a alguma causa
Autor didático = Autor de livros didáticos.
A lista pode ser longa e se estender indefinidamente, até o interlocutor se cansar.
Figura de estilo que pouco ou, em outros casos, pouco significa, levando quem lê a achar engraçado. É o quadro, não o pintor, quem é abstrato. É a música, não necessariamente o compositor, que é erudita. Obviamente uma figura de estilo menos comum há de causar estranhamento, graça. Mas perdi o tesão por este debate faz tempo. Fica aí falando sozinho!
*pouco ou nada significa
Deixo a errata em caso de o Tuxedo ter novas dificuldades em ler o que se fala, evitando suas deduções comoventes, mas errôneas sobre que se falou.
Concordo com você Tarzan: tem tudo a ver com semântica.
Perfeito Ian: pouco ou nada significa. Por isso mesmo é uma “figura de estilo”. Se significasse alguma coisa, aí sim estaríamos no campo da semântica.
Juro que não consigo rir de alguém que diga que “Miró era um pintor abstrato”. Muito menos imaginar que a pessoa do Miró fosse algo diferente de uma “pessoa concreta”
Qual campo estuda o significado (ou pouco-significado) de uma expressão de dada linguagem? Se a resposta for semântica, a questão em pauta é algo a ser respondido pela semântica! É questão de semântica!
Eu não disse sobre a “relatividade da velocidade da luz devido as escalas”. Você o disse. Eu disse que mesmo a velocidade da luz PODE SER TRATADA como relativa dadas as escalas. Referi-me até à certeza matemática. É que já li muitos bons especialistas que assim a tratavam em suas obras.
Sobre o pênis, não vou discutir insinuações maldosas de reacionários, nem todas as pessoas que pensam ou gostam de pênis é devido a traumas dos tempos escolares. A minha esposa sabe sobre quais são as minhas inclinações sexuais e fazer insinuações a esse respeito só revelam o caráter de quem as faz e, ainda por cima, não sabe interpretar textos.
Cara, não se preocupe, não quis insinuar nada ! Até porque quem “introduziu o dito cujo” na conversa foi você…
Não fico preocupado, ainda que fosse homossexual, não me ofenderia. O que me preocupou foi a possibilidade de que você pudesse ter aludido que a homossexualidade alheia é mera consequência de um trauma, mas me desculpe se o que você disse (“que tipo de trauma você tem da escola para que a primeira expressão que seu subconsciente faça emergir das trevas seja “pênis didático”), queria dizer outra coisa.
Usei “pênis didático” como exemplo, apenas pela força da figura de estilo!
🙂
Concordo que devíamos cobrar do Sr. Lobão pela divulgação do seu livro. Caramba que debate longo rendeu o seu livro generalista!
Não pode ser! Vocês estão “discutindo” LOBÃO ???
Pelo amor de Deus! Ontem em plena São Caetano do Sul, em uma lanchonete especializada em hamburgueres, me entregaram um Cheese Bacon SEM MAIONESE … Isso sim é uma questão a ser discutida.
Nossa, que sujeito gozado.
Peço desculpas André Barcinski. Hoje deixei comentários um tanto quanto “cáusticos”, espalhados por aqui. Prefiro usar do humor, mas como diria um amigo: “há certos posicionamentos que me tiram do sério a ponto de eu não conseguir passar por eles, sem lhes dar a devida resposta”.
Se me der na veneta, apesar de nunca ter praticado todas as centenas de posições do Kama Sutra, eu o discutirei; simplesmente pelo fato de que tenho o direito de discutir o que bem entender. Obviamente, devido à sensatez que não pretendo assassinar, abstenho-me de debater temas como filmes, sobre os quais o moderador deste blog costuma discorrer com muita propriedade. Simplesmente por que não sei o bastante sobre filmes para falar sobre eles com a mesma propriedade com que o faz o moderador. “Então eu escuto”, como dizia a canção, a fim de melhor compreender o tema. Mas quero o direito de debatê-lo; debater infinitamente o que eu quiser debater. Então não me venha privar do meu direito de debater, assim como não o obrigarei a ler os meus debates, privando o comediante de sua liberdade de escolha. Quanto ao Lobão… ainda não o li. Mas pelos comentários vejo que ele traz à tona assuntos relevantes, o que já é válido, sobretudo nesses tempos acríticos e aculturais em que vivemos, em que o sujeito prefere dar uma de usurpador dos direitos alheios, do que enriquecer o que se discute.
Bom, não vou perder meu tempo lendo o Lobão. Não porque eu ache que vá discordar dele, mesmo porque acho que estarei de acordo com boa parte do que ele diz. Apenas que, por minha formação em literatura, sou muito seletivo com a escolha das minhas leituras, então, há obras que já descarto de cara pela irrelevância do autor.
O Lobão, um dos sujeitos mais desarticulados e incoerentes que já vi, do nada começou a ler o Olavo de Carvalho e o Reinaldo Azevedo. Pois bem, depois de anos como militante ora esquerdista, ora anarquista” (!), passou à direita. Nada contra. A questão é que ele não tem o intelecto do Reinaldo e nem a erudição monumental do Olavo. Duvido, também, que seu texto chegue próximo do dos dois citados. Mas o Lobão decidiu tentar imitá-los ou emulá-los, porém, de estofo cultural indigente, a única coisa que deve conseguir de parecido é ofender – sim, porque quando o Reinaldo e Olavo resolvem agredir, sai de baixo.
Por isso, se alguém quer ler autores brasileiros de “direita”, ou mais bem, conservadores, que fiquem com o Olavo e o Reinaldo. O Lobão é só um “gritador” raivoso como esses que o André cita no texto.
Carlos Campos, não sei se você é um sujeito pedante ou que causa involuntariamente risos sobre si mesmo. Ou ambos. Por um lado, “sou muito seletivo” e não pode dar a honra a Lobão de ser lido por você. Por outro, você admite que está de acordo com boa parte do que um sujeito “irrelevante, desarticulado e incoerente” pensa. Deve ser por isso que você acha que alguém vai considerar uma sugestão sua a respeito de um autor que você “não vai perder seu tempo lendo”.
Ai, ai, Tennyson. Seu, vá lá, “pensamento” consegue ser mais feio que seu nome. Incrível como você conseguiu, em cinco linhas, dizer tanta bobagem. Tomadas uma a uma suas afirmações, já vemos que são bucéfalas. No conjunto, formam uma maçaroca tão quadrúpede que não deixo de me sentir vexado ao ter que responder a algo assim. Aliás, não vou perder meu tempo rebatendo jumentice por jumentice; simplificando a coisa, até para adequar-se à sua compreensão curta das coisas, consideremos a seguinte lista de pessoas:
– William Bonner
– Vera Fischer
– Albert Einstein
– Tiririca
– Rodrigo Faro
– Belo
– George Bush
– Ivete Sangalo
– Gandhi
– Serginho Mallandro
– Machado de Assis
– Xayane (uma periguete qualquer)
– Hitler
– Pelé
– minha avó
Há aí gente de todo o tipo, certo? Quanto ao nível intelectual há gente nos dois extremos da escala. Pergunto a você: com qual deles concordo? Você, certamente, entre uma ruminada e outro, vai, como direi?, “pensar” e ficará tentado a responder que com o Machado, o Einstein e, quiçá, com a minha querida avozinha. Mas, não, a resposta estaria errada e seria, EM TESE, cretina.
Ora bolas! Eu não discordo de nenhum deles e tampouco concordo com qualquer um desses ‘a priori’. Considerando as leis da probabilidade e a do bom senso, posso assegurar que, se cada um deles opinasse sobre, sei lá, cem temas diferentes, eu teria pontos de discordância e de acordo com todos eles!, podendo, claro, haver mais confluência de opiniões com uns que com outros.
Enfim, Tennyson, concordar e discordar não são critérios que uso para escolher os autores que leio. Pelos meus critérios, o Lobão é um autor que não ME interessa ler. Será que ficou claro pra você?
Mantenho tudo o que disse. Grato pelos elogios. Tenho bastante orgulho do meu nome “feio”, homenagem a Alfred Tennyson, autor que certamente você desconhece. Leia mais e melhor, professor.
Bom, se mantém o que disse, mesmo após eu ter desmantelado sua “argumentação”, não me resta nada mais a não ser lamentar o seu certificado de apedeuta auto-laureado (velha ortografia, Tennyson). Quanto ao seu nome, bom, é um sobrenome em inglês, né? Sei lá, eu não gostaria me chamar McCartney da Silva. Mas, óbvio, como não sou nenhum Tennyson (falo de você, não do poeta), não associo a qualidade do seu pensamento ao seu nome, foi apenas uma analogia. No mais, se seu nome é “homenagem” a um poeta (seria melhor dizer “referência”, né?, afinal, o suposto “homenageado” não teve conhecimento do fato) o “mérito” é de quem escolheu o nome, não seu. E também daria pra discutir se realmente é meritório o ato de escolher para o filho o nome de alguém célebre, mas, deixa pra lá. Paro por aqui.
Um abraço, Alfred.
Imagina, Carlos, se meu nome fosse Alfred, em vez de Tennyson, como o Google iria quebrar seu galho? Você estaria pesquisando até agora.
HAHAHAHA Seu comentário foi engraçado, falo sem ironia. Mas não precisei do Google, mesmo porque eu não disse em nenhum momento que conhecia a obra do Alfred Tennyson. Quem sabe um dia.
De fato, o governo militar algumas vezes, optou pela tortura e talvez este tenha sido seu unico grande erro, pois com isso alimentou o blá blá blá dos esquerdistas que não encontrando outro ponto fraco a que se queixar acabou se pegando ao fator tortura para arruinar a imagem de um governo brlihante, tanto na economia quanto no desenvolvimento, (nunca acusam o governo de ter ido mal neste sentido) Sem falar nos baixos índices de corrupção, nenhum ex-presidente militar ficou rico já o Lula…
Enfim admiro a coragem do “Lobão”. Onde estão os jovens de hoje em dia para protestarem contra Roberto carlos que manda proibir livros com sua biografia? E a proibição da venda de armas ninguém protesta? E a corrupção e a violência ? Cadê caetano, gil e chico buarque? Deveriam mudar a letra de suas musicas para : È permitido proibir.
O governo militar “brilhante” do Gen Figueiredo foi o da Inflação, recessão , FMI e do “esqueçam de mim”.
E com censura à imprensa e governo sob o AI-5 é facil ter “baixos indices de corrupção.
Governar com o AI 5, melhor dizendo.
Mário,o Figueiredo governou sem o AI-5 que o Geisel
extinguiu antes do Figueiredo tomar posse.Como diz
o Chaves:ai,que burrinho!!!!
O Valdir acabou de entrar no cursinho. Talvez aprenda um pouco sobre a ditadura militar agora.
Sim,Rodriguinho.Ele vai aprender que o Sarney que foi
da Arena,é aliado da dupla Lulla-Dilmaria Antonieta que
paga militantes como ti pra xingar na internet.
Onde houve xingamento Reinaldinho Azevedo Junior, defensor da dita-dura, bem dura. E Onde eu pego o meu dinheiro? Eles pagam bem? Poxa, e eu trampando de graça!
Melhor ser um Reinaldinho Azevedo Junior do que ser
uma Marilena Chauí Neto ou um Paulo Henrique Amorim
Filho.Ou um Flávio Gomes 2 que defende a ditadura bem
dura da Coréia do Norte.Poxa,tô trampando de graça,também!
Então, mas essa coisa de que não quero que entendam que o texto é contra esse ou aquele, não quero me me mandem pro esgoto ideológico, etc… Sei lá. Esperava mais posicionamento, menos chapa branca. Não só de hooligans vive a internet. Quem sabe um posicionamento com argumentos inteligentes atrairia debatedores inteligentes para enriquecer a discussão. Um posicionamento evidentemente atrai simpatizantes e adversários, faz parte.
Posicionamento sobre o “quê”? A opinião de outra pessoa? Se o Lobão acha isso ou aquilo, é problema dele. Já quando ele comete erros de informação, como dar a entender que os militares derrubaram uma “ditadura de esquerda” e não um governo eleito democraticamente, eu opino.
Sinceramente, nem ia ler esse Livro do Lobão, mas sua última frase fez eu mudar de ideia.
Sobre a situação política brasileira atual, concordo 100% com você.
Lobão não é muito minha praia, embora o veja sempre e reconheça que quem esta neste pedaço e sobrevivendo como ele, é porque tem muito a dizer e tem muita gente a lhe ouvir. Não ha como não reconhecer que mexer em esteriotipos de “os melhores Brasil” como Chico, Caetano, PT e outros bichos, não é facil. Vai tomar pau pra caramba! Quanto a voce, Andre Barcinski, tocou bem a bola. Fez sua função legal: criticou! Quanto ao livro não lí, mas gostei!
Ola………o pessoal se preocupa muito com o certo e o errado……acho mesmo que o Lobão é necessário, a coisa do agitador intelectual,aquele que levanta uma questão, que procura (como diria minha mãe)chifre em cabeça de cavalo é uma coisa legal, até acredito que o Lobão se aproveita da falta de ideias que existe ultimamente em todos os circulos……..ele acaba sendo um Dom Quixote moderno……o problema é que os adversarios continuam sendo moinhos de vento.
Gosto das músicas do Lobão. Não li seus livros. E por isso não faço comentários sobre os mesmos, pois concordando com você André, o povo adora atirar no Twitter tudo quanto é tipo de revolta sem o mínimo de embasamento, e quando o assunto é política ou futebol, fica pior ainda.
Leio diariamente o blog, e não me lembro de me arrepender..
Gosto dos post porque resgatam algo que entendo ser importante no trabalho dos jornalistas, situar o leitor nos assuntos, nos temas.
Neste post sobre o livro do Lobão, achei ótimo, pois não pretendia ler o livro, como o Barça disse é melhor ler um livro do que ficar de briguinha no Twitter..
Mas acho que o próprio Barça já indicou livros mais “urgentes”!!
Não tenho mais saco pro Lobão (a quem admiro musicalmente), pois as inconsistências no seu “discurso” são gritantes (e algumas até constrangedoras). O fato de sua voz ser solicitada hoje na mídia menos pra cantar/tocar e mais pra dizer absurdos como esse de que na ditadura houve apenas umas “unhinhas arrancadas”, só comprova isso. Fala isso pra família do Herzog. Sério: investigar as atividades da guerrilha – que foi consequência (e não causa) de uma ditadura civil-militar, Estado de exceção?? Menos, Lobão. Muito melhor fez o Tom Zé, perfeito em uma de suas novas músicas, ‘Papa Francisco’: “Meu coração fundamentalista pede socorro aos intelectuais / Pois a diferença entre esquerda e direita já foi muito clara, hoje não é mais”.
Aliás, o disco do Tom Zé (‘Tribunal do Feicebuqui’) é uma resposta muito mais inteligente (e bem humorada – fundamental!) a boa parte da nova esquerda-radical-festiva-incoerente do que o brado vazio do Lobão (que, diga-se, não é um mero dinossauro estagnado dos anos 80, pois os discos A Vida é Doce, de 1999, e Canções Dentro da Noite Escura, de 2005, são muito bons – sobretudo o primeiro).
Enfim, a polarização só empobrece o debate. Ponderar e relativizar o FlaxFlu político no Brasil de hoje parece até crime pra essa galera. Lobão, você quer pagar de revolucionário-contra-corrente? Critique os crimes em Belo-Monstro (que a oposição não questiona, por quê? é impopular, ou assina embaixo?); critique as remoções criminosas de indígenas e pobres para a Copa/Olimpíadas; critique a morosidade/inexistência das reformas (Agrária, Política, Previdenciária…); critique o condenável caixa 2 do PT, sim (e também do DEM, do PSDB…).
Mas falar mal de bolsas e cotas no momento em que as pesquisas mostram sua eficácia – a ponto do partido tucano AGORA se auto-intitular o legítimo pai da criança – parece puro radicalismo. Faltou combinar com os russos.
Criticar as leis de incentivo, sendo que sua finada (e boa) revista OutraCoisa era patrocinada pela Petrobras, também parece deveras incoerente.
Lobão, seguinte: dispenso o livro, mas fico no aguardo de seu próximo disco, tamos combinados? =)
“Sério: investigar as atividades da guerrilha – que foi consequência (e não causa) de uma ditadura civil-militar”. Fala isso pra família do Mário Kozel Filho.
Gostei do fechamento do post. Ler é bem prazeiroso sim. Bom, tenho acompanhado o Lobão nos últimos tempos, gosto da inteligência dele, da coragem. Óbvio que não concordo com tudo que ele fala, mas com a maioria. Além de achar ele um cara engraçado. Aliás, parece que toda pessoa bem inteligente é engraçada, eu entendo que quem leva as coisas a sério demais está deixando de pensar um pouco. Vou ler o livro assim que puder.
Interpretei esse “livros sempre valem a pena” como “o livro é uma droga, mas eu não vou dizer que é, porque não quero sair da minha pose forçada de isenção”.
Se livros sempre valem a pena, vou pegar esse exemplar de “A Cabana” que a minha tia me deu, achando que valia alguma coisa, e que eu estou usando de calço para uma mesa bamba… devo ler essa porcaria porque afinal “livros sempre valem a pena”.
Sair de cima do muro ninguém quer, né? É muito mais fácil se achar “o” magnânimo e professoral.
Marcus, eu sou responsável pelo que escrevo, não pelo que você “interpreta”. Sempre achei que ler comentários vale a pena também, mas o seu me fez pensar duas vezes, talvez eu esteja errado.
Chama o Caio Ribeiro…
Marcus, muito me dói afirmar que tive a mesma sensação que você. Entendo se o André não fica à vontade pra tomar uma posição clara, mas é difícil para um “anônimo” evitar externar uma opinião mais enfática sobre o tema. E a recente diarréia mental produzida pelo Lobão “NeoCon” é caso em que não dá pra voar tão acima do debate. E confesso que NÃO li o livro porque é exatamente o que o autor quer. Lobão tem sua graça, mas é um polemista nato e conhecido oportunista (sempre contra o tema da vez; o que nesse momento são os 10 anos do PT no governo e a Comissão da Verdade). Vi/li exatamente 3 entrevistas do Lobão sobre o livro e soube de toda a bobajada que ele pensa sobre a ditadura, o que ele chama de democracia, o sistema de cotas e outros. Ou seja, entendi como ele pensa e sem precisar ler – ainda mais porque o cara é prolixo que só o diabo. Em tempo: separo a boa fase musical do Lobão -“A Vida é Doce”/fase Universo Paralelo- da boçalidade atual.
Por que diabos uma “opinião clara” precisa ser “contra” ou “a favor”? O livro tem mais de 200 páginas. É impossível concordar com partes e discordar de outras?