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André Barcinski

Uma Confraria de Tolos

Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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Finalmente, fez-se o silêncio...

Por Andre Barcinski
05/06/13 07:05

Boa notícia: o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, sancionou um projeto que proíbe o som alto em carros estacionados na rua (leia aqui).

Espero que a moda pegue e prefeitos de todo o país façam o mesmo. Não dá mais para agüentar pessoas que acham que seu gosto musical precisa ser dividido com o resto do planeta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não se trata de preconceito musical. Se alguém tocasse Satie num Passat com a capota aberta – ou num Audi – eu também reclamaria.

Outro dia, estávamos numa lanchonete, quando uma dessas carangas “equipadas” parou em frente ao local e começou a tocar, em volume ensurdecedor, a música “Nóis é Caubói”, da dupla Cezar e Paulinho.

Para quem não conhece a canção, aqui vai um trecho da letra:

Nóis tem currar, nóis tem rancho, nóis nascemo aqui
Nóis tem dois Mitsubishi, nóis tem jet-ski
Nóis tem celular e bip, nóis tem internet
Nóis é rico, nóis é chique, com nóis ninguem se mete
Nóis tem música de viola e nóis tem CD
E nóis tem orgulho de ser macho pra valer

Os donos da caranga, ignorando o bem estar dos outros cidadãos que freqüentavam o local, acharam por bem compartilhar a canção, à força, com todos nós. Rapidamente nos mandamos dali – a letra, afinal, dizia “com nóis ninguém se mete”.

Eu não conhecia a música e me chamou a atenção como ela não parece “representar” – só para usar um verbo tão em voga – o povo interiorano. Pelo contrário: a canção e a atitude dos donos do carro me pareceram o oposto do que se costuma ver no interior do país, onde o povo é bem educado e cordial.

Fiquei muito feliz com a notícia da nova lei paulistana. Só acho que ela deveria ser estendida também a carros em movimento. Somos muito criativos quando o assunto é burlar leis, e logo algum espertalhão iria criar uma festa móvel, em que carros dão a volta no quarteirão seguidos por uma multidão de foliões.

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Comentários

  1. j.j. comentou em 08/06/13 at 16:46

    Agroboys, manos e funkeiros. Preferiria ser fumante passivo que conviver com tais espécimes, infelizmente a lei veio pronta para ser burlada, vai atrapalhar apenas aquelas disputas entre os sistemas de som com os veículos parados e as baladas nos postos de gasolina. Brasileiro tem bem mais dinheiro que educação.

  2. Rái Mein comentou em 08/06/13 at 9:27

    Políticos ainda não tinham feito essa lei, porque isso englobava também os carros e som (das agências de propaganda) que os próprios políticos usam na época das eleições, ou seja, aprovaram a lei para carros estacionados, então, carros em movimento com 500.00 decibéis rolando de dia ou de madrugada, pode. Confere, produção?

  3. gabaman comentou em 07/06/13 at 16:57

    Seu post vem bem ao encontro do artigo do Regis Tadeu no yahoo: http://br.omg.yahoo.com/blogs/mira-regis/ignor%C3%A2ncia-e-falta-educa%C3%A7%C3%A3o-s%C3%A3o-marcas-uma-gera%C3%A7%C3%A3o-184831519.html

  4. André comentou em 06/06/13 at 21:06

    Cuidado com as idéias que está dando.

  5. Rilza comentou em 06/06/13 at 20:01

    André, sinto em dizer, mas um dos resultados negativos do chamado fenômeno de ampliação da classe média no nosso país é que a capacidade de aquisição chegou às mãos de uma grande parcela da população numa velocidade em que a educação moral e cívica não chegará nunca. Vivo em uma rua de grande movimento na periferia de Curitiba e observei nitidamente durante os ultimos 3 anos o crescimento absurdo da quantidade de carros com esses equipamentos de som. Não há o mínimo respeito ao direito do outro, passam com a música altíssima tocando até de madrugada no meio da semana, num volume que faz tremer as janelas das casas. Sou de origem pobre, classe E mesmo, e fico pensando em que momento eu aprendi as noções básiquíssimas do respeito ao próximo e de que para ter direitos também deveres, e como isso se perdeu ou não chegou para essas povo sem nenhuma noção.

    • Andre Barcinski comentou em 06/06/13 at 23:23

      Concordo 100% com vc.

      • Rilza comentou em 10/06/13 at 11:24

        Até eu me canso das minhas próprias manifestações sobre teorias da conspiração, mas sabemos mto bem que uma boa orientação cívica não chega a esse povo catapultado pra classe C porque o jogo político tem objetivos que incluem justamente que eles não tenham noção de porque tiveram seu poder de comprar bombado… pronto, falei.

    • OSKAR comentou em 07/06/13 at 10:53

      Disse tudo. Terrível paradoxo da melhora do nível de renda dos mais pobres.

  6. Renato Pinheiro comentou em 06/06/13 at 16:17

    Essa ideia de criar uma festa móvel, com carros de som dando a volta no quarteirão seria a aplicação da teoria do trio elétrico. Que, hoje não dá agrada mais nem no carnaval…

  7. Maria comentou em 06/06/13 at 13:48

    O triste é ter q fazer lei para “reavivar” o bom senso alheio…

  8. Solano Star comentou em 06/06/13 at 12:25

    André, tem uma velha máxima que diz o seguinte:

    “O bom gosto musical do indivíduo é inversamente proporcional a potência do som do seu carro”

    Partindo desse axioma, vc nunca verá alguem escutando “When the Levee breaks” num paredão desses …

    • Pedro Ivo comentou em 06/06/13 at 23:16

      Eu amo “When the leeve breaks”. Boa lembrança.

  9. Pedro Ivo comentou em 06/06/13 at 11:02

    Barcinsky, te conto uma coisa. Cezar e Paulinho são de Piracicaba. Eu sou de Piracicaba. Trata-se de uma cidade emblemática quando se fala de interior de São Paulo. Tem um grande rio que corta a urbe, tem vasta plantações de cana-de-açucar, diversas usinas, muita cachaça, alpem da famosa pamonha, e diversos outros “símbolos” do interior paulista. Mas esta música não nos “representa”, ou representa uma parcela pequena de uma cidade com população urbana de quase 400 mil habitantes. E não nos representa nos bom e no mal sentido, porque a moda da vipização também chegou por aqui, com a diferença de ser mais provinciana.
    Mas lhe garanto uma coisa, o interior não é mais o lugar de pessoas “cordiais e educadas”. Já foi um dia, não é mais. Este problema de carros equipados com música altíssima (geralmente de pe´ssimo gosto) é muito comum aqui e qualquer cidade interiorana. Os agroboys são uma praga, os endinheirados e os pobretões. Sem contar os “manos” que não conhecem a existência de fones de ouvido e compartilham seu indecente repertório musical nos alto-falantes dos celulares dentro dos ônibus, um verdadeiro estorvo e afronta à civilidade.

    • Andre Barcinski comentou em 06/06/13 at 12:45

      Valeu pelo esclarecimento.

  10. Thales comentou em 06/06/13 at 9:11

    Me lembro de uma vinhetinha da Garota Animada na MTV, que veio logo depois do Garoto Enxaqueca, com a seguinte pergunta: por que as pessoas que ouvem som alto no carro escolhem as piores músicas?

    Enfim, funk carioca é uma porcaria – salvo pelo charme, que tem lá alguma relevância. Quem vem com essa bobagem de que “ah, mas isso é o que o povo gosta” não passa de um demagogo.

    • claudio comentou em 06/06/13 at 12:42

      Falou bonito Thales !

  11. Luciano Ferreira comentou em 06/06/13 at 8:33

    Há um dito antigo, atribuído ao historiador Tácito, e que, imagino, os com formação em Direito conhecem: “Corruptissima republica plurimae legis” e que diz: “Muitas são as leis, quando o Estado é corrupto” O Brasil, se não é o campeão, está entre os campeões na quantidade de leis; lei contra carros de som, leis contra isso, aquilo e mais adiante…e nada é cumprido pois, nossa sociedade só obedece às leis devido ao medo e não por um sentido firme de certo e errado. Não é espantoso, com o ensino maciço do relativismo – pobre Einstein! – nas escolas e universidades – perdão, faculdades!. E tome, “cada cabeça é um mundo!”; e tome, Tudo é permitido, o que importa é ser feliz!”; e tome, gente que não respeita o silêncio; e tome dentistas assassinados; e tome a gente saindo de casa, sem saber se volta. Peço perdão aos que se sentiram ofendidos pelo meu uso do latim. No Brasil há quem se ofenda com isso!

  12. Nico Romano comentou em 06/06/13 at 3:58

    A idéia de um Passat tocando Gymnopédie n.1 só me vem a cabeça se nossas cidades se parecessem com algo parecido com a do filme Gattaca. Mas que foi um exercício surreal imaginar, foi.

  13. Banana Joe comentou em 06/06/13 at 0:08

    Olha, eu ficava extremamente incomodado quando alguém acendia um cigarro perto de mim, poluindo ar que eu também respiro e então era obrigado a respirar fumaça. Veio, por milagre uma lei e hoje quem quer fumar pode fumar, bem longe e desde que não incomode ninguém.
    Portanto vou na contramão da galera.
    Quem sabe um dia como no caso da fumaça, eu não seja mais obrigado a ouvir música alheia no último volume só porque algum palhaço quer se mostrar…

  14. Tom comentou em 05/06/13 at 23:24

    Aqui no interior de Minas temos uma versão parecida dessas figuras, mas com o som instalado em charretes, de modo a agravar a situação, porque os pobres dos cavalos têm que aguentar por horas a barulheira emitida a alguns centímetros de suas orelhas.

    (Mas tirando isso o Barcinski tem razão, somos muito legais).

  15. Hamilton Carvalho comentou em 05/06/13 at 22:22

    Olhaí, Barcinski, a realidade da vida: http://vidacambaia.blogspot.com.br/2010/11/esferografica-cambaleante-em-roto-papel_24.html

  16. luiz santos comentou em 05/06/13 at 22:08

    defino as pessoas pelo gosto musical e este “sertanojo” universitário é pra pior espécie de gente que há, garotas em constante ovulação e homens sem estudo.

  17. luiz claudio comentou em 05/06/13 at 22:05

    a pior musica está sempre nos piores carros

  18. Fernando comentou em 05/06/13 at 19:52

    Barça, off-topic: aqui é o fernando, da Katz / NY. Ontem fui em um show de graça do Dave Davies, do kinks. Taxa baixíssima de hipsters, o que mais tinha era tiozinho e tiazinha roqueiro, bem divertido. Bom show, tirando o fato que ele não tem mais voz nenhuma. Vc já chegou a ver algum show dele? abs

    • Andre Barcinski comentou em 06/06/13 at 8:30

      Não, só do Ray. Mas gostaria muito. O Dave tava doente, não?

      • nogall comentou em 06/06/13 at 23:14

        vc fala do derrame que ele teve em 2006? olha, parece que ele tá bem, mas a voz realmente… mas continua mandando os riffs de you really got me!

  19. Fabio Maleta e daí comentou em 05/06/13 at 17:16

    Tomara que Lei funcione, e que as pessoas um dia não tenham preconceito musical, assim como acredito que o dono do blog não tenha.

  20. F de I comentou em 05/06/13 at 17:15

    Barça, a porra do ato de tomar cerveja de boa e sem compromisso agora virou “cerveja gourmet”, o que eu faço cara???

    • F de I comentou em 05/06/13 at 17:16

      http://www.cervejagourmet.com/

      Socorro!

  21. Miro comentou em 05/06/13 at 16:45

    Muito oportuno o seu texto! Todas as cidades do país estão infestadas com essa praga. E o som não vem só dos carros. Nas vilas o som alto vindo das casas vizinhas tem se tornando constante. Sou ouvinte passivo a anos, até já decorei varias letras de musicas sertanejas sem nunca ter apertado o “PLAY”. Não reclamo mais, pois sei que é inutil. O mais engraçado é que o som alto desses chatos é sempre sertanejo ou funk.

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