Guarde seu dinheiro, Tom Zé!
10/06/13 07:05E a briga de Tom Zé contra o “Tribunal do Feicebuqui” terminou de forma melancólica.
Para quem não sabe, tudo começou há três meses, quando o compositor baiano gravou a locução de um comercial de TV de um famoso refrigerante. O anúncio era uma peça ufanista sobre a Copa do Mundo (veja aqui).
Nas redes sociais, o pessoal caiu matando em cima de Tom Zé: o acusaram de estar vendido ao capitalismo, ao imperialismo, aos dólares ianques e a todas essas bobajadas que aprendemos matando aula em DCE de faculdades.
Em resposta, Tom Zé criou um disco chamado “Tribunal do Feicebuqui”, com letras que ironizavam a reação dos revoltadinhos de Twitter. Em uma, diz: “Que é que custava morrer de fome só pra fazer música?”.
O episódio rendeu pelo menos uma frase antológica, do músico Lucas Lima, da Família Lima: “O mesmo cara que reclama que o Tom Zé tá ‘se vendendo’ pra Coca-Cola tá baixando música de graça na outra aba do navegador, tá fazendo carteirinha de estudante falsa pra pagar meia-entrada.” Boa, Lucas.
Infelizmente, Tom Zé resolveu se curvar ao tal tribunal, e anunciou que vai doar o cachê – R$ 80 mil – para a Sociedade Lítero-Musical 25 de Dezembro de Irará, sua cidade natal.
Acho que Tom Zé pode fazer o que quiser com o dinheiro. Se quisesse queimá-lo em praça pública, ótimo. Só fico decepcionado que um artista tão combativo tenha se rendido ao patrulhamento virtual. Não esperava isso de Tom Zé.
Foi melancólico ver um artista tão importante quase pedindo desculpas por estar trabalhando e ganhando dinheiro.
Será que o velho brigão tropicalista não percebeu que a rede social é o palanque dos desocupados? Que cinco pessoas, munidas de um computador e todo o tempo livre do mundo, se fazem passar por cinco mil?
Quem acompanha o blog sabe que sou contra a realização da Copa do Mundo no Brasil. Já reclamei aqui de um comercial de cerveja que chamava os críticos da Copa de “pessimistas”. Mas isso não quer dizer que Tom Zé não tenha o direito de trabalhar para quem ele quiser. A empresa que o pagou é privada e pode gastar o dinheiro dela como bem desejar.
Ao anunciar que não ficará com o dinheiro, Tom Zé, um artista que já sofreu com a censura estatal, passa um recado temeroso: o de que patrulhamentos virtuais funcionam. Triste.
André
Entendi seu ponto de vista e vou tentar expor o meu aqui (como leitor do blog e leigo deste assunto em questão). Acho que em primeiro lugar seria melhor se você (como jornalista/crítico) tivesse falado com o próprio Tom Zé a respeito do episódio, talvez a sua percepção seria outra, ao invés de apenas ‘triste’. Classificar como ‘desocupados’, ou menosprezar e/ou ridicularizar as opiniões de integrantes das redes sociais é um tanto ingênuo da sua parte, elas fazem parte deste universo que chamamos ‘internet’ – um dos meios de comunicação mais democráticos da sociedade que surgiram e para fechar acho que uma doação por mais ‘forçada’ ou ‘ingênua’ que seja ou pareça merece ser apreciada, louvada ou no mínimo aplaudida – ao meu ver. Abraços!
O mínimo que o Tom Zé deveria fazer agora, em respeito a todos os seus fãs, era uma propaganda para a Pepsi.
Essa turminha do Facebook é chegada em dar porrada também, vide a violência, destruição e pixacoes nos protestos contra aumento de tarifas. Se o ministério público cedeu aos Playboys, imagine o Tom Zé, é muito neguinho vivendo de mimimi.
http://letras.mus.br/tom-ze/80739/
Eai Tom Zé, made in brasil?
Vamos fazer um movimento ao contrário. Guarda seu dinheiro, Tom Zé! Não tem ninguém que ele ganhe ele pra você. Você não tem que doar nada nem dar satisfações a ninguém, real e muito menos virtual. Sua vida já é o melhor argumento.
No Brasil, fazer sucesso é errado e ganhar dinheiro com esse sucesso é mais pecado ainda. Gostaria de saber se esse bando de ~desocupado~ que criticou o Tom Zé leva para suas vidas tudo o que pregam na internet.
Ah, lembrando, viver sustentado pelo dinheiro do pai te faz pior que o Tom Zé, que pelo menos ganha o dele pelos seus méritos