Por favor, alguém publique este livro!
13/06/13 07:05Um apelo a editoras de todo o Brasil: por favor, alguém faça o favor de publicar “Wired – The Short Life and Fast Times of John Belushi”, de Bob Woodward.
Sei que o livro é antigo, saiu nos anos 80, mas acho que nunca foi publicado no Brasil – não encontrei nem em sebos – e é absolutamente matador.
Acabei de ler em inglês, em uma versão de bolso, totalmente amarelada e com a capa caindo aos pedaços. Foram mais de 500 páginas devoradas em três noites. É bom assim.
Para quem não lembra, Bob Woodward é o jornalista que, em parceria com o colega Carl Bernstein, revelou o esquema de espionagem do governo Nixon, deflagrou o escândalo de Watergate, ajudou a derrubar Nixon e relatou tudo em “Todos os Homens do Presidente”.
“Wired” conta a vida curta e trágica do comediante John Belushi (1949-1982), famoso pelo programa “Saturday Night Live” e por filmes como “Clube dos Cafajestes” e “Os Irmãos Cara de Pau”.
O livro já começa a mil por hora. Woodward não perde tempo com digressões à infância de Belushi ou tentativas de explicar, no passado, o comportamento animalesco e autodestrutivo do homem, certamente um dos seres mais alucinados a pisar na Terra.
A narrativa já começa com Belushi na faculdade, tentando um lugar em um famoso grupo teatral de Chicago, o Second City, onde já atuaram talentos como Alan Alda, Joan Rivers, Alan Arkin, John Candy, Bill Murray e Dan Aykroyd, este o grande parceiro de Belushi.
A primeira história do livro dá uma ideia do nível de demência da vida de Belushi: durante a filmagem de “Os Irmãos Cara de Pau”, o diretor John Landis se irrita com a demora do ator em sair do trailer e vai atrás dele. Belushi está um zumbi, não dorme há vários dias e tem uma montanha de cocaína em cima da mesa. Irritado, Landis joga o pó na privada do trailer. Belushi enlouquece e parte para cima do diretor, que não tem alternativa senão acertar um murro no queixo do ator, que cai desacordado. “Merda, acabo de acertar um soco na cara do astro do meu filme!” pensa Landis. E isso é só a sexta página.
As outras quinhentas e tantas são recheadas de histórias semelhantes envolvendo personagens conhecidos do mundo da TV, cinema e rock’n’roll, como Jack Nicholson, Robert De Niro, Tony Curtis, Keith Richards, Ron Wood, Carrie Fisher e Harry Dean Stanton.
Belushi era um ator muito talentoso, mas seu gosto por drogas o matou aos 33 anos, rápido demais até para tornar decadente.
Já li muitas biografias de alucinados, mas não lembro nenhuma tão cheia de casos absurdos. A descrição de uma filmagem em que Belushi ficou acordado por onze dias é memorável.
Fiquei impressionado também com as histórias sobre o ciúme que Belushi e seus companheiros de “Saturday Night Live” tinham de Chevy Chase, o primeiro astro revelado pelo programa, e do clima de “todos contra todos” que havia nos bastidores. Ninguém ali era santo.
O livro também detalha como os estúdios e emissoras de TV, que lucravam fábulas com Belushi, atendiam a todos os desejos do ator e lhe faziam pagamentos em espécie, mesmo sabendo que ele usaria a grana para comprar cocaína. A coisa fica tão feia que, em determinado momento da história, o próprio Belushi contrata os serviços de um ex-agente do Serviço Secreto americano, que fica de babá do ator.
P.S.: Estarei sem acesso à Internet por boa parte do dia e impossibilitado de moderar os comentários. Se o seu comentário demorar a ser publicado, peço um pouco de paciência. Obrigado.
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Tem uma curiosidade na história toda, que faz a família e os amigos do John Belushi colocarem em dúvida as intenções do Bob Woodward na realização do livro, que pinta um Belushi muito pior do que as pessoas próximas alegavam existir: Belushi e Woodward foram criados na mesma cidade – Wheaton, subúrbio de Chicago. Ai o papo é que o Woodward, que deu o furo do Watergate junto com o Bob Bernstein e é uma prima-dona da imprensa americana, teria inveja do fato do mito de Belushi ofuscar o seu status de filho favorito da cidade, e por isso ter escrito um livro com viés conservador, e que colocava o ator em um holofote pouco favorável. Dan Aykroyd tem tanta raiva de Woodward que nunca consegue falar do jornalista sem despejar uma saraivada de palavrões, e a Judith Belushi, viúva de Belushi, diz que o profissional a enganou durante as pesquisas para o livro.
Não saiu um documentário sobre esse livro de Woodward um tempo atrás???
Acho que uma pessoa que não gosta de John Belushi provavelmente não vale nada.