A noite em que o povo “pisou” no Congresso
17/06/13 22:45De todas as cenas mostradas na TV na noite de segunda-feira, 17 de junho de 2013, a mais bonita e marcante foi a do povo correndo por cima do teto do Congresso Nacional.
Foi uma imagem carregada de simbolismo: pessoas que não se sentem representadas por quem ocupa aquele prédio, mostrando quem são os verdadeiros donos daquilo. E melhor: sem violência ou depredação.
Com exceção de algumas imagens feias no Rio, onde uma minoria tentou estragar um protesto pacífico, deu um orgulho danado ser brasileiro nessa segunda-feira à noite.
A desorganização dos protestos – em São Paulo, a multidão se dividiu em duas; em Brasília, ninguém parecia saber o que fazer no teto do Congresso – deixou claro que os atos não estavam sendo “coordenados” com uma agenda pré-definida ou liderados por ninguém. Melhor assim.
O “tema” dos protestos – o aumento das passagens – já ficou para trás. Os 20 centavos no bilhete foram o estopim de algo muito maior. Quem sabe, acordamos hoje para o fato de que nem tudo aqui precisa terminar em pizza.
Era até engraçado ler os cartazes dos manifestantes: uns reclamavam das passagens de ônibus caras, outros da qualidade da educação ou da saúde, muitos protestavam contra a Copa do Mundo e a submissão do Brasil à Fifa. Lembrou um velho quadro do Monty Python, em que protestantes marcavam uma reunião para marcar outra reunião para definir a data da reunião “definitiva”.
Acho normal. Há tanta coisa digna de reclamação no país, que é natural que ninguém saiba ao certo para que lado atirar primeiro.
Além de anunciar o nascimento de uma consciência política e de um senso de civismo que muitos julgavam extinto por aqui, os protestos de hoje serviram a um propósito nobre: tiraram das manchetes a Copa das Confederações, esse evento caça-níqueis e desimportante.
Por mais que o vice-presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, tenha tentado diminuir a importância dos atos – “Foram quantos? Mil? Tem 199 milhões trabalhando e esses querendo atrapalhar” – acho que vai ser difícil para a CBF, mesmo com toda sua máquina publicitária, convencer alguém a prestar atenção nesse torneiozinho de araque. “Temos de falar de coisas positivas e fazer a torcida gritar: Brasil, Brasil, Brasil!”, disse Del Nero. O que ele não percebeu é que o povão já está gritando “Brasil”, mas a seu próprio modo.
Uma pergunta apenas:
Cadê aquele povo que nos anos 1970 se diziam revolucionários e contestadores (Caetanos, Gils e Buarques da vida?)
Sumiram? Não eram eles que peitavam os “milicos”? O que aconteceu com os nossos heróis que assim que o bicho apertou picaram a mula para o exterior?
O melhor de tudo e não ter que suportar a Globo tentando mostrar esta Copa das Confederações safada, caça-níqueis e caríssima. O povo está de saco cheio de tudo de errado que acontece neste país.
Eles não picaram a mula, foram presos e depois “convidados ” a se retirar.
Olá André, muito obrigado pelos oportunos
esclarecimentos sobre os protestos. Explico:-
Estou no Mexico e propositalmente estava um tanto alienado, mas sua crônica ajudou a me recuperar. Espero que essas manifestaçoes atinjam os politicos e que uma nova atitude passe a imperar no país.
Abraços
Também esperamos, seu Laerte! E que viva México!
Engraçado o paradoxo: passei uma boa parte da minha vida no Regime Militar. Conquistamos a democracia depois de muito sofrimento. Vinte anos se passaram, e os mesmos inimigos incomodam. Essa dívida é mais da minha geração do que desta juventude, mas eles tomaram atitude, tomaram as ruas. Nós? Aqui, ainda confusos, em frente ao ecrã, buscando teorias, justificativas para os excessos. Tenho certeza de que hoje quem tem mais de quarenta anos está confuso como eu. Eles gritam, nós pensamos. Eles andam, nós avaliamos. Eles estão certos, não importa pelo quê eles lutam. Nós apanhamos na cara e ficamos quietos, tivemos nosso dinheiro roubado e, mais uma vez, não foi minha geração que tomou atitude. Os nascidos na década de 70 foram calados pela “ditadura e democracia”. Na real, estamos devendo…
Uai, censuraram meu post?
Não, Juca Acaju. Os comentários são moderados e não fico 24 horas por dia na frente do PC. Algumas vezes, comentários demoram um pouco a ser publicados.
Ok, foi mal aí, sorry !
” Você grita por diretas / depois vota num careta/ a política lhe agrada/ como uma punheta ”
Ou
” Jovem/ você também votou errado/ não vê que o futuro ,às vezes, / repete o passado” .
Lembrei-me do Hanoi quando vi as manifestações. Sim, legítimas. Bem-vindas. Mas, igualmente, inócuas, no sentido de que falta cultura pra cuspir na estrutura ou, se preferir, a mudança é de dentro pra fora. O contrário, oh telefonista, a palavra já morreu… e eu nem li o jornal !
60 mil foram às ruas em SP. Muito mais gente elegeu Tiririca. Pra não falar em Maluf. De toda forma, o que fica evidente é que :
a) há uma profunda ausência de liderança política. Nem direita, nem esquerda , servem mais. Se, por um lado reforça o aspecto apolítico, por outra, aponta para um vácuo. Uma ausência que, conta-nos a história, pode ser bastante perigosa se aproveitada /capitalizada da forma errada, Herr Barça.
b) Parlamentarismo feelings?
c) Punks not dead ? Heheh
“tiraram das manchetes a Copa das Confederações, esse evento caça-níqueis e desimportante.” – exceto à Globo, claro.
Esse vídeo é de arrepiar:
http://terratv.terra.com.br/videos/Noticias/Brasil/Cidades/4828-474688/Milhares-de-passageiros-cantam-hino-dentro-de-estacao-de-metro.htm
Putz
algo diferenciado
gostei desse slogan: “o povo unido não precisa de partido”!!!!!!!!
Será q Maquiavel vai ser superado??????
Como todos. Desejo que estes jovens não se misturem a estes partidos que definitivamente NÃO REPRESENTAM O POVO BRASILEIRO. O CONGRESSO NAO NOS REPRESENTA, a NAO SER OS SEUS INTERESSES PARTICULARES E DOS SEUS CONGRESSISTAS. SE O GOVERNO FEDERAL PODE FINANCIAR A COPA, TAMBEM PODE FINANCIAR MELHORIAS NA EDUCACAO E NA SAUDE QUE É UM CAOS.
Não foi pelos míseros R$ 0,20 e sim pelo descontentamento geral do que é este governo corrupto. Pela ganância dos políticos que enriquecem com o dinheiro público mal utilizado, pelos impostos escorchantes que somos obrigados a pagar para sustentar esta corja de ladrões. Pelas esmolas do bolsa família que se tornou moeda de troca por votos para perpetuar esta corja no poder sugando cada vez mais os frutos do suor e do sangue do trabalhador, pelo custo de vida altíssimo, pelo sucateamento da Petrobras (patrimônio brasileiro).
É melhor que nada, mas eu não me entusiasmo muito. O risco é estar acontecendo um modismo agudo inexplicável a princípio e tudo depois voltar ao “normal”. Me faz lembrar aquele conto do Guimarães Rosa, “Darandina”, daquela passagem em que o personagem rouba uma caneta, sobe em uma palmeira e grita “Viva a revolução!”. De ameaçado passa a líder. Pois vale muito mais a indignação do dia a dia, o protesto diário no nosso trabalho, no nosso cotidiano, que espasmos pueris.
Obs: Barcinski, sabendo de seu bom gosto e porque também temos bolas de cristal aqui no interior de Minas, concluí por intuição (ou por um aguçado sexto sentido) que você amanhã indicará um box sensacional de 10 CDs, o “Philadelphia Internacional: 40th Anniversary”. Estou certo? Já comprei.
É isso, fiz uma besteira e publiquei o post de amanhã hoje, mas logo tirei do ar. Amanhã eu publico.
Achei muito estranho ter sumido o post!
Dilma, claro, tentando capitalizar em cima: http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2013/06/18/brasil-acordou-mais-forte-diz-dilma-sobre-protestos.htm
Concordo que a imagem mais bela desta segunda foi a turma ocupando o teto do Congresso. E acrescento que a mais engraçada foi a Patrícia Poeta lendo uma nota sobre a posição da Globo diante dos protestos após um grupo de manifestantes ter achincalhado o plim-plim (O Bonner é malandrão demais para se prestar a esse papel).
Ih,André,o Vladimir Safatle na sua coluna de hoje,em vez
de criticar o aumento dado pelo Haddad,criticou ……o
Alckmin pelo metrô.Será que o sr.Safatle não sabe que a
maioria do pessoal que protestou não tem ligação com
nenhum partido político?Só ele acha que SP foi as ruas
só por causa de 20 centavos.Aí,aproveitou sua coluna pra
malhar a Globo,etc,etc,etc.É,a Globo que passa comerciais
do BB,Caixa,Correios,Petrobrás.kkkkkkkk
Vladimir Safatle é patético. É uma versão “jovem” do Emir Sader, mas igualmente equivocado em tudo o que diz ou escreve.
Espero que essas manifestações pacíficas continuem e aumentem, mantendo a pressão em nossos governantes. E que tudo isso resulte numa melhora da mentalidade política da maioria dos brasileiros. As eleições de 2014 estão logo aí, e se quisermos nós podemos realmente mudar alguma coisa (só completando, não tenho relação com nenhum partido, aliás, não voto em partidos, voto em pessoas).
Manifestações devem ter ideiais políticos sim (não necessariamente partidários). Como disse o Juca Kfouri ontem na ESPN Brasil, o Marin se considera um apolítico e era advogado de milico. Se não há um pauta política nas manifestações, elas vão ficar sem rumo como a de São Paulo, conhecido reduto conservador apolitizado.
Pera aí, Guilherme, ser apartidário é MUITO diferente de ser apolítico.
Sim, é MUITO diferente, mas acredito que apenas no universo das IDÉIAS. No espaço da política real, nessa democracia liberal orientada pelo pluralismo partidário (que foi uma conquista, não nos esqueçamos) as disputas políticas se dão no âmbito dos partidos, e não adianta chorar. Como ser apartidário e esperar mudar algo pela via institucional, sendo que o modelo democrático que está aí não pode prescindir de partidos? É uma contradição difícil de se resolver, que, no mundo da política real, associa-se a uma postura apolítica.
Abraço,
César.
Perfeito.
Há um grupo muito heterogêneo de pessoas que não se sente representado por partido algum e os repudia, por motivos óbvios. O Passe Livre deve ter lá suas conexões com, sei lá, PV ou PSOL, mas não se confunde movimento com partido. A transformação muitas vezes se dá no embate entre a paralisia de quem ocupa o poder e a energia transformadora de quem se mobiliza. Pode significar ausência de pauta. Mas também ausência de rabo preso.
A História está acontecendo. E nós, estamos fazendo parte dela. A Revolução ( de atitudes, idéias, etc.) está sendo televisionada. E NÃO PELA GLOBO! Essa é a real função da internet: Ligar às pessoas ao mundo real. Aguardem cenas dos próximos episódios!
Evidente que as atuais manifestações se referem não somente ao aumento das pasagens,mas á falta de garantias,demelhoras da saude, eduação,transportes,segurança publica e combate firme contra a crimalidade e corrupção;propocionando assiim um melhor meio de viver em sociedade.
Mais do que protestarmos e marcarmos presença nas manifestações, temos de legitimar nosso repúdio nas urnas ano que vem: Fora Dilma e grande parte do Legislativo e Judiciário!
O povo está de saco cheio de autoridades que estão nos cargos somente para enriquecer. Ele está cheio de ficar olhando os noticiários e todo dia ver uma nova notícia sobre desvio de verbas e maracutaias feitas por estes sujeitos que ficam exigindo o máximo respeito para eles, mas eles mesmos não respeitam ninguém. Estão fartos de ver tanta propaganda de um evento que somente nos trouxe mais custo de vida e tirou verbas públicas de áreas essenciais para gastar no circo da FIFA. Estão revoltados com o custo de vida, a falta de segurança, a polícia repressora e assassina, a justiça e o governo incompetentes, os partidos políticos oportunistas, a mídia chapa branca e com tudo o mais que ferra com a população. O povo teria que fazer uma manifestação destas no dia da eleição ou no dia da posse destes sujeitos que pensam que estão nos seus cargos apenas para cuidar dos seus próprios interesses.
Realmente deu orgulho danado! Tamanho orgulho que estarei nas ruas nos próximos atos já marcados aqui em BH.
Barça, acho a iniciativa do povo válida, mas fico com a impressão de um vazio nos últimos acontecimentos… a luta é pelo quê? Sair pras ruas sem lutar por idéias específicas não mudará nada. A luta é por 20 centavos? De que adianta juntar 5 bilhões de pessoas nas ruas? A iniciativa de sair pras ruas sem saber do porque da luta cansará, o povo vai desencanar disso e esse movimento cairá no esquecimento. Não adianta só reclamar, tem que reivindicar e PROPOR soluções!
Sim, foi exatamente essa dúvida que me fascinou: as pessoas ainda não têm exata noção contra o que estão reclamando, mas parecem começar a perceber que podem reclamar e que isso pode ter consequências.
Essa dúvida me levou a surpreender com as manifestações. No começo achei que havia partidos ou sindicatos por trás e como sou apartidário, não dei a devida atenção ao que estava acontecendo. Mudei a concepção ao ouvir a manifestação aqui do lado de casa gritando para que se guardasse as bandeiras de partidos. Óbvio que os partidos continuarão a tentar capitular os protestos. Mas é algo diferente essas manifestações. Ainda sem um prumo, e espero sinceramente, que continuem apartidárias.
Ano passado no Québec os estudantes protestaram contra o aumento do preço das Universidades. Fizeram greve. Durante 3 meses. O Governo criminalizou as manifestações por lei. 5 dias depois 250 mil criminosos marchavam nas ruas. Algum tempo depois teve a eleição e o primeiro-ministro (Charest) foi destituído (já estava a mais de 10 anos no poder e, depois dessa, desistiu da política).
Cara… caríssimo! Deixa de ser “tapado”! O que não falta a todos nós é motivo para reclamar e tentar mudar os rumos da pasmaceira. Sair do âmbito da imbecilidade. Credo.
E quais são as propostas? Reclamar de tudo, sem ter propostas específicas atacando pontos objetivos vai dar em nada, como sempre.
Maria Amélia, onde disse o contrário? disse que pra EXIGIR algo do governo, você precisa saber O QUE você quer. A luta é pelo aumento da passagem? vamos lutar por um preço ideal, OPINANDO! QUEREMOS passagens a X reais. A luta é contra a lei penal? QUEREMOS pena de morte e maioridade aos 16… e assim vai…. sair pelas ruas igual barata tonta não mudará nada… pode até conseguir algo superficial… mas não mudará nada!
Já vejo essas imagens do povo na rua sendo usadas em campanha eleitoral por algum partido… independente de sua posição.
Tirando o caso de alguns “animais/baderneiros” aqui no Rio de Janeiro, achei muito legal ver os jovens nas ruas criticando os desmandos do governo.
A última vez que vimos algo parecido foi na época do Collor.
Falta saúde, educação, segurança, transporte público, seneamento básico… falta TUDO!
A corrupção tornou-se uma doença crônica e a carga tributária está muito alta para serviços públicos INEXISTENTES.
Parece que finalmente o povo acordou!
O movimento precisa evoluir e lançar um nome, sem liderança, sem mudança.
Pouca gente sabe, mas originalmente o teto do Congresso é uma praça..>As grades, os guardas e os demais empecilhos estatais não deveriam estar lá.
Pessoas deveriam passear por lá, na cabeça de seus “representantes”.
Barcinski, ainda na questão dos apartidarismos, ontem vi a seguinte cena, aqui em São Paulo: aos gritos de “sem partido! sem partido”, alguns brutamontes largaram seus indefectíveis smartphones nas mãos de outros, para que esses os filmassem, e tomaram a bandeira que uma menina de um partido de esquerda empunhava. Após cair na chão, com o “tranco” que tomou do “companheiro”, os colegas dos brutamontes começaram a apontar os dedos para a menina como se ela fosse uma adúltera em alguma cidadela cristã/puritana/islâmica/etc. do século XIX.
Não quero comentar muito sobre isso. Não sou filiado a nenhum partido, mas reconheço que o trabalho contínuo de politização de alguns deles (sobretudo os menores) é um elemento importante para o surgimento de uma consciência política duradoura. Me parece que na ausência da polícia, em certos momentos, faz-se a polícia, não? Para o bem ou para o mal da democracia.
Considerando que agrande maioria dos jornalistas de opinião leem-se mutuamente (“como um cachorro atrás do próprio rabo”), talvez essa seja uma questão importante a ser levantada por um jornalista competente como você.
Cordialmente,
César.
Tenho certeza que abusos assim aconteceram. Pessoalmente, acho impossível que partidos não tentem se apropriar desses movimentos, mas também vejo que a grande maioria dos manifestantes não estava lá apoiando um ou outro partido. A verdade é que o movimento parece ter se desprendido do simples protesto dos 20 centavos, e isso é muito bom.
Eu também acredito que o movimento tenha se desprendido do protesto dos 0,20 centavos,mas não é o que parece para os Organizadores do MPL.Vendo a entrevista de ontem (lideres MPL) no Roda Viva da Cultura,eles diziam que a maioria esmagadora estavam ali p/ reivindicar o valor da passagem e que eles conseguiram isso.Ok,crédito a eles! Mas penso eu que eles perderam a oportunidade de fazer o manisfesto crescer ainda mais se, eles dissesem que sim,que alem do movimento PL, todos estavam ali por reivindicações mais amplas,e não só pelo valor da passagem. Será que MPL dizer isso é pelo fato de não querer tirar o foco do inicio do movimento ,da causa transporte, ou será uma nova chapa se formando? Acho que já vi um filme parecido como esse anos atrás e deu no que deu hj.Espero estar enganado nos meus comentarios! Abs e vamos as ruas não só pelos 0,20 centavos!
Também vi e discordei de muitas coisas que eles falaram. Fiquei decepcionado – mas não surpreso – com a influência de alguns partidos no MPL. Mas acho que eles não perceberam ainda – ou fingiram não perceber – que a grande maioria das pessoas que aderiu aos protestos nem sabe quem é o MPL e estava lá por que está cansada do jeito como as coisas estão.
Eles falaram que o movimento é apartidário, mas que está aberto ao apoio de partidos políticos. Somente achei estranho quando foram perguntados sobre a possibilidade de serem cooptados por alguma organização e eles tergiversaram.
Também achei estranho.
Sim, concordo, os 0,20 centavos não me parecem um objetivo capaz de mobilizar tanta gente. Então pergunto a você e aos que debatem aqui pelos comentários: qual seria, então, esse objetivo? O que mobilizou tanta gente nesse último ato? Compreendo sua postura liberal, jornalista, e lendo seus comentários vejo uma coerência entre eles e sua postura. Acredito que isso é muito importante. Mas ainda não compreendo o diagnóstico positivo em se pensar o ato como um amontoado de projetos individuais mal definidos e inexplicáveis pelos próprios companheiros que ali se encontravam. Vi, por exemplo, uma pessoa com a bandeira escrito “Fora Collor!” (sendo os “ll”s em verde e amarelo) e quando pedi uma explicação daquele imenso cartaz, o companheiro não soube me responder.
Além disso, ontem, nesse imenso passeio pela Av. Faria Lima, muitos pararam, várias vezes, e aplaudiram os moradores daqueles imensos e apartamentos (que custam milhões de reais) pelo fato de que eles balançavam panos brancos para fora de suas janelas, sendo que um deles, eu vi, era amparado por sua empregada doméstica, devidamente uniformizada de mucama. Não soube muito bem o que pensar sobre isso no momento, por isso me calei durante alguns minutos, e não conseguiria escrever aqui, agora, nos limites desse espaço, tudo o que, para mim, está implicado nessa cena.
Foi um ato sintomático. As coisas estão mudando, com certeza. Mas para onde? Para que? Para quem?
Elas estão mudando mesmo?
Abraço,
César.
Na minha opinião, é saudável que não exista ainda uma “agenda” para os protestos. Isso só mostra que as pessoas estão cansadas da forma como a política é realizada no Brasil, cansadas de diversas coisas que estão erradas com o país. Aonde isso vai parar, ninguém sabe, mas vejo como o começo de uma retomada de consciência política, e acho isso muito bom.
Também concordo que o movimento tenha se desprendido do protesto em relação aos 0,20 centavos.Mas não é o que parece aos lideres do MPL. Ontem em uma entrevista dos lideres do movimento no Roda Viva da Cultura ,eles diziam que a grande maioria estavam nas ruas reivindicando os 0,20 e que eles conseguiram isso(verdade em partes e crédito a eles). Mas pelos relatos(inclusive o meu,que não ando de ônibus,mas eu estava no protesto),não acredito no manifesto quase que único pelos 0,20. Penso eu que eles perderam a oportunidade de se fortalecerem e fortalecerem o manifesto , se dissessem que sim,todos estavam ali pela indignação geral do País e não só pelos 0,20.Será que o MPL disse isso para que não se perca o foco do manisfesto inicial ou será uma nova chapa política se formando? Acho que já vi esse filme antes e os dias de hoje relatam esse filme.Apenas minha opinião! Abs e de volta as ruas por um todo melhor!
“Eles” são o quê, 200, 250 mil num universo de 140 milhões de eleitores? Não são milhões de pessoas com senso crítico, meu caro, infelizmente, são milhões de esfomeados que votam em quem promete tirá-los da miséria.
Foi mal aí, era resposta pro mandinga, saiu no lugar errado.
O único receio que eu tenho é ver a causa dessas manifestações serem apropriadas por pessoas ou grupos indevidos. Vejo uma ingenuidade muito grande por parte de alguns jovens que fazem parte desse movimento, o que facilita sua transformação em massa de manobra….
Apesar de compartilhar desse temor, o que eu vi pessoalmente foi gente realmente esclarecida saindo às ruas. Enfim!
Espero que não fique de fora da pauta de reivindicações o combate à criminalidade e à impunidade que arregaçam com o povo brasileiro. Espero que saibamos votar direito nas próximas eleições. Eu já sei em quem NÃO vou votar na próxima eleição. Gosto daquela frase: “faça um político trabalhar: não o reeleja”.
Será que iremos sentir o efeito dos protestos nas eleições de 2014,
momento próprio, numa democracia, Reclamar de gastos com a Copa do Mundo e Olimpiadas em detrimento de saúde, segurança etc. só agora eles lembram? quando houve as escolhas o Lula foi considerado herói.
Pois é, mas o Lula era tido como um “Messias”. Agora sabemos – digo o Povo no todo – que não é bem assim, que havia um jogo político sendo praticado desde sempre. Antes tarde do que nunca.