Dylan, Vandré, Public Enemy... Latino?
21/06/13 14:30O povo tem mais um motivo para protestar: inspirado pelas manifestações que se espalham pelo país, o cantor Latino anunciou hoje que está preparando “a música da futura reforma política brasileira”.
Será que a canção de Latino vai se tornar o hino desses protestos? Será ele o Sergio Ricardo, o Bob Dylan da geração Passe Livre? A conferir.
Enquanto a música de Latino não chega, vale a pena lembrar algumas canções de protesto que marcaram época. Em ordem cronológica:
Noel Rosa – Campanha da Boa Vontade (1931) – Insuperável cronista musical da vida brasileira, Noel, um gênio que morreu aos 26 anos, fez diversas músicas de cunho político, sempre com bom humor e ironia incomparáveis. Que tal “Comparo o meu Brasil a uma criança perdulária / Que anda sem vintém, mas tem a mãe que é milionária / E que jurou batendo o pé / Que iremos à Europa num aterro de café”?
Billie Holiday – Strange Fruit (1939) – Escrito por Abel Meeropol, um professor americano, o poema “Strange Fruit” (“Fruta Estranha”), depois musicado, falava de linchamentos de negros no sul dos Estados Unidos. A letra fazia uma arrepiante analogia entre a imagem de um homem negro enforcado e uma “estranha fruta balançando em árvores”.
Bob Dylan – Masters of War (1963) – Ao estilo de seu ídolo, Woody Guthrie, Dylan compôs uma violenta condenação da Guerra Fria e de políticos que promoviam a guerra, antecipando um tema que seria abordado por muitos músicos no fim dos anos 60, com o agravamento da Guerra do Vietnã.
Creedence Clearwater Revival – “Fortunate Son” (1969) – Estupenda canção de John Fogerty sobre os filhos de políticos que não eram chamados para a guerra do Vietnã, enquanto o resto do país mandava os filhos para morrer na selva: “Não sou eu, não sou eu / Eu não sou filho de militar / Não sou eu, não sou eu / Eu não sou o felizardo.”
Geraldo Vandré – Pra Não Dizer que Não Falei de Flores (1968) – Nenhum DCE é de verdade se não tiver alguém tocando violão e cantando: “Vem, vamos embora/ Que esperar não é saber/ Quem sabe faz a hora/ Não espera acontecer”.
Crosby, Stills, Nash e Young – “Ohio” (1970) – Assim que ouviu sobre a morte de quatro alunos da Universidade Kent State, de Ohio, por policiais, Neil Young escreveu esse lamento, que foi imediatamente gravado pelo CSNY. David Crosby diz que chorou durante toda a gravação.
Marvin Gaye “What’s Going On” (1971) – Só Marvin Gaye poderia cantar uma letra tão pesada sobre a Guerra do Vietnã de forma tão suave e sensual: “Mãe, mãe / Há muitas de vocês chorando / Irmão, irmão, irmão / Há muitos de vocês morrendo.”
Ultraje a Rigor – “Inútil” (1983) – Durante um bom tempo, foi uma espécie de hino não-oficial da juventude brasileira, uma canção cheia de ironia e que esculhambava nossa própria apatia.
Public Enemy – “Fight the Power” (1989) – O grupo de Chuck D misturou jazz, James Brown, gravações de velhos discursos de protestos, sirenes de polícia, e muita, mas muita raiva, e criou uma das canções mais incendiárias não só do rap, mas de toda a música, um hino contra a injustiça social, o racismo e a brutalidade policial.
Rage Against the Machine – “Killing in the Name” (1992) – Lançada seis meses depois dos violentos conflitos raciais de Los Angeles, a música do RATM ataca o governo, a polícia, a Klu Klux Klan, a indústria bélica e quem mais estivesse pela frente. Periga ser a canção de protesto mais popular e adorada dos últimos tempos.
mais um oportunista de plantão
Perto do latrina (sic) até o Twisted Sister entra nesta lista.
Você parece estar realmente acreditando que essa modinha de protestar vai mesmo dar em alguma coisa. Não leva em conta que uma boa parte desses individuos nem sequer usam transporte coletivo, outra parte é formada por vândalos que nem sabem do que estão protestando e outra parte ainda de oportunistas que estão ali para saquear. Levar fé nessa molecagem é o mesmo que achar que foram os caras pintadas que derrubaram o Collor.
Eu detesto concordar com o Cirilo, mas concordo. Eu temo que a maioria dos “manifestantes” não tem a menor idéia do que está fazendo nas ruas.
E pode apostar que esses justiceiros não representam o cara que pega ônibus todo dia até o trabalho e que toparia até pagar mais caro pelo transporte se isso representasse melhorias ou até mesmo se fosse para acabar com esse tumulto e poder ir e vir sem ter o ônibus apedrejado. Estudantes que ganharam carro do pai no aniversário para irem até a faculdade não dependem de busão, não topariam diminuir 20 centavos da mesada e não podem representar a sociedade.
O latino é desses fenômenos a serem estudados. Como pode ser tão ruim durante décadas e ainda sim ter tanto espaço na mídia. O cara vem se lascando nas redes sociais e agora achou uma brecha para se inserir na “massa”.
Most of my heroes don´t appear on no stamps….viiiixeeeeee….valeu, Chuck D!!!!
Tem Outra genial: In The Ghetto do Elvis, fenomenal.
Pior que o Latino fazer uma música, é ele seguir o que sempre faz e pegar a música de outros e destruir. Imagina a versão “Latino” de Killing In The Name ou Fortunate Son?
Sugerindo letra pro Latino.
intro:
E se baixarem o pau
vem com latino e faz au au
E se baixarem o pau
bundalelê com daddy krall
Os lekes tá na pista
E eu mando meu recado
o bonde é do protesto
E o meu Ap já tá lotado
Eu não quero copa
eu quero é cozinha
eu quero o seu cartaz
e tudo mais
que você tinha
você tinha/você tinha
e vai ter muito mais
é só colar em mim
cê vai na frente e eu atrás
Enfiei no facebook
pra você retuitar
Vamos dançar na rua
é o protesto do Lala
refrão
Pec 37 , Rex ! Que eu pego até 40
aqui não tem refresco
não o spray de pimenta
Pec 37 rex!
É o protesto do milênio
meu flow e meu rolex
são como gás lacrimogênio
é que no palco cê dá show
No pal- co -cê -dá -show
Não tem tira- teima
tá na cara que foi gol
Lalá é bom de mira
pode crer que a bola entrou
(falado, em tom desabafo 🙂
cada um é cada um
e todo mundo é diferente
Lalá com daddykralll
tá na linha de frente
a gente mudamos o país
com escola mais decente
que é bom você saber
o povo também é gente!
Credo…
André, eu adotaria agora mesmo a sua lista para não ouvir o Latino. Acrescentaria a do Dead Kennedys e “Deus Lhe Pague”, do Chico Buarque que faz parte do álbum “Construção”. Abs.
Tem também geração Coca-cola e Que País é Este.
Poxa, nada do Atari Teenage Riot ?
http://youtu.be/_ab7Dksqfnw
Este cara é um idiota! Só escreve lixo, é um total sem noção e agora quer aparecer as custas de um povo furioso com muitas coisas erradas e entre elas este LIXO MUSICAL, poluição sonora. FORA LATINO!
Barça, compartilhei! Tomei a liberdade de colocar Refuse Resist do Sepultura na lista!
Abs do ex assistente do japa Yada.
E Sepultura com “Refuse / Resist”?
Muito boa lista ! Mais uma:
Rockxixe – Raul Seixas
Quem colocou na cabeça desse indivíduo que ele é cantor, hein!
Vai ser a completa desmoralização dos movimentos sociais, maior ainda do que a desmoralização causada pelo vandalismo de uns poucos. Alguém ai, não deixe ele fazer isto não!
Uma lista dessas não tem fim, mas cito também Sunday Bloody Sunday.
Seria uma ótima pergunta pro Garagem… Qual vai ser o nome da música do Latino que será o hino das manifestações no Brasil?
Street Fightin Man, dos Stones.
Barça, copiei e colei mais alguns, citados por você num post mais antigo, valeu? Taí:
Dead Kennedys – California Über Alles
O ápice do talento cômico de Jello Biafra. Uma formidável gozação com Jerry Brown, então governador da Califórnia (e atual também!), em que Jello imagina o Estado como uma ditadura “hippie fascista”. A letra sempre me pareceu um pouco injusta, já que Brown fez um ótimo governo e sempre foi um sujeito preocupado com meio ambiente, opositor da pena de morte, etc.
Uma nota curiosa: em 1992, eu estava com Jello num restaurante no Rio, e quem entra? Jerry Brown em pessoa. O cara não só reconheceu Jello, como foi até a mesa cumprimentá-lo. Democracia é isso aí.
Noel Rosa – Nâo Tem Tradução
Uma letra ácida sobre a pompa de nossas elites: “Essa gente hoje em dia que tem a mania da exibição / Não entende que o samba não tem tradução no idioma francês / Tudo aquilo que o malandro pronuncia / Com voz macia é brasileiro, já passou de português”
Adoniran Barbosa – Saudosa Maloca
Letra dilacerante, narrada em primeira pessoa. Quase dá pra ver Adoniran e seus amigos, Mato Grosso e Joca, olhando impotentes, enquanto os tratores derrubam o barracão.
Neil Young – Southern Man
Young fez esse ataque ao racismo do sul dos Estados Unidos depois de ser ameaçado por um grupo de caipiras: “A mudança sulista / virá finalmente / agora suas cruzes / Estão queimando depressa”. O Lynyrd Skynyrd não gostou e revidou com “Sweet Home Aalabama”: “Eu espero que Neil Young se lembre/que um homem sulista não precisa dele por perto”. Mas acabou tudo bem: Young e Ronnie Van Zant tornaram-se grandes amigos.
Chico Buarque – Construção
Um relato quase jornalístico da vida – e morte – de mais um João ninguém.
Gil Scott-Heron – The Revolution Will Not Be Televised
Em 1970, Scott-Heron via seus amigos voltar do Vietnã em caixões, os bairros negros devastados pela miséria e heroína e Nixon ganhar mais uma eleição. O resultado foi essa obra-prima vitriólica.
Elvis Costello – Tramp the Dirt Down
Se você vai falar mal de alguém, vá até o limite. Foi o que Elvis Costello fez nessa letra sobre Margaret Thatcher, onde diz que sonha em pular na cova da velha. Brilhante.
Specials – Ghost Town
O hino de uma Inglaterra cinzenta, triste e dominada por Margaret Thatcher. Tem uma melodia fantasmagórica, que casa perfeitamente com o tema da “cidade fantasma, onde os jovens brigam entre si”.
Boa!
Acho que o Latino pode entrar em outra lista encabeçada pela música protesto “mala” “Give Peace a Chance” de John Lennon.
que país é esse?
excelente post barça! incrivel o oportunismo, quem vai tocar percussão carlinhos brown?
André, o Noel não chegou a completar 27 anos, faleceu alguns meses antes com 26.
Tem razão, foram 26 e meio, vou mudar. Valeu!
Coma certeza a do Latino irá superar todas essas kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk…
Só podemos esperar algo genial do autor de “amor de pizza, onde bate fixa”, crítica seminal à impunidade no Brasil.
Quem são essas pessoas que voce citou junto com o Latino? ahaha
Ótima lista, percebe-se a qualidade das músicas. No final dos 60 e começo dos 70 era muita coisa boa com o tema de protestos. Lembrei de mais uma que eu gosto, Living For The City do Stevie Wonder.
Latino é o cara. Tem um senso de oportunidade inigualável.
É, tem mesmo o senso de oportunidade.
Só não tem o mais importante, o senso do ridiculo.