Ser "apartidário" não é ser "antipartidário"
24/06/13 07:05Meu colega da “Folha”, Mário Magalhães – autor da excelente biografia “Marighella”, que recomendo demais – escreveu um texto muito interessante em seu blog na última sexta-feira (leia aqui), com o título “Quem não gosta de partido é ditadura. Hora de escolher: ou dar as mãos aos skinheads neonazistas ou abraçar a tolerância e a democracia”.
Mário criticou a reação de alguns manifestantes que, nos protestos de quinta-feira, reagiram com violência à presença de integrantes de partidos políticos e sindicatos: “No país inteiro, militantes portando bandeiras, estandartes e símbolos de partidos políticos, centrais sindicais, entidades estudantis e movimentos sociais foram escorraçados por uma turba intolerante. Em São Paulo, os principais executores dessa modalidade de repressão política foram os skinheads, os ‘carecas’ neonazistas. Botaram para correr quem vestia camisa vermelha, rasgaram bandeiras de agremiações e arrancaram faixa do movimento negro. São racistas e homofóbicos. No Rio, essa turma agride, fere e mata gays.”
Nesse ponto, concordo inteiramente com o Mário: todo mundo tem o direito de se manifestar, inclusive os partidos, sindicatos, uniões estudantis, etc. Os protestos não são “território” de ninguém.
Mais preocupante que o fato de skinheads terem reagido assim – esse é, infelizmente, o modus operandi desses boçais, que precisam ser combatidos – foi o fato de pessoas que não são skinheads ou ligadas a grupos extremistas terem agido da mesma forma. Houve uma clara rejeição à presença de partidos e sindicatos nas manifestações, que não partiu só de skinheads.
O pior é que muita gente aplaudiu e apoiou essas reações violentas. Parece existir uma preocupação grande – quase uma obsessão – em não partidarizar os protestos.
Acho que está havendo uma confusão grande em relação a esse tema.
As pessoas parecem estar confundido “apartidarismo” e “antipartidarismo”. São duas coisas bem diferentes.
Pessoalmente, acho ótimo que os protestos sejam apartidários, mas não posso concordar que sejam antipartidários. Defender manifestações gregárias e inclusivas não significa escorraçar quem pensa diferente de você.
O ideal seria que os protestos mantivessem um caráter apartidário e inclusivo, mas que deixassem os participantes se manifestarem da forma que bem entendessem.
Como bem disse Mário, manifestações populares importantes da história do Brasil tiveram a presença de diversos partidos. Eu estava na Presidente Vargas – com meu pai – em abril de 1984, no famoso comício das Diretas, e vi Lula, Ulysses Guimarães, Fernando Henrique Cardoso, Brizola, Quércia, Tancredo e muitos outros dividindo o palanque. Bandeiras do PT, PDT e PMDB tremulavam lado a lado.
Acho perigoso comparar períodos históricos. Naquela época, partidos eram bem mais importantes e tinham mais representatividade que hoje. Quem diria que, 30 anos depois da campanha pelas Diretas, Lula estaria de braços dados com Maluf e Sarney, e os tucanos seriam aliados do Democratas, partido que nasceu do PFL e que, por sua vez, nasceu do PDS?
“Coisas da política”, claro. Mas são exatamente essas “coisas da política” que estão minando a credibilidade de partidos.
Voltando aos protestos recentes: não acredito que seja possível – ou desejável – manter as manifestações livres de partidarismo. Mudanças, se é que vão ocorrer, precisam passar por eles. Muito mais importante que rechaçar a presença de partidos é votar bem, para que eles voltem a ter representatividade.
Não concordo em deixar partidos participarem pois o povo esperava essa iniciativa dos mesmos. Agora que procurem uma alternativa de conquistar credibilidade, coisa que nunca houve, diferente de ter recebido a esperança do povo em partidos que poderiam mudar o futuro.
Esse movimento é sim partidarisado!! Querem ver o PT fora da Presidencia; É um ato partidário ou anti partidário. Para ser apartidário, os resmungos deveriam ser dirigidos contra o Congresso Nacional, onde todos os partidos estão representados e de onde saem a maioria das leis que estão sendo discutidas nestes reclamos da população. Ficar pedindo a saída da Presidente mostra bem o maior interesse PARTIDARIO dessas manifestações. Existe interesse enorme da oposição ao governo em ver decair o índice de popularidade da Presidente. E, se isso der em golpe para derruba-la melhor anda. Partidos que tem medo das urnas agem assim. Só lembro uma coisa: ao tirar uma presidente séria e de princípios honestos, correm o risco de levar novamente Lula para o posto. Todos devem saber que Lula é ainda imbatível em qualquer eleição. Com protestos ou não.
Pera lá, as manifestações foram contra todos: governos municipais, estaduais e federais. Não foram só contra a Dilma.
Na boa, nós sabemos como isso funciona. Esses caras que ficam segurando essas bandeiras estão sempre ligados a esse ou aquele futuro candidato a vereador, que deu um qualquer pra cada um. Isso não tem legitimidade nenhuma, só a velha politicagem profissional.
Sim, mas e daí? Democracia não é isso? Querer que isso não aconteça é uma utopia.
Na Alemanha acontece? Na Noruega acontece? Não. Então não é utopia.
Você quer comparar realidades diferentes? Isso não costuma funcionar.
São realidades diferentes, mas como não comparar? O nosso objetivo não é chegar até lá? Como pode ser utópico se uma parcela do planeta (pequena, é verdade) já conseguiu driblar as piores mazelas sociais, políticas e econômicas e vive com dignidade? Se uns podem, podemos também. Eu acho que você comete um erro muito comum no nosso meio, usa a palavra democracia de uma maneira equivocada. É por isso que eu costumo chamá-la de “a velha prostituta”, cada um faz dela o que quer. Para mim continua a ser um termo inexato.
A que “utopia” vc está se referindo, exatamente?
Ok, talvez tenha ficado dúbio, acho que você disse que é “utopia” considerando o atual momento e eu considerei no sentido de que a melhora seria impossível em qualquer tempo. É isso? De qualquer maneira, eu concordo com o Kin, no Brasil os partidos são insignificantes. Talvez escanteá-los momentaneamente seja uma boa opção. E continuo achando que democracia NÃO é isso.
“Hora de escolher: ou dar as mãos aos skinheads neonazistas ou abraçar a tolerância e a democracia”. Não é só isso. Isso aí é muito simplista, eu acredito que é justamente esse tipo de idéia maniqueísta que está (ou deveria estar) ultrapassada, é algo que “trava” os debates, fica tudo meio raso. Aliás, o próprio PT sempre gostou desse tipo de pensamento.
Sem falar em alguns grupos que, para criticarem a postura apartidária resolveram alegar que “estão acordados há mais tempo” (esse é o termo usado!) e por isso têm mais direito do que os outros de se manifestarem. Os outros, segundo eles, são os “recém acordados” que não possuem uma “história de luta”. Era só o que faltava…
Texto completamente equivocado. O povo brasileiro não está com raiva da política. Está com raiva dos políticos. Em 2014 todos estarão lá votando tradicionalmente, na esperança que essas manifestações tenha colocado um pouco de juízo nesses vândalos que ocupam as poltronas do Congresso Nacional, os Palácios de Governo e as prefeituras nos dias de hoje. O povo quer mudança, não quer trocar a política por uma ditadura.
Quem falou em ditadura, Maurilio? Eu? Falo inclusive da necessidade de votar melhor, ou seja, em nenhum momento falo em ditadura.
As manifestações não foram antipartidárias. Não houve pleito nenhum de dissolução, cassação, extinção ou que fosse, de partidos.
Houve manifestação contra partidarização dos protestos.
Isto porque o protesto tem um mote comum a todas as manifestações que abriga: Indignação e repúdio sobre o descalabro com que é exercida a representação política.
Os partidos, indefinidamente, são alvos do protestos, mas o que se pede é que se aprumem e que ajam como se deve.
Esperar a aceitação de partidos nos protestos é esperar que o Marcos Feliciano participe da parada gay e seja bem recebido.
Em qualquer caso, porém, nenhuma violência é legítima.
Ninguém falou em dissolver partidos, mas é ÓBVIO que houve uma repulsa à ideia de participação dos partidos nas manifestações.
Mas André, não foram os partidários que começaram as manifestações. Depois de semanas, quando a coisa engrenou eles vem dar as caras pra sair na foto? Óbvio que não concordo com a violência mas sou a favor sim de impedir esses aproveitadores de aparecerem as custas da movimentação do povo, idem aos saqueadores e vândalos que aproveitaram o mesmo para seus fins criminosos. Não vejo diferença entre esses dois grupos. Não importa se o governo é do PT ou PSDB, eles fazem parte de uma máquina viciada que ignora totalmente as necessidades do povo que a sustenta. Maioridade penal reduzida para 14 anos vai acontecer quando algum pivete matar um filho de um figurão ou político influente, já que todo dia um cidadão do povo morrer nas mão de alguém inatingível pela lei não é suficiente para sensibilizar nossos governantes. E voltando a discussão normal, que eu saiba já vi várias vezes brigas entre partidos normais e opostos em manifestações em comum ou contrárias. Estão dizendo que cada um manifesta por algo, mas acho que a questão é muito simples: governantes sejam de qual partido forem o povo não está mais aceitando passivamente qualquer abuso.
É ÓBVIO que houve.
Como é ÓBVIO que haveria repulsa ao Feliciano participar da parada gay.
É ÓBVIO que há repulsa ao que é objeto do protesto.
É ÓBVIO que você não leu direito o que eu escrevi.
Li sim, e continuo não concordando inteiramente.
Seria simpático dizer o motivo. Interesso-me por sua opinião, sinceramente.
Por que você parece achar que “antipartidário” significa querer dissolver partidos. Eu nunca disse isso. Usei a palavra “antipartidário” para descrever protestos que desejam excluir partidos. Meu ponto é que as manifestações podem – e devem, espero – ser apartidárias, mas não deveriam excluir partidos, até porque os partidos, goste-se ou não deles, são o instrumento de atuação política que temos. Uma manifestação que não leva em conta os partidos, a meu ver, não terá grande chance de mudar nada.
Ah bom. O problema é que você quis mudar o sentido da lingua portuguesa. Agora entendi. Discordo, mas acho seu ponto de vista factível, uma alternativa válida no debate.
Não quis mudar nada. Os protestos, que deveriam ser apartidários, foram, sim, antipartidários, já que não aceitavam a presença de nenhum partido. O apartidarismo é neutro e inclusivo, participa quem quer, já o antipartidarismo parte do pressuposto que só alguns podem participar. Prefiro o primeiro e acho o segundo uma violência, mesmo achando os partidos brasileiros todos umas porcarias.
Acho que essa foi uma forma encontrada de não desqualificar a discussão. Como o PT acusa todo mundo que critica o governo de ser de direita, reacionário, tucano, etc. e aí a discussão naufragra, uma forma de manter a discussão foi essa. Faça um exercício: Imagine se o Serra tivesse ganho a prefeitura. A militância do PT teria ido pra rua se aproveitar da causa do MPL. Seria uma discussão apartidária?
Não sei em outros lugares do Brasil, mas em São Paulo a coisa está estranha.
Os movimentos sindicais, os partidos de esquerda, os anarcopunks, os antifascistas, os “apátridos” e grupos de universidades não estão mais presentes. Não apareceram na última manifestação que ocorreu no sábado.
Pelo contrário, nas duas últimas manifestações há famílias, um sentimento nacionalista enorme e grupos de Carecas do ABC e integralistas presentes.
Agora o alvo são dois: Dilma e PT. Os partidos de direita nem são citados mais como no começo.
Sou a favor de movimentos apartidários, mas é bom lembrar que tirando o PT, os partidos de esquerda e grupos antes citados foram quem começaram com tudo isso e levaram muita borrachada da PM.
E as bandeiras queimadas quinta feira passada na maioria das vezes era por populares aparentemente sem filiação.
Tenho medo que pequenos grupos extremistas se infiltrem e façam a cabeça da maioria “apartidária”.
Concordo que o mais importante é votar bem.
A maior luta aí é fazer com que a população saiba escolher os políticos que farão a representação fazer valer. E não ficar com esse papinho contra partidos.
acho este vídeo tem alguns pontos bem interessantes. Embora não concorde totalmente com o vídeo.
http://www.youtube.com/watch?v=8lXla2IHqYE
Já eu gostei de ver os petistas sendo ridicularizados. O panaca Rui Falcão convocou em seu Twitter uma “Onda Vermelha”. Ele imaginou que centenas de milhares de “admiradores” do PT sairiam às ruas e tal Onda Vermelha encamparia os movimentos de protesto. No fim, certamente a Onda Vermelha louvaria o “excelente” governo Dilma e tudo ficaria por isso mesmo. Idiota! Apareceu uma meia dúzia de pingaiadas, que quase levaram umas bolachas do povão. O panaca depois apagou o chamamento da “Onda Vermelha”.
Acho que só o Zé de Abreu acreditou nessa besteira…
A última onde vermelha eficaz que “vi” foi a de T-34’s contra os Panzer do tio de bigodinho…
Eu posso reclamar da violência, inclusive da violência “pacífica” de impedir a liberdade de ir e vir das pessoas.
Já os PSTUs e PSOLs da vida não podem! Não podem porque são notórios usuários dos mesmos métodos. Não podem porque apoiam a baderna e a violência praticada pelo MST, Vila Campesina, CMI e etc.
Aliás, é cômico reclamar da violência em um post que faz propaganda da biografia de um terrorista assassino.
Por fim, é óbvio que o grosso da violência não foi feito pelos carecas que, apesar de boçais, são uma ínfima minoria, sem nenhuma representatividade política e sem nenhum apoio popular. Quem promoveu a baderna foram grupos de esquerda com treinamento em táticas de guerrilha (vide, por exemplo, aquelas correrias nos gramados de Brasília tentando desorientar a polícia).
Eu também participei das manifestações pelas eleições diretas. Acho que um pouco de utopia e ingenuidade fazem a vida da gente um pouco melhor. Hoje em dia eu ando muito cético em relação a política partidária em geral. Além dos feudos tradicionais como Sarneys, Magalhães, Malufismo,etc., vejo que as linhas partidárias ditas como “progressistas” ou “honestas”, acabam seguindo a mesma linha. Só para citar um exemplo, o José Serra está procurando um apartamento pois está morando em uma mansão emprestada pelo Andrea Matatazzo, ou ainda o Ulysses Guimarães faleceu voltando de helicóptero do Condomínio Laranjeiras. Acho que todos tem o direito de ter amizade com quem quer que seja , mas essa proximidade com o poder, essa distância dos políticos com a realidade da população, cada vez mais gera uma falta de identificação e representatividade.
Eu discordo de tudo.
Estive em várias manifestações em São Paulo, em lugares diferentes, e não vi um só skinhead ou neonazista. Tudo o que vi foi uma diversidade enorme de idéias e pessoas, em profusão, uns interagindo com os outros. Foi o movimento de rua mais democrático que já vi.
Por outro lado vi manifestantes sectários, ligados a diversos partidos (todos de esquerda, com exceção do PT), tentando manipular a pauta, instituir gritos de ordem, ocupando agressivamente o espaço das pessoas. Tentavam organizar gritos de protesto contra o Joaquim Barbosa, pela anulação do julgamento do mensalão, contra os “demotucanos”, apoio à Dilma, e por aí vai.
A reação das pessoas contra os partidos e suas milícias foi generalizada e não organizada, como muitos estão querendo fazer acreditar.
A questão é: será que ainda é possível votar bem? Levando em consideração que os partidos no poder, sem exceção, elegem sempre quem eles querem, pois o ciclo de candidatos muda muito pouco, ou seja, vai o Maluf como candidato do partido dele, o Sarney do dele e assim por diante, sendo sempre as mesmas caras, e quando muda um pouco geralmente é indicado pelos velhos picaretas de sempre. Eu acho tudo uma grande balela, acreditar que o sistema político brasileiro permite uma renovação verdadeira com as lideranças existentes, a corrupção está tão enraizada que um acaba protegendo o outro e vice-versa. A única solução que eu vejo é começar do zero, não acho que seja possível com os políticos atuais.
Concordo com o artigo André, curiosamente publiquei um texto sobre o tema hoje em meu blog. Foi antes de ler o seu texto, então deixo claro que não foi cópia, ok? hahaha abraços!
http://ronaldocasarin.wordpress.com/2013/06/24/neonazismo-da-as-caras-em-protestos-pelo-brasil/
Creio que todos nós estamos fartos de política… ao menos de como hoje em dia ela é nos apresentada.
Os símbolos de partidos – como as bandeiras – nos remetem a este “modus operandi” e acabam por nos estressar, gerar sentimentos raivosos e as vezes até violentos.
Creio que os neonazistas sejam sim oportunistas nas história, assim como os vândalos e saqueadores – que como bons brasileiros – sempre querem aproveitar-se – no sentido mais pejorativo possível – da situação toda.
Novamente… quero ver nas urnas se os que manifestam e quem apoia terão relevância para alterar alguma coisa ou, gostaria que assim fosse, tomarão a frente do sistema todo para alterá-lo.
PS: Maldito o mundo em que as minorias e os desfavorecidos querem aproveitar-se das brechas e impor sua vontade em detrimento do bem coletivo… ou da maioria.
Corretíssimo F. Agora, imagine se nas próximas eleições o povo decidir NÃO VOTAR em ninguém? Derrubar o voto obrigatório para valorizar as escolhas de quem vota. Quantos candidatos nas próximas eleições não se apresentaram como “um dos que lutaram pelos direitos do povo nas manifestações do passe livre?
Por isso sou contra partidários nas manifestações, para que as mesmas continuem sendo sobre medidas corretas e de bom senso e não em prol do governo deste ou daquele partido.
Citei abaixo que sou contra o voto obrigatório.
Creio que todos tem o direito de manifestar-se, dado o fato que cada cidadão tem sua opinião sobre os assuntos de forma igual a alguns e diferente de outros tantos… vide nossos comentários aqui… que concordam com certos pontos e outros não em determinado assunto.
Não é interessante que os partidários existam, e manifestem-se também – claro que em horários e locais distintos – justamente para dar mais calor as manifestações apartidárias?
Confesso que dá mais gosto torcer para o time X quando este triunfa sobre o time Y ou o segundo sofre um revés.
Discurso contra minorias e desfavorecidos? Eita ranço conservador e intolerante. Desde quando a maioria detém a verdade?
Desde o momento que a minoria tenta enfiar “goela abaixo” sua verdade para a maioria; como se esta fosse verdadeira a todos.
Bom, essa fala eu já vi no Bolsonaro, sendo assim não dá para debater, porque é perda de tempo.
Do mesmo modo que acho que é uma besteira de tempo debater com pessoas que não entendem – não precisa concordar – a opinião de outras. Não é mesmo?
Eu entendi sim, mas quem rema contra as revindicações das minorias é que não entende as necessidades delas.
ops, erro de digitação. Reinvidicações.
Não remo contra nada. Não apoio, não concordo… porém vejo como válido o protestar delas.
Como citou bem o Xico Sá, o patriotismo é o último refúgio dos canalhas.
André, o que os partidos querem, de fato, é surfar na onda de um movimento que explora justamente a incompetência dos partidos. Não vejo um antipartidarismo em si, vejo uma crise de representação. Ninguém acredita mais nos partidos, nem sequer em sindicatos, em função dos inúmeros conluios que vemos todos os dias. Então, que sentido tem em admitir instituições que não representam o povo em um protesto contra (entre outros) instituições que não representam o povo? E a “revolução” do voto, hoje, é impossível de ser praticada, ao meu ver, porque as próprias esquerdas estão se deliciando no poder como as direitas sempre fizeram. A saída é uma nova alternativa, porque PT, PSDB, DEM, PPS, PSB, PP, PR estão sem ideologia alguma (exceto a “ideologia” do poder, dos cargos, dos conchavos). E, honestamente, não dá pra acreditar em PSTU e PCO.
Com certeza fico preocupado com infiltração de skinheads nas manifestações, mas é importante o “apartidarismo” já que o descontentamento é contra todos os partidos, pelo menos na minha concepção. Achei a participação dos petistas uma forçação de barra para se descolar da insatisfação das pessoas com a politicagem, tipo assim, “estamos apoiando 100% os movimentos”. A solução passa através dos partidos mas acho que eles viraram um escudo prá gente da pior espécie.
Concordo com o que você disse, mas nestes protestos não há só intolerância contra partidos.
Vi várias reportagens com o pessoal do Movimento Passe Livre reclamando de manifestantes de “direita” desvirtuando “suas” manifestações.
Ué, democracia é isso, não? Entre outras coisas, é qualquer um poder defender livremente o aborto ou não, a redução da maioridade penal ou não.
Querer o monopólio das idéias e dizer que só que o eles pregam é bom para o povo, é ser tão ou mais fascista que a “direita”.
Sem contar que esse papinho de esquerda e direita já ficou no século passado…
Concordo inteiramente. Quer dizer que um “conservador’ não pode querer o passe livre?
Segundo o MPL não. Ou melhor, acho que eles vão dizer que até pode, mas que não se manifestem em hipótese alguma apresentando causas que o MPL não abraça.
Vi um twitter do Rodrigo Salem falando sobre isso. É a nova modalidade de indie. O indie de passeata.
“Eu descobri primeiro essa causa, então sai fora reaça, que essa passeata é minha” (ou algo semelhante a isso)
No alvo!
Guilherme, quando o pessoal do MPL reclama dos manifestantes de “direita” é por preocupação de não ver associadas ao movimento idéias que eles não defendem. Visto que eram eles quem estavam organizando as manifestações, ou seja, quer defender algo diferente, organize-se. O único exagero que vejo é associar tudo que é direita ao facismo, mesmo assim não houve violência. Se bem que fico pensando, se a juventude do PSDB tivesse apoiado o movimento no começo, como é que eles teriam sido recebidos né?
Exato. Também fico curioso.
Ok, Fabio, até entendo isso como sendo uma justificativa deles para abrandar essa intolerância. Mas lendo as entrevistas fica claro que ter uma opinião diferente é abominável.
E você mesmo se coloca em dúvida para o caso do PSDB ter apoiado o movimento no começo.
Agora quando você fala organizar-se para manifestar algo diferente, lembro do movimento CANSEI em 2007, que foi patrocinado pela OAB de São Paulo e figuras públicas como a Hebe, Boris Casoy, Ana Maria Braga entre outras. Eles foram amplamente ridicularizado por ser supostamente elitista.
Como eu disse antes, numa democracia, entendo que todo mundo tem direito de se manifestar, quando, onde e sobre o que quiser, agora criticar um grupo de manifestantes por sua afiliação partidária, ocupação, classe social, gosto musical, etc. é estúpido e completamente antidemocrático.
Independentemente de concordar ou não com aquele movimento, vendo as reclamações de hoje, vejo que elas não são nem um pouco diferentes entre si.
Em suma, estão novamente transformando tudo num Fla-Flu, BA-Vi, Gre-Nal, Corinthians e Palmeiras e corremos o risco de perder o poder de pressão por picuinha.
Aquela faixa da foto contém um pequeno erro:
Ao invés de Eu quero votar para presidente, deveria estar escrito
EU QUERO SER PRESIDENTE.
Não seria melhor se fosse:
“Não quero ser obrigado a votar para presidente”?
com certeza absoluta…mas não tenho dúvida de que naquela época tanto Brizola, Lula, FHC, Quércia, Maluf etc queriam muito que a democracia voltasse, claro que com eles ocupando a cadeira de presidente.
Resumindo: Vamos tentar mudar para continuar do mesmo jeito. Naquele momento expulsar aquelas pessoas foi uma forma de mostrar desencanto total com o que elas representavam.
andré,
as ditaduras não gostam de partido. é verdade. porém, partidos representavam exercício de democracia. hoje, nem tanto. gritos de oportunistas, todos iguais etc. mostram bem o pensamento que tem caracterizado as pessoas em relação não somente aos partidos, mas também a outras organizações, como sindicatos etc. o já famoso “não me representa”. em 1984, como você escreveu bem, pt+pmdb juntos significava uma coisa, enquanto na atualidade, outra muito diferente. talvez as mudanças façam se necessitar menos de partidos, uma outra coisa se apresente.
sem lideranças, sem pautas específicas, mas o implícito taí, pra quem quiser enxergar: o modelo de organização política (e o modo como se faz e governa) não se sustenta mais. é preciso mudar urgentemente. espera-se também que os dirigentes do país sirvam à população, com honestidade, competência e eficiência; ou seja, que trabalhem.
por que o rechaço (infelizmente, muitas vezes violento) aos partidos etc. nas manifestações é um giro à direita? isso também pode ser uma interpretação radical. até porque direita e esquerda, no país, atualmente.
e, se isso tá acontecendo e propagado, por que ainda aparecem com bandeiras etc.? boas intenções também não têm.
no rio, bandeiras de vários movimentos estiveram presentes nas manifestações, sem maiores problemas. até mesmo da polícia.
André, mas acho que é exatamente este o ponto. Há 20 anos, o PT nos vendeu um sonho de um país melhor para se viver. Depois de 10 anos no poder, o povo não consegue enxergar esse país melhor.
O que se está questionando é a credibilidade dos políticos, independente de partido. A falta de verdade nas promessas, a má gestão do dinheiro público.
Má gestão, na minha visão. Pois na visão do Sérgio Cabral, ele deve achar correto enterrar R$1,2 bi no New Maracanã e deixar hospitais caindo e sem médicos.
Sei lá, é uma questão complicada, pois a falta de uma liderança dificulta uma possível negociação. Com quem a Dilma vai conversar ? Quem é o líder disso tudo ? Não tem.
André,
acho que o que está ocorrendo não é uma rejeição à idéia partido, mas sim aos partidos existentes atualmente… E há de se lembrar que alguns dos maiores governos ditatoriais se apoiaram sobre partidos políticos, inclusive o nazista. E que, na democracia direta ou na semidireta, o poder dos partidos é bem menor – nem toda democracia é representativa.
E, engraçado, o aparecimento das bandeiras partidárias só se deu após convocação do líder do PT, e não por adesão à causa.
O repúdio aos partidos não é uma manifestação de repúdio à democracia, e sim à democracia representativa (e seus representantes) no Brasil.
“Na medida em que buscam o poder, todos os partidos – sem exceção – são variantes do absolutismo” – Proudhon
Tomara, mas não tenho certeza ainda.
Estou curioso pra saber quais os tipos de lideranças que aparecerão com o arrefecimento das manifestações. Os “anônimos” terão que sair da toca. Será muito interessante !!
Sei não. Hacker só se apresenta quando apanhado. É uma manifestação oriunda da internet, onde o costume é achar que nada é ninguém, tudo é de todo mundo, que as leis do “mundo físico” não valem para o virtual etc, com imediatismo, muita informação mas geralmente com falta de consistência e profundidade. Agora parece que a intenção é levar essa mentalidade para o físico. Para empreender as mudanças almejadas e, sobretudo, ter o que oferecer no lugar daquilo que não serve mais, é preciso bem mais que anonimato raivoso. Basta que o governo bloqueie a internet e tudo acaba – o facebook já andou dando uns avisos de “manutenção” bem suspeitos, inclusive.
Acho “macho” demais o pessoal que usa do anonimato para manifestar-se… falando nisto. Vi uma foto no facebook onde um integrante do Anonymous aparecia encarando a Dilma… claro… ele estava mascarado.
Sei que tem o significado que é uma manifestação/movimentação sem face pois representa todas as pessoas ao mesmo tempo e tal mas… não deixo de pensar que uma pessoa mascarada – que por si só mascarado já dá um tom pejorativo – encarando uma de face aberta já é uma especie de covardia… ou medo de sair da toca. Como dissestes.
André, acredito que está ocorrendo uma confusão com os termos utilizados para designar a participação política nos protestos. Nas Diretas Já ocorreram manifestações SUPRApartidárias e não Apartidárias. Foram manifestações que estavam para além dos interesses ou ideologias próprias dos partidos, apesar da presença de todos eles. O que, no meu ponto de vista, deveria ocorrer também nas manifestações que ocorrem hoje pelo Brasil afora. Sds tricolores!
André,
Concordo que a violência dos “skinheads” não se justifica em contexto algum. Mas concordo com a maioria dos manifestantes, que repudiam a ostentação de bandeiras partidárias nos protestos.
Se o presidente do PT quer mandar seus capachos, digo, militantes às ruas, ok. Mas que utilizem OUTRO espaço e criem SEU PRÓPRIO movimento, e não façam como tentaram fazer: usurpar uma mobilização (por sinal, contrária ao PT) para tentar fazer parecer em suas futuras campanhas publicitárias que o PT está com o povo e vice-versa.
Mencionei o PT pois é o caso mais notório, mas isso se aplica aos demais partidos. Digo isso pois é um movimento do povo que se cansou, que sabe que, no Brasil, um partido político é uma questão de número de legenda e de cor, já que a ideologia que eles vêm demonstrando é sempre a mesma: desvio de verba pública para enriquecimento pessoal.
Que usurpou a manifestação foram aqueles que só aderiram ao movimento depois que Globo/Folha repudiaram a ação violenta da polícia e mudaram os próprios discursos (depois que seus próprios funcionários se transformaram em vítimas, diga-se de passagem).
Sem contar o absurdo: neguinho pode andar na frente do protesto com uma faixa do tamanho do mundo com a frase “Fora Dilma” e quem é a favor da presidente não pode nem usar uma camiseta com a sigla do partido em paz. Faça-me o favor.
É ridículo demais um militante do, sei lá, PSTU que está na luta pela redução das tarifas desde o começo das passeatas não poder mais se juntar às pessoas sem ser intimidado.
PS: “…Se o presidente do PT quer mandar seus capachos, digo, militantes às ruas, ok. Mas que utilizem OUTRO espaço e criem SEU PRÓPRIO movimento, e não façam como tentaram fazer: usurpar uma mobilização (por sinal, contrária ao PT)…”
A manifestação nunca foi contra o PT, era contra o aumento da tarifa no transporte público. Estão inclusos aí tanto o aumento do ônibus municipal (administração do PT) quanto no metrô (adm. PSDB).
Perfeito o ponto de vista que vc e o Mario defendem, Barça. O grande problema é que os citados partidos políticos que foram à manifestação o fizeram sob orientação dos líderes que estão sendo questionados e combatidos pelas próprias manifestações. O líder Rui Falcão e o Lula orientaram as bases a participarem dos protestos, provavelmente com o intuito de usarem essas imagens em mais propaganda para distorcer os fatos. Dados o fisiologismo e a demagogia que são prática diária dos políticos brasileiros, fica fácil entender porque ninguém quis os partidos envolvidos nas passeatas.
Pessoalmente eu defendo que elas sejam livres e não haja violência ou repressão à quaisquer manifetantes (obviamente isso não se aplica a vândalos e bandidos infiltrados). Mas entendo que a opinião pública esteja totalmente avessa à partidarização das manifestações por causa do conhecido modus operandi dessas agremiações que querem pegar carona nas passeatas.