Ser "apartidário" não é ser "antipartidário"
24/06/13 07:05Meu colega da “Folha”, Mário Magalhães – autor da excelente biografia “Marighella”, que recomendo demais – escreveu um texto muito interessante em seu blog na última sexta-feira (leia aqui), com o título “Quem não gosta de partido é ditadura. Hora de escolher: ou dar as mãos aos skinheads neonazistas ou abraçar a tolerância e a democracia”.
Mário criticou a reação de alguns manifestantes que, nos protestos de quinta-feira, reagiram com violência à presença de integrantes de partidos políticos e sindicatos: “No país inteiro, militantes portando bandeiras, estandartes e símbolos de partidos políticos, centrais sindicais, entidades estudantis e movimentos sociais foram escorraçados por uma turba intolerante. Em São Paulo, os principais executores dessa modalidade de repressão política foram os skinheads, os ‘carecas’ neonazistas. Botaram para correr quem vestia camisa vermelha, rasgaram bandeiras de agremiações e arrancaram faixa do movimento negro. São racistas e homofóbicos. No Rio, essa turma agride, fere e mata gays.”
Nesse ponto, concordo inteiramente com o Mário: todo mundo tem o direito de se manifestar, inclusive os partidos, sindicatos, uniões estudantis, etc. Os protestos não são “território” de ninguém.
Mais preocupante que o fato de skinheads terem reagido assim – esse é, infelizmente, o modus operandi desses boçais, que precisam ser combatidos – foi o fato de pessoas que não são skinheads ou ligadas a grupos extremistas terem agido da mesma forma. Houve uma clara rejeição à presença de partidos e sindicatos nas manifestações, que não partiu só de skinheads.
O pior é que muita gente aplaudiu e apoiou essas reações violentas. Parece existir uma preocupação grande – quase uma obsessão – em não partidarizar os protestos.
Acho que está havendo uma confusão grande em relação a esse tema.
As pessoas parecem estar confundido “apartidarismo” e “antipartidarismo”. São duas coisas bem diferentes.
Pessoalmente, acho ótimo que os protestos sejam apartidários, mas não posso concordar que sejam antipartidários. Defender manifestações gregárias e inclusivas não significa escorraçar quem pensa diferente de você.
O ideal seria que os protestos mantivessem um caráter apartidário e inclusivo, mas que deixassem os participantes se manifestarem da forma que bem entendessem.
Como bem disse Mário, manifestações populares importantes da história do Brasil tiveram a presença de diversos partidos. Eu estava na Presidente Vargas – com meu pai – em abril de 1984, no famoso comício das Diretas, e vi Lula, Ulysses Guimarães, Fernando Henrique Cardoso, Brizola, Quércia, Tancredo e muitos outros dividindo o palanque. Bandeiras do PT, PDT e PMDB tremulavam lado a lado.
Acho perigoso comparar períodos históricos. Naquela época, partidos eram bem mais importantes e tinham mais representatividade que hoje. Quem diria que, 30 anos depois da campanha pelas Diretas, Lula estaria de braços dados com Maluf e Sarney, e os tucanos seriam aliados do Democratas, partido que nasceu do PFL e que, por sua vez, nasceu do PDS?
“Coisas da política”, claro. Mas são exatamente essas “coisas da política” que estão minando a credibilidade de partidos.
Voltando aos protestos recentes: não acredito que seja possível – ou desejável – manter as manifestações livres de partidarismo. Mudanças, se é que vão ocorrer, precisam passar por eles. Muito mais importante que rechaçar a presença de partidos é votar bem, para que eles voltem a ter representatividade.
É bom que não se misturem as coisas. Creio que as manifestações têm repudiado a presença de bandeiras de partidos, porque não querem que as reivindicações se confundam com manipulações (infiltrações/oportunismo) político-partidárias. E eu, pessoalmente, até entendo essa postura.
APARTIDARIO = FASCISTA = MILITARISTA
Sai dessa, abre uma skol
Sou completamente contra partidos nas manifestações. Não contra o fim dos partidos ou contra um partido específico. É muito diferente.
Felizmente os que não abaixam a bandeira são hostilizados.
Discordo, Eduardo!
Repudio a ação agressiva dos Skinheads, porém acho que é inoportuna a presença das bandeiras, uma vez que o protesto expressa uma insatisfação com todos os partidos pelo não-cumprimento de uma agenda política mínima no país. Agora, rotular apartidários de fascistas e/ou militaristas é muito autoritarismo da sua parte. Eu não sou obrigada a me alinhar com partidos dos quais discordo.
Concordo com o texto, mas vamos analisar por outro ponto de vista. Depois de um dia cansativo de trabalho você vai às ruas, claramente protestar contra o prefeito Haddad, que já havia dado de ombros para o movimento, e lá você encontra partidários e aliados do prefeito empunhando suas bandeiras… é, no mínimo, uma piada de muito mau gosto, é para qualquer pessoa ficar P da vida mesmo…
Concordo. Mas isso não quer dizer que partidos devam ser proibidos de participar.
Não vi ninguém pregando a extinção dos partidos políticos, e se havia eram poucos. Manifestar insatisfação com a atuação dos partidos existentes também não é a mesma coisa que pregar a extinção ou proibição dos mesmos. Sem contar, que na ocasião do protesto em SP, foi uma insensibilidade atroz levantar bandeiras de partidos que têm responsabilidade nas problemas que estavam sendo levantados na manifestação.
Algo que precisa ser esclarecido e que falta ao seu comentário: os movimentos sociais foram historicamente marginalizados e criminalizados desde a nossa nascente República. Sabemos que entre os anos 58-63 acirraram-se posições de classe que significaram uma forte polarização na disputa política daqueles anos, assim como não há nada de novo sobre o quanto a classe média com a sua “ingenuidade política” reforçou as vozes conservadoras e nacionalistas que puderam fazer bom uso desse tipo de discurso vazio. Discurso esse que identifica os problemas do poder público na ideia de vontade política, como se somente o setor político fizesse parte e, consequentemente, pudesse a seu bel prazer direcionar tudo de acordo com a sua vontade. Esse tipo de imaturidade política reforça a marginalização dos movimentos sociais que sempre receberam o apoio dos partidos, sendo independente o vetor partidário ou apartidário desses movimentos. É uma insensatez dessa classe média que acordou agora dizer que os partidos agem de modo oportunista quando participam de uma luta pela redução da tarifa, pois esses partidos estão cotidianamente na luta ao lado desses movimentos. Partidos e movimentos sociais constroem lutas na surdina. Só não ouve quem tá na média ou lá encima.
amigo, brasileiro está viajando e indo cada vez mais longe. usam argumentos tipo intelectooo mas na verdade é tudo papo que não leva a lugar algum. se tivesse partido teria um monte de gente com a mesma ideia sua usando de bla bla bla pra afastar o foco. não importa isso ou aquilo importa é a corrupção generalizada que afasta por completo a nossa crença partidária. só isso amigo. muito simples
Temos que dar um fim nessa polarização de esquerda e direita. No fim isso só serve pros políticos se defenderem de suas falcatruas. Os de esquerda roubam e depois ficam dizendo que é intriga da direita, que são golpistas, “as elite”, etc. Os de direita roubam e depois dizem que é intriga da esquerda que querem transformar o país numa Cuba, Venezuela, etc. E depois na calada da noite, estão todos juntos fazendo aliança pra se manter no poder.
A mensagem que o povo quer passar quando se diz “apartidário” é exatamente contra isso. São pessoas que tem ideologias diferentes, mas estão unidas por um conceito muito básico que é honestidade e seriedade dos políticos. Acho correto não deixar que partidos políticos entrem nessas manifestação, pois o objetivo deles é exatamente de polarizar a discussão e fazer com que tudo fique como antes.
Esquerda, direito, centro, em cima, em baixo, não importa nesse momento, o que importa é honestidade e seriedade pra governar o país.
Boquiaberto aqui…
Desculpe o OFF, mas não vale um post?
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/06/1300301-menina-transexual-e-proibida-de-usar-banheiro-feminino-nos-eua.shtml
Mas não é tão difícil entender o porquê desta rejeição, principalmente ao PT. Um partido que se alia a uma corja como Collor, Calheiros, Sarney e Maluf sinaliza que mudou de lado…quando o eleitorado protesta é ainda acusado de golpista….é claro que a massa não se vê mais representada por este tipo de partido….
Fica complicado defender partidos em um país sem partidos.
O PT que por muitos anos foi um partido político, concorde-se ou não com sua ideologia, bastou chegar próximo do poder para se ajuntar com os mais diversos tipos e inclusive incorporar para si algumas das piores politicagens.
PFL (me recuso a chamar de DEM), PSDB, PTB, PMDB? Todos uma colcha de retalhos com quase nada de ideologia e nenhuma linha de pensamento, repletos de aproveitadores que pulam de galho em galho atrás de uma nova mamata a cada eleição.
Alguns nanicos formam de fato partidos, mas todos muito pequenos e via de regra com intenções radicais seja a direita ou a esquerda.
O “movimento” mesmo sem cabeça tem a intenção clara além de todas as outras: protestar indignadamente contra corrupção e contra o excesso de impostos sem que nada seja lhes devolvido em melhorias sociais.
Desde a redemocratização nós tínhamos um farol contra `tudo de errado que existe por aí`que era o PT. O primeiro ministerio Lula foi considerado esquisito, pois parte dos antigos apoiadores da ditadura, estavam dentro do governo (PTB, então PL, entre outros). Até a eclosão do mensalão, ainda acreditávamos no PT como farol da ética, da moralidade. Hoje esta ilusão acabou. O PT completou o ciclo de corrupção, de compadrio, que sempre caracterizou a politica brasileira. Por isto este sentimento antipartidario. O farol (PT) ainda não apagou, infelizmente. Só que agora foca o lado errado
Sou contra a presença de partidos políticos e de qualquer associação sindical ou não neste movimento simplesmente porque eles não tem nada de bom a contribuir.Os partidos e seus componentes mudam de camisa conforme o rei no poder.Só acho que a primeira bandeira de qualquer movimento que vise melhorar o país passa pela reforma política.O resto ,embora importante, virá como consequência.Há muito tempo só voto em pessoas e não em partidos.
O brasileiro deve ter alguma coisa ligada ao totalitarismo em seu DNA, coisa um pouco estranha para se dizer de um povo considerado tão liberal. Mas basta lembrar que esse mesmo povo elegeu Getúlio Vargas bem pouco tempo depois dele ter sido ditador e quase implantado o fascismo por aqui para saber do que eu tô falando.
André, com todo o respeito a sua pessoa e a seu texto, porém ou está equivocado quanto aos episódios envolvendo partidos, sindicatos e associações estudantis nas manifestações, ou agindo de má-fé. Há vários vídeos demonstrando como se deram as “expulsões” nas diversas manifestações país afora. Mentira que foram perpretadas por skinheads, que grupos gays e negros tenham sido agredidos; a população, de modo geral, está de saco cheio de tanto oportunismo e cinismo eleitoral dos políticos. Se sentiu atacada quando partidos como o PT e movimentos e associações cooptados – que permaneceram em silêncio esses anos todos – vieram dar uma de desentendidos nos protestos, tentando capitalizar em cima das manifestações espontâneas (ainda que estimuladas por diversos fatores). As manifestações não são e nunca foram antipartidária. Uma vez mais, o PT põe em ação sua máquina de mentiras e distorções para funcionar. Abraço.
Eu não disse que todas foram perpetradas por skinheads, mas algumas. Claro que a massa não queria a presença de partidos.
Ideologia é algo que passa longe dos partidos existentes no Brasil. Acho que essa é uma das causas da perda de credibilidades dessa instituições, fora os conchavos descarados como o do Lula com o Maluf. Por isso que jamais voto em partidos, e sim em pessoas.
O que eu acho estranho é que a maioria das pessoas que bateram nos partidos acaba concordando com a mesma pauta que a deles (=mais estado) quando pede “mais saúde”, “mais educação” e coisas do gênero.
Quando ao antipartidarismo, isso mostra como que o sistema partidário atual está caquético. Não é só os partidos de esquerda que seriam achincalhados ali, mas QUALQUER partido. Se fossem espertos fariam uma auto-crítica sobre o assunto e se reformulariam, mas como no fundo todos querem apenas o poder (ou então cargos), não vai acontecer nada.
O recado que deixo é: não confie em ninguém que não seja você mesmo. Não só partidos e sindicatos, mas também movimentos sociais, ONGs, coletivos e ditos “representantes dos oprimidos”
A hipocrisia a maioria dos que se dizem apartidários (na verdade, antipartidários enrustidos, como bem diz o texto) é gritante. Eu aposto que se estivessem lá “militantes” com bandeiras do PSDB, eles seriam tratados da mesma forma. Pelo contrário, desconfio que seriam aplaudidos por muitos. Alckmin e Aécio Neves, péssimos governadores, estão saindo praticamente ‘ilesos’ dos protestos, quase nunca são lembrados pela maioria que não sabe sequer a hierarquia e funções dos poderes.
Acho incrível como pessoas defendem seus partidos como se fosse um time de futebol, colocando o partido acima de interesses da sociedade, por isso sou apartidário, pois assim posso cobrar todos partidos sem fanatismo. Sobre os protestos você tem que acompanhar mais as noticias, pois até boneco representando o Alckmin e Haddad foram queimados, fora o protesto em frente Palácio dos Bandeirantes.
Certíssimo, Cleber, essa elitezinha que existe no país só aceita os partidos de direita. Na verdade, querem comparar essas manifestações com as de outrora. São completamente diferente. As anteriores vieram do povo. As de agora vêm dos riquinhos filhinhos de papai…
Pelo visto você não participou de nenhum protesto Tania. Deve ter visto apenas os comentários do Arnaldo Jabor
E o Rodrigo vê os comentários do Paulo Henrique
Anão de Jardim.
André.
Já ouviu falar no Demoex?
Os partidos políticos estão em uma crise danada. Afinal, sem o “motor” da Guerra Fria,dividir a política em direita e esquerda tornou-se um discurso vazio e soa hipócrita. Para ganhar eleição, político de direita defende bolsa social. Para obter apoio, politico de esquerda defende postura “capitalista”.
Eu já ouvi falar do Demoex, numa pesquisa que fiz uns anos atrás. Descobri uns “partidos” que defendem unicamente esta ideia, não me convenceram muito: parece coisa do Aerotrem. De lá pra cá, notei que existe pouco material no Google a respeito. Pode ser que seja tudo “falso” ou que não haja interesse em divulgar. Mas acho uma ideia interessante, nem que seja usado “parcialmente”. Não acredito em utopias, mas odeio a perspectiva de ficar amarrado em “intermediários” e “grupos de lobbystas” com seus próprios interesses.
Mas… Se puder, quem puder, dê uma espiada: http://pt.wikipedia.org/wiki/Demoex
Não sei o que é, vou dar uma olhada, valeu.
Isso é a Resposta!
André, gosto do seu estilo, vc aceita as críticas e apresenta seus argumentos. Outros colunistas apenas bloqueiam opiniões divergentes. Sugiro, também, que pesquise sobre o Voto Avulso ou Voto Independente ou Voto Livre. Acredito que é isso que a massa quer, mas líderes partidários obstruem esse debate por interesses corporativistas. O voto avulso permite ao eleitor votar em candidatos independentes, ou seja, “sem partido”. Tem uma PEC, a 21/06, pasme, de um senador petista, Paulo Paim (PT-RS) propondo isso em 2010, mas o senador acabou enquadrado pelos dirigentes partidários e a PEC foi engavetada. Em 47% dos países democráticos existe o Voto Livre ou Avulso. EUA, Portugal, Alemanha e tantos outros. Só 13% dos países, os mais atrasados, diga-se de passagem, impedem o Voto Independente, entre os quais Brasil, Peru, México e um tanto da África. Acho que vale um artigo.
Acho que o povo, no momento, quer muitas coisas. Talvez essa confusão em relação ao que a massa quer é que precise acabar.
Zeugma, excelente comentário. Eu não conhecia a denominação Demoex, mas quando entrei para ler me lembrei que já tinha escutado de um sistema parecido, senão é que é o mesmo, que o partido pirata da Alemanha (Piratenpartei) está usando. Eles ainda não chegaram ao parlamento alemão, têm apenas representantes em Berlim e acredito que algumas outras cidades, mas pode ser que nas eleições desse ano eles consigam, e seria interessante ver o uso desse sistema num país inteiro.
Pois é, alguém já me disse que esta “Democracia Direta” pode ser um tiro no pé. Bem… E esta que esta aí não é? O que acho mais estranho é o “silêncio”.
Eu não sabia que o Partido Pirata usa este sistema. Pensei que a principal bandeira deles fosse a livre circulação de produtos culturais… Mas se eles estiverem defendendo isso também já ganharam meu voto (E outros votos, se for o caso).
Não sei se é uma solução ótima. Quem já participou de qualquer Fórum na Internet ou até de Reunião de Condomínio, sabe que não é nenhuma maravilha.
Mas é diferente: quem participa de reunião de condomínio e sua administração sabe o que “acontece”. Quem não participa, só acredita que está sendo roubado.
Estive nas manifestações contra o aumento da tarifa dois anos atrás, fotografando a trabalho para um portal. E posso dizer que vi o MPL com grande influencia e proximidade com o PT, PSOL, PC do B e PSTU.
Bandeiras dos partidos tremularam livremente em todos os 10 atos promovidos pelo MPL em 2011 (se não estou enganado), vi também muitos políticos dos partidos acima nas manifestações.
Interessante. Esse é um dos argumentos do pessoal de esquerda, de que essa coisa de “fora partidos” veio da direita. É que não faria muito sentido o PT protestar contra o aumento da tarifa quando o prefeito é do PT. Mas imaginemos se o prefeito fosse o Serra, como ficariam o MPL, PT e demais partidos no protesto contra a tarifa. Será que seria apartidário?
“Os protestos não são “território” de ninguém.”
Pois bem, André, já pensou no que uma bandeira fincada em um território representa? E o que uma bandeira fincada sobre uma multidão representa? Sou apartidário e condeno a violência contra militantes partidários, no entanto compreendo muito bem a violência velada de se cooptar o corpo do outro para o seu movimento. Use camisetas, bonés, bottons, o que quiser, mas utilize o SEU corpo como suporte, não o meu.
O fato de os partidos quererem cooptar os protestos – o que acho errado – não quer dizer que eles devam ser alijados deles.
É, não deviam ter sido, mas que bom que foram.
André, só uma pequena correção: skinhead, o grupo, é formado por várias vertentes. Uma delas é a ala neo-nazi. As outras, pelo menos as que conheço, não são intolerantes e tão pouco tem a haver com movimentos nazistas.
Com certeza.
Olá grande André, bom dia!
Na minha mais humilde opinião, essa manifestação pelos tais R$0,20 foram uma tentativa desesperada (articulada pelo PT, claro) para tentar desestabilizar ainda mais o governo de SP. Isto porque, na mesma semana, antes das passeatas, saíram duas pesquisas: uma que dizia que Alkimin ganharia as eleições para São Paulo e outra apontando que a popularidade de Dilma havia caído. Daí o MPL foi convocado (para dar a impressão de que eles não são ligados a algum partido) e fazer as manifestações esperando a truculência da polícia para acionar órgãos de defesa dos direitos civis e tentar fazer um barulho junto a opinião pública contra o governo de SP. Até certo ponto a coisa quase que deu certo, tanto que a ONU pediu explicações para o governo de SP quanto a força usada pela polícia e a ONG Repórter Sem Fronteiras iria entrar com um processo contra o estado. Só que o tiro, saiu pela culatra. A opinião pública não deu importância a essas reclamações e eles acabaram chamando para as ruas pessoas que tinham reclamações muito mais urgentes (como saúde, segurança etc.) do que R$0,20.
Outra coisa que me chamou a atenção é que nas primeiras manifestações eles bradavam: “Sem partido!” e depois que outros grupos se juntaram as manifestações e começaram a gritar a mesma coisa, eles acharam errado simpatizantes dos partidos que usam a cor vermelha serem esculachados nos protestos? Estranho, não? E quem será que começou as agressões? Foram os neonazistas usando camisetas com a foto de Hitler estampada no peito? Braçadeiras com a suástica pintada? Como poderiam ter skinheads no meio das manifestações se uma das coisas que eu mais vi foram bandeiras do orgulho GAY? Não vi alguém a favor de Feliciano e Bolsonaro. Essa conta para mim, não fecha…
Também não concordo com a ditadura. O problema é que por anos, quem está no poder hoje reclamou de quem estava no poder e prometeu não repetir a mesma façanha. Hoje, eu creio que o povo que acreditou nessas falácias sente-se traído e não sabe mais em quem confiar. Por isso, acho válido a manifestação sem partidos, para que não seja mais tendenciosa como foi no começo.
Um abraço.
Fala, xarpa, vc acha mesmo que foi “articulada pelo PT”?
Eu não acredito nas manifestações, acho uma perda de tempo, pois como disse o Senor Abravanel: ” Ah, mas o protesto é sobre tudo. Então não é sobre nada.”, mas este tópico dos partidos pode gerar uma discussões relevantes. A quem representam os atuais partidos? Como organizar a energia destas manifestações em propostas e organizações concretas? Fora disto parece reclamar por reclamar.
André, foi assim que a Republica de Weimar desapareceu, dando lugar ao nacional-socialismo na Alemanha. Depois da revolta de Munique em 1923, capitaneada por Hitler, a estratégia foi essa: tornar impopular o pluripartidarismo alemão, alegando a incompetencia das propostas politicas partidarias, enfim, é a velha farsa histórica again, again and again… Mas deixando o baixo-meretricio de lado, aqui em São Paulo esta acontecendo um happening cinéfilo: a mostra Billy Wilder promovida pelo Cinesesc, biscoito finissimo!! Wilder dispensa comentarios (mas fique a vontade, nós agradeceriamos..), e o restauro dos filmes é espetacular, além do trato luxuoso que o Cinesesc deu a mostra: distribuem um catalogo magnifico, um livro, sobre a obra de Wilder, coisa que não se vê por aqui (só encarte com a programação é de maravilhar, e tudo praticamente gratuito, ja que os ingressos custam R$8,00). São 26 filmes, no final de semana vimos “Crepusculo dos Deuses”, “Sabrina” e “Quanto mais Quente Melhor”. Gloria Swanson descendo aquela escada, em delirio, na tela grande, ja não é mais cinema, é metafisica pura!! Coisa de louco, mas na saida de “Quanto mais Quente..” só ficava uma pergunta, depois de uma maratona de 3 obras primas (uma fracasso de bilheteria na época, que é “Sunset Boulevard”): o que aconteceu com o cinema???!!?? Manuel Puig costumava dizer que tudo que havia para ser feito no cinema havia sido realizado até 1960 (ele era um viciado, como eu, no cinema classico americano), o restante era cópia ou reciclagem. Talvez seja um exagero, mas depois dessas sessões, ficou fácil acreditar.
Pois é, Celso, eu vi que está rolando a mostra, vou ver até quando vai e se irá para outras cidades, e farei um post, que merece. Ver Sunset Boulevard na tela grande é o que há.
Barcinski eu fico mais preocupado com essa polarização cega entre esquerda e direita, se olharmos a composição e as alianças dos partidos atuais não veremos diferenças. Basicamente hoje a briga dos partidos é por poder=dinheiro.
Não existe uma briga ideológica, os maiores partidos já se tornaram governo e compactuam com os esquemas de construtoras/propaganda.
Hoje não temos partidos que levem as pessoas as ruas e que nos representem, a maioria desses partidos pagam para pessoas participarem de protestos de forma profissional.
Acho que o Mario Magalhães não acompanhou os protestos em São Paulo pois os gritos contra as bandeiras eram gerais e não vi skinheads, as pessoas com as bandeiras do PSOL tentavam tomar a frente a todo custo e muitas vezes empurrando nesses momentos é que eles foram hostilizados.
Não vejo nada de fascista ou golpista com tais atitudes pois a frustração é a falta de partidos políticos com representação popular, todos eles estão ligados a esquemas sujos, com gente protestando de forma profissional com recursos públicos.
Desculpe A ndré,mas o que aconteceu foi que o PT,tentou capitalizar os protestos através de uma convocação do tal do Ruy Falcão,para tentar jogar uma cortina de fumaça,claramente,para quem estava vendo de fora,ou seja,”nós também estamos descontentes”.Aí não dá.Não vi nuhuma bandeira de outro partido por lá,e nenhuma violemcia contra outros grupos,tipo movimento negro,ou pró gay.
Preste atenção,acho que esse artigo que vc cita é tendencioso,e tenta confundir.
Sou seu fanzaço,e aproveito prá mandar um grande abraço,pois é a primrira vez que escrevo.
Eu sei, Jorge, estou atento ao noticiário. Mas isso não interessa. Se o Rui Falcão tentou capitalizar é uma coisa, achei um erro dele e do PT. Isso não quer dizer que as manifestações precisem coibir a presença de partidos, são coisas diferentes.
Falou e disse.
O Maluf (ooops, o Jorge, não o Paulo) está repleto de razão!
O Brasileiro trata os partidos e a política como trata o futebol, emocionalmente. Esse sentimento anti-partidário surge como surge o sentimento “anti-corinthiano”. Precisamos melhorar nossa representação, não acabar com ela.
Eu acho que os manifestantes do PT não teriam sido hostilizados se tivessem ido às ruas espontaneamente, em vez de terem ido devido a uma convocação do Rui Falcão.
Pode ser.
Acho que muito é devido à ignorância política das pessoas no Brasli. Já me ocorreu muito, ao perguntar a amigos “Em quem você vai votar” e receber como resposta “Não sei. Só não voto no PT (por exemplo), odeio o PT”. E quando eu perguntava o motivo do ódio, a pessoa simplesmente não sabia responder. E claro, ignorance is a loaded gun.
Ignorância esta fruto do forte investimento dos políticos em manter o povo brasileiro burro. Uma geração de pensadores? Nunca, eles não querem sair do poder.
A resposta pra essa pergunta poderia ser: Porque a história diz que o comunismo nunca foi sucesso em lugar nenhum.
Poderia, mas não faria sentido, pois o PT nunca foi um partido comunista. Muito menos agora que adotou a política econômica do governo anterior.
Evandro, você tem razão, o PT não é socialista comunista, o PT defende o capitalismo… affff
Situação complicada essa, do tipo se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Um movimento que começou como uma manifestação local contra a decisão do Prefeito e ganhou o apoio nacional da classe média justamente por se apartidário.
Pareceu a todos que o ingresso de integrantes de partidos foi uma decisão oportunista a fim de parecer que estes estão juntos ao povo. Aliás tenho a impressão de que esses militantes do PT. PSOL, PSTU são como uma torcida organizada, vestem uniforme, brandam palavaras de ordem e recebem “ajuda” financeira para participarem desses eventos.
Porém, entendo que em algum momento próximo se não houver uma liderança, e aí a importânica de um partido, as manifestação iram minguando já que cada um tem um tema ou reinvindicação individual.
Será como aqueles cachorros que correm atrás dos motoqueiros, quando o alcançam não sabem o que fazer em seguida.
as manifestações (oops)
Barça, concordo plenamente contigo, os punks não tinham que reagir violentamente contra nenhum grupo que participou das manifestações. Mas por outro lado, os partidos deveriam ter um bom senso de não ir pras manifestações que foram desde o começo definidas como apartidárias. Se os partidos querem participar da manifestação, que seja sem bandeira sim! Se eles quiserem levar as bandeiras, que façam sua manifestação em dia/hora diferentes, assim cada manifestação fica com seu público.
Aí concordo. Se eu sou chefe de um partido, não faria isso, claro que pega mal. Mas isso é bem diferente de querer tirar partidos das manifestações.
Com certeza, eles tem direito de estar lá. Abraço!
Eu ao contrário do André achei a coisa mais linda do mundo as passeatas lotadas e nenhuma bandeira de partido. Fiquei emocionado mesmo. Não gosto de partidos e tenho a vontade de apagar tudo que temos hoje em Brasília e começar tudo do zero. Os partidos sempre só pensaram em si mesmos. Coisas como, fim do voto obrigatório, salário de políticos proporcional ao salário mínimo, número limitado de mandatos, prisão aos corruptos, entre outros podem parecer utopias, mas eu tenho este sonho. Vocês me dão licença?Obrigado.
Juliano, partidos políticos existem para que ideologias sejam defendidas e colocadas em prática. Como governar sem uma ideologia? Me dê um exemplo dessa sua opinião, como seria o modelo de administração “antipartidário” que você adotaria pra governar o país? Afinal, se você pode criticar, você tem capacidade pra propor a solução né?
Olá
Será que hoje os partidos ainda sustentam uma ideologia? A gente nem se quer mais pode separar direita de esquerda.
As manifestações trouxeram um roll de coisas a serem questionadas e resolvidas no país e, se algum dos partidos que estão atualmente no governo se propuserem a atender as demandas da sociedade, bacana! Ou então que venha um novo partido.
A questão do apartidarismo se dá a partir da incompetência dos partidos políticos, que criaram uma situação de corrupção generalizada. A população desconfia da atuação destes partidos e está coberta de razão.
E o que são hoje os partidos políticos brasileiros? Eu respondo… associação de escroques que só tem como objetivo a manutenção do poder para fins econômicos privados e para isso se utilizam das velhas práticas fisiológicas e populistas “como nunca antes na história deste país”. è uma tal de Lulla abraçado com Maluf abraçado com Haddad que viaja junto com Alckmim que abraça Suplicy amigo de sarney e por ai vai. Ai vem esse pessoal militante (que com certeza levam algum $$ nisso) aparecer no meio do movimento. Haaaaa. para né. Para quem esqueceu, era uma vez um partido político em um determinado país que tinha militância truculenta, bandeiras e um chefe carismático, o que aconteceu? Deu origem ao nazismo (Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores), lembra algum partido brasileiro de hoje?
Renato e Juliana
Se partidos políticos são o “problema” no governo brasileiro, me digam como governar sem ideais. Anarquismo? Militarismo? Me expliquem como vocês imaginam “quem decidirá o que” nesse modelo anti-partidário?
Marcel ao que eu entendi o “começar de novo” não seria sem partidos, mas sim com algo que funcione, afinal dizer que os partidos atuais seguem ideologias desculpe, mas então você não vive no Brasil, como atual partido no poder para mim o PT perdeu toda a credibilidade quando começou a apoiar pessoas que afirmavam de forma veemente serem imorais e corruptas e praticarem tudo o que condenavam na outra gestão. Eu não sou anti-partidaria, mas confesso que fica muito difícil levando em conta o tamanho da base aliada do governo e também as coligações chegar a um consenso do que me representa, ao meu ver chegamos no Brasil a um ponto que não são apenas algumas “maças pobres” estragando as outras, infelizmente a coisa já se alastrou e perdemos praticamento todo o pomar.
Violência nunca resolve o problema, mas você querer entrar em meio a uma multidão que se diz completamente insatisfeita com o alto nível de corrução e impunidade vestindo a camisa e levando uma bandeira que representa a organização de quem os manifestantes quer respostas, desculpa mais é pedir para apanhar né?!
Agora o governo e a mídia dizer que estão surpresos com a insatisfação do povo, é uma falta de respeito com a inteligencia da população, afinal não é de hoje que se vem fazendo pedidos por mais transparência e apuração, inclusive foi entregue no congresso uma lista com mais de 1 milhão de assinaturas pedindo que Calheiros renunciasse a presidência do Congresso …e nada…. alguma hora a bolha iria estourar… e as pesquisas maquiadas e feitas onde o publico simpatizante do governo é alto iria deixar de ludibriar as pessoas que todos estavam aprovando a caótica situação do Brasil.
Jemina
Acho que você deveria estudar os termos PT, socialismo, comunismo antes de dizer o absurdo de que partidos não seguem ideologias.