Começou a maratona dos livros
05/07/13 07:05A Flip foi aberta, oficialmente, na quarta à noite, com a conferência de Milton Hatoum falando sobre Graciliano Ramos, o homenageado dessa edição, e um show de Gilberto Gil. Mas o evento começa para valer na quinta. Escrevo na manhã de quinta, antes, portanto, das mesas do dia. Na segunda-feira, farei um resumão do que vi de mais interessante na Flip.
Quinta seria um dia puxado: além de participar de um debate sobre jornalismo gastronômico na Casa Folha, com minha colega Alexandra Forbes, tinha um debate e uma coletiva para cobrir.
A programação esse ano foi ampliada, com a inclusão de debates sobre as manifestações populares que tomaram conta do país. Achei uma ótima ideia da organização promover esses debates.
Hoje, sexta, participo de uma conversa com Lobão – “Rock, MPB e Cultura Popular – às 20h, na Casa da Cultura. Promete ser quente, até pelas recentes polêmicas envolvendo Lobão e seu livro, “Manifesto do Nada na Terra do Nunca”.
Alguns leitores perguntaram se a Flip transmitiria o debate via web. Perguntei ao pessoal responsável pela transmissão de áudio, e eles me disseram que só as mesas principais, realizadas na Tenda dos Autores, são transmitidas, mas que eles poderiam transmitir o evento com Lobão, se houvesse demanda. Portanto, vale a pena ficar ligado no site da Flip para ver se rola transmissão. Se eu souber de algo, aviso aqui.
É impressionante como a Flip mexe com Paraty. Uma amiga, artista plástica e dona de um ateliê no Centro Histórico, disse que estava com “TPF” – Tensão Pré-Flip. Para ela, o evento representa boa parte das vendas do ano.
O secretário de turismo de Paraty, Wladimir Santander, estima que a Flip gere cerca de 800 empregos, sendo metade para a população local, e movimente algo em torno de 13 milhões de reais. Sem contar os empregos temporários oferecidos por restaurantes, agências de turismo e pousadas. Os hotéis e pousadas ficam tão cheios que muita gente se hospeda em cidades próximas, como Tarituba, a 32 km, e até em Ubatuba, a 71km.
Muita gente reclama, com razão, dos preços abusivos de hotéis e restaurantes na época da Flip. Acho que os donos de estabelecimentos comerciais precisariam se unir para estabelecer limites nos preços cobrados, já que a coisa está fugindo do controle.
Esse ano a situação está ainda mais difícil, já que dia 9, terça, é feriado em São Paulo e muita gente vai emendar. A cidade deve ficar mais cheia que de costume.
A Flip começa num período de otimismo para a cidade, com o anúncio de duas obras importantes que, há anos – ou melhor, décadas – estavam sendo postergadas: a primeira é a reforma da estrada Paraty-Cunha, iniciada há alguns dias. A estrada, uma importante via de ligação turística e comercial com o Vale do Paraíba, está há anos em péssimo estado. As obras devem durar 18 meses. A outra obra é a do sistema de tratamento de água e esgoto de Paraty, cuja licitação será anunciada em 60 dias. Aleluia.
A questão do preço das pousadas e restaurantes nessa época e um fator que dificulta demasiadamente a participação das pessoas de menor poder aquisitivo.
Infelizmente, a FLIP é para poucos.
As pousadas estão pela hora da morte, mas dizer que, por isso, a Flip é só para quem tem grana não é verdade. Já escrevi sobre isso aqui: todos os debates principais são exibidos no telão e dá pra ver na boa, inclusive de fora da tenda do telão. A moça que trabalha aqui em casa não pagou um centavo e viu todos os debates que queria, inclusive o da Maria Bethânia. Todos os eventos da Flipinha são de graça também.
Evento maravilhoso parabéns!
Livros? Em 2013? Fala sério… Vai comprar um Kindle.
E o Kindle serve pra ler o que, bula de remédio????
Queria muito ir esse ano, principalmente por causa do debate com o Houellebecq, mas devido a algumas razõe$ já citadas, vai ficar pra uma outra vez.
E ele cancelou.
André, por que o nome da Alexandra Forbes está entre aspas?
Sobre a FLIP, o Olavo de Carvalho a desancou neste texto: http://www.dcomercio.com.br/index.php/opiniao/sub-menu-opiniao/111976-alguem-e-ninguem
A questão é que, já na primeira frase ele não diz, ao menos de todo, a verdade, já que o Lobão vai participar da feira. Não sei quanto aos demais.
Por fim, fico feliz que a sua tão bela, porém combalida, Parati vai, finalmente, ser presenteada com duas obras fundamentais e esperadas há décadas. Esse novo prefeito é ‘avis rara’ na política ou está com medo de que o povo daí vá as ruas? Hahaha
Desculpe, mas não entendi, está entre aspas onde?
No segundo parágrafo.
Neste trecho: “além de participar de um debate sobre jornalismo gastronômico na Casa Folha, com minha colega “Alexandra Forbes”, tinha um debate…”.
Abaixo da foto. No 2o parágrafo do post. Também estranhei.
Ah, achei que fosse no texto de anteontem, agora vi, já corrigi, obrigado.
Nossa ja peguei essa estrada sem querer, seguindo o gps, é a antiga estrada real, não? Eu estava em um honda fit, parecia cena de filme de terror. 4km em 3 horas!
Barcinski, entre mostras do Howard Hawks e Rivette aqui em SP, me chamou a atenção a estreia do documentário “Marina Abramovic- Artista Presente”, que você assistiu na tv paga e considerou o pior filme do mundo, num post de abril passado. Tô louco pra ver, apesar do tempo escasso. É uma bomba mesmo? Abraço!!
Vá, veja e diga o que achou, por favor.
Estive na Flip em 2008 e guardo ótimas lembranças… pena que não consegui voltar ainda. Espero poder fazer uma nova visita a cidade partindo de Cunha, o caminho deve ser magnífico. Vida longa a Parati!
Gostou da reforma da estrada? Tenha dignidade e agradeça ao Gilberto Gil então, que você tanto critica.
Por partes? Quem critica o Gil? E o que ele tem a ver com que estrada?
É que é uma refazenda, um abacateiro, uma coisa assim, pós-olodúnica, rodoviárica, estradística, antoniocarlosmagalhânica, é, é, é um rio que passou em minha vida, como diria o Paulinho, enfim, da Viola.
André, minha namorada nasceu em Cunha. Vou constantemente àquela cidade. Soube da reforma da estrada Paraty-Cunha, há tempos abandonada. Muitos cunhenses, no entanto, estão ressabiados com a obra. Acham que a via se tornará uma rota de tráfico e de circulação de criminosos. Outros dizem que, após a reforma, a estrada será pedagiada, pois o tráfego aumentará bastante. Há, ainda, o temor de que o Parque Estadual seja aviltado. O que você acha?
Acho possível, claro, mas o que não dava era pra deixá-la naquele estado, concorda?
Gostaria muito de ver o Houellebecq. No Partículas Elementares ele desceu o cajado no Brasil, seria divertido que alguém colocasse o fato pra ver o que ele diz.
Da série “Livros que gostaríamos de ver na Flip”: http://www.iggyandthestoogesmusic.com/us/news/iggy-pop-featured-new-detroit-rock-city-book
Já pegou esse, André?
Não, parece demais isso, hein?
Fui na FLIP de 2008 e curti bastante. O problema mesmo são os preços exorbitantes de tudo na cidade. Nem fiquei em hotel, peguei emprestado uma barraca com uma amiga e fiquei no camping.
Agora meio off, mas ainda relacionado a livros. Você já leu Rock n´Roll: Uma História Social do Paul Friedland? Esse livro já saiu há uns 10 anos aqui no Brasil e sempre fiquei de olho nele, mas encontrei em um sebo por um preço razoável. Se você leu, queria saber se é bem escrito e se ele aborda de forma interessante o tema.
Ontem fez 3 anos de blog Uma Confraria de Tolos.
Parabéns!
Sério? Legal, nem me liguei, valeu pela lembrança.
Espero, sinceramente, que o esgoto não seja jogado in natura nas belas praias de Paraty. Mas duvido muito. No máximo, vão jogar alguns quilômetros mar adentro, o que não impede as famosas línguas negras.
Que bom que com os livros não aconteceu o que aconteceu com a música.
As pessoas ainda compram livros, mesmo em formato digital, em vez de baixá-los de forma ilegal na internet. Se é que existe essa modalidade.
Gostaria de entender a diferença. Tenho amigos que compram 10 / 15 / 20 livros por ano, mas não se incomodam de baixar músicas de forma gratuita e ilegal. E alegam que esta é a nova forma de as pessoas se relacionarem com a música. Mas porque não com os livros ?
Afinal, também é um trabalho artístico.
Essa modalidade existe sim. Há sites, que nem o bookos, que possuem milhões de livros. Não posso tomar meu comportamento como o do usuário habitual, mas creio que quem baixa livros lá costuma também comprar livros físicos.
Os músicos atualmente estão ganhando bastante dinheiro com os concertos, por isso lançam CDs para promoverem seus shows.
Muitos livros são obras de domínio público, e vc pode ter acesso a elas de graça, pois o trabalho de digitação foi voluntário. É o caso do projeto Gutemberg. Na Amazon vc também baixa livros de graça, e coisas interessantes, como a versão das 1001 Noites (Arabian Nights) de Richard Burton (o explorador, não o artista). E guias turísticos de cidades famosas também. US$ 0.00. Já com a música, embora obras clássicas sejam de domínio público, há os direitos da gravação, da gravadora etc, e demorou muito para a indústria fonográfica cair a ficha e começar a vender o download de faixas por um preço razoável, como o faz agora. E mais ainda para abrirem estas vendas para fora dos USA. Aí a cultura da pirataria já estava estabelecida. Depois, o CD é um formato que já caiu em desuso, apesar da qualidade; vi estes dias uma caixa com 40 CD’s de um tenor famoso, com a obra completa de Schubert, por US$ 48.00. Dá US$1.20 por CD! Com o frete dobra. Ainda assim, nunca se viu CD’s de música erudita a um preço tão ridículo, principalmente com um intérprete de primeira categoria. Agora, aqueles mimos como libreto contendo as letras, biografia e ficha técnica, esquece. É só a caixa com os CD’s em envelopes de papel. O resto, se vc quiser, eles oferecem um link na web para baixar o texto. É uma pena, porque ainda gostava de comprar certos CD’s pela qualidade da produção gráfica, ainda que fosse uma vaga lembrança dos tempos do LP. Agora, nem isso.
Querem saber o quê é a FLIP? Procurem no facebook os textos do Felipe Moura Brasil, ou vão até os links:
http://www.midiasemmascara.org/mediawatch/folha-de-s-paulo/14281-a-flip-e-a-folha-uma-festa-caolha.html
http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/14285-e-voce-ainda-ouve-esses-flips-da-pulha.html
Abraço.
Poderiam chamar Mario de Andrade pra homenagear seu post.
Ai que preguiça!