Tchau, Rio, volto depois das Olimpíadas...
18/07/13 07:05Adoro o Rio de Janeiro. A maior parte de minha família mora no Rio e estou sempre por lá.
Mas a vida do carioca não está fácil. Devido às inúmeras obras para a Copa e as Olimpíadas, a cidade virou um caos absoluto. E as cenas de batalha campal, como as de ontem à noite na zona sul e de dias atrás, no centro da cidade, também não ajudam.
Entendo que é impossível fazer obras sem atrapalhar o dia a dia da população, mas o que está acontecendo na Cidade Maravilhosa ultrapassa qualquer limite do bom senso.
O trânsito está insano. Há alguns dias, levei uma hora para ir de Copacabana ao Leblon de ônibus, um trajeto que não deveria levar mais de dez minutos. E isso às 10 da noite de um dia de semana.
Marcar reunião na Barra da Tijuca só é possível entre 11 da manhã e 3 da tarde, para fugir do rush. Dia desses, peguei um ônibus na Barra às 4 da tarde e levei mais de duas horas e meia para chegar à zona sul. O motorista estava atrasado e voou pela Avenida Niemeyer numa velocidade espantosa até para os padrões cariocas. Uma senhora não agüentou: “Motorista, pelo amor de Deus, quero chegar viva em casa!”
A área da rodoviária parece um cenário pós-apocalíptico. Estudei e trabalhei por muitos anos próximo à Praça Mauá e conheço aquela região muito bem, mas simplesmente não consigo reconhecê-la sob os escombros. Várias ruas tiveram as mãos trocadas, e nem os motoristas de táxi conseguem se achar.
Peguei um táxi no Largo do Machado à rodoviária, fora do horário do rush. Em situações normais, não levaria mais de 15 minutos. Uma hora depois, ainda estávamos parados a cerca de um quilômetro da Novo Rio. Precisei deixar o táxi e ir correndo pela rua para não perder o ônibus.
Alguns serviços que funcionavam simplesmente deixaram de funcionar, sem nenhuma explicação. A cooperativa de táxis da rodoviária, por exemplo, não aceita mais cartão de crédito. Se você chega ao Rio sem dinheiro e depois do horário de abertura de caixas eletrônicos, só vai conseguir sair de lá a pé.
O táxi que peguei na rodoviária não passaria em nenhuma inspeção veicular: estava caindo aos pedaços, com cheiro de mofo, as janelas travadas e sem um pino, botão ou manivela no lugar. Claro que o ar condicionado também não funcionava, e o motorista mandou o inescapável “Quebrou ontem, já mandei consertar”.
Pelo menos o sujeito tinha bom humor. Em cinco minutos, já tinha contado a vida toda e reclamado das quatro ex-mulheres para quem pagava pensão: “Tô tão f*dido que falei dos meus problemas para um charreteiro e até o jegue caiu no choro!”
Para quem acha que a situação no Rio está difícil, vale lembrar que, semana que vem, a coisa só vai piorar, com o início da Jornada Mundial da Juventude. A cidade está se preparando para o evento em puro espírito fraternal: hotéis triplicaram os preços, companhias aéreas cobram quase mil reais por um vôo para São Paulo, e taxistas avisam que terão “tabela especial” para a visita do Papa.
Que 2016 chegue logo…
É Karma ou Carma. Passaram anos fazendo piadinhas (SP não pode parar porque não tem onde estacionar) típicas de cidades provincianas. Prefiro morar em Cuiabá do que na zona sul do Rio de Janeiro – não dá pra perder tempo na vida com gente arrogante, orgulhosa e, sobretudo, provinciana.