Nove partiram, apenas um chegou
22/07/13 09:30Dia desses, assistimos a um documentário absolutamente espetacular: “Deep Water” (2006), de Jerry Rothwell e Louise Osmond, sobre a trágica e histórica regata solitária de volta ao mundo promovida pelo jornal inglês “Sunday Times” em 1968.
Não achei informação sobre lançamento no Brasil. Nos Estados Unidos, foi exibido no Netflix. A íntegra do filme pode ser encontrada no Youtube.
“Deep Water” foi baseado no livro “Uma Viagem para Loucos”, de Peter Nicholls, lançado no Brasil em 2002 pela editora Objetiva. Está fora de catálogo, mas achei quatro exemplares no site Estante Virtual. Sugiro correr e comprar, porque a história é inacreditável.
O Sunday Times teve a ideia de promover a regata em 1966, depois que o navegador inglês Francis Chichester completou sua lendária volta solitária ao mundo em nove meses e um dia, a bordo do veleiro Gipsy Moth IV.
Chichester velejou sozinho pela “Clipper Route”, uma rota tradicionalmente usada por navios ingleses do século 18 para chegar à Austrália. A rota consiste em descer o Atlântico, circundar a África pelo Cabo da Boa Esperança e dar a volta ao globo, retornando pelo sul da América do Sul e fazendo a volta à Europa pelo Cabo Horn. No trajeto, Chichester fez uma parada na Austrália.
Depois da viagem de Chichester, só havia um feito que nenhum navegador havia tentado: dar a volta ao mundo sem parar.
Em 1968, o jornal inglês “Sunday Times” anunciou a primeira regara solitária ininterrupta do mundo, oferecendo ao vencedor um prêmio de cinco mil libras. Os barcos podiam partir da Inglaterra em qualquer data entre 1º de junho e 31 de outubro, e os tempos de viagem seriam comparados para se chegar ao vencedor.
Nove barcos foram inscritos. Apenas um chegou ao destino.
“Deep Water” foca em três competidores: o francês Bernard Moitessier e os ingleses Robin Knox-Johnston e Donald Crowhurst.
Moitessier e Knox-Johnson eram velejadores de primeira categoria, acostumados a longas travessias oceânicas, e logo passaram a disputar a liderança da prova.
Já Donald Crowhurst era um velejador de fim de semana, que viu na corrida a chance de ganhar algum dinheiro e ajudar a família. Ele construiu o próprio barco, um trimarã de 40 pés (12 metros) chamado Teignmouth Electron, e partiu para a volta ao mundo, sem ter experiência em longas travessias. Era quase uma missão suicida.
Atenção: o texto a seguir contém spoilers; se não quiser saber o fim da história, pare por aqui.
Quando os velejadores começaram a enviar, por rádio, suas coordenadas, todo mundo levou um susto: Crowhurst estava liderando a prova. Por várias semanas, a imprensa de todo o mundo noticiou que um azarão estava à frente da regata mais famosa de todos os tempos.
Na verdade, a situação era oposta: Crowhurst mentia quanto às suas coordenadas; dizia estar perto da Austrália quando, de fato, flutuava na costa brasileira. Seu plano era esperar vários meses até que os competidores estivessem voltando, para encontrá-los na subida à Europa.
Os diários de bordo de Crowhurst revelam que ele estava sofrendo crises de demência, pioradas pela solidão. Imagens filmadas pelo próprio Crowhurst – cada competidor recebeu câmeras e filme, para registrar a viagem – o mostram falando sozinho, em estado psicótico.
Crowhurst tinha medo de que sua farsa fosse descoberta e sua família, humilhada. Ele não agüentou a barra e cometeu suicídio, se jogando no Atlântico. O Teignmouth Electron foi encontrado à deriva no Caribe.
E a disputa entre Knox-Johnston e Moitessier nunca foi concluída. Knox-Johnston foi o único velejador a concluir a travessia. Já o francês teve uma epifania, decidiu que o mar não era lugar para competição, abandonou a corrida, deu mais uma volta ao mundo e foi parar no Tahiti.
Anos depois, Moitessier escreveria um livro, “O Longo Caminho”, lançado no Brasil pela Edições Marítimas, em que explica sua decisão. O francês virou uma lenda para velejadores de todo o mundo.
Off topic: #fikadika
http://pt.popmarket.com/details/28661995?feature_id=28661979&utm_medium=post&utm_source=facebook&utm_campaign=dc%20fb%20july23%20daily1%20pryor%20&cid=lg:127k
Fuckin’ crazy people.
Já havia lido os dois. Recomendo “O Longo Caminho”, de Bernard Moitessier. Sobre a mesma regata. Além de velejador, é um escritor. Do cacete!!
Um livro dentro desse tema que achei lindo foi o “o velho e o mar” do Hemingway.
E saindo completamente do mar, mas ainda contando uma historia real, com muita aventura, e passagens absurdas de tensao, eh o “Shantaram” do G. D Roberts. Imperdivel.
Preciso reler “O Velho e o Mar”, é fantástico mesmo.
Pois eh, eh lindo esse livro mesmo.
Puxando a sardinha para o Shantaram, ha alguns anos que estao tentando fazer um filme dele, o Sr-que-esta-em-todas Depp, comprou os direitos…
Acabei de ver o filme no netflix. Muito obrigado pela(s) dica(s).
Vc viu no Netflix brazuca?
Oi Andre, nao, desculpe, eu vi nos EUA.
Nos comentarios eu vi o pessoas indicando a voce testar. no netflix. O primeiro mes eh de graca, ideal para voce testar a sua velocidade de conexao…
Boa, vou fazer isso sim…
Malandro, pede comissão lá no estante virtual! Hoje de manhã constatei os 04 exemplares do livro…na hora pensei, “certeza que vão fazer o rapa ainda hoje”! Não deu outra, entrei no site agora à noite, só pra fuçar e…zás…zerado!!!
Sério? Legal que os leitores gostaram da dica.
Post e comentários muito legais hoje. Ótimas dicas.
Acho que vou investir os mesmos 50,00 do amigo aí embaixo.