J. J. Cale foi o mestre zen da guitarra
28/07/13 20:11Semaninha miserável para a música: terça-feira passada, Dominguinhos se foi. Sexta, foi a vez de J.J. Cale. O guitarrista norte-americano morreu aos 74 anos, de um ataque do coração.
Cale é muito menos conhecido do que merecia, mas não parecia se importar com isso. Era um artista que não gostava de entrevistas e odiava até tirar fotos. Dizia se sentir mais feliz num estúdio, experimentando com novas tecnologias – nunca fui um purista do blues e sempre adorou novidades tecnológicas e bugigangas – do que falando de si mesmo.
Para o grande público, Cale foi só o compositor de “Cocaine”, grande sucesso na voz de Eric Clapton. Mas para guitarristas, ele foi um mito, um instrumentista que, sob a aparente simplicidade de seu som e modo de tocar, escondia uma técnica primorosa.
Não é à toa que gente como Clapton, Santana, Neil Young, Waylon Jennings, Jack White e tantos outros morriam de amores pelo estilo espartano, quase zen de J.J. Cale. É preciso muito treino e talento para ser simples. De certa forma, J. J. Cale foi o oposto do “guitar hero”.
E pensar que ele quase abandonou a música. Em 1970, Cale ganhava a vida fazendo bicos de motorista, quando Eric Clapton gravou “After Midnight”, que Cale havia lançado em 1966. Foi a bênção de Clapton – e os royalties de “After Midnight”, claro – que persuadiram Cale a gravar seu primeiro LP, “Naturally”, em 1972.
Achei no Youtube a íntegra de um documentário sobre J.J. Cale – “To Tulsa and Back”. Vi os primeiros 20 ou 30 minutos e parece muito bem feito.
O curioso é notar que o filme começa com um show de Cale, em que os músicos vão subindo ao palco, um a um. E ele, o líder da banda e “estrela” do show, sobe ao palco antes do resto da banda, o que diz bastante sobre esse anti-herói da guitarra.
Ele era super simples, inclusive viveu anos em um trailler
Creio que nos sebos ainda é possível encontrar, a preços camaradas, o vinil de Troubadour (1976) lançado no Brasil. Não tenho certeza mas acho que Okie (1974) também saiu por aqui, em vinil,
Aqui, estão bloqueando o link pro filme.
Achei uma alternativa japonesa http://www.tudou.com/programs/view/I_dMV3Y_1JQ/
Viva Luxemburgo (??)
Um dos meus preferidos. Depois de ouvir os discos do Cale, percebi que o Clapton, com o passar dos anos se transformou em um imitador do Cale, só que mais sofisticado, o que eu gosto muito, aliás. O disco em que gravaram juntos, Road to Escondido, de 2006, é demais! Sua ultima participação foi na música Angel, de sua autoria, no último do Clapton, Old Sock, lançado esse ano! Baita música!
Bota zen nisso. Intimista. Não lembro de nenhuma em que ele levanta a voz. Grande perda. Don’t cry, sister, cry…
Muita paz ao JJ !!! fiz uma viajem esse fim de semana e rolou o “Grasshoppper” na ida e volta! obra fantastica…sem igual
não me cansarei nunca de ouvir ‘one step ahead of the blues’
…
JJ cale que estava a um passo….agora esta la…..saudações eternas meu amigo
Gosto muito do som de J.J. Cale. Seus discos são ótimos. Os dois primeiros discos do Dire Straits soam muito parecidos com a música de Cale.
No Youtube tem outro filme bom sobre ele (junto com Leon Russell) dando sopa:
http://www.youtube.com/watch?v=IaHxPi9dM7o
Confesso que não o conhecia, mas seu texto me trouxe interesse pela obra do cara.
Adoro esse tipo (raro) de guitarrista que não é metido a superstar.
Também toco guitarra e não consigo endeusar certos reis da virtuose.
Vou procurar este documentário no youtube e conhecer melhor o J J Cale.
Vale a pena, J.J. Cale é um caminho sem volta. Quem ouve um disco quer conhecer todos.
nunca vi + gordo…
Nunca viu J.J. Cale?
André, o blog está com algum problema, ou vc não conseguiu moderar os comentários hoje, pq um post-homenagem sobre esse enorme guitarrista e só 9 comentários????
Pois é. Não teve problema nenhum, foi falta de comentário mesmo.
Dá pra imaginar. Não li uma nota em que o destaque não tenha sido “o compositor de Cocaine” ou “o parceiro de Clapton”. Quase nenhuma menção à sua obra.
O mestre zen que compôs Cocaine. Desculpe, achei a rima imperdível.
Era um cara tipo menos é mais.Passei anos ouvindo travel log sem saber nada sobre o cara,comprei o disco numa baciada,bem barato,arriscando e até hoje é dos favoritos.
Putz, não sabia que o cara tinha morrido. Tenho uma coletânea dele. E olha que não sou um grande fã de blues, mas Cale está nas minhas exceções.
Texto sobre a morte de um músico e compositor genial e apenas 7 comentários ?
Quando o assunto é a turminha presunçosa de camisa xadrez de Seattle, vê-se uma enxurrada de msgs.
Esse mundo está ficando cada vez mais pobre, mesmo.
Recomendo lerem de Mario Vargas Llosa, “A Civilização do Espetáculo”.
Retrata exatamente isso.
Só me resta chorar.
A guitarra, pra mim, é o lugar onde a frase “Menos é mais” se encaixa melhor!
Prefiro ouvir UM acorde do Angus, por exemplo, a ouvir a obra inteira do Jon Petrucci.
triste. era um baita compositor, além de anti-guitar hero. o disco dele com o claton, road to escondido, é uma masteclass do zen-blues.
Ele e o Eric Clapton gravaram um cd juntos recentemente: “Road to Escondido”.
Semaninha miserável para a música: Belo, Latino e Marcelo Camelo estão aí vivinhos da silva…
Passei boa parte da vida ouvindo os discos desse cabra, especialmente o “Naturally” – obra prima. E também, sem querer, consegui converter uns amigos – que achavam Ben Harper, Jack Johnson e Dave Matthews originais – ao eterno zen guitarrista.
Grande perda para a música e para o planeta.
Grande perda mesmo, André! Comecei a ver o doc. Muito bonita a forma como todos viam J.J. como um cara humilde e muito legal. Gosto muito do disco dele com o Clapton. Você chegou a ouvir? Abs!