“Secos e Molhados”: 40 anos de um marco do pop brasileiro
01/08/13 07:05Um disco marcante do pop-rock brasileiro está fazendo 40 anos: “Secos e Molhados”, o primeiro LP da banda que lançou Ney Matogrosso.
Foi em agosto de 1973 que o LP chegou às lojas, com uma capa mórbida, em que a cabeça de quatro hippies, pintados como personagens do kabuki, o antigo teatro japonês, repousavam numa mesa.
Na verdade, o sucesso dos Secos e Molhados se deve a uma conjunção de fatores. Em primeiro lugar, o disco era sensacional, com uma mistura rara de rock, psicodelia, MPB, música folclórica portuguesa e violões “folk”.
Mas o LP bem que poderia ter passado batido pelo público, não fosse a enorme sorte de ter atraído a atenção dos produtores do “Fantástico”, que estreava naquela mesma semana. O programa da Globo colocou uma imagem do Secos e Molhados em sua abertura, o que garantiu enorme visibilidade ao grupo.
A gravadora Continental não acreditava no disco e só topou lançá-lo porque o jornalista Moracy do Val, que havia visto um show do Secos e Molhados e ficara empolgado, insistiu muito.
Inicialmente, a Continental produziu apenas 1500 cópias do disco. No fim do ano, “Secos e Molhados” vendia tanto que a gravadora precisou derreter outros discos encalhados para suprir a demanda de vinil (a crise do petróleo dificultava a importação de matéria-prima).
O disco foi um choque, assim como as apresentações ao vivo, com a presença cênica libidinosa e desafiadora de Ney Matogrosso.
Nem os próprios integrantes do grupo acreditaram no sucesso que obtiveram. “Foi uma explosão totalmente imprevista, até para nós”, me disse Gerson Conrad. “Claro que o disco era muito bom, com uma forte carga poética, músicas muito boas e a voz incrível do Ney, mas ninguém poderia prever que venderia tanto.”
É uma pena que a carreira do Secos e Molhados – pelo menos da formação original, com Ney Matogrosso, João Ricardo e Gerson Conrad – tenha sido tão breve, encurtada por brigas pessoais. O grupo lançaria só mais um LP com os três músicos, em 1974.
Boa, Barça. Realmente é uma pérola. Merecia um relançamento especial deluxe-blablabla, assim como fazem com discos gringos.
Todo mundo devia conhecer esse disco.
E o maestro Júlio Medaglia – conforme contou no Garagem – tentou a todo custo convencer a gravadora a lançar o disco no exterior! (Sem sucesso, é claro…)
na minha opinião,o melhor disco da história!
Incrível a vitalidade do Ney, com mais de 70 anos, ainda um puta performer e cantor.
Disco transgressor ! Tenho a minha cópia guardada.
Eu era pequeno e na minha casa vivia uma tia hipponga. Quando o vídeo passou no fantástico, foi um escarcéu ! Meu pai e minha mãe me proibiram de assistir ou ouvir Secos e Molhados: má influência. Sorte que os dois passavam o dia inteiro fora de casa e minha tia colocava Mutantes, Secos e Molhados, Rita Lee e outras coisas para ouvir.
Ney vez ou outra faz coisas legais mas, não tenho muito saco pra comprar discos dele.
Confesso que não ouvi os discos sem o Ney.
Os dois primeiros discos são sensacionais… com uma mistura muito bem feita conforme você citou no texto.
E como comentou o Ricardo Dogue, infelizmente, será difícil que se lance uma edição comemorativa como este disco merece…
Se formos olhar para o que se vende hoje como rock ou como mpb, este disco ainda soa revolucionário…
Cabe lembrar que o compositor principal era o João Ricardo, talvez o mais injustiçado compositor do rock nacional. Seu primeiro álbum solo, que é excelente, nunca saiu em CD e sempre se limitam a falar de Ney quando na verdade a alma da banda era João. É como falar em Beach Boys e focarem no Mike Love, e não no Brian Wilson.
Não iria tão longe a ponto de elegê-lo como O disco para se levar a uma ilha deserta, mas num top 10 da música brasileira certamente ele estará. E o Ney continua cantando MUITO até hoje.
Para mim o melhor disco do pop/rock nacional dos anos 70.
Cliquei no Publicar antes de colocar que é juntamente com o disco do Clube da Esquina.
Boa! Acho “Clube da Esquina” até melhor. Depois vem “Força Bruta”, do Jorge Ben.
Essa banda era demais, o baixista é impressionante, porém nunca consegui gostar muito, mas a qualidade é indiscutível.
Foi o Willy Werdaguer que tocou baixo, não?
Não sabia o nome, só que o cara arrebenta nesse disco.
EXCELLENTE TOPICO. TODA VEZ QUE VOU AO BRASIL PROCURO ALGUMAS GRAVACOES DOS ECOS E MOLHADOS MAS TENHO DIFICULDADE DE ENCONTRAR.
SAUDADES……
O segundo LP deles também é muito bom.
Abs
Coincidência ou não, hoje é aniversário do Ney Matogrosso.
Devido a atual restrição de acesso ao site da Folha de S.Paulo, (quem não é assinante do UOL poderá entrar em 30 links do site por mês) a leitura do seu blog passou a ser mensal. Só agora fui ler a respeito da sessão de “A Fantástica Fábrica de Chocolates” que vc fez em casa. Cara, já exibiu “Os Saltimbancos Trapalhões” para a sua filha? Aqui em casa virou campeão de audiência. Abs
Já ouvi dizer que o Kiss também se inspirou no kabuki. Quanto a esse disco, discaço. Clássico total.
Uma maravilhosa recordação dos Secos e Molhados, o grupo moldou uma nova narrativa, durante os” anos de chumbo”. Viva os 40 anos dos Secos e Molhados.
O Charles Gavin fez uma belíssima remasterização dos dois primeiros discos. Ambos foram compilados em 1999, na série Dois Momentos. Encontrei numa Americanas outro dia, por módicos $12.
Fala Barça! Esse disco realmente é um clássico e acho o segundo disco deles melhor ainda. Com certeza os picaretas do Kiss copiaram a ideia de pintar a cara deles, por mais que as metaleiras histéricas digam que não.
A melhor descrição do fenômeno que foram os Secos e Molhados é do Luiz Carlos Maciel no cd que reuniu os dois discos do grupo:
“Se, naquele tempo, uma nave-mãe tivesse pousado, por exemplo, na Praça dos Três Poderes, em Brasília e despejasse através de suas portas alguns alienígenas, ela não teria causado um impacto, uma perplexidade e um maravilhamento que pudessem rivalizar com os provocados pelas primeiras apresentações ao vivo de um novo grupo de música popular brasileira chamado Secos & Molhados”. Pedro Afonso Bezerra de Oliveira (Brasília-DF).
Cabe dizer ainda que a longevidade da carreira do Ney é impressionante. O vi ao vivo recentemente e o cara está em excelente forma. Fez um show ‘sold out’ sem tocar um hit sequer e, mesmo assim, o lugar veio abaixo. Sem dizer que deve tomar do mesmo elixir que Iggy e alguns outros. Parece que mantém o físico de alguém de 40 anos de idade.
“Sangue Latino”, a melhor música de rock no Brasil.
Eu sou simplesmente LOUCA por esse álbum. Belíssimas, belíssimas canções e melodias, um evento único na música brasileira.
Salve.
Discaço, é um dos poucos discos de “MPB” que tenho.
humm…Essa rosca na capa era para ser queimada?
Há um tempo vi no Canal Brasil um documentário sobre um grupo de atores de teatro do RJ que se apresentavam pintados antes mesmo que o Secos e Molhados. Acho que se chama Dzi Croquettes.
Independentemente disto, acho que o Secos e Molhados e os Novos Baianos são as melhores bandas de rock que já apareceram no Brasil.
Secos e Molhados se inspirou MUITO no Dzi Croquettes, não foi pouco não. O Paulinho Mendonça, que compôs Sangue Latino e era amicíssimo do Ney, trabalhava em teatro e conhecia muito bem o pessoal do Dzi.
Grande lembrança. O Ney tem uma baita performance e uma voz como poucos…
Aquela androgenia toda…a voz do Ney…foi uma porrada no estomago do cenário musical brasileiro lá pelos 70.Podes crê ,bicho.
Ney Matogrosso é foda! Como canta bem!
Barça, reza a lenda que o Kiss começaram a usar máscaras depois que viram um clipe dos S&M, procede essa informação?
Um forte abraço.
O próprio Ney fala isso, mas nunca vi confirmação.
Essa declaração do Ney Matogrosso é mentirosa, eis a prova definitiva:
http://whiplash.net/materias/curiosidades/068863-kiss.html
Uma fanzoca chiliquenta do Kiss.
Esse paulinho escorrega no quibe.
Nossa que polêmica hein? Claudionor eu não concordo com “prova definitiva” após ler o texto. Existe um intervalo de alguns meses entre o lançamento do primeiro LP dos Secos e molhados(agosto 73) e o primeiro do Kiss(fevereiro 74). Mesmo com toda a explicação pode ser que o Kiss tenha sofrido alguma influência sim. Não creio em cópia mas influência é perfeitamente plausível.
Eu achei muita coincidência, não só as maquiagens, mas também pelo fato do Ney mostrar a língua no final do clipe de “O Vira”, como faz o Gene Simmons.
Mas no próprio texto tem fotos do Kiss no começo de 73 (primeiro show deles) já de maquiagem.
Não sei, mas se as datas e os fatos do texto forem verídico, acho que é mais plausível que algum empresário que os abordou no México tentou assiná-los para que fossem uma banda concorrente do Kiss (o lançamento do álbum foi justamente um ano antes da viagem ao México).
Alice Cooper usava maquiagem em shows antes de ambos, não?
Realmente é uma DISCOTECA BASICA, pena que no brasil poucas vezes se resgatam faixas raras , e sai uma edição comemorativa como esse disco merece.
Meu “sonho” seria ouvir uma versão de ‘Primavera nos dentes’ um pouco mais longa, pois quando chega no final da faixa, a banda tá mandando muito e entra um fade out e o sonho se acaba!