Feliciano não aprende
06/08/13 07:05Drauzio Varela, em sua coluna na “Folha”, com o ótimo e certeiro título de “Fascismo em Nome de Deus”, disse tudo (leia aqui) sobre as ameaças de religiosos à decisão da presidente Dilma em sancionar o Projeto de Lei que garante o atendimento imediato em hospitais de vítimas de violência sexual.
“Um Estado laico tem direito de submeter a sociedade inteira a uma minoria de fanáticos decididos a impor suas idiossincrasias e intolerâncias em nome de Deus? Em que documento está registrada a palavra do Criador que os nomeia detentores exclusivos da verdade? Quanto sofrimento humano será necessário para aplacar-lhes a insensibilidade social e a sanha punitiva?”, escreveu Drauzio.
Já escrevi várias vezes aqui sobre o absurdo de permitir que políticos usem suas convicções religiosas para decidir a vida do país inteiro. Mas a reação do Pastor Marco Feliciano à decisão de Dilma mostra que alguns ainda insistem em confundir as coisas.
As palavras de Feliciano são asquerosas e absurdas. O deputado – e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados – diz que o projeto possibilitará que mulheres que engravidaram após uma relação sexual sem consentimento, “porque estava com dor de cabeça”, façam aborto.
“Esse projeto, além de ser para vítima de estupro, também fala de sexo sem consentimento, profilaxia da gravidez, como se gravidez fosse doença. Uma mulher grávida de dois meses dizendo ao médico que o marido fez sexo à força, ou ela não queria porque estava com dor de cabeça? Aborto feito. Não há como comprovar que o sexo foi sem consentimento.”
Repetindo: são palavras do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Não dá para aguentar mais o obscurantismo e intolerância de servidores públicos que não entendem a diferença entre defender suas convicções religiosas e achar que elas se aplicam a toda a sociedade.
P.S.: Estarei sem acesso à Internet por boa parte do dia e só poderei moderar os comentários no início da noite. Se o seu comentário demorar a ser publicado, peço um pouco de paciência.
Impressionante. Esse colunista insiste em falar sobre coisas sobre as quais ele não tem conhecimento nenhum.
E pior: sempre que chega alguém que prova que ele não tem esse conhecimento e que ele falou bobagem a reação dele é a mesma. Fica falando ‘Tchau, fulano. Já discuti isso com você’. E depois bloqueia os comentários da pessoa. Parece um adolescente
Que vergonha alheia meu Deus! Não dá pro jornal colocar alguém com um mínimo de base em filosofia e em moral para comentar esses assuntos mais sérios?
Bloqueei quem? Deixa de ser cascateiro. Isso lá é coisa de quem tem “base em filosofia e em moral”?
Isso que eu também fico impressionado Guilherme. Fala-se da religião em relação ao Estado, como se a mesma não estivesse embutida no contexto cultural da sociedade. Quando 85% da nação se diz cristã, dentro de suas várias correntes, como é que esse segmento não vai ter influência na sociedade, inclusive na política?
Quem se diz cristão não necessariamente é adepto a uma religião. Sem contar o absurdo de se usar certidão de batismo como documento para quantificar o número de católicos do país…O Estado é laico, e isso não foi “o colunista” quem inventou.
Pois é, Tiago. Mas vai explicar isso pra alguém que não tem leitura suficiente! Difícil… As pessoas com pouca leitura acabam confundindo os conceitos, acabam entendendo que pessoas que seguem alguma religião não deveriam participar da vida pública.
Acham que ‘Estado laico’ é isso e ficam só repetindo essa bobagem como papagaios
Gozado, não vi ninguém dizendo aqui que pessoas “de pouca leitura” acreditam que é possível andar sobre as águas ou coisa parecida. Independentemente das crenças, o debate estava em alto nível. Mas o Guilherme, além de intolerante, é um pedante de primeira.
Mas quem iria dizer uma coisa dessas? Uma pessoa que dissesse uma besteira dessas iria estar ridicularizando autores como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino e automaticamente iria ser identificada como uma idiota, sem capacidade de participar da discussão.
Por outro lado é muito fácil de perceber que pessoas que acreditam, como você, que cristãos não deveriam participar da vida pública não leram nem a CF de 88, ou se leram não entenderam
E pare de chamar de pedante todo mundo que mostra esses erros básicos que você comete. Parece um adolescente fã de ‘Crepúsculo’. Só falta chamar a mamãe
Cada resposta do Guilherminho é um exercício de intolerância e pedantismo. Impressionante. Gênio, ninguém diria isso simplesmente porque as pessoas costumam respeitar quem discorda delas, por mais que sejam energúmenas e usem argumentos como “você nunca leu nada e, por isso, não pode discutir comigo”.
Intolerância? Você que é intolerante. Você quer proibir pessoas religiosas de participar do debate público. Só os piores governos da História fizeram isso! Você não consegue entender que um Estado Laico não é aquele que impede as pessoas de expressar livremente suas crenças, mas sim o Estado que não interfere em questões religiosas, deixando inclusive os seus próprios membros livres para manifestar a crença que acharem melhor. E volto a afirmar o que eu disse: você não entende de Direito, de Filosofia, de História, deveria deixar esses assuntos para quem está mais familiarizado. Qual o problema em falar isso? Ou você nunca chegou para alguém que entende pouco de rock e falou ‘Você leu pouco sobre esse assunto, deixa isso para quem entende mais’?
Não, Guilherme, nunca falei isso e teria vergonha de fazer tal coisa. Seria antidemocrático, pedante e intolerante.
Antidemocrático, pedante e intolerante é dizer que só tem direito de participar do debate público aqueles que concordam com você. Ou que pessoas devem deixar suas convicções pessoais de lado quando começam a participar da vida pública. Ser chamado de ‘antidemocrático’ por alguém que pensa praticamente como um stalinista é um elogio! Obrigado
Pra encerrar, Guilherme: quem está querendo impedir os outros de participarem do debate é VOCÊ, com a desculpa estúpida de que os outros não têm o seu nível. Acorda.
vc é um babaca, como ele pode te responder?
André, em tempo, babaca, para mim, é todo aquele que acha que pode restringir meus direitos com a sua crença, seja ela qual for.
“Quero que você diga se um deputado cristão deve esquecer que é cristão quando vota um projeto que libera o aborto”
sim Reinaldo , ele precisa, talvez não esquecer, mas colocar o interesse social em primeiro lugar.
quando se governa um Pais ou se exerce uma função pública sua convicção pessoal deve ficar em segundo plano.
Legislar assuntos como aborto usando como argumento que Deus , Alá , Oxum ou a mula-sem-cabeça não gostam é o cumulo da falta de bom senso e da imposição de uma convicção religiosa aos outros, mesmo que isso prejudique a coletividade.
Se as pessoas respeitassem isso, quem sabe o André Barsinski não precisasse falar em estado Laico “como um disco aranhado”,como você colocou com tanta propriedade.
Obrigado.
JP, eu não devia, mas vou insistir. Sua opinião só tem lógica pelo fato de você ter uma visão rudimentar das religiões. Por conceber que necessariamente religião tem a ver com atraso. Achar que filósofos de primeira categoria ligados à religião não podem influenciar na construção de uma nação é preconceituoso e obtuso. Esqueça o Feliciano, que é um caso de pessoa errada no lugar errado mesmo, eu concordo. Não se trata de crença, como o Barcinski insiste em dizer, mas de pessoas que, baseadas na concepção da existência de uma lógica inteligente e necessariamente do bem regendo o universo (chame de Deus, se quiser), tentam entender o motivo de estarmos aqui, ou seja, da vida (assim como outros tentam explicar pelo acaso, por exemplo). O que você, o Barcinski e outros estão defendendo só se aplica se considerarmos que a religião é algo necessariamente obscurantista. Não é. Achar que sim é preconceito.
Agilberto, pra encerrar: o que alguns chamam de “lógica inteligente”, para outros pode soar como mágica e não significar absolutamente nada. Aceite que nem todos concordam com você. Isso é não ser preconceituoso. E ninguém disse que religião é obscurantista, não minta, por favor. Obscurantista é tentar impor sua religião à coletividade.
Eu respeito quem acha que uma “lógica inteligente” não significa nada. Aceito (e gosto) que discordem de mim. E nunca iria querer impor uma religião a quem quer que seja. Mas acho que na formação de um Estado todas as correntes de pensamento devem participar e a religião é uma corrente de pensamento como outra qualquer (excetuando-se obviamente as pseudo-religiões). É aí que eu acho que está o fundamento de nossa divergência.
O problema não é tão simples, JP. Porque quando um político sustenta sua ideologia naquilo em que ele acredita, professa, crê ou descrê (divulgue ele isto ou não) ele, com certeza absoluta, está acreditando firmemente que o interesse social não só está vindo em primeiro lugar como ele está contribuindo de modo exemplar para isto.
Clap, CLap Clap, CLap Clap, CLap.
Muito bom , por favor me permita utilizar o seu texto em sala de aula.
Uma coisa que você falou me chamou atenção:
“…e recebi mais de mil comentários, muitos deles me acusando de ateísmo, demonismo e outros “ismos” mais.”
e se alguem for ateu ou até mesmo satanista, qual é o problema com isso?
existe alguma lei que proiba?
o problema seria legislar colocando suas crenças pessoais à frente do interesse público.
mas pelo que li aqui, a definição de estado Laico parece complexa demais para algumas pessoas.
Claro que não há problema com isso. O mais curioso, a meu ver, é que muita gente associa laicismo ao ateísmo, sem entender que defender o Estado laico é justamente defender a liberdade religiosa.
O problema Barcinski, é que você só sabe falar em termos abstratos. Li os comentários e vi que diversos comentaristas deram exemplos concretos de como a separação completa entre religião e política é possível, pois pressupõe a cisão do indivíduo em dois: aquele que crê e aquele que age socialmente.
Da tua parte, por outro lado, não vi um só exemplo de como se daria essa separação na vida real.
Só ficas repetindo como um disco arranhado: o estado é laico, o estado é laico, o estado é laico, o est….
O que você quer que eu diga que vai além da definição de Estado laico? Um governo onde crenças religiosas não interfiram nas leis? Onde prédios públicos não tenham símbolos religiosos? Onde nenhuma religião seja favorecida em detrimento de outras? Onde a visita e um representante de uma igreja não acarrete em seis dias de feriado? Precisa explicar?
Quero que você diga se um deputado cristão deve esquecer que é cristão quando vota um projeto que libera o aborto (sem entrar no caso específico do projeto atual), por exemplo, sendo que a defesa da vida é um valor que ele considera inegociável.
Ele legisla para quem? Só para quem concorda com ele e acredita nas mesmas coisas? A crença lhe dá o direito de interferir na vida de todos? Claro que exigir isso de políticos é demais, nos acostumamos tão fortemente a uma mistura de política e religião, que acreditar que um político terá esse bom senso é uma utopia. Infelizmente.
Ele não sabe o que é ‘Estado laico’, Reinaldo. Não percebeu isso ainda?
Você também não sabe, Guilherme.
Nem você, Raul
Li o post e os comentários, e pouco se falou sobre o personagem principal da história, o Feliciano.
O título está errado, André. Ele aprende sim. Ele é um gênio — do marketing pessoal, bom que se diga.
A cada nova declaração polêmica a mídia se volta a ele, por isso se tornou um expert em frases pensadas para “causar”. Como essa da dor de cabeça.
Com isso, chamou a atenção de outros energúmenos que nunca ouviram falar nele mas que passaram a admirá-lo. Mesmo metralhado pela mídia, ele se reelegerá por mandatos e mais mandatos, basta continuar “causando”.
Não consigo vê-lo sequer como religioso. Ele é um vigarista, estelionatário, que causa vergonha alheia em evangélicos sérios. Mas a questão aqui não é religiosa, trata-se de uma disputa por poder. Na minha humilde opinião, acho que ninguém mais deveria falar nesse escroque. Primeiro, pq só alimenta o monstro. Segundo, pq não vai adiantar nada. Ele está onde está legitimamente. Só o voto muda essa situação.
Pode ser, Bia, bem colocado.