O que os Cramps e o diretor de “O Mestre” e “Boogie Nights” têm em comum?
22/08/13 07:05Mais uma do grande site Dangerous Minds: existe algo que une a maior banda de psychobilly do mundo, o Cramps, ao grande cineasta Paul Thomas Anderson, de “O Mestre”, “Sangue Negro”, “Boogie Night” e “Magnólia”: ambos são filhos – um espiritual, outro de carne e osso – de Ghoulardi, um popular apresentador de filmes de terror de TV dos anos 60.
Os Cramps eram tão obcecados por Ghoulardi – nome real, Ernie Anderson – que batizaram um disco de “Stay Sick”, bordão do apresentador, e dedicaram outro LP à sua memória depois que ele morreu, em 1997.
Lux Interior, vocalista do Cramps, nasceu e cresceu em Ohio, onde Ghoulardi apresentou, entre 1963 e 1966, uma sessão de filmes de terror na TV local. Considerava Ghoulardi um herói: “Foi minha maior influência quando eu estava crescendo. Foi com ele que aprendi que as pessoas não precisavam ser normais, cada um podia ser do jeito que quisesse.”
Ghoulardi tinha um estilo satírico e descontrolado. Esculhambava os caretas e as autoridades. Costumava fazer piadas com a comunidade de Parma, em Ohio, que considerava “um tédio” (até hoje, em Ohio, rolam piadas com Parma).
Além de mostrar filmes B, Ghoulardi tocava rock nas apresentações. Foi ali que Lux e milhares de crianças e adolescentes ouviram pérolas da insanidade como “Surfin’ Bird” (The Thrashmen) e “Papa Oom Mow Mow” (The Rivingtons). Lux costumava assinar autógrafos com frases de Ghoulardi: “Stay sick!”, “Turn blue!”, “Hey, group!”.
Outros grupos de rock de Ohio também foram influenciados pelo apresentador. Entre seus fãs estavam Dave Thomas, do Pere Ubu, e Mark Mothersbaugh e Jerry Casale, do Devo.
Já Paul Thomas Anderson é filho de Ghoulardi. Nasceu em 1970, depois que o pai já havia se mudado para Los Angeles, onde trabalhou fazendo locuções para TV. Paul cresceu no Vale de San Fernando, cenário de alguns de seus filmes mais conhecidos, como “Magnólia” e “Boogie Nights”.
Achei na Internet um documentário muito interessante sobre Ghoulardi e a TV americana dos anos 60, e trechos de seu programa de TV. E lembre-se: stay sick!
Acho que PTA já está no hall dos grande cineastas yankees de todos os tempos com Coppola, Scorsese etc e vc?
Não sei. Mas está a caminho, com certeza.
Fiquei com uma imagem aqui de um filme sobre o The Cramps, com o Michael Shannon no papel de Lux, dirigido pelo Paul Thomas Anderson…
sou um grande admirador dos filmes do Paul Thomas Anderson ( “Sangue Negro” ´uma obra-prima para mim) e obcecado pelo The Cramps.
a propósito existe uma coletânia que reúne as músicas que influenciaram a banda e tem muita trilha sonora de filme B e coisas extremante bizzaras. fuito influenciadas pelo Ghoulardi.
Ghoulardi sem dúvidas não influenciou só aquela geração, mas uma das maiores bandas do mundo( talvez a melhor) e um cineasta maravilhoso.
Espero que sua insanidade reverbere ainda mais neste medíocre contemporaneidade
Caras como e ele Lux fazem muita falta.
André, provavelmente você deve ter lido essa entrevista do Paul Thomas Anderson na época em que foi publicada. Mas, na dúvida, envio o link. Nela fica claro como a figura do pai (e da família) influenciou seus filmes. Podemos ver isso no personagem de Jason Robards em “Magnolia”, nas músicas da década de 50 de “O Mestre”, e, na minha opinião, no Jack Horner vivido por Burt Reynolds em “Boogie Nights”, que é uma figura paternal transitando no submundo:
http://anamariabahiana.blogosfera.uol.com.br/2013/01/25/entre-o-fascismo-e-a-compaixao-o-mestre-por-paul-thomas-anderson/
Muito obrigado, não tinha lido não.
Cramps: inconformado até hoje com a morte do Lux. Rock na forma mais bruta e pura de diversão.
P.T. Anderson e Pere Ubu: gênios. Ainda, sobre o Anderson, ele conseguiu fazer muita gente gostar daquele ator ruinzinho, o Adam Sandler, no filme Punch Drunk Love.
Demais essa revelação. Que personagem esse Ghoulardi (o nome é muito bem sacado)! Imagino como esse programa deve ter pirado a cabeça da molecada da época. E que sorte do PT Anderson em ter um pai malucaço desses. Bem que podia fazer uma cinebiografia sobre o velho.
Eh vero,mesmo que fosse um filme generico sobre o periodo.
Sou muito fã de Paul Thomas Anderson, apesar de achar que ele exagera um pouco em alguns filmes ( Magnólia é um bom exemplo)… se não me engano, ele quem editou o filme…. na primeira vez que assisti, o achei bem confuso.
Sempre faço confusão com os filmes de Thomas Anderson com Wes Anderson…
Cara, isso aí tá no 2o CD do Cramps Jukebox. Dá pra ouvir no youtube as entrevistas em que eles falam tudo isso aí e mais um pouco. Vale a pena.
PS- Não sabia que o Paul Anderson era filho do Ghoulardi, o que não falam no cd. E as bandas do 1o CD são demais também.
Cramps domina e excede no charme,acho os Meteors bem legal tambem.
Outro dia de flauta pela rede apareceram indicios de um interessante movimento garageiro no Texas dos anos 60,diziam que havia algo na agua.
Seria a duquesa guitarrista do Bo Diddley a influencia de Ivy?Graças ao youtube achei a ginga das musas semelhante.
Parece que o Ghoulardi também é meio pai do Thunderbird.
Moço de nome difícil…
… o que faz o Thunderbird meio irmão do cão, mas conhecido como coisa ruim… ou também como Thundercão… lembra da TV Colosso?
Ghoulardi …
Eu cresci ouvindo o Goulart de Andrade! “Vem comigo!”…. papapá ni ná!!!
Comando da Madrugada!
Goulart de Andrade também faz parte desse universo, lembra-se que o câmera dele se chamava Capeta???
O que faz de Aleister Crowley fichinha… pois o Goulart de Andrade era SEGUIDO pelo Capeta em pessoa… ao invés de segui-lo.
Vem comigo (Capeta)!
“Repetaculaaaaar!”
André, sobre a morte do Elmore Leonard qual sua opinião sobre a adaptação de “Ponche de Rum” para o cinema por Tarantino? Eu sempre achei bem chinfrim e isso pode ser por que a expectativa depois de “Pulp Fiction” era enorme e me decepcionei quando assisti a “Jackie Brown”, mas a verdade e que nunca mais assisti e não sei como esse filme envelheceu.
Vi “Jackie Brown” quando estreou e não o revi. Gostei na época. Lembro que era bem diferente do livro, o Tarantino manteve pouco da história, mas preciso rever.rever.
Acho a direção de atores excelente (um Michael Keaton perfeito e aquele Ordell Robbie inesquecível do Samuel Jackson), diálogos no ponto, trouxe de volta Pam Grier e Robert Forster (numa química maravilhosa), além da trilha matadora como de costume. Além de uma Bridget Fonda no auge da gostosura. Mas eu sou suspeito, reconheço, adoro o cara.
Caraca, que história!!! Tá explicado por que caem sapos do céu e o motivo para serem criados personagens tão interessantes, profundos e esquisitos nas produções Paul Thomas Anderson. Ninguém cresce numa casa com um pai tão doidão e fica sem ser influenciado desse jeito. Outra coisa: será que Lux Interior chegou a conhecer Coffin Joe ou alguns de seus filmes?
Claro, Lux e Ivy não só conheceram os filmes, mas encontraram o Mojica. Lux chegou a ceder uma frase para o lançamento dos filmes de Coffin Joe nos EUA: “Eu me sinto fraco e inferior em seu reino de violência”.