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André Barcinski

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Perfil André Barcinski é crítico da Folha.

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Sheik é tão falso quanto jornalismo de Twitter

Por Andre Barcinski
27/08/13 07:05

Na semana em que a Síria matou mais de mil pessoas, provavelmente usando armas químicas, em que Dilma liberou 1,2 bilhão em verbas para deputados e senadores, enterrando a CPI da Copa do Mundo, em que o STF não explicou por que sumiu da pauta o julgamento do “Mensalão Tucano”, e em que a Câmara dos Deputados confirmou ter 1370 funcionários recebendo “supersalários”  irregulares de mais de 28 mil reais, o assunto que dominou o país foi o selinho de Emerson Sheik em um amigo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quarta-feira, dia 21, uma foto da Associated Press mostrava pais em Damasco tentando reconhecer os cadáveres dos filhos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Enquanto isso, as reportagens mais lidas em sites de informação aqui no Brasil foram a bronca que a ex-Panicat Nicole Bahls deu na funkeira Anitta (“Ela deveria botar os pezinhos no chão”) e a cobertura da Festa de Peão de Barretos. Além do beijinho do Sheik, claro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O caso do selinho deveria ser estudado em cursos de jornalismo.

Um jogador de futebol, Emerson Sheik, dá uma bitoca num amigo e posta a imagem no Instagram. No dia seguinte, cinco – repito, cinco – integrantes de uma torcida organizada fazem um protesto homofóbico, e o selinho vira assunto nacional.

Num exemplo da volatilidade de acontecimentos gerados por mídias sociais, Sheik, assim que viu a repercussão negativa do beijinho, fez questão de pedir desculpas à maior torcida organizada de seu time: “Não sou são-paulino”. O ativista contra o preconceito virou preconceituoso, de um dia para o outro. É ou não fantástico o mundo do ativismo virtual?

Não tenho nada contra o jornalismo de celebridades. A vida dos famosos sempre interessou ao povão e vai continuar interessando.

O problema é quando esses assuntos passam a merecer um espaço desproporcional à sua real importância. Quando o Twitter das celebridades vira uma fonte de informação tão impactante, é porque alguma coisa está muito errada.

Não acho que o jornalismo esteja piorando, como dizem muitos, mas essa obsessão em se pautar pelos textos mais lidos da Internet está causando um desequilíbrio na noção do que é ou não notícia.

É um círculo vicioso: a maioria prefere ler futilidades, então essas futilidades lideram o ranking dos assuntos mais lidos, dominam o noticiário e empurram assuntos realmente sérios para cantos escuros, onde atraem apenas uma minoria de chatos (perceberam como os que se opuseram à destruição do Maracanã estão sendo tachados de “saudosistas”?) .

Isso cria uma falsa noção de democracia, em que a voz da maioria decide o que importa ou não.

Imagine um mundo onde chefs de cozinha passem a só fazer pizza porque é o que o povão prefere; em que escritores só lancem “50 Tons de Cinza” porque é o que o povão lê, e onde cineastas só dirijam comédias estúpidas que parecem rebutalho do “Zorra Total”, porque a maioria gosta disso.

Na verdade, não é preciso grande esforço de imaginação. Isso está acontecendo aqui e agora. Ao contrário do selinho do Sheik, isso é real. A mediocridade, ou a vitória do gosto médio, está tomando conta. Tá tudo dominado.

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Comentários

  1. Renato comentou em 29/08/13 at 12:41

    Bom, a “cultura” da celebridade é um produto de exportação americano… isso está longe de ser privilégio do Brasil, certo? E a Europa não é exatamente esse paraíso da alta-cultura que os baba-ovos de sempre adoram vender por aqui. Gente é a mesma coisa, em qualquer lugar. O que dá pra fazer é se divertir com as futilidades menos ruins, desviar dos lixos e correr atrás de coisas que prestam, que estão por aí, e nem tão inacessíveis. A superfície é mesmo horrível, mas basta mergulhar um centímetro que já se encontram várias coisas boas.

  2. Paulo comentou em 29/08/13 at 3:08

    Cara, isso não é só no Brasil. A cultura papparazzi alastrou-se mundialmente tendo o que como ponto de partida? Os tablóides ingleses. Nos USA os trendtopics dos ultimos dias foram todos sobre a dancinha da safadinha da Hanna Montana. ahah.
    É foda, vivemos uma espécie de ‘Zeitgeist’ da estupidez humana.

  3. Carlos Campos comentou em 28/08/13 at 18:22

    André, me desculpe, mas você foi muito injusto no seu texto, já que a mídia e o público deram grande atenção nas últimas semanas a um assunto de enorme relevância: a quantidade de pelos pubianos da modelo que posou para a Playboy. Disso você não fala, né?

    • Bruno Cezar comentou em 29/08/13 at 9:57

      HAHAHAHAHAHAHAHAHA.

  4. Mario comentou em 28/08/13 at 17:34

    Isso é o resultado da miséria intelectual e moral atual brasileira, criada e desde sempre incentivada por políticos e poderosos para manter o povo na ignorância e assim criar a massa de manobra necessária para influenciar e vencer eleições para tudo continuar como está. Povo que não lê seuqer 1 livro por ano! Futebol, novela, samba, cerveja e bundas para o povão!

  5. PH comentou em 28/08/13 at 14:34

    Vontade de esconder na ‘garagem’.

  6. André Machado comentou em 28/08/13 at 14:06

    Cara, que triste esse atentado da Síria, eu fiquei muito mal com essa notícia…

    Hoje vi outra notícia desse atentado ( com vídeo ) do reencontro de um pai com seu filho que já tinha sido dado como morto, é de chorar (e de repensar muita coisa)…

  7. homeiro comentou em 28/08/13 at 13:08

    Na home da globo há colunas para cada assunto e separação por cores. Há notícias, esportes, celebridades. Espaço para tudo. Ser a mais clicada pode dizer mais sobre os leitores do que sobre a cobertura. Afirmar categoricamente o contrário é deturpar para polemizar. Entre jornalismo de Twitter e a felipenetozação dos colunistas da grande imprensa, não sei qual escolho.

  8. pedro bresson comentou em 28/08/13 at 12:25

    andré, vc pode me chamar de anti-patriota e o escambau, mas o que me fez deixar o brasil, além do sonho de viver na europa, é a mentalidade rasa da maioria dos brasileiros. e nao faco distincao de classe social aqui, pelo contrário. qto menos recursos normalmente mais esclarecida é a pessoa.

    as chances de voltar só diminuem com o passar dos anos. se pudese, traria toda minha familia e a da minha mulher pra cá. esse êxodo já acontece faz um tempo. sinceramente, já desisti de ver o brasil virar um lugar decente pra se viver.

    a maior prova disso foram as manifestacoes-micareta contra o uso de dinheiro publico na copa. bastou a fifa soltar os ingressos e todo mundo correu pra contar. como se nao fosse com eles. isso sim é aula de hipocrisia.

    abracao

    • pedro bresson comentou em 28/08/13 at 12:26

      contar = comprar

    • Andre Barcinski comentou em 28/08/13 at 12:54

      Não chamo não, porque concordo com você. Abraço.

    • vinicius comentou em 03/09/13 at 20:35

      concerteza irmão eu so filho de japones e sei como é dificil e como é duro e doloroso mudar alguma coisa por aqui … sendo que poucos no Brasil tem carater .. eu ainda ñ conheci um que mi apresnete infelizmente … =(

  9. Fernando comentou em 28/08/13 at 10:43

    Essa foto de barretos é muito engraçada.É ou não é a boiolização do mundo sertanojo?

  10. Antonio Carlos Oliveira comentou em 28/08/13 at 10:38

    …E vida de gado, povo marcado, povo feliz!

  11. Sérgio comentou em 28/08/13 at 10:20

    Isso que dá a falta de cultura… simples assim.

  12. Celso comentou em 28/08/13 at 7:05

    Barça, fim do mistério sobre a fundamentação metafísica do Fora do Eixo. Gilberto Gil explica: http://revistapiaui.estadao.com.br/blogs/herald/brasil/gilberto-gil-compreende-sistema-de-desmonetizacao-da-rede-fora-do-eixo

    • Andre Barcinski comentou em 28/08/13 at 8:40

      Agora sim!

  13. André Veiga comentou em 27/08/13 at 23:20

    O problema do público médio é que ele é muito grande, e pensa muito pequeno.

  14. Laura comentou em 27/08/13 at 22:02

    A Folha mesmo faz questão de disseminar esse tipo de pensamento em seu Facebook. Independente do grau de instrução do brasileiro, não sejam hipócritas.

    • Andre Barcinski comentou em 28/08/13 at 8:42

      Laura, por favor, diga em que parte do meu texto eu digo o contrário…

      • César comentou em 29/08/13 at 9:34

        Em jornalismo, como você acabou de nos ensinar, não dizer é dizer.

  15. Fernanda Machado comentou em 27/08/13 at 21:54

    Ótimo texto André, mas como mudar isso? Ou não tem mais jeito?

    • Andre Barcinski comentou em 28/08/13 at 8:42

      Já era.

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