Sheik é tão falso quanto jornalismo de Twitter
27/08/13 07:05Na semana em que a Síria matou mais de mil pessoas, provavelmente usando armas químicas, em que Dilma liberou 1,2 bilhão em verbas para deputados e senadores, enterrando a CPI da Copa do Mundo, em que o STF não explicou por que sumiu da pauta o julgamento do “Mensalão Tucano”, e em que a Câmara dos Deputados confirmou ter 1370 funcionários recebendo “supersalários” irregulares de mais de 28 mil reais, o assunto que dominou o país foi o selinho de Emerson Sheik em um amigo.
Quarta-feira, dia 21, uma foto da Associated Press mostrava pais em Damasco tentando reconhecer os cadáveres dos filhos.
Enquanto isso, as reportagens mais lidas em sites de informação aqui no Brasil foram a bronca que a ex-Panicat Nicole Bahls deu na funkeira Anitta (“Ela deveria botar os pezinhos no chão”) e a cobertura da Festa de Peão de Barretos. Além do beijinho do Sheik, claro.
O caso do selinho deveria ser estudado em cursos de jornalismo.
Um jogador de futebol, Emerson Sheik, dá uma bitoca num amigo e posta a imagem no Instagram. No dia seguinte, cinco – repito, cinco – integrantes de uma torcida organizada fazem um protesto homofóbico, e o selinho vira assunto nacional.
Num exemplo da volatilidade de acontecimentos gerados por mídias sociais, Sheik, assim que viu a repercussão negativa do beijinho, fez questão de pedir desculpas à maior torcida organizada de seu time: “Não sou são-paulino”. O ativista contra o preconceito virou preconceituoso, de um dia para o outro. É ou não fantástico o mundo do ativismo virtual?
Não tenho nada contra o jornalismo de celebridades. A vida dos famosos sempre interessou ao povão e vai continuar interessando.
O problema é quando esses assuntos passam a merecer um espaço desproporcional à sua real importância. Quando o Twitter das celebridades vira uma fonte de informação tão impactante, é porque alguma coisa está muito errada.
Não acho que o jornalismo esteja piorando, como dizem muitos, mas essa obsessão em se pautar pelos textos mais lidos da Internet está causando um desequilíbrio na noção do que é ou não notícia.
É um círculo vicioso: a maioria prefere ler futilidades, então essas futilidades lideram o ranking dos assuntos mais lidos, dominam o noticiário e empurram assuntos realmente sérios para cantos escuros, onde atraem apenas uma minoria de chatos (perceberam como os que se opuseram à destruição do Maracanã estão sendo tachados de “saudosistas”?) .
Isso cria uma falsa noção de democracia, em que a voz da maioria decide o que importa ou não.
Imagine um mundo onde chefs de cozinha passem a só fazer pizza porque é o que o povão prefere; em que escritores só lancem “50 Tons de Cinza” porque é o que o povão lê, e onde cineastas só dirijam comédias estúpidas que parecem rebutalho do “Zorra Total”, porque a maioria gosta disso.
Na verdade, não é preciso grande esforço de imaginação. Isso está acontecendo aqui e agora. Ao contrário do selinho do Sheik, isso é real. A mediocridade, ou a vitória do gosto médio, está tomando conta. Tá tudo dominado.
Barça, vc mencionou a Síria e me fez lembrar de outro detalhe grave na cobertura de assuntos mais relevantes do que divulgar a unha encravada de subcelebridade. O jornalismo militante nas redações está acabando com a qualidade dos veículos de informação. Pegue o caso do Egito. No dia do tal massacre que matou mais de 600 pessoas, morreram 50 policiais e mais de 150 ficaram feridos gravemente, muitos mutilados. Mas o jornalismo militante tratou o assunto como se os tumultos no Egito fossem apenas um caso de pacifistas vs tirania militar. Um assunto que possui várias nuances é tratado apenas como disputa entre Davi e Golias. A indigência intelectual que tomou as redações seria capaz de afirmar que o Nazismo foi um movimento pacífico difamado injustamente por causa de alguns vândalos infiltrados.
Concordo. Algumas fotos de cadáveres foram divulgadas, e até hoje ninguém conseguiu se certificar se eram forjadas ou não. Por isso usei uma foto da AP, que é uma fonte confiável.
Era o que faltava. Estão duvidando do massacre contra os mulçulmanos pelos militares egípcios. E o golpe? Bom, como diria o Zé Simão, deve ter sido apenas um “ajuste no comando do país com fins democráticos”. Cada uma…
Agilberto, o próprio Morsi e a Irmandade Muçulmana aplicaram um golpe no parlamento egípcio pouco tempo depois de chegarem ao poder. E em relação ao tal massacre, saiba que os militantes da irmandade muçulmana estavam armados de metralhadoras e foguetes RPG ao enfrentar a tropa policial.
Não é verdade, o golpe foi contra um governo eleito democraticamente. Independentemente de a população estar gostando ou não, a maneira de mudá-lo deveria ser pelo voto. Pelo menos é o que dizem os “democratas”. Mas, não, a democracia parece relativa, contra mulçulmanos golpe é legal. E até a nossa imprensa, historicamente conservadora, admitiu o golpe e o massacre. Houve um cerco contra ajuntamentos de muçulmanos e um consequente massacre violento e covarde. Se houve alguma reação, ela foi legítima, pois o poder foi usurpado pelos “secularistas”.
Andre, sou seu leitor assiduo e geralmente concordo com o que você escreve, mas nesse caso acho que você está equivocado, tanto na descrição do que ocorreu, quanto nas suas conclusões. Não é verdade que o Sheik, assim que viu que 5 corintianos tinha ido no Parque São Jorge reclamar, mudou prontamente de ideia. Tanto é assim que, na segunda feira, ele foi no programa do Neto na Bandeirantes e, ao vivo, chamou aquela reação dos trocedores de “preconceito babaca”. Depois, no dia seguinte, na terça-feira, ele estampou a capa do Jornal “O Lance”, na qual repetiu o gesto do selinho e reafirmou que a homofobia no futebol é babaquice. O que aconteceu, contudo (e quem me contou é um amigo que é reporter setorista de corinthians, talvez voce possa checar essa afirmacao com seus amigos jornalistas esportivos), é que o Sheik começou a receber uma série de ameças, anônimas ou diretas, de torcedores organizados, que diziam saber onde ele morava, sabia onde seus filhos estudavam, e fizeram graves ameaças, inclusive de sequestro e de homicidio. Ai, com medo e coagido, o Sheik recuou e fez o que fez. Concordo que foi desnecessario ele dizer que “nao era sao paulino”. Ele fez isso com intencao de “agradar” os torcedores organizados corintianos que estavam revoltados com ele. De todo modo, acho que é preciso cautela para julga-lo, pois corre-se o risco de condenar a vítima, e não os algozes. O Sheik foi extremamente corajoso em abordar a questao da homofobia no meio futebolistico, tentou bancar sua posicao, mas acontece que a reacao da torcida foi exacerbada e extremamente agressiva – vale repetir, com graves ameacas à sua seguranca e de sua familia. E, sinceramente, quem pode culpar alguem que tem mulher e filhos de se acovardar perante violentas ameacas feitas por bandidos (afinal, é notório que membros de torcidas organizadas costumam ter extensa ficha criminal). Até porque, se formos analisar o fato, sem clubismo, não faz o menor sentido o Sheik tomar uma posicao dessas e, de repente, do nada, sem motivo, resolver mudar de opiniao e, de uma hora pra outra, virar homofobico. Ele foi ameaçado e, com medo, mudou de discurso (e não de ideia). E, no final das contas, o maior prejudicado com essa historia toda foi ele mesmo. Mas é preciso deixar claro que grande vilão da história são os bandidos que se definem como “torcedores organizados”, e não o jogador que, num gesto elogiavel e corajoso, quis abordar a questao da homofobia no futebol, mas se viu obrigado a recuar por causa de ameaças.
Eu disse que ele mudou de idéia quando foi se explicar à Gaviões. Tanto que ia usar uma chuteira com uma mensagem contra o preconceito e depois “mudou de idéia”. Se ele ou os familiares foram ameaçados, entendo que ele tenha se protegido, mas não precisava ter falado aquela coisa ridícula sobre outro time. E tem mais: já está na hora de clubes de futebol pararem de se submeter às organizadas. Quando morre alguém em brigas, o clube diz que não tem ligação alguma com as torcidas, para depois recebê-las em treinos. É uma hipocrisia sem tamanho.
Barça, outra coisa que eu acho absurdo sobre clube receber organizadas em treinos: quem foi que oficializou esses caras como “legítimos representantes da vontade e do pensamento de milhões de torcedores”, a ponto de terem direito de fazer essas reivindicações e interferir no trabalho dos jogadores?
Provavelmente os próprios clubes que, com isso, determinam que torcedores legítimos são apenas esses. O resto é trouxa que paga ingresso e pay-per-view, como eu.
Pois é. Depois, quando organizadas matam um, os dirigentes dizem que não as apoiam. Uma ova.
Dar selinho e depois postar no instagram esperava o quê? Ele pediu… Sheik para mim é mais um jogador querendo aparecer de qualquer forma, mais que o Neymar. Não me venham com essa conversinha que ele está sendo um idealista querendo acabar com preconceito e blá blá blá. Devia é jogar futebol, está sendo muito bem pago para isso. Se é homossexual que ficasse na dele.
André, acho que vale mencionar que a declaração sobre não ser são paulino partiu da torcida organizada e não de Sheik. Isso é o que as matérias sobre o caso deram a entender.
Claro que isso não redime o jornalismo de notícias mais lidas. Viu este editorial fake do Onion?
http://www.theonion.com/articles/let-me-explain-why-miley-cyrus-vma-performance-was,33632/
Resume bem tudo isso
Pelo que entendi, o comunicado da organizada deu a entender que o Sheik teria dito isso.
O que está bombando agora nas redes sociais é o maior suicídio coletivo de uma categoria profissional no Brasil: a dos médicos.
É impressionante o pavor desses CRMs com a possibilidade de médicos estrangeiros, (e cubanos), substituírem os dedinhos de silicones em hospitais públicos.
O pânico é generalizado! E os médicos estão sofrendo bulliyng total. A melhor que eu li até agora foi:
“Médicos brasileiros realizam primeira cirurgia no mundo usando dedos de silicone controlados por Iphone 5”
Marco, é absurdo, realmente, o caráter (pra não falar do nível) de uma quantidade gigantesca desses médicos brasileiros. Esquecendo a história da importação dos médicos cubanos, que, da maneira como se está fazendo, também sou contra. Mas falo, aproveitando seu gancho, de um esquema imundo nos quais muitos desses vermes de jaleco estão envolvidos.
Tenho um amigo que trabalha justamente no setor de registro de ponto (é assim que se chama?) de um hospital municipal aqui na zona sul de São Paulo. Pois bem, ele me conta há anos que o quadro de médicos ali está completo, com um bom número de profissionais para as principais especialidades em todos os plantões. Mas quem tem que usar os serviços desse hospital passa horas e mais horas esperando por atendimento. E por quê? Meu amigo relata que ali há um esquema de “rodízio” dos médicos: eles fazem grupinhos de três ou quatro, um vai e assina o ponto pelos demais que faltaram. No outro plantão, um dos que faltaram vai e assina pelos outros. Nisso, oficialmente o hospital tem um quadro suficiente de médicos, mas, na prática, esse montante nada quer dizer, porque a maioria não está lá. O diretor de hospital (o atual e os anteriores)? Sabem de tudo, nada fazem e, pasme!, chega a incentivar isso, naquele jeitinho de malandro camarada: “Aí, meu filho, quando você quiser uma folguinha extra…”.
Enfim, esses bandidos – é esse o nome! – inescrupulosos prejudicam a saúde de milhares de pessoas pobres, quando não lhes tiram, ainda que indiretamente, a vida, mas recebem religiosamente seus salários, sem nenhum desconto por falta, pagos por nós trouxas.
O governo? Nada faz. Absolutamente nada! E fica parecendo que esses casos que pipocam aqui e ali nos noticiários são eventos isolados, quando na verdade é um esquema generalizado em nosso país bananeiro.
Por isso, quando vejo esses pseudo-médicos fazendo protestinho na Paulista ou indo hostilizar médicos cubanos, como se fossem os donos da razão e verdadeiros exemplos éticos e morais, me dá um nojo indescritível. Óbvio que não estou falando que todos os médicos são assim. Garanto, apenas, que são muitos. Muitos MESMO.
O Sheik deu essa declaração claramente pressionado pelos trogloditas da Gaviões. O cara tem filho, não é nem louco de ir contra bandidagem armada.
ta espantado com o que André?…..o Brasil é isso…nao se iluda….a falta de cultura e educaçao é a marca desse povo que emburrece a cada ano, para alegria desse esquema que tomou conta da coisa publica….país estupido…meu Deus….
Eu acho legal uma mescla de “ambos os mundos” vamos dizer assim. Acho que há espaço para escrotice sim e há tempos, como hermes e renato, chaves, etc.
O complicado é quando essa escrotice se torna padrão. Lembram do Faustão com o Latininho? Há um tempo boa parte dos programas da Record tinham anão (se não falha a memória era o mesmo).
Não acredito que colocar um Arnaldo Antunes ou Caê interpretando as maiores pérolas de Machados de Assis, Eça de Queiroz ou Shakespeare será sempre legal. É erudito? Pode até ser, mas só pelos apresentadores já seria mala pra caramba…
Lembro do Didi dizendo que Os Trapalhões só passaram a ser levados a sério quando C.Drummond disse para a imprensa que só daria entrevista após assistir os Trapalhões. Não é da minha época, mas imagino que muito nego torcia o nariz para quatro marmanjos fazendo piadas sobre assuntos que hoje seriam prá lá de polêmicos (nordestino, racial, homossexualidade).
Andamos para trás…
Entretenimento puro pode ser salutar sim. Também acredito nisso. As pessoas não podem esquecer que a tv é uma ferramenta. Como diz o Mario Sergio Cortella: Assistir muita tv é anormal, assim como nunca assistir também é anormal.
Concordo com você André, é um processo que, infelizmente, parece não ter mais volta… À propósito, sobre esse tal “culto às celebridades”, você já assistiu ao novo filme da Sofia Coppola, “Bling Ring”? Assisti nesse final de semana, motivado pelo excelente texto sobre ele escrito pelo seu colega aí de Folha/SP, o Álvaro Pereira Jr. Valeu o caro ingresso pago. Um abraço!
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/alvaropereirajunior/2013/07/1306870-aqui-nao-tem-tarifa-zero.shtml
Vi sim, achei bem legal.
Eu realmente não leio a matéria da matança de crianças na Síria, mas por outro motivo! Sou pai de duas crianças pequenas e pra mim é absolutamente impossível ler sobre essas barbaridades!
Acabou a privacidade!!!!
Eu acho que um jogador de futebol dar um selinho em um amigo e postar na internet um assunto tão sério quanto o julgamento do Mensalão. Por que temas comportamentais são menos importantes que grandes temas políticos? O beijo dele foi um ato político também, mesmo que o tolo tenha voltado atrás depois. Micro-política é tão importante quanto macro-política.
Foi tão político que ele logo tratou de ser preconceituoso também, assim que a Gaviões chiou.
Se a população dá mais atenção a um selinho, do que por exemplo, ao absurdo que ocorreu na Síria, acho que não seja responsabilidade do jogador, ou da Panicat, ou de sei lá de qual celebridade…
Concordo até certo ponto com sua matéria, as pessoas devem dar devida importância a fatos que realmente merecem nossa atenção, mas daí colocar o título da reportagem como “Sheik é tão falso quanto jornalismo de Twitter” foge um pouco do tema abordado.
Achei que ficou meio pessoal….
Minha opinião!
Claro que é falso, Caroline. Um cara que se diz contra o preconceito e depois muda de idéia, o que é?
Mas ta todo mundo sem assunto mesmo!
Concordo com você.
Veja a Folha, que tem publicado uma série de fofocas, a exempo dessa abaixo:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=588536131188394&set=a.115442961831049.6251.100114543363891&type=1&theater¬if_t=like
To precisando rever meus amigos nesse tal de facebook!
Mas vale um puxão de orelha na Folha sobre o que ela mesmo anda publicando no facebook! PQP! desculpa o desabafo!
O pessoal o texto do cara é perfeito tanta gente morrendo por motivos banais e tanto impunidade acontecendo no nosso pais e agente falado do SHEIKIRA…
”Imagine um mundo onde chefs de cozinha passem a só fazer pizza porque é o que o povão prefere; em que escritores só lancem “50 Tons de Cinza” porque é o que o povão lê, e onde cineastas só dirijam comédias estúpidas que parecem rebutalho do “Zorra Total”, porque a maioria gosta disso.”
É exatamente por este processo que estamos passando, já a algum tempo. Espero que consigamos cessá-lo a tempo, pois pode culminar em uma tragédia humana sem precedentes.
perfeito, Barça… como sempre na mosca, infelizmente
Não gostei do modo depreciativo com que foi mencionado o “selinho do sheik em um amigo”, sinceramente acho que houve, no fundo, um preconceito. Concordo que a mídia desvia o foco conforme seus interesses, mas considero o choque causado pela atitude do sheike, independente do seu real intuito, um acontecimento muito importante.
“Depreciativo”? Onde? Foi exatamente isso: um selinho que ele deu em um amigo. Não tem nada de depreciativo nessa descrição.
Foi citada uma série de acontecimentos importantes aos quais a mídia não dá a mesma atenção que deu para esse acontecimento: “o selinho do sheik em um amigo”. Pelo menos eu entendi que nisso houve uma insinuação de que o “selinho do sheik em um amigo” é muito menos importante que os acontecimentos anteriormente citados. Se olharmos quanta violência acontece no Brasil e no mundo por causa da homofobia, chegaremos a conclusão de que é muito importante a veiculação pela mídia de atitudes contra o preconceito, tanto quanto as mortes na siria etc.
Mas claro que é, Josemir. O cara dar um selinho num amigo é uma questão privada, ninguém tem nada a ver com isso. O tal selinho só virou uma “atitude contra o preconceito” depois que os homofóbicos reclamaram na Internet. E, mesmo assim, o Sheik depois voltou atrás e reagiu, ele próprio, de forma preconceituosa. Foi um circo. Você quer comparar isso com a matança de mil pessoas?
Andre, é dureza mesmo escrever neste país. Português é uma língua muito difícil mesmo. rs
Barça!
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D8084.htm
http://www.brasil.gov.br/sobre/cultura/iniciativas/vale-cultura
“Vale” um post?
Acho que isso se deve à falta de um tabloide à inglesa de verdade por aqui. O problema é que tem que ser tabloide para valer, mostrando não só fofoca de celebridades mas também os escândalos sexuais de políticos e autoridades. Se eu tivesse R$ 2 bilhões eu faria isso. Com R$ 1 bi eu faria o jornal e o outro bilhão seria para pagar os processos que perderia, além da minha segurança pessoal. Fica a dica para o Eduardo Saverin.
Pode ser.
Nos longínquos anos 20 do século passado Ortega y Gasset já diagnosticava o emburrecimento do “homem massa”, de como as grandes aglomerações humanas tendem a agir da forma mais estúpida possível. Hoje em dia, com a internet, essas aglomerações humanas já não precisam mais se valer da presença física. Mais atual do que nunca, infelizmente !
Meu caro. Difícil crer que não houve uma piora do jornalismo. O próprio texto que você assina diz: “Imagine um mundo onde chefs de cozinha passem a só fazer pizza porque é o que o povão prefere; em que escritores só lancem “50 Tons de Cinza” porque…” Atores, autores, escritores, jornalistas… neste apocalipse, cada um tem o seu quinhão.
Acho que o jornalismo, assim como o cinema a culinária, etc., são reflexos disso, mas não, necessariamente, pioraram.
…A falta de uma consciência global e madura das coisas que estão acontecendo ao nosso redor se resume a pouca educação (lato senso) dos jovens de hoje, da massificação das notícias fast-food (o que celebridade x comeu, onde foi, o que fez, como se vestiu) e ao pequeno acesso a tv paga (isso mesmo!) ….Daí, só sobram os esssssssssquentas !
Perfeito o seu comentário! Estamos vivendo essa mediocridade no presente, e a prova disso são os fatos por você citados.
Infelizmente ficamos reféns dessas porcarias, e quem quer qualidade tem que procurar (muito).
Parabéns André!
Falou tudo. Tá ficando difícil encontrar algo útil ou interessante pra ler na internet. 90% da 1ª página da maioria dos sites é pura futilidade. O que realmente interessa, ou pelo menos deveria interessar, fica em 2º plano, em pequenas manchetes. A imbecilidade está tomando conta.
Olha, tiro o chapéu para esse texto! É sabido que há uma forte pressão das chamadas “maiorias” para uma espécie de padronização da vida social(aqueles que compartilham com o que a maioria é ou o que a maioria gosta aglutina-se a maioria transformando esta em um padrão uniforme e imutável) do qual quem se coloca contra essa maioria, é estranho, julgado de antiquado e encontra-se fora do padrão. Vide o exemplo da produção musical e artística no Brasil: Desde há muitos não temos boas músicas e nem programas na TV. O que o PDR disse resume tudo: Uma ditadura da “maioria” que tenta debilizar àqueles que não congregam com o gosto popular, ou seja, tentam uniformizar tudo na falsa ideia de igualizar tudo. Lastimável!
Parabéns pela coragem e ousadia, coisa que falta para alguns “Maria vai com as outras” do Jornalismo.
Acredito que este tipo de enfase em notícias de celebridades, agradam e muito aos políticos que estão encobrindo as jogadas políticas nas câmaras.
Tem uma frase que eu li outro dia que eu acho que resume bem essa crítica do seu post de hoje: A “Democracia” de hoje é, na verdade, a ditadura da maioria.
É isso aí.
Duas coisas que estão se esgotando e precisamos, urgentemente, arranjar algo que substituam: democracia e capitalismo.
o problema é que ambas ainda são as “menos piores” dentre as alternativas disponíveis
texto impecável.
André, muito bom o texto, com uma única ressalva em minha opinião – não acho que interesse por celebridades, gosto de pizza e literatura barata seja só coisa de “povão”, acho que vai mais na linha de maioria, que você menciona também. “Mau gosto” é democrático: tem muita gente de classe sócio-econômica média ou alta que pula de cabeça nesses gostos fáceis e prefere simplesmente ignorar os outros lado mais difíceis ou “chatos” da vida…
Eu disse “maioria”, não citei classe social.
Entendo e concordo com o comentário do Nogall, geralmente a palavra POVÃO nos remete a classes sociais mais baixas.
O sentido é o de “maioria”, “maior número de pessoas”.
O Sheik tentou tirar o foco do péssimo futebol dele com esse ativismo de quinta. Não durou nem uma semana…
Está e a nossa realidade,
nada nada mesmo, ex-presidente que se vangloriava de não gostar e nem precisar de ver, uma presidente que demonstrar o mesmo sentimento pois fala com uma débil, alguns programas de tv tão idiotas que assustam, e o povão que gosta e se acha o povo mais feliz do mundo, e a descida para o poço.