É o preço do ingresso, estúpido!
28/08/13 07:05Quando o futebol brasileiro passa por um processo preocupante de elitização, com aumentos nos preços dos ingressos e o afastamento do torcedor com menor poder aquisitivo, um exemplo recente mostra que a solução pode ser o inverso: baixar o preço e faturar mais.
Uma reportagem da “Folha” (leia aqui), publicada ontem, mostra como a arrecadação do São Paulo cresceu depois que o clube decidiu reduzir o preço dos ingressos para atrair de volta o torcedor ao Morumbi.
Claro que a decisão do clube foi de desespero: o time está na zona do rebaixamento e precisava, mais que nunca, do apoio do torcedor. Mas deu certo.
Todos os outros clubes do país deveriam seguir o exemplo. Seria uma paulada nessa onda de “vipização” e embranquecimento das arquibancadas.
E esse fenômeno não se dá apenas no futebol. Cinemas, teatros e shows também têm buscado, nos últimos anos, clientes de “maior qualidade” (uso o termo entre aspas, claro, porque não acredito nessa bobagem).
Lembro que, por volta de 2000, houve um show do grupo juvenil Hanson no Via Funchal, em São Paulo. Foi a primeira vez que ouvi falar em “Área Vip”. A casa separou um espaço em frente ao palco e cobrou ingressos absurdamente altos. Foi o primeiro setor a esgotar.
Desde então, quase todos os shows no Brasil têm áreas “exclusivas” e ingressos com mordomias. E o cliente adora.
Com a farra do dinheiro público e das concessões de estádios para a Copa do Mundo, essa “Onda Vip” está chegando ao futebol.
A justificativa que mais ouço por aí é uma que carrega um preconceito enorme: “Ah, os estádios estão novinhos, não é mais pra aquele torcedor mal educado…” Como se o povão não merecesse bons estádios e não soubesse se comportar neles.
Espero que os clubes aprendam que elitizar o futebol e cobrar ingressos altos pode ser bom para um ou dois jogos, mas vai matar os times a longo prazo. Esse público que só quer saber de mostrar cartaz pro Galvão e tirar fotos pro Instagram vai sumir assim que arranjar algo melhor para fazer.
A notícia é melhor ainda para quem é sócio torcedor e não se desligou do programa: Sócios Torcedores pagarão apenas R$2,00 (dois reais) nos ingressos para qualquer arquibancada (amarela, vermelha, azul ou laranja) em jogos com mando do Tricolor no Morumbi pelo Brasileirão. Os Sócios Torcedores do plano Premium, com direito também à compra de cadeiras laranja, laranja premium e amarela, pagarão R$10,00 nesses setores e R$15,00 no Térreo Visa P03 e P18.
Para complementar o assunto…o Corinthians, que hoje cobra os ingressos mais caros do Brasil, consegue bons públicos simplesmente porque é o time da moda. Caso o Corinthians continue essa campanha oscilante e fique distante das primeiras colocações do “brasileiro”, aposto que não conseguirá encher nem metade do Pacaembú em seus jogos. Podem apostar. A torcida dos corintianos ricos começa a abandonar o clube rapididinho, na primeira sequência de derrotas. E o povão, de fato fiel torcedor corintiano, não voltará ao estádio tão cedo com os ingressos nos valores que estão. Daí a solução será reduzir os valores. Batata.
Nada a ver. O Corinthians tem o programa pioneiro do sócio-torcedor, imitado por outros clubes. Quem participa, e muita gente participa, consegue bons descontos, como ingressos a 18 reais em jogos da Libertadores, por exemplo. Na segunda divisão, o time teve também uma ótima média de público.
AMEM !
O futebol vai morrer em menos de 100 anos com jogo sem sal e torcida insossa.
Futebol é emoção !
Li o post hoje cedo, mas agora lendo os comentários é que eu lembrei que o meu sogro pagou a bagatela de R$ 500,00 (!!!) reais para assistir à final da Libertadores no Mineirão este ano. E não era ingresso de cambista não!
Até fui “intimado” para ir, mas não tem amor pelo meu Galo que me fizesse gastar R$ 1.000,00 em ingressos (meu e da minha esposa) para ver aquele jogo.
Eu sendo cinéfilo lamento a popularização das salas de cinema. Tá foda arrumar tempo para conseguir assistir filme pipoca que não seja dublado. Só uma ou outra sala exibem os filmes legendados e ainda assim em horários que nem sempre ajudam. Se a dublagem brasileira ainda fosse boa como era até meados dos anos 90, até daria pra assistir, mas hoje é impossível se vc for exigente.