Quinze vezes Charles Bronson
02/09/13 07:05Agradeço ao Blog do Chico pela lembrança: sexta-feira passada foi o 10º aniversário de morte de Charles Bronson.
Quem nunca matou aula para ver “Desejo de Matar 3” não viveu. Nunca vou esquecer o Cine Vitória explodindo em aplausos quando Charlão arremessou um punk vagabundo do quinto andar e foi beijado pelos velhinhos do prédio. Vejam só o trailer dessa belezinha…
Bronson era o cara. Fez filmes ótimos e outros péssimos, sempre com a mesma expressão facial gélida, que alguns malas teimavam em chamar de “bovina”.
Seu nome verdadeiro era Charles Buchinsky. Filho de lituanos, nasceu numa região carvoeira da Pensilvânia. Tinha 14 irmãos. A família era paupérrima. Aos dez anos, Charles já trabalhava nas profundezas das minas de carvão, onde ficou até a maioridade, quando se alistou na Força Aérea e foi lutar no Pacífico. Voltou da Segunda Guerra com uma medalha no peito.
Nos anos 50, em meio à onda anticomunista liderada pelo senador McCarthy, o ator mudou o nome para Charles Bronson. Buchinsky era “russo demais”.
Sua carreira no cinema durou de 1951 a 1999. Entre o fim dos 60 e o início dos 80, foi um dos astros mais populares do mundo e fez alguns de seus melhores filmes: “Era Uma Vez no Oeste”, “Desejo de Matar”, “Lutador de Rua”, “O Passageiro da Chuva” e “Telefone”.
Bronson trabalhou com diretores de primeira: George Cukor, Sergio Leone, John Sturges, Robert Aldrich, Roger Corman, André de Toth, Vincente Minelli, Samuel Fuller, Sydney Pollack, René Clément, Walter Hill, Terence Young, Richard Donner, Michael Winner e Don Siegel. Morreu aos 81 anos, em 30 de agosto de 2003.
Aqui vai, em ordem cronológica, meus 15 filmes prediletos estrelados por Charles Bronson. Tem alguns abacaxis no meio, que incluí por razões sentimentais e nostálgicas. Bronson fez parte da vida cinéfila de tanta gente, que muitos iam ao cinema só para vê-lo, sem se importar se o filme prestava. Eu era um deles.
Apache (Robert Aldrich, 1954) – Faroeste mediano, mas ver Burt Lancaster de índio não tem preço.
Machine Gun Kelly (Roger Corman, 1958) – Bronson faz o personagem-título, um gângster e ladrão de bancos que aterrorizou os Estados Unidos na época da Lei Seca, nesse excelente policial de Roger Corman.
Sete Homens e Um Destino (John Sturges, 1960) – Imagine uma defesa dessas: Charles Bronson, Yul Brinner, Steve McQueen e Robert Vaughn. Nem o Messi chegava perto. Faroeste clássico, adaptado de “Os Sete Samurais” de Akira Kurosawa.
Fugindo do Inferno (John Sturges, 1963) – Nazistas levam Steve McQueen, James Garner, James Coburn, Donald Pleasence, James Donald e Charles Bronson a um campo de prisioneiros barra pesada e os desafiam a escapar. Charlão e sua patota dão uma bela lição aos chucrutes.
This Property is Condemned (Sydney Pollack, 1966) – Filme raro, o segundo dirigido por Sydney Pollack. Francis Ford Coppola co-escreveu o roteiro, baseado numa peça de Tennessee Williams sobre um forasteiro (Robert Redford) que chega a uma pequena cidade do sul dos EUA e disputa a gata Natalie Wood com – adivinha? – Charles Bronson.
Os Doze Condenados (Robert Aldrich, 1967) – Esse filme faz “Mercenários” parecer “O Mágico de Oz”: um grupo de soldados e criminosos, incluindo Bronson, Lee Marvin, Ernest Borgnine, Jim Brown, Donald Sutherland, Robert Ryan, John Cassavetes (ele mesmo, o diretor), Telly Savallas e até o cantor Trini Lopez embarcam numa missão suicida: arrepiar um encontro de nazistas na França ocupada. Deve ter batido algum recorde mundial de testosterona num mesmo filme.
Era Uma Vez no Oeste (Sergio Leone, 1968) – Dizer o quê? Se você não viu Bronson tocando gaita e duelando com Henry Fonda, sua vida não está completa.
Passageiro da Chuva (René Clément, 1970) – Um thriller misterioso dirigido na França pelo grande Clément, de “O Sol por Testemunha”. Bronson faz um policial que investiga um estuprador e acaba envolvido com uma de suas vítimas, interpretada por Marlène Jobert. Um dos primeiros – de vários – filmes que Bronson fez com a então esposa, Jill Ireland.
Cittá Violenta (Sergio Solima, 1970) – Outro filmaço policial, dessa vez com Bronson no papel de um matador de aluguel que acaba caçado pelo patrão, o imortal e careca Telly Savallas.
O Segredo da Cosanostra / The Valachi Papers (Terence Young, 1972) – Vi esse filme numa madrugada na Band, há uns 25 anos, e nunca esqueci: Bronson faz um informante condenado à morte pela Máfia. Bom demais.
The Mechanic (Michael Winner, 1972) – Filme surpreendente, na linha do “cinema da paranóia” que marcou thrillers americanos da época, como “The Parallax View” e “Três Dias do Condor”. Bronson faz um matador de aluguel perseguido pela misteriosa corporação para a qual trabalha.
Desejo de Matar (Michael Winner, 1974) – Junto com o “Dirty Harry” de Clint Eastwood, a série “Desejo de Matar” – cinco filmes em 20 anos – foi um marco do cinema de direita e uma reação ao hippismo da época do Vietnã, com personagens isolados em um mundo violento e que decidem fazer justiça com as próprias mãos. O primeiro “Desejo de Matar” é muito bom. Pisque e você perderá um astro do cinema fazendo sua estréia – sem crédito – no filme e levando de presente um balaço do Charlão. Confira…
Lutador de Rua (Walter Hill, 1975) – Passa de vez em quando na TV e revejo TODAS as vezes. Bronson faz um desempregado que chega em New Orleans no meio da Grande Depressão e ganha a vida em lutas de rua. Seu agente é o sempre fantástico James Coburn. Estreia de Walter Hill na direção.
Telefone (Don Siegel, 1978) – Esse é outro daqueles filmes que é melhor nem começar a ver porque é impossível parar. Nos Estados Unidos, um homem misterioso telefona para algumas pessoas e declama um poema de Robert Frost. As pessoas imediatamente ficam hipnotizadas – na verdade, eram agentes da KGB inflitrados – e cometem atos de terrorismo. O homem que dá os telefonemas é Donald Pleasence. Bronson faz um militar russo que vai atrás do criminoso, é Charles Bronson. Para melhorar, Lee Remick faz uma sensual agente da CIA e a direção é de Don Siegel.
Caçada Mortal / Death Hunt (Peter H. Hunt, 1981) – Qualquer filme com Bronson, Lee Marvin, Carl Weathers (o Apollo Creed de “Rocky”) e a gostosura da Angie Dickinson já vale o ingresso. Mas esse é bom mesmo, um faroeste/policial sobre um fugitivo – Bronson, claro – perseguido pela Polícia Montada Canadense.
Dizem que era antipático e mal educado e não gostava de conversa com fã ou jornalistas.. na vida real era tanto quanto os personagens que fazia nas telas.. cruel e silencioso.
aquele Otavio Mesquita foi entrevista-lo no exterior, ñ me lembro onde, e o charles bronson o insultou, perguntando o que era o brasil!
‘Charlão’ foi muito cachorrão, André…Como ele pôde largar a Claudia Cardinale chorando, no meio do nada?
André, você já assistiu Dez Minutos para Morrer? Nesse filme o Charles Bronson se vê às voltas com um serial killer que ataca nu as suas vítimas. Faz tempo que não vejo esse.
Claro. Um dos últimos do Charlão.
Faltou citar James Coburn e sua super-faca, naquela defesa inesquecível de ‘Sete Homens e um Destino’…
Saudades do Charlão! Excelente relação, vi alguns outros ainda quero ver. Ótimas resenhas. Tks, Barça vc é D+!!!
Putz, Bronson era bom demais, um verdadeiro Laurence Olivier da porrada!
Uma das cenas mais legais de Desejo de Matar 3: Uma tranquila janta de CB com um casal de idosos, de repente percebe que uns vagabundos estão mexendo no seu carro. Sem problemas, Bronson pede licença, levanta da mesa, vai lá, mata três caras e volta jantar como se nada tivesse acontecido…
heheheheeh
Lembrei dessa cena de The Evil That Men Do, Justiça Selvagem. Bronson esmaga o saco do vagabundo com as próprias mãos: http://www.youtube.com/watch?v=268F5osfi8c
Tem de ser muito macho pra fazer isso.
Putz…só tem filmaço na sua lista de filmes do Charles Bronson, que deveria se chamar Charles Bronco…o cara era tosco.
Tela Class, “Sem Desejo de Matar”.
http://youtu.be/JIbtEPpCyG4
Usaram imagens de Cold Sweat – Bronson, Liv Ullmann e James Mason!
Grande Bronson!
Você é O Cara para fazer resenhas de filme.
Valeu, Baia!
Vi o Lutador de Rua outro dia. Muito bom. Aliás, o James Coburn é um destes coadjuvantes eternos que fizeram uma dúzia de bons filmes e sempre roubam a cena (menos do Charlão, claro!).