Quem diz ter saudades da geral é porque nunca esteve lá
04/09/13 07:05Quem acompanha o blog sabe que tenho criticado bastante a elitização do futebol brasileiro e a destruição de estádios antigos para a construção de arenas mauricinhas.
Acho péssimo que o torcedor com menor poder aquisitivo esteja sendo afastado dos estádios.
Mas tenho percebido também um fenômeno curioso nessa discussão: o da apologia da pobreza.
Todo dia ouço frases como “Quero meu Maracanã de volta” e “Que saudades da geral!”.
Quem diz ter saudades da geral é porque nunca viu um jogo lá. Eu vi e garanto: a geral do Maracanã era um lixo.
Para começar, a visibilidade era péssima: você via o jogo ao nível do campo, e as placas de publicidade atrapalhavam a visão. Os banheiros eram nojentos. Havia brigas a toda hora e assaltos não eram incomuns. O geraldino vivia tostado de sol ou ensopado de chuva.
Adorei quando a geral foi substituída pelas cadeiras azuis, que eram mais altas, tinham ingressos baratos, torcidas misturadas, áreas cobertas, e onde crianças não pagavam ingresso. Ali sim, era um espaço popular e com certo grau de conforto.
Reclamar da destruição do antigo Maracanã e de outros estádios é uma coisa, elogiar a geral é outra. Ninguém pode ser a favor de um local onde clientes eram tratados tão mal.
Acho perfeitamente possível defender a existência de ingressos baratos e lugares confortáveis e, ao mesmo tempo, lamentar a descaracterização de alguns de nossos estádios clássicos. Conforto não é antônimo de tradição.
P.S.: Juro que tentei assistir ontem ao Prêmio Multishow para escrever aqui no blog, mas fui vencido pela antipatia, grosseria e completa falta de graça do apresentador Paulo Gustavo. O rapaz encarna o estereótipo da tia barraqueira e acha que falar “merda”, “porra” e “cacete” no final de cada frase é a coisa mais hilariante do mundo. Perto dele o Costinha parece o David Niven, de tanta classe e elegância. Depois que apareceu o Sorriso Maroto tocando com orquestra e piano, fui dormir. Ninguém merece.
Os próprios indicados ao Prêmio Multishow já dão ideia do nível do evento. E o Caetano cantando com o Emicida merecia um post à parte, acho eu.
http://www.youtube.com/watch?v=rehK-r_MLHk
André, dá uma olhada nesse vídeo que eu e uns amigos fizemos contra o consórcio Maracanã. Abraço!
Quem começou com essa apologia da pobreza foi a Regina Casé e seus programas horrorosos. Quanto aos estádios eu não entendo uma coisa: em vez de cobrar uma fortuna de ingresso e ter gatos pingados, não é melhor cobrar mais barato e lotar? O lucro no fim das contas será o mesmo.
Esse Paulo Gustavo tem um programa no próprio Multishow chamado “Vai Que Cola” que assisto e tem momentos muito engraçados. Agora acho que ele como apresentador não “cola”. Nunca assisti esse prêmio Multishow e acho que tenho até orgulho disso.
Sobre a geral: “Pobre gosta de luxo, quem gosta de pobreza é intelectual.” – Joãosinho Trinta.
Barcinski, você esqueceu de incluir outro tormento do geraldino do Maraca: todo tipo de lixo era jogado das arquibancadas em cima da geral. Uma vez eu presenciei um cara na arquibancada, alcoolizado, urinando em cima da da galera da geral…P.S.: acho esse Paulo Gustavo completamente sem graça…Palavrão só era engraçado na boca da Dercy Gonçalves.
Verdade.
Marcelo, me desculpa mas acho que o cara não ia conseguir urinar da arquibancada na geral do Maracanã. O anel das arquibancadas terminava em cima das antigas cadeiras azuis. Lembra do acidente com a Raça-fla na final de 1992. Todo mundo caiu nas cadeiras azuis. Acho que nesse caso quem tomou mijo foi a galera das cadeiras.
eu era geraldino no mineirão e sinto muita mas muita saudade mesmo. na época podímaos dar a volta em todo o estádio caminhando, mudar de local facilmente, comemorar os gols com mais liberdade. gosto e preferencia nao se discute, e devem ser respeitados.
Um dos problemas dos novos estádios, além dos citados acima, é que não têm identidade, são tds iguais. Antigamente vc facilmente reconhecia na TV o mineirão, o maraca, a fonte nova, etc…agora, a geral realmente era complicada, pior que isso, só mesmo Sorriso Maroto com orquestra e piano.
Nossa…Nunca ouvi falar desse Paulo Gustavo.
Sobre o post de hoje, eu gostava da geral, eu ía em quase todos os jogos de Mengão e ficava na geral mesmo, todo dia tinha uma história p/ contar, cada figura que aparecia.
Era legal quando saíam os gols, os jogadores sempre iam comemorar perto da geral. Concordo, tinha o lado podre, mas eu curtia sim.
ahhhhh, agora entendi o título da música “geraldinos e arquibaldos” do gonzaguinha…
e quem é paulo gustavo?
Barça, incrível você ter cogitado assistir Prêmio Multishow… pra quê? rs
Pô, cara! Acordei hoje achando que ía ler ao mais “profundo” sobre o prêmio Multishow… rsrsrsrsrs
Concordo contigo. Não acho que para se ter estádios com lugares descentes e serviços descentes seja necessário elitizar e cobrar ingressos a preços fora da realidade.
Esse Paulo Gustavo é uma fraude. E sinceramente, quem ainda precisa da Ivete Sangalo? Além disso, o Multishow não sabe organizar nada ao vivo.
Barcinski, tenho um grande amigo que, quando existia a geral no Maracanã, só ia neste setor do estádio. Ele tinha condições financeiras de ir em outros setores, mas não fazia pelo simples prazer de ficar perto dos jogadores e, principalmente, dos torcedores.
Eu sempre dizia: ‘cara, tú é louco de ir na geral para tomar mijada, correr o risco de apanhar e até mesmo ser assaltado’. Ele me respondia: ‘vá assistir um jogo na geral para entender o porque sempre assisto de lá…’
Acredito. Tem louco pra tudo.
Essa é a cultura para a “nova classe média” gente que começou a frequentar a banca de jornais comprando os Meia Hora da vida e revista Caras….. Os políticos adoram !!!
Quem defende a geral, a defende porque na época dela os pobres ficavam todos lá e não se misturavam com a classe média, é mais um preconceito da velha elite com a nova classe média brasileira formada a partir de 2003.É a mesma tchurma que detona o bolsa família e os C.E.U.S. .
OT:
http://news.cnet.com/8301-1023_3-57601215-93/neil-youngs-high-def-music-format-pono-due-next-year/
Barça, my friend, aqui no Mineirao, a geral era melhor que o Maraca, mas acho que a discussão é mais ligada a classes sociais.
Assim como a praça, o futebol também é do povo…
Abs irmão.
Ver jogo na geral do Maracanã (Mineirão, Serra Dourada) é tão bom quanto ver o Prêmio Multishow, ô troço mais sem graça.
Acho que ter saudades da “época que existia a Geral” até vai. Esse meu tempo foi de Zico, Assis, Roberto Dinamite, Mendonça…
cada time tinham no mínimo 3 grandes jogadores. Ninguém gastava os tufos para sentar na numerada e ficar se gabando por estar na numerada.
Agora saudades de levar xixi na cabeça ou de quase ver o gol?
Acho isso um saudosismo masoquista…
A geral de fato era um lixo e os ingressos não eram nada baratos, tipo 20 reais em jogos decisivos para ficar em pé, vendo só um pedaço do campo, tomando banho de mijo, cusparadas e sendo empurrado. Os mesmos que defendem a geral, ficam com aquele discursinho romântico-saudosista-babaca sobre o fim dos cinemas de rua, que tinham som péssimo, poltronas rasgadas e projeção fora do foco. Nada contra as salas de rua, mas em muitas delas, não havia o mínimo necessário para ver um filme decentemente. Fora o perigo de ser roubado na rua após a última sessão, à noite.
Pera aí, cinema de rua sempre foi muito bom. Todos os cinemas da Cinelândia eram “de rua”, assim como o Rian, o Roxy, o Leblon, o Marabá (SP), Comodoro, e todos tinham som ótimo e projeção idem.
Não quando entraram em decadência. Lembro de várias projeções “embaçadas” no Ipiranga, que era belíssimo, mas muito mal-cuidado. E, mesmo se reclamasse, eles não estavam nem aí.
Claro que a maioria entrou em decadência e acabou fechando, verdade.
Putz Barça sério que você tentou assistir este tal prêmio multishow? juro que se eu fosse artista famoso e fosse indicado a este prêmio nem iria receber rs….E aí tá gostando do “pofexô” no fluminense?….que fase…abraço!
Tentei por motivos profissionais, mas não não deu.
São os ossos do ofício…
Barça, será que dá pra levar a sério um evento que premia Luan Santana como melhor cantor e Sorriso Maroto como melhor grupo? Acho que deram o prêmio de melhor disco para Guilherme Arantes pra tentar deixar as coisas menos vergonhosas! Abraço
Guilherme ganhou? Pelo menos uma boa notícia.
Ganhou na categoria de juri especializado. Os outros q eu citei foram no voto popular.
Barça, realmente curto seu blog, mas raramente deixo um comentário….mas não me contive com o premio Multishow…tá louco que Merdashow!!! rs
Estou de volta, Barcinski! Ficou feliz?
Sorriso Maroto ao som de orquestra e piano? Como alguém pode perder uma apresentação dessa?
Ah, não penso em outra coisa senão a volta do Matias. Passei a semana toda confrontando essa questão. Abraço.
Quer dizer que o Barça foi dormir depois da apresentação do carequinha? Hummm
Esperasse mais um pouco que, logo após o programa, começa a Casa Bonita… ou algo do gênero…
Foursome…esse sim é bão…
O cara tem esposa e dois filhos. Vai ficar batendo punheta com baranga bombada?
Olha o nível, olha o nível…
Perfeito, Barcinski!
Também estou cansado dessa apologia da pobreza. Só acha bonito quem nunca foi pobre. Geralmente é o povo que foi na Geral apenas uma ou duas vezes. Como “curiosidade antropológica”. É o mesmo tipo de gente que faz excursão em favela.
Paulo Gustavo + Sorriso Maroto? Essa soma não tinha como dar certo.
Nunca fui no maracanã então não posso opinar, mas quanto ao premio multishow esse humorista ai é padrão globo de qualidade, não sei como pode existir tantos humoristas ruins e coxinha como na globo.
pelo visto você não entendeu nada. a maioria das pessoas que defende a geral não tem esse saudosismo de conforto e serviço de bordo.
boa parte dos geraldinos não ia ao maraca pra ver jogo (e você pode discordar disso, dizer que estádio é pra ver, não pra sentir) mas ia lá pra estar próximo do time. a alegria era estar na festa, empurrando o time. ou você acha que na “muralha amarela” do borussia, a torcida que hoje mais joga com o time, todo mundo tem plena visibilidade?
quer visibilidade apenas que vá ver volei.
Não, Marcos, as pessoas iam à geral pra ver o jogo. Ou tentar ver o jogo. Não venha com essa. E comparar o conforto e visibilidade que tem a torcida do Borussia com a dos geraldinos é um absurdo.
Barcinski, já fui a mais de 200 jogos na geral no Mineirão. Até começamos um projeto de torcida organizada, a CruGeral. Para mim, era uma maravilha ficar tomando uma cerveja do lado de fora até a hora em que os soltavam os fogos na hora da entrada dos times. Depois dos fogos, entrávamos no estádio e escolhíamos o local na geral onde queríamos assistir o jogo. Enquanto isso, o pessoal da arquibancada tinha que entrar horas antes para garantir um lugar melhor. Pelo menos no Mineirão, os banheiros eram do mesmo nível da arquibancada. Os bares eram infinitamente mais vazios e acessíveis. A visão certamente era pior do que a da arquibancada, mas dava para ver o jogo perfeitamente. Lógico que em alguns lugares a visão era péssima, com placas de publicidade atrapalhando. Mas, no fim das contas, era muito bom assistir jogo na geral, principalmente pela completa liberdade de se fazer o que quer. Ver o jogo, não ver o jogo, xingar o bandeirinha, torcer ao lado de torcedores figuras (Salomé 5 estrelas, uma senhora de 75 anos sempre assitia o jogo do nosso lado). Isso é esporte, cultura e entretenimento de primeira, não acha? Fala que não dá para sentir saudades disso?
Nunca fui na geral do Mineirão, então não posso opinar. Mas acredito no seu relato.
Conheci bem a geral do mineirão desde a inauguração, e esta descrita pelo Cláudio só existia em jogos com público pequeno. No final tinha até colunas colocadas para reduzir a vibração da arquibancada, que dificultavam a visão. Os banheiros podiam parecer com os da arquibancada, mas todos eram muito ruins. Nostalgia do passado (juventude) pode explicar isto, e apologia da pobreza é mania de brasileiro. O Mineirão de hoje é muito melhor para ver o jogo. É caro, mas bons espetáculos custam caro, inclusive de cantores que defendem ingresso barato em campos de futebol (ex: Gil).
Não posso falar da geral do maraca, pois nunca assisti jogo lá. Mas falo da geral do panetone, lá não tinha nenhum conforto mas era bem divertido, havia gente de todos os tipos e o que importava era apenas estar no estádio. Mas também concordo que não precisamos passar perrengue por um ingresso barato, hoje por eu estar mais velho, não sei se aguantaria passar por isso novamente. Assim como as “organizadas”, que hoje sou totalmente contra, mas frequentava muitas na década de 80 e inicio de 90. Mas para falar a verdade, hoje em dia nem sei mais o que é bom ou ruim! Sei sim, premio multishow é ruim.
Meu pai foi muito ao maracanã nas décadas de 50 a 60. E sempre me contou que comprava geral, mas chegava ao estádio e a primeira coisa que ele e os amigos faziam era pular para a arquibancada para poder ver o jogo melhor. Nas palavras dele todo “geraldino” queria ser era “arquibaldo”.
Isso é verdade. Ninguém ia à geral porque gostava, mas porque era o único ingresso que podia pagar.
Ficar próximo do time? Meu, tinha um poço de 3 metros de profundidade entre a geral e o gramado e mais uns 20 metros de distância até as linhas do campo e vc vai me dizer que ficava mais perto do time?
Pois é.
Como assim? O povo pagava para não ver? É isso? Como o cara ia jogar junto com o time se ele nem conseguia ver direito?
Já vi jogo de geral, vc grita gol pq sabe que seu time que está atacando e pela reação da torcida com melhor visão…
Tinha jogo que vc só via a bola quando estava no meio campo…
Tinha lance que vc gritava pênalti e a falta tinha sido a 10 metros da área.
Sim. e no Morumbi não era muito diferente, mesmo sendo um pouco + alta…
Teve um jogo decisivo que o Evair acertou uma bola no travessão, eu só vi a bola quando ela realmente acertou o travessão… depois no compacto vc observava que na hora que ele foi chutar deu uma escorregada e a bola escapou um pouco…
Aí chegava perto do intervalo inventavam de encher aquele túnel para passagem de jogadores… aí é que vc não via nem as traves…
Barcinski, sem dúvida a geral era um lixo e quem defende realmente nunca esteve lá. Além dos ingressos populares, o que faz falta são aquelas figuras impagáveis que sempre estavam lá, torcendo com seus santos, bandeiras, perucas e etc.
Só os realmente estúpidos acham que elitizar fará bem ao futebol pois os antigos estádios mesmo com preços mais baratos viviam vazios e ninguém paga pra ver estádio e sim futebol. Afastar os torcedores de verdade, pobre, ricos, pretos e brancos, vai matar o futebol a longo prazo.
Bom.quem ia vestido de santo e de peruca na geral,ia na
verdade pra aparecer na Globo,seja nos Gols do Fantástco
ou no Globo Esporte da segunda-feira.Hoje é o “Filma eu,
Galvão”.kkkk